mercoledì 30 agosto 2023

HOMILIA DOMENIGO 3 DE SETEMBRO 2023

 







XXII DOMINGO DO HORÁRIO COMUM

Jr 20, 7-9; Sal 62; Romanos 12:1-2; Mt 16:21-27

 

Paulo Cugini

Acompanhar o caminho percorrido por Jesus, ouvir as suas palavras, meditar nas suas escolhas, ajuda-nos a compreender o sentido do nosso caminho, a compreender quem somos e para onde somos chamados a ir. O que chama a atenção em Jesus é a clareza de suas posições, a serenidade que o leva a enfrentar cada obstáculo. É também impressionante a capacidade de dizer a verdade não só às pessoas que lhe são hostis, como os fariseus e os líderes religiosos, mas também aos amigos e, de modo particular, como acontece no Evangelho de hoje, aos seus discípulos. Seguir Jesus significa estar aberto a uma mudança contínua de mentalidade, a questionar a própria experiência para dar lugar ao novo. O segredo do sucesso da nossa vida está nas mãos dele: vamos ouvir o que ele tem para nos dizer hoje.

Naquele momento, Jesus começou a explicar aos seus discípulos que deveria ir a Jerusalém e sofrer muito com os anciãos, principais sacerdotes e escribas, e ser morto e ressuscitar no terceiro dia. Jesus está consciente das consequências das palavras e das escolhas feitas até agora. Ele sabe muito bem que se chegar a Jerusalém, como pretende, será preso e sofrerá violência até a morte. Se ele sabe dessas coisas, por que continua o caminho? Por que ele não vai para outro lugar? Jesus sabe muito bem que a bondade das suas palavras e das suas escolhas, o próprio sentido do que disse e fez, só pode ser compreendido se Ele for coerente consigo mesmo até ao fim. É precisamente isto que diz o evangelista João quando, antes dos trágicos acontecimentos da última ceia, que conduzirá à morte de Jesus na cruz, afirma: «tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim" (Jo 13,1). Este é o segredo da vida de Jesus, que nos é dado com a sua trágica morte: para dar fruto no coração das pessoas, a semente lançada na existência dos amigos só dará fruto se Ele morrer, só se for coerente até ao fim (cf. Jo 12). É de como morremos que depende a bondade ou a negatividade de nossas escolhas.

Pedro chamou-o à parte e começou a repreendê-lo dizendo: «Deus não permita, Senhor; isso nunca vai acontecer com você. Mas ele, virando-se, disse a Pedro: «Vai atrás de mim, Satanás! Você é um escândalo para mim, porque não pensa segundo Deus, mas segundo os homens!». Deste diálogo resulta claramente que Jesus tinha razão quando, no trecho ouvido no domingo passado, disse que a afirmação de Pedro sobre a identidade de Jesus era fruto de uma revelação do alto e que não dependia diretamente dele. No trecho que acabamos de ouvir emerge o que Pedro tem no coração e que não é muito diferente das expectativas dos outros discípulos: um messias poderoso e a possibilidade de reinar politicamente com ele. O discurso do sofrimento e da morte não entra na perspectiva de quem segue o Senhor cultivando sonhos humanos. Nem entra em todos aqueles que procuram o templo para obter favores pessoais.Há muita idolatria nos caminhos religiosos, muito paganismo, que Jesus veio purificar. Por isso o Senhor afasta Pedro com palavras muito duras. Pensar segundo Deus significa procurar todos os dias a sua vontade, acolher o seu Espírito que nos permite viver em conformidade com o caminho percorrido, apesar de tudo. Pensar segundo Deus, manifestado em Jesus, significa deixar de buscar favores pessoais, usando a religião para se promover.

Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo , tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por minha causa, encontrá-la-á. Este é o Evangelho, a boa notícia, o acolhimento da vida que vem de Jesus, do seu amor, da sua sede de justiça. O seguimento que iniciamos desde a juventude deve ajudar-nos a abrir-lhe espaço, a amadurecer uma escolha definitiva a ser renovada a cada dia, aproveitando as riquezas que encontramos ao longo do caminho. Decidir acolher o amor do Senhor implica renunciar a tudo o resto, negar aqueles projetos infantis que ficaram a crescer na alma no período em que Ele ainda não estava no horizonte.

Aprender a fixar o olhar no Senhor, assimilar a sua Palavra, acolher O seu Espírito, para fazer com que tudo na vida seja orientado para Ele e a partir Dele, permite-nos permanecer firmes no caminho, especialmente nos períodos mais difíceis. De fato, quando a tensão espiritual enfraquece, se abre o espaço dentro de nós para que as ilusões entrem e estas, progressivamente, enfraquecem as motivações. É precisamente nestes momentos em que se sente o peso negativo da renúncia, em vez do valor do amor livremente aceito do Senhor, que é necessário trabalhar o desejo, redirecionando-o para o Senhor, não permitindo assim a frustração. que a ilusão gera, fazendo-nos querer o que não temos, é removida pela raiz.

O sentido da oração pessoal, do tempo que dedicamos à reflexão sobre as palavras de Jesus tem o objetivo de nos lembrar de onde viemos: atraídos pelo seu amor. Não é por acaso que hoje a liturgia da Palavra nos oferece uma página do diário de Jeremias, o jovem profeta que teve que enfrentar tantas opressões por causa do anúncio da Palavra de Deus. Enquanto o profeta lamenta a situação que considera insuportável e medita em seu coração para desistir de tudo, ele confidencia os sentimentos que surgiram em seu íntimo: “ Eu disse a mim mesmo: «Não pensarei mais nele, não falarei mais em seu nome!». Mas no meu coração havia como um fogo ardente, guardado nos meus ossos; Tentei conter, mas não consegui”. É este fogo que somos chamados a cultivar, o fogo do amor do Senhor que molda a nossa alma e nos dá forças para enfrentar os momentos difíceis do caminho, que são a nossa cruz.

Que bem terá um homem se ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida? Esta é a frase que devemos repetir constantemente para nós mesmos sempre que as motivações parecem ceder à violência das ilusões. Qual é a utilidade de ganhar o mundo se depois perdermos a nossa alma: esse é o problema. Façamos, portanto, nossas as palavras do salmo hoje ouvido, que nos convida a procurar sempre o nome do Senhor, para manter viva a sede dele: Ó Deus, tu és o meu Deus, desde o amanhecer te procuro, ele tem sede da minha alma, a minha carne te deseja em terra seca, com sede, sem água.

1 commento:

  1. Que homilia perfeita! Como essas palavras falam ao meu coração ❤️.

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