martedì 22 dicembre 2020

NATAL: CAMINHO DE HUMANIZAÇÃO

 



 

Paolo Cugini

 

Dizia o filósofo Mircea Eliade que, um dos rituais comuns encontrados nos povos antigos, era contar a origem das coisas antes de semear. Essa narração, constituiu uma espécie de bênção para a colheita, pois foi uma forma de colocar ordem na realidade, de voltar simbolicamente no tempo dos começos. Ouvir a narração do Natal do Senhor pode, portanto, ter o significado profundo de refazer o caminho que a mensagem de Jesus fez na história, é uma espécie de "retorno às origens", que nos permite começar tudo de novo, para tentar transpor aquele fosso que parece intransponível entre o Evangelho e o Cristianismo, entre Jesus e a doutrina, entre o início da história e a atualidade da comunidade.

«Maria deu à luz o seu filho primogénito, envolveu-o em panos e colocou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles no alojamento » (Lc 2, 7). 

É sempre fascinante ouvir a página do Evangelho de Lucas, em que se narra o nascimento de Jesus, estranha narrativa pelo profundo realismo que contém. Quem poderia ter inventado, de fato, tal história, em que o nascimento do Salvador do mundo é descrito de forma tão diferente do que se esperaria? Quem poderia ter narrado o nascimento de um rei em um contexto de pobreza e rejeição? É, portanto, um fato importante que deve ser levado em consideração por todos aqueles que se identificam com a massagem do Evangelho. A primeira forma de ser fiel ao Evangelho consiste em aderir à realidade como Deus quis manifestá-la, sem querer embelezá-la ou adoçá-la, porque é na realidade que a verdade se manifesta. Talvez, nunca como neste contexto cultural pós-moderno, o Ocidente tenha tido a oportunidade de aderir à realidade, de ouvi-la como ela é, sem precedê-la de sistemas conceituais. Ensinamento primeiro do presépio, parece-me precisamente isto: recolocarmo-nos em silêncio, ouvir a realidade, estar disponíveis para apreender o mistério da vida tal como se manifesta, para nos maravilharmos, como o fazem as crianças quando descobrem as coisas. Com efeito, Jesus não disse: « se não voltares como crianças, não entrarás no reino dos céus» (Mt 18, 3)? Natal significa, então, disposição para deixar de lado nossas presunções, nossos preconceitos, para ouvir a realidade como as crianças, ou seja, como se fosse a primeira vez.

Que verdade encontramos quando ouvimos a manifestação da realidade como ela é? Sem dúvida não apreenderemos a verdade na forma de doutrina, mas sim do acontecimento que se passa na história e, consequentemente, muda ao longo do tempo porque se caracteriza pela contingência. No Ocidente, identificamos a verdade com a abstração, para nos proteger das inquietações que a manifestação da realidade no tempo presente provoca. Para isso, elaboramos as doutrinas que nos protejam da realidade, para não permitir que a dureza da realidade estraga os nossos planos. Nesta perspectiva, o Natal representa a maior subversão das doutrinas humanas, dos projetos pré-estabelecidos, das teologias feitas à medida. Deus entrou na história de maneira surpreendente, nos pegando desprevenidos, obrigando-nos a desmontar nossos sistemas presunçosos. Diante do presépio, não temos escolha: ou o escutamos e acolhemos os conteúdos que aquele acontecimento nos quer revelar, ou o rejeitamos adoçando-o, que é a forma pervertida de qualquer teologia que não aceita ser desmascarada e, conseqüentemente, modificada. Não é ao acaso  que a festejar diante do presépio não estavam os doutores da lei, mas os pastores; não haviam os comerciantes ricos, mas os pobres.



«Estando elas naquele lugar, cumpriram-se para ela os dias do parto » (Lc 2, 6). O cumprimento do tempo anunciado pelos profetas ocorre de forma inesperada e em um lugar não planejado. O que esses dados estranhos, mas significativos, significam? Talvez a aceitação do Evangelho exija a capacidade de acompanhar os acontecimentos à medida que se manifestam, também porque o mistério de Deus se anuncia no acontecimento. Educar-nos para a atenção é uma das tarefas mais importantes que temos pela frente porque, como dizia Simone Weil: “A atenção consiste em suspender o próprio pensamento, em deixá-lo disponível, vazio e permeável ao objeto [...] cada vez que se presta muita atenção é destruído um pouco do ruim em si mesmo "(Simone Weil, A espera de Deus). Natal, então, significa reeducar-nos para a surpresa do acontecimento, significa a humildade de nos deixarmos despojar das nossas teologias, dos nossos modos de pensar sobre Deus, de lançar a nossa armadura de defesa e estar, assim, disponíveis para acolher o mistério do Deus, como se manifesta no tempo presente da comunidade e da nossa própria história pessoal. 

