sabato 3 maggio 2025

III DOMINGO DE PÁSCOA / C

 




Paolo Cugini

 

A Páscoa é o tempo do ano em que a Igreja nos convida a refletir, de modo novo e original, sobre o sentido da existência. A Páscoa, de fato, ao apresentar o tema do Ressuscitado, provoca a reflexão sobre o tema da vida, seu sentido e sobre aquilo em que realmente vale a pena gastar as próprias energias. Por fim, o Pai ressuscitou o corpo de seu filho Jesus que, durante sua vida, havia escolhido uma vida pobre, humilde e discreta; isto é, ele não buscava glória mundana, poder ou dinheiro. Este aspecto, na minha opinião, deve nos fazer refletir. A ressurreição de Jesus lança uma nova luz sobre a história da humanidade e expõe a pobreza da proposta, totalmente desequilibrada em relação ao material, deixando muito pouco espaço para a dimensão espiritual. Vejamos, a este respeito, o que nos dizem as leituras de hoje.

Eles mandaram açoitar [os apóstolos] e ordenaram que não falassem em nome de Jesus. Então eles os soltaram. Então eles saíram da presença do Sinédrio, regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer desonra por causa do nome (Atos 5:40-41).

A situação narrada na primeira leitura é indicativa do que aconteceu com aqueles que conheceram o Senhor e o encontraram ressuscitado. Houve uma clara mudança na perspectiva existencial. De fato, eles passaram de uma atitude de medo e abandono diante do Mestre, a ponto de terem que entregá-lo, negá-lo e abandoná-lo, para uma atitude em que se sentem felizes por terem sido ultrajados em nome de Jesus. É a realidade dessa mudança que deixa admirado e se torna um testemunho que vale a pena ouvir para aprofundar a discussão sobre a ressurreição de Jesus, que tem consequências significativas para as pessoas que o encontram. O que aconteceu para provocar uma mudança tão radical? Como é possível que pessoas tão frágeis e medrosas se tornem corajosas e capazes de argumentar sobre suas ações em tão pouco tempo? Encontrar o Ressuscitado significa, entre outras coisas, precisamente isto: testemunhar uma passagem na própria humanidade que deixa uma marca profunda capaz de mudar o caminho. Mudança que não tem explicação humana, que não pode ser explicada com instrumentos científicos, psicológicos: há mais.

Eu, João, vi e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos. E o seu número era dez mil vezes dez mil, e milhares de milhares; e disseram em alta voz: Digno é
o Cordeiro, que foi morto,
de receber o poder, e riquezas,
e sabedoria, e força, e
honra, e glória, e ações de graças (Ap 5:1ss).

João vê a vitória de Cristo sobre a morte; ele não vê a cruz, mas um trono, um sinal de vitória, e no trono o próprio Deus com o cordeiro sacrificado ao seu lado. O fato interessante é que esse cordeiro sacrificado, que claramente se refere a Jesus, está de pé, em sinal de vitória: ninguém conseguiu dobrá-lo, quebrá-lo. O ódio do mundo não prevaleceu sobre o amor de Jesus, simbolizado pelo fato de ele ser imaginado como um cordeiro abatido. Os cristãos que seguem o Senhor e se alimentam dEle, nutrem a consciência com Suas palavras, com Sua mensagem, não veem no mundo sinais de morte, mas de vitória. Onde o mundo vê morte, os cristãos veem vida. E já que o cordeiro está de pé e venceu o ódio com amor, ele é digno de ser reverenciado para receber poder de Deus Pai. Ser no mundo sinal da vitória de Cristo sobre o ódio e a dinâmica da morte: esta é a tarefa dos cristãos no mundo.

Disse-lhe pela terceira vez: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro ficou triste porque lhe perguntou pela terceira vez: “Você me ama?” E ele lhe disse: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo.” Jesus respondeu-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17).

Na jornada da fé, não somos testados pelo número de ritos e procissões dos quais participamos, mas exclusivamente pelo amor que damos. É preciso acrescentar que se podemos dar amor é porque o recebemos gratuitamente do Filho, por meio do Espírito Santo que o derramou em nossos corações (cf. Rm 5,5). O bálsamo da misericórdia cura as feridas da alma de Pedro que havia negado o Senhor três vezes. Não há culpa, nem desespero, mas apenas misericórdia que cura as feridas. Os relacionamentos que Jesus cria têm esta marca inconfundível: ele não mexe com os homens e mulheres para fazê-los sentir-se mal, mas para trazer à tona o bem que há em cada pessoa. 

 

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