Lucas 6,39-45
Paolo Cugini
A vida de fé não se esgota na relação com Deus, na dimensão transcendente, mas a verdade da autenticidade da relação com Deus incide na relação com os irmãos. É pela forma como nos relacionamos com nossos irmãos e irmãs que entendemos de onde viemos, qual caminho existencial e espiritual estamos percorrendo, qual caminho estamos realizando. Este me parece ser o quadro introdutório mais adequado para nos permitir entrar no conteúdo das leituras de hoje.
Um discípulo não é maior que o mestre; mas todo aquele que for bem treinado será como seu mestre.
O sentido da jornada de fé é nos tornarmos mestres, isto é, assumir a responsabilidade pelas pessoas que nos foram confiadas. Tornamo-nos adultos quando assumimos a responsabilidade concreta de acompanhar as pessoas que nos são confiadas, tanto na vida familiar como na social. Somos chamados a ser pais, mães e isso exige um caminho feito por etapas, uma assimilação de conteúdos que não se transmitem com palavras, mas com o exemplo. Só podemos ser pais, mães, professores se tivermos diante de nós alguém que nos guie neste caminho, que nos tome pela mão, que esteja atento ao nosso crescimento, que respeite a nossa liberdade.
Por que você vê o cisco no olho do seu irmão, mas não percebe a trave que está no seu próprio olho?
Nós nos tornamos pais e mães se durante a adolescência e a juventude encontramos alguém que nos ajuda a tirar a trave dos nossos olhos, que nos ajuda a melhorar, a fazer uma viagem dentro de nós mesmos, a aprender a verificar a nós mesmos, as nossas atitudes, antes de ir em direção ao outro.
Não há árvore boa que produza frutos ruins, nem há árvore ruim que produza frutos bons .
Trata-se de entender que tipo de pessoas queremos ser. Na adolescência e na juventude temos tempo para moldar nossa existência, assimilar conteúdos, discernir, escolher o bem e descartar os caminhos do mal. Nós somos aqueles que podemos direcionar nossa existência para melhor ou para pior; nós que podemos decidir qual caminho tomar, porque a realidade, o fato é que cedo ou tarde as escolhas que fizemos vão surgir, não poderemos mais nos esconder.
Os vasos do oleiro são testados pela fornalha,
então o caminho do raciocínio é o campo de testes para o homem.
O fruto mostra como a árvore é cultivada,
assim a palavra revela os pensamentos do coração.
Estas palavras do livro de Sirácida, retomadas e exploradas no Evangelho, dizem exatamente o que foi dito acima. Chegará o dia em que entenderemos quem somos e de onde viemos. Nossas palavras, nossa maneira de raciocinar, revelam de onde viemos, que caminho tomamos, que decisões tomamos em nossas vidas. O fruto revela a árvore. Um bom homem tira coisas boas do bom tesouro do seu coração. Cuidar do coração, ou seja, da consciência: isso é uma indicação do método. Todo o tempo dedicado à interioridade, ao trabalho das motivações, não é tempo perdido, mas bem aproveitado, porque nos permite construir a árvore da nossa vida de modo a dar bons frutos
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