Envolveu-o em panos e colocou-o na manjedoura " (Lc 2,7). Que liturgia espetacular! Diante desta maravilha da simplicidade, que comunica a forma autêntica de Deus entrar em contato com a humanidade, ela contrasta com o resíduo visível em nossas liturgias de cultos pagãos que, para dizer Deus, precisam revestir-se do peso da sagrado. A liturgia do berço narrado por Lucas, desmascara as estruturas pagãs do sagrado, quebra o encanto da religião, afirmando que, a partir de agora, quem tiver a intenção de encontrar Deus, não precisa mais se agarrar às formas sacrais da religião inventada pelos homens, mas ele pode enfrentá-lo na simplicidade e essencialidade da vida familiar. Que mensagem maravilhosa! A humanidade como espaço de encontro com Deus. O Natal, nesta perspectiva, significa uma proposta de humanização para todos os homens e as mulheres que desejam viver de forma autêntica. Significa também a humildade de encontrar o tesouro da própria existência no espaço do cotidiano familiar. O Natal é a estrela brilhante que indica o caminho que a humanidade pode percorrer: da religião patriarcal dos homens à comunidade de discípulos iguais criada por Jesus; do sagrado que diz distância de Deus, à redescoberta da sua aproximação a nós através do Filho, o que significa a possibilidade de investir significativamente nas relações humanas; da doutrina dos sábios à simplicidade do Evangelho, que fala aos pequenos e exige humildade.



Aproximemo-nos também do presépio, contemple-o como se fosse a primeira vez, deixemo-nos maravilhar pela surpresa do nascimento do Senhor, para assegurar que as nossas vidas, as nossas comunidades correspondam ao acontecimento contemplado e acolhido. Vamos tentar viver o que contemplamos com simplicidade.

 

domenica 13 dicembre 2020

ALEGRAI-VOS SEMPRE NO SENHOR!

 



 

TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO / B

Paolo Cugini

 

 

 O espírito do Senhor Deus está sobre mim porque o Senhor me consagrou com unção; ele me enviou para levar as boas novas aos pobres, para curar as feridas de corações partidos, para proclamar a liberdade dos escravos, a libertação dos prisioneiros, para promulgar o ano da misericórdia do Senhor, um dia de vingança para o nosso Deus, para consolar todos os aflitos, para alegrar os aflitos de Sião, para dar-lhes uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria em vez de uma veste de luto, um cântico de louvor em vez de um coração triste (Is 61: 1-3).

Quando penso no Evangelho e na proposta específica de Jesus, me vêm à mente as palavras do profeta Isaías proclamadas na primeira leitura de hoje. O Evangelho para mim é este sopro de liberdade, este caminho de libertação para todos aqueles que vivem em situação de escravidão e opressão. O Evangelho é uma proposta para os pobres do mundo, para os excluídos, os marginalizados, os fragilizados, para todos aqueles que são massacrados, humilhados, marginalizados todos os dias pela lógica arrogante e egoísta do mundo. O Evangelho é a certeza de que há alguém em algum lugar que pensa em toda esta humanidade aflita, que é a grande maioria, mas que é marginalizada por uma minoria de pessoas que pensam apenas em si mesmos. É por isso que o Evangelho é como um bálsamo, um aroma perfumado, um sopro de ar puro, um sopro de esperança. O Evangelho devolve a dignidade àqueles que todos os dias são pisoteados nos seus direitos, que são humilhados pela arrogância de violentos inescrupulosos. Não é por acaso que Jesus, no Evangelho de Lucas, lê precisamente esta passagem de Isaías e a torna sua, identificando-se com esta proposta. Neste tempo de Advento, que vivemos em preparação ao Natal, é importante recuperar a origem da proposta de Jesus, saborear a sua beleza e, ao mesmo tempo, a sua força e determinação. Jesus é o amor do Pai que veio à terra, fixando residência em nosso meio e nos dizendo claramente, em termos inequívocos e não diplomáticos de que lado ele está, isto é, do lado dos menores, dos empobrecidos, de todos aqueles que são humilhados. Jesus veio dizer àqueles que vivem o insuportável fardo da humilhação diária, que ele está do lado deles, está com eles, os levanta e os faz sentar à sua mesa. Este é o sentido autêntico da Eucaristia que, antes de ser um rito, indica um estilo de vida, uma nova forma de estar no mundo. A Igreja, então, deve incorporar esse grande alento, essa postura clara. Deve ser evidente para o mundo que a Igreja está na terra para continuar o caminho de libertação dos escravos inaugurado por Jesus. Quem entra em uma comunidade cristã no domingo enquanto celebra a Eucaristia deve perceber o estilo de uma tenda de acampamento, para dizê-lo ao Papa Francisco, que se inclina para curar as feridas de corações partidos e para devolver a dignidade aos aflitos, em vez de cuidar dos edifícios ou dos incensários.

