Paolo Cugini
Crer significa ter
confiança no Senhor mais de quanto se tem medo do mundo o da vida dos outros ou
de nós mesmos. A fé não somente algo que se refere ao conhecimento, mas é uma
atitude que envolve toda a nossa pessoa, a nossa existência. O salmo que
acabamos de ler descreve a luta entre o medo e a esperança.
O protagonista deste salmo
parece uma pessoa ameaçada, com um grande medo no profundo do coração: é
rodeado de adversários; é acuado por falsos testemunhos; é oprimido da
violência e enxerga os seus adversários como fera ferozes. Porém parece um
homem de grande fé e reage perante estas ameaças com uma fé inquebrantável(cf.
v.1). Começa assim e depois procura o templo para rezar. Somente ao fim da
suplico tudo parece voltar a tranqüilidade.
Primeira parte do salmo
Quando uma pessoa tem fé
não pode acontecer nada que possa perturbar a própria caminhada[1].
Ninguém pode destruir a vida de quem está protegido por Deus. Se tivesse que me
confrontar com as forças do mundo seria tomado imediatamente do medo. Sendo,
porém, que Deus é o meu Deus, para mim é luz, salvação e defensa: por isso que
todas as ameaças não são capazes de afetar a minha confiança.
O relacionamento entre
Deus e a luz é tradicional em todas as religiões e se encontra muitas vezes na
Bíblia[2].
Do ponto de vista a vida pode ser rodeada de trevas. Não percebemos muito onde
estamos, aonde estamos indo e o sentido das experiências que vivemos... Porém “O Senhor é minha luz”. As vezes parece
que a vida foge do nosso controle, que a tristeza tomem conta da nossa vida,
mas “ O Senhor é a minha luz”. Se os
inimigos me rodeiam de todos os lados e eu não tenho defensas que possam
proteger, porem “O Senhor é a minha fortaleza”, uma fortaleza construída em
lugar inalcançável, aonde os inimigos não podem chegar.
vv. 2-3: existe claramente
uma realidade interior de medo contra a qual estamos combatendo e da qual
procuramos nos defender através do Senhor. Aqui percebe-se bem que no contraste
o Senhor nos oferece a possibilidade de aprofundar e amadurecer o dialogo com
Ele.
Esta defensa é algo de
concreto. Quando o salmista fala de fortaleza talvez a referencia seja
Jerusalém, pois ele é construído sobre um morro. Por definição o templo tem o
direito de asilo, quem entra é protegido, é um lugar defeso pelo Senhor. Por
isso o templo se torna a imagem da proteção de Deus
v. 4:“Pedi uma só coisa ao Senhor”: então devo pedir aquilo que é mais
essencial. O salmo 16 do Levita fala que quando a terra foi dividida entre as
tribos de Israel a ele tocou AP arte melhor, pois não recebeu nenhuma terra,
pois a parte melhor é ser sem terra e ter em seu lugar Deus. A tribo de Levi é
sem terra porque a sua herança é o Senhor, tem somente o Senhor como segurança
e proteção para viver. O nosso salmista pede somente uma coisa: não a força
militar nem as riquezas econômicas, mas a comunhão com o Senhor, o templo como
plenitude de vida e de experiência, onde é possível contemplar a beleza de
Deus. Isso quer dizer eu a experiência do templo é como fazer a experiência de
uma teofania. O salmista por isso deseja morar na casa do Senhor todos os dias
da sua vida. Se o Senhor nos aceita então nós faremos a experiência da
liberdade e da alegria. O Senhor se torna o amparo, a rocha sobre a qual
edificar a própria segurança. Somos radicalmente fracos e por isso precisamos
nos agarrar á alguém para podermos viver com confiança.
vv. 5-6: Minha cabeça se ergue: isso quer dizer que não vivo mais no
medo; a segurança que recebo de deus me oferece dignidade e liberdade. Os
inimigos aparecem agora sem força sem a capacidade de ameaçar.
Sacrifícios de louvor: são
os sacrifícios do ter’uah, que era o grito de guerra[3];
quando se ataca o adversário se começa com um grande grito que serve a tomar
coragem e, ao mesmo tempo, a espantar os inimigos. Este grito se torna uma
oração, uma expressão litúrgica. Temos medo, mas temos fé em Deus, como
salvação, luz e defesa, proclamamos a segurança e a fé sem ambigüidade.
Segunda parte do salmo
vv. 7-8. Chegamos ao
templo e deixamos expressar o medo que aperta o nosso coração. O nosso grito é
uma oração que dirigimos ao Senhor, é dirigido por alguém que sabemos que
escuta. Reconhecemos de sermos numa condição de pobreza, de fraqueza e precisamos
que o Senhor intervenha e assuma a minha condição de pobreza, a derrote, a
transforme com a força e a energia que somente ele possui: “tende piedade de mim”.
Buscamos no nosso
coração uma saída e encontramos a resposta: “Procura sua face”. Esta é uma
imagem extremamente freqüente na Bíblia: o rosto de Deus. Deus, na Bíblia tem
um rosto. Isso que dizer que o Deus da Bíblia tem uma identidade, que é bem
especifica. O Deus da Bíblia não é um Deus qualquer, mas tem traços
específicos. Se quisermos entender quem é Deus, o seu rosto, a sua identidade
devemos escutar os eventos que marcaram a historia de Israel, na vida na morte
de Jesus e deixar que estes eventos imprimem o marco na nossa alma, no nosso
coação. O rosto de Deus é aquilo que encontramos na libertação do povo de
Israel do inimigo no Egito, e depois que se manifestou nas palavras, nas ações
de Cristo, na sua Cruz, na sua paixão. Este é o rosto de Deus, a sua identidade
que deve deixar um marco dentro de nós, para produzir o desejo de segui-lo. A
vida religiosa não é outra coisa que isso: buscar o rosto do Senhor. Aprender a
ver o rosto do Senhor não do jeito que a gene quer, mas assim como Ele é na
realidade, ou seja, naquela realidade que se manifestou na historia, na vida,
nos atos de Cristo.
v.10: não esconda a tua
face. Se Deus esconde a sua face nós somos como pessoas que descem no tumulo. Não
é possível viver se Deus afasta de nós a sua face. Também se o pai e a mãe
abandonam o uma criança, Deus nos acolhe com amor[4].
vv. 11-13. O salmista tem
como referencia esta terra, onde a gente vive, trabalha, se relaciona com os
outros. O salmista deseja, aliás ele tem certeza, que nesta vida cotidiana
poderá viver e e encontrar Deus, poderá experimentar a sua aproximação nas
pequenas coisas da vida cotidiana: “eu
creio que verei a bondade de JHWH na terra dos vivos”.
v. 14. “Espera em JHWH, sê
firme”. É um versículo que é uma espécie de recomendação do salmista por si
mesmo. De certa forma relendo a salmo percebe-se que o salmista passou através
de uma situação de ameaça que o amedrontou. Ele sempre sabia que Deus é um
amparo, que a fé se manifesta na confiança nele. O salmista aprendeu tudo isso
nas orações de Israel, freqüentando o templo. É na experiência concreta que ele
teve que entender na sua mesma pele, e assim interiorizar aquelas palavras
aprendidas na infância.
Crer quer dizer ter
confiança em Deus mais de que temos medo do mundo, da vida, de nós mesmos. Nem
sempre conseguimos vencer o medo, precisamos medir a nossa realidade humana e
podemos fazer isso contemplando o rosto de Deus, que conhecemos na revelação do
Senhor Jesus.
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