lunedì 5 agosto 2024

XIXº DOMINGO – TEMPO COMUM/B

 




 

Paulo Cugini

 

Nestes domingos meditamos o capítulo 6 do Evangelho de João, que nos oferece uma reflexão sobre o mistério da Eucaristia, o seu significado mais profundo. É um texto complexo, de difícil compreensão, que exige atenção, vontade de mudar, de questionar. É um texto que nos diz claramente que Jesus, as suas palavras e as suas ações não podem ser lidas e compreendidas simplesmente com um olhar humano horizontal: há algo mais, qualitativamente muito diferente.

Não é este Jesus, o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como então ele pode dizer: “Desci do céu”?

Este é o problema: pensar que Jesus é algo que só podemos avaliar do ponto de vista humano. E assim, diante da novidade da sua mensagem, dos seus gestos, do seu estilo, imediatamente o esmagamos em direção ao que conhecemos e reduzimos a novidade ao já dado, ao já conhecido. São as estruturas culturais assimiladas ao longo do tempo, formadas e consolidadas pela força instintiva que molda a realidade e a própria consciência, a ponto de não aceitar nada que possa questioná-la, porque sente a ameaça. A proposta de Jesus de uma comunidade igualitária de discípulos e discípulas, a sua forma de propor a partilha dos bens, a prioridade da vida espiritual sobre a vida material: todas propostas consideradas como uma ameaça às mesmas estruturas religiosas dominadas.

Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer

Confrontado com as objeções dos judeus, Jesus faz esta declaração surpreendente. O encontro com Ele, a compreensão do seu Mistério, não é mero fruto de pesquisas pessoais, de sacrifícios, de jejuns, de artifícios meritocráticos, mas é um dom gratuito do Pai. Estamos, portanto, fora de uma mera busca individual, de uma projeção antropomórfica: há algo mais, que vai além das especulações racionais, dos esforços morais. Há este primeiro nível a aceitar para continuar a discussão, para mergulhar no mistério do Filho que se oferece como alimento para a nossa vida. Isso significa que não é possível compreendê-lo com a lógica humana, mas é uma questão de confiar, de se deixar atrair.

Está escrito nos profetas: “E todos serão ensinados por Deus”. Quem ouviu o Pai e aprendeu com ele vem a mim.

 

Há uma bela indicação do caminho a seguir. Como chegar até Jesus? Como ser atraído pelo Pai para ser conduzido até Ele? A resposta de Jesus é muito clara: ouvir o Pai que falava aos profetas. O Pai que fala nos profetas, que fala na criação, que fala cada vez na história acontece uma experiência de amor, de igualdade, de acolhimento e assim nos sentiremos atraídos por Jesus.

quem crê tem a vida eterna

Confiar em Jesus, na sua palavra, na sua proposta significa deixar-nos moldar por Ele, pela sua palavra, que transforma a nossa existência em amor, que nos ajuda a construir a paz onde há situações de ódio; que nos ajuda a entrar no mundo dos lobos como ovelhas; que nos ajuda a conquistar o mundo não com arrogância, mas com mansidão. Isto é a vida eterna: a participação dos mesmos sentimentos, do mesmo estilo que caracterizou a vida de Jesus, que passou deste mundo de morte para o mundo de vida do Pai.

Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão viverá para sempre e o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo

Jesus se oferece como alimento para nos lembrar que precisamos de um relacionamento diário e constante com Ele se quisermos viver dignamente, fazendo brilhar a imagem de Deus que carregamos. Comer o pão que é Ele significa mastigar todos os dias a sua palavra, para que ela se torne uma nova mentalidade, capaz de influenciar os nossos pensamentos, as nossas escolhas.

Precisamos daquele pão que é Jesus como o ar quando nos damos conta do vazio que temos dentro de nós e que foi formado pelos alimentos pobres que comemos, aqueles alimentos com os quais enchemos a cabeça, mas que nos tornam vazios de sentido e de sentido autêntico. Viver eternamente significa que as escolhas que faremos em nossas vidas como consequência do pão do céu que comeremos diariamente, que assimilaremos, nunca morrerão.

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