 

 E este é o testemunho de João, quando os judeus enviaram sacerdotes e levitas de Jerusalém para lhe perguntarem: “Quem és tu?”. Ele confessou e não negou, e confessou: "Eu não sou o Cristo." Então eles perguntaram: "E então? Você é Elia? ». Ele respondeu: "Não sou." "Você é o profeta?" Ele respondeu: "Não." Disseram-lhe: "Quem é você?" Porque podemos dar uma resposta a quem nos enviou. O que você diz sobre você? ». Ele respondeu: “Eu sou a voz de quem clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías” (Is 1, 19-23).       




Com que segurança e prontidão João Batista respondeu aos sacerdotes e levitas que o questionaram sobre sua identidade! É um aspecto que merece ser considerado. João Batista, que viveu no deserto, com aquele estilo de vida sóbrio e essencial que lembrou o profeta Elias, sabe muito bem quem ele é, tem uma identidade clara e, por isso, é um ponto de referência tão claro e cristalino que da cidade de Jerusalém as pessoas saem para ir a ele. João Batista é, em primeiro lugar, aquele que sabe quem é, que conhece o seu próprio caminho, que não se confunde com os outros. Do ponto de vista espiritual, poderíamos dizer que, o primeiro efeito significativo do tempo do Advento, deve consistir na possibilidade de recuperar a clareza de nós mesmos, de nossa identidade, de nosso caminho. João Batista ensina-nos que o silêncio e uma vida sóbria e essencial são ferramentas importantes para este caminho de recuperação da própria identidade que, antes de ser um conceito rígido, é uma conquista de uma vida dócil à Palavra do Senhor e, sobretudo, uma expressão desse amor a si mesmo tão importante poder então amar os outros. O tempo do Advento como um momento propício para se dar tempo, para dedicar tempos e momentos para curar a própria alma, a exemplo de João Batista e, posteriormente, do Senhor Jesus.

 


 Alegrem-se sempre, rezem incessantemente, dêem graças em tudo ... Deus da paz vos santifique inteiramente (1Ts 5, 16,23).  

Se Deus é tudo para nós, se o Evangelho enche nossa vida com sua proposta de esperança, por que nos angustiar? As palavras de Paulo são os melhores votos a todas as comunidades cristãs que a cada dia assimilam o Evangelho e procuram vivê-lo, criando relações não baseadas no espírito de dominação dos outros, mas na gratuidade e no dom de si. Alegrai-vos sempre: este é o desejo que Paulo nos dá hoje na segunda leitura. Tiremos, então, toda tristeza de nosso rosto; vamos nos encher do amor que o Espírito do Senhor nos dá gratuitamente, para doá-lo às pessoas que temos perto de nós e que encontramos no nosso caminho.

