sabato 7 settembre 2024

Liberdade, alma dos relacionamentos humanos

 




 

Paolo Cugini

Continuando a reflexão sobre o relacionamento de amizade na perspectiva bíblica, percebemos que um elemento fundamental que permite uma relação de amizade é a liberdade. Poderíamos dizer que, sem liberdade, é impossível tecer laços de amizade autêntica. Esta poderia ser a chave de leitura da aproximação do Mistério com Moisés. Este encontro teve com objetivo de propor um caminho de libertação, pois sem liberdade é impossível amar a Deus. O ato de fundação do povo de Deus é, então, uma libertação. Nesta perspectiva podemos dizer que a liberdade é dom de Deus.

 O Senhor disse: “Eu vi, eu vi a aflição de meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos. E desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir do Egito para uma terra fértil e espaçosa, uma terra que mana leite e mel, lá onde habitam os cananeus, os hiteus, os amorreus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus (Ex 3,7-8).

Este dom de Deus que é a liberdade, que fundamenta a aliança exige uma resposta do homem, da mulher, do povo. Exemplo disso é a assembleia de Siquém (Josué 24).

. Nós também, nós serviremos o Senhor, porque ele é o nosso Deus... Josué disse-lhes: Sois testemunhas contra vós mesmos de que escolhestes o Senhor para prestar-lhe culto. Somos testemunhas! Responderam eles (Josué 24, 15.18).

A passagem do Mar Vermelho foi percebida como uma experiencia de passagem: da escravidão para a libertação (cf Ex 14-15).

Em várias circunstâncias Moises coloca o povo perante uma escolha: a vida o a morte.

Tomo hoje por testemunhas o céu e a terra contra vós: ponho diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas com a I tua posteridade, amando o Senhor, teu Deus, obedecendo à sua voz e permanecendo unido a ele. Porque é esta a tua vida e a longevidade dos teus dias na terra que o Senhor jurou dar a Abraão, Isaac e Jacó, teus pais (Ex 30, 19-20).

A liberdade é em sintonia com a vida e, para escolhê-la é necessária uma situação interior de sintonia com Deus, a sua Palavra, a sua vontade.

Os profetas anunciaram um caminho de liberdade. Entre eles podemos citar Isaias e Jeremias.

O espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor consagrou-me pela unção enviou-me a levar a boa nova aos humildes, curar os corações doloridos, anunciar aos cativos a redenção, e aos prisioneiros a liberdade (Is 61,1).

Num contexto histórico onde a situação do povo de Israel tinha voltado a piorar, Deus promete, através do profeta Isaias, a liberdade dos prisioneiros.

A liberdade não si identifica com o espontaneísmo: o perigo é nos tornarmos escravos de nós mesmos, os nossos instintos, os nossos vícios. Por isso Moises oferece uma lei para o povo (cf Ex 20). A liberdade para brotar na nossa via exige uma orientação, um guia: é este o sentido dos dez mandamento que, como sabemos, não conseguiram a endireitar o povo. Por isso o profeta Jeremias, no meio do conflito que levou o povo de Israel no exilio em Babilônia anuncia uma nova aliança:

 Dias hão de vir - oráculo do Senhor - em que firmarei nova aliança com as casas de Israel e de Judá. Será diferente da que concluí com seus pais no dia em que pela mão os tomei para tirá-los do Egito, aliança que violaram embora eu fosse o esposo deles.  Eis a aliança que, então, farei com a casa de Israel - oráculo do Senhor: Incutir-lhe-ei a minha lei gravá-la-ei em seu coração. Serei o seu Deus e Israel será o meu povo.  Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: Aprende a conhecer o Senhor, porque todos me conhecerão, grandes e pequenos - oráculo do Senhor -, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados (Jer 31, 31-34).

A lei de Deus que será imprimido no coração das pessoas é o amor e, na forma mais alta, o amor de Deus se manifesto na pessoa de Jesus. Pensando nisso são Paulo dirá que:

 E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rom 5,5).

Existe então, um caminho de libertação que o homem e a mulher são chamados a realizar, caminho que se torna possível através da ação do Espírito Santo que derrama em nós o amor de Deus que se manifestou no seu Filho Jesus. Este é um dato importante. Jesus é o homem livre que age com liberdade, não é condicionado nem de elementos internos nem externos.

Neste itinerário bíblico chama atenção a grande liberdade de Jesus nas relações humanas. Se sente livre nas relações com as pessoas que a lei considerava impuras, como os leprosos (cf. Mc 1,40). Livre, também, no relacionamento com as mulheres (cf. Lc 8,1-3). Jesus manifestava grande liberdade no confronto das tradições religiosas como o sábado (cfr. Mc 3,1-6), ou como o adultério (cfr. Jo 8, 1s) e ele explica também o porquê (Cfr. Mc 7). Grande liberdade Jesus manifestava, também, com aquelas categorias de pessoas que os chefes religiosos consideravam pecadores, como os cobradores de impostos (cfr. Mt 9,10-13). Interessante e cheia de significado é a liberdade de jesus acompanhando o caminho dos discípulos e discipulas. Um exemplo claríssimo é o dinamismo do discipulado de Pedro, assim como é apresentado no Evangelho de João. Pedro renega de conhecer jesus e, depois da ressurreição, Jesus se apresenta para reconstruir o discipulado de Pedro. Jesus não guarda mágoa, rancor: é uma pessoa livre. Nessa altura podemos nos perguntar: de onde vem a liberdade de Jesus é nos ensina o que?

Acredito que a grande liberdade interior que permite a ele de tecer laços de amizades profunda com qualquer pessoa, seja ela que for, é fruto do seu profundo relacionamento com Deus, o Pai. Mais uma vez é o caminho da interioridade que o estilo de vida de Jesus aponta. Se quisermos ser pessoas livres precisamos escolher o caminho da interioridade, do cuidado com a nossa alma. Somente pessoas livres tecem laços de amizade autenticas, pis, somente quem é livre pode libertar os outros. Jesus foi Mestre nisso.

 

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