 

domenica 6 dicembre 2020

CONSOLAI, CONSOLAI O MEU POVO! SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO B

 



Paolo Cugini

 

Ele preparará o seu caminho” (Is 40: 3). Há uma proposta de grande esperança nas leituras de hoje. Por um lado, há uma humanidade que não se estrutura no bem; por outro, há os profetas que veem coisas novas, estranhas, todas opostas ao que se poderia pensar e esperar. Profetas são pessoas que vivem uma experiência existencial particular, que vêem coisas que os outros não veem, que procuram algo que a humanidade não considera, que têm os olhos bem abertos para o que a humanidade os fechou. E então eles vêem o invisível, o imperceptível, eles percebem um caminho escondido na história, um caminho de vida nova em meio a situações antigas, um caminho não condicionado pelo egoísmo humano, mas por uma qualidade de vida diferente e, por isso é chamada: caminho do Senhor. É este novo caminho que somos convidados a percorrer no início deste novo ano litúrgico, um caminho que talvez já tenhamos percorrido por vezes, mas que provavelmente não pudemos usufruir plenamente porque nos distraímos com outros caminhos, que superficialmente são considerados mais atraentes porque mais imediatos. Assim, o grito que hoje sai do deserto é redescobrir a beleza de uma nova relação, que exige atenção, redescobrir o sabor de uma vida plena que não vem dos cálculos do esforço, mas da humilde acolhida do dom de um sorriso, um abraço, um olhar do irmão e da irmã ao nosso lado. Coisas pequenas, mas que dizem que a grandeza do que chamamos de Deus passou pelas palavras, olhares e atenções de seu filho amado para aqueles que estavam perto dele. Acolhendo o seu Espírito, comprometemo-nos a fazer o mesmo. É esse novo caminho que, não por acaso, se identificava com a Igreja que, antes de ser um edifício ou uma hierarquia, é um estilo de vida.




Consola, consola o meu povo” (Is 40,1). Como a alma permanece insensível a esse anúncio? Há um desejo percebido do profeta de curar a vida ferida do povo de Israel, humilhado na terra do exílio. De onde vem esse desejo? O profeta vê isso como uma vontade de Deus, há uma autêntica vontade de vida que está na história e que é mais forte que as fraquezas humanas, a incapacidade do homem e da mulher de viver bem a sua vida. Existe algo mais forte do que o mal do homem e da mulher e essa força positiva é apreendida pelo profeta como uma realidade supersensível, como uma qualidade espiritual indestrutível. Não só isso, mas esta consolação que vem do coração da história e que tem o sabor da misericórdia de Deus Mãe e Pai, está inserida no desejo de paz do homem e da mulher e por isso é percebida com imensa alegria. “Todos os homens juntos a verão” (Is 40,5). Para quem em vida já passou por experiências de êxodo, exílio, fuga de situações de violência, sabe como dessas outras terras, a mente e o coração humanos permanecem agarrados ao passado na esperança contínua de retornar à sua terra natal. O grito de consolação lançado por Isaías dirige-se ao povo de Israel no exílio na Babilônia, ressoa no coração da humanidade de todos os tempos, aquela humanidade que não aceita as situações violentas e agressivas como um destino irrefutável, mas que busca com todas as forças existenciais e espirituais um futuro que se assemelha tanto quanto possível ao passado de glória fixado na memória. Há um desejo de vida autêntica no coração da humanidade, que coincide com o desejo do Deus da revelação manifestado em Seu Filho Jesus, um desejo de amor infinito que só pode doar-se continuamente porque é dando-se que gera a vida. A Palavra que ouvimos nas liturgias é um lembrete contínuo daquela vida autêntica que se manifesta no Filho e que sentimos profundamente nossa, apesar de tudo. Este, então, é o nosso consolo, isto é, que o desejo de vida que temos no coração e que muitas vezes deixamos de expressar, se manifestará definitivamente pelo Filho em um nível tão alto que nos será dado gratuitamente pelo Seu Espírito.



«Preparai o caminho do Senhor» (Is 40,3). O dom anunciado pelo profeta é tão grande, o consolo inesperado, que tudo o que o homem e a mulher precisam fazer é se preparar para esse dom. O dom precede o esforço e, em certo sentido, o apóia e direciona. Apreender esse detalhe é de fundamental importância para não deslizar no plano moral o discurso que provoca sentimentos de culpa, próprios de uma perspectiva religiosa. Com efeito, se há uma perspectiva que estas páginas do segundo domingo do Advento querem sublinhar, é precisamente esta saída da perspectiva religiosa para entrar na dimensão da fé que, em vez de sacrifícios, esforços, exige amor, acolhimento, gratidão. Sair da lógica religiosa, portanto, significa abandonar a lógica do mérito para entrar na relação fraterna e materna da vida fraterna em Cristo. E, de fato, não é por acaso que o povo de Israel ao encontrar uma nova relação com Deus sai de Jerusalém onde está o templo, que simboliza a religião por excelência, mas que não foi capaz de dar sentido à vida do povo, e vai em direção ao deserto para ouvir a voz de um profeta: João Batista, que encarna o novo Elias (neste ponto poderíamos fazer algumas atualizações maravilhosas: deixo para a imaginação dos leitores). “Toda a região da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém vieram ter com ele” (Mc 1, 5). Doravante, o sentido de uma vida plena que consiste nas relações humanas baseadas não no mérito, mas na doação de si, tal como nos mostra Jesus, a quem Marcos não surpreendentemente define como filho de Deus e não de David, clara distância do deus violento e guerreiro do rei de Jerusalém, mostrando assim a nova face de Deus que será apresentada por seu amado Filho, a face da misericórdia, da paz, que se espalha na humanidade através do dom de seu espírito. «Ele vos batizará no Espírito Santo» (Mc 1,8).

mercoledì 25 novembre 2020

VIGIAI! Primeiro domingo do Advento / B

 



Paolo Cugini

 

O ano litúrgico abre com o primeiro domingo do Advento com um grito que, no Evangelho de hoje, se repete quatro vezes: fiquem acordados! É um grito quase ensurdecedor porque se repete com insistência. E é o grito que Jesus dirigiu aos seus discípulos e discipulas antes da paixão e da morte narrada no Evangelho de Marcos. Um grito que, como sabemos, não foi ouvido. Com efeito, o Evangelho lembra-nos que: « Jesus voltou e os encontrou adormecidos » (Mc 14,40). Há um sono que fala de um peso existencial, que revela uma forma superficial de estar com o Senhor. Por isso é importante refletir sobre a indicação que Jesus nos dirige hoje: Vigiai! O que isso significa então, esse grito a quem se dirige?

A passagem do profeta Isaías desde a primeira leitura, nos ajuda na nossa reflexão. Existe a possibilidade de pensar em viver sem Deus, em configurar a própria existência como se Deus não existisse. " Por que, Senhor, você nos deixa vagar para longe de seus caminhos?" (Is 63, 17). Estas são as palavras do profeta que testemunham a trágica situação de um povo que, exilado na Babilônia, sem possibilidade de acesso ao Templo, não consegue mais perceber a presença de JHWH e, conseqüentemente, se sente abandonado. Como isso aconteceu? A resposta do profeta é muito clara: " Ninguém invocou o teu nome, ninguém acordou para se apegar a ti" (Is 64,6). Houve um período em que as pessoas começaram a dormir, no sentido espiritual, ou seja, deixaram de colocar o Senhor, sua Palavra no centro de suas vidas e, assim, aos poucos, seus corações se endureceram: “ Por que você sai endurecer nossos corações, cos ì que você tem medo? " (Is 63, 17). O endurecimento do coração pelo esquecimento do Senhor produz insensibilidade à sua proposta.

A liturgia coloca este texto no início do novo ano litúrgico para nos ajudar a verificar se também nós vivemos a insensibilidade para com o Senhor, o coração endurecido, sintoma de um fechamento profundo para com ele. Para permanecer dentro da metáfora da vigília, a situação existencial e espiritual narrada na passagem de Isaías descreve a situação oposta, a saber, dormir. No sentido espiritual do termo, dormimos quando deixamos de buscar o Senhor, nos acostumamos a ficar sem Ele porque não sentimos a necessidade, não acordamos mais de manhã procurando seu rosto, ouvindo sua palavra. E assim, aos poucos, nos tornamos presas fáceis da proposta egoísta de mundo que atua sobre os sentidos, mas, acima de tudo, atua em quem deixa de pensar, faz as perguntas profundas da vida, deixa de cuidar da própria vida espiritual. O vazio interior e a indiferença para com Deus são o resultado de uma vida feita em nome do esquecimento. Nós caímos no sono, então, quando paramos para pensar sobre o Senhor, procurá-lo com toda a nossa força, especialmente em tempos de maior necessidade, onde, muitas vezes nos deixamos levar pela ansiedade, com base em nossa própria força, a nossa vontade, nossa lógica. Em vez disso, vigiamos quando antecipamos cada dia na oração, quando cada dia nos alimentamos da Palavra que orienta a nossa vida, nos revela o sentido evangélico da realidade e, sobretudo, nos esforçamos durante o dia para vivê-la. Com o tempo, este exercício espiritual e existencial nos enche dele, há alegria até nas situações trágicas. Alegria e plenitude são alguns dos dons que o Espírito Santo concede àqueles que vivem do Senhor.

Quais são os dons que devemos esperar receber no início do ano litúrgico para ficarmos acordados? São Paulo nos fala isso na segunda leitura deste primeiro domingo do Advento. São essencialmente dois: « Em Jesus Cristo fostes enriquecidos com todos os dons, os da palavra e do conhecimento » (1 Cor 1, 5). Em primeiro lugar, este ano devemos esperar redescobrir o dom da Palavra de Jesus, o seu Evangelho, que orienta a nossa vida, ilumina o caminho, nos afasta da ilusão de sermos os donos do nosso destino. Palavra viva, porque o ressuscitado está vivo entre nós e, com a força do seu Espírito, ajuda-nos a compreender a realidade à luz do Evangelho. Em segundo lugar, neste tempo de Advento, pedimos o dom do conhecimento. Não se trata de um conhecimento que deriva das coisas lidas, mas do evangelho vivido. Aumentamos o conhecimento do Senhor quando nos esforçamos para viver a palavra ouvida pela manhã durante o dia. É um processo lento e quotidiano que vai formando lentamente em nós, como sempre dizia São Paulo, o pensamento de Cristo, a sua forma de conceber o mundo, a história, a vida. O conhecimento que em nós se fortalece vivendo o Evangelho nos liberta das ilusões, das falsas religiões, das hipocrisias próprias da religião. Este tipo de conhecimento não se aprende nos livros, mas no caminho pessoal da vida quotidiana, nas escolhas que fazemos, no discernimento que procuramos à luz do Evangelho.

A beleza e o encanto da vida de fé residem no fato de que, ao contrário da lógica do mundo, nunca ficamos fora do jogo da vida, mas sempre nos é oferecida a oportunidade de retomarmos o caminho. Não vamos perde-la.

 

sabato 31 ottobre 2020

SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS

 



(Ap 7, 2-4.9-14; Sal 24; 1 Jo 3, 1-3; Mt 5, 1-12)

 

 

Paolo Cugini

 

1. A Igreja celebra hoje a solenidade de todos os santos, nos convidando a refletir sobre o sentido da nossa caminhada de fé. Se fomos batizados é porque Deus nos chamou desde a eternidade para sermos santos (Cf. Ef 1,4), pra sermos pessoas diferentes, pessoas cujo objetivo não seja enganar os outros, mas fazer da nossa vida uma total oferenda a Deus.  O problema pra nós hoje é entender o sentido desde chamado, ou seja, quer dizer que Deus nos chama a sermos santos? Qual é o sentido da santidade no mundo de hoje? Como se realiza, o que implica? É para as leituras da liturgia de hoje que dirigimos estas perguntas para obtermos aquelas respostas tão necessárias para a nossa vida de fé.

 

2. “Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do cordeiro” (Ap 7, 14).

A santidade é o caminho aqui na terra atrás de Jesus, seguindo os passos dele, que é o caminho do amor. Amar aqui na terra do jeito que Jesus amou, ou seja, de forma desinteressada, despojada, dedicada totalmente aos outros, traz consigo uma grande tribulação. Jesus, que é o amor perfeito do Pai, sofreu o pão que o diabo amassou por causa do ódio do mundo, que não agüentava a sua liberdade, a sua gratidão, o seu jeito simples de lidar com os mais pobres, os mais fracos, a sua sinceridade que não media palavras contra os hipócritas da vez. O caminho do cristão que se esforça de imitar a Jesus, seguir as suas pegadas leva exatamente aonde Jesus chegou: a cruz. A cruz, do ponto de vista espiritual, é o símbolo da vitória do amor sobre o ódio, da verdade sobre a hipocrisia, da humildade sobre o orgulho. Só que para conseguir esta vitória o cristão, assim como o mesmo Jesus, paga um preço altíssimo, o preço da própria vida. A existência cristã torna-se neste mundo de ódio uma verdadeira tribulação, dificílima de agüentar. Este é o sentido autentico da santidade, que é uma vida diferente, uma vida separada do mundo. Santo é aquele que é impelido pelo amor de Jesus e que deixa o espírito do Senhor agir na sua mesma vida, história. A santidade, então, não é um simples esforço pessoal, uma luta que o homem a mulher deve travar sozinho. Pelo contrario, é a disponibilidade a fazer com que, aquele amor total e pleno que se manifestou na história dois mil anos atrás, possa continuar se manifestando através da nossa mesma humanidade. Santidade é docilidade ao plano de Deus, um plano que não é escrito uma vez para todas e que deve ser simplesmente executado, mas que exige constantemente a nossa disponibilidade, o nosso desejo renovado em cada circunstância a deixar o Espírito de Deus passar na nossa história.

 


3. “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus” (1 Jo 3,1).

No caminho terreno atrás de Jesus que, como vimos até agora, é o caminho da santidade, o cristão não vive apenas de lutas e não enfrenta somente tribulações, mas experimenta a bondade do Pai que se manifesta como vida filial. É aquilo que são João tenta de nos dizer na segunda leitura de hoje. O caminho cristão é um caminho aonde devemos experimentar a paternidade de Deus. Por isso uma pessoa agüenta sofrimentos terríveis, sofrimentos que a maioria das vezes são espirituais, sofrimentos que derivam da posição difícil que o seguimento ao Evangelho de Cristo nos leva. Só quem experimenta o afeto de Deus, a sua presença paterna, o seu amor total e abrangente, consegue encarar a estupidez do mundo, a sua hipocrisia sem vacilar nem de um lado nem do outro. Ao mesmo tempo, a verdade da experiência filial que estamos vivendo se manifesta na capacidade de correr logo entre os braços do Pai quando na luta com o mundo sofremos uma derrota, uma queda, quando vacilamos. Estou escrevendo isso a partir da sugestão que a mesma Palavra de Deus nos oferece. Se, de fato o santo é um filho de Deus, agora não existe filho no mundo que não apronte, não faça algo que não agrada o pai. O filho autentico e verdadeiro não é o perfeitinho, que nunca cai (quanto orgulho espiritual encontramos nestas tentativas de aparecer com inquebrantáveis! Como se Deus não conhecesse a nossa natureza fraca!), mas aquele que cai e logo grita ao Pai para que o levante e, assim, poder continuar o caminho. “Todo o que espera nele purifica-se a si mesmo” (1 Jo 3, 3) O caminho da santidade é um caminho de cotidiana purificação e isso quer dizer que a perfeição é um fruto que o Espírito produz em nós e que pode ser alcançado somente com a disponibilidade humilde a ficar a vida toda atrás de Jesus, em qualquer momento e situação.

 


4.Bem aventurados os pobres em espírito... os mansos... os que tem fome e sede de justiça... os misericordiosos... os puros de coração...” (Cf Mt 5, 3-11).

Nesta ultima parte da nossa reflexão podemos nos perguntar: como podemos saber se também nós estamos fazendo parte daquela multidão narrada no livro do Apocalipse (1° leitura) que participa da gloria dos santos? E também como podemos ter a certeza que a nossa experiência cristã está sendo uma experiência filial, que é fundamental para vivermos o nosso batismo como caminho de santidade? A resposta a estas perguntas encontra-se no Evangelho de hoje. De fato, as bem-aventuranças que Jesus proclama perante o povo, não são outra coisa que os elementos visíveis da mesma humanidade de Jesus. Ele é o Filho querido do Pai. Como é que se manifestou a sua filiação aqui na terra? No seu carinho para com os pobres, na sua sede e fome de justiça, na sua misericórdia, mansidão, na sua busca da paz, na sua capacidade de enfrentar as perseguições e assim em diante. Agora é isso mesmo que o Espírito Santo, que recebemos nos sacramentos, está querendo formar em nós. Santo, então, não é aquela pessoa que fica de joelho com a cabecinha dobrada mandando os beijinhos a Maria. Santo é aquela pessoa que olha os outros não com um duplo pensamento, que perante as injustiças do mundo sente o desejo que se manifeste a justiça de Deus que é misericórdia. Santo é a pessoa que, no mundo de divisões e de ódios terríveis, faz de tudo para encontrar caminhos de paz. Santo é aquele que sente um aperto no coração perante um pobre, um mendigo e transforma este aperto num caminho que possa ajudar o irmão carente. São estes sentimentos que o Espírito está querendo formar em nós: os mesmos sentimentos que eram bem visíveis na humanidade de Jesus. Pedimos a Deus que esta Eucaristia possa colocar na nossa alma o desejo e uma santidade autentica e verdadeira, aquela santidade que se manifestou em Jesus, a única que pode transformar o mundo do ódio em amor.

 

 

lunedì 21 settembre 2020

Domingo XXX/A

 



(Ex 22, 20-26; Sal 18; 1Ts1, 5-10; Mt 22,34-40)

Paolo Cugini

 

1. Todos nós sabemos que o centro do cristianismo é o mandamento do amor. Sabemos, também, que esta palavra é muito abusada e amiúde distorcida no contexto hedonista e relativista da cultura contemporânea. O problema para nós é entender se conseguimos resgatar, através da escuta atenta e aprofundada da Palavra de Deus, o sentido autentico do mandamento do amor. Talvez hoje em dia seja este o grande desafio das comunidades cristãs: deixar que a Palavra de Deus faça o seu trabalho, desmanchando as pré-compreensões, os preconceitos, em fim todas aquelas idéias erradas que penetraram no consciente coletivo cristão e que atrapalharam e continuam atrapalhando a vivencia corriqueira. A grande tentação é confundir o amor com a atividade pratica ou com um sentimentalismo vazio, deixando de lado a dimensão espiritual contida nela. Como se libertar deste sentimentalismo romântico e edulcorado? É este um dos grandes desafios que a Igreja hoje em dia deve enfrentar se quiser viver conforme o mandamento do amor que fundamente a sua mesma identidade.

 

2.Amaras o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mt 22, 37).

A resposta de Jesus ao fariseu que queria experimentar a verdade da sua sabedoria, resgata uma idéia de amor que remonta ao Antigo Testamento. Isso quer dizer que a novidade de Cristo, neste sentido, não está nas palavras sobre o amor, mas na sua maneira de vivê-lo. As palavras de Jesus apontam para um caminho do amor que deve iniciar, deve ter o seu ponto de partida do relacionamento com Deus. Ninguém, de uma certa forma, pode dizer que ama, se não tiver por trás um relacionamento profundo com Deus. Este é um grande ensinamento que derruba e destroça todas as nossas idéias piedosas sobre o amor, pensando que seja identificável com um ato pratico para alguém. Na realidade, o amor é antes de mais nada o esforço pessoal de se colocar perante Deus, pois Deus é o amor. Somente se colocando na perspectiva dele, se disponibilizando a acolher o amor que vem dele podemos dirigir atitudes de amor para os outros. Amar a Deus de todo coração, de toda alma e de todo entendimento quer dizer dedicar tempo a Ele. Se pensarmos atentamente coração, alma e entendimento são todos elementos que pertencem a nossa dimensão espiritual. Precisamos, então, aprimorar esta dimensão se quisermos de verdade apreender a amar. Aprimorar a dimensão espiritual significa fazer espaço a Deus na própria vida, dedicando tempo a oração, a meditação da Palavra, para que o coração seja moldado pelos ensinamentos do Senhor e a alma seja preenchida pelo amor de Deus. Só assim o nosso entendimento pode chegar a ponto de reconhecer aquilo que verdadeiramente vale a pena fazer e conhecer.

 

3.Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 39).

É este um versículo do Evangelho que presta o lado a ambigüidades. Vamos, então, tentar de aprofundar. Este versículo nos mostra, de uma maneira imediata, que não existe amor ao próximo se antes não tiver um amor integral para Deus. Só que, prestando atenção ao texto, entre o amor a Deus e o amor ao próximo tem um terceiro elemento como intermediário que é de vital importância: nós mesmos! Isso quer dizer que o primeiro efeito benéfico da vida espiritual, do nosso relacionamento com Deus, do nosso entrar com todas as nossas forças no intimo de Deus é o amor a nós mesmos. Quer dizer isso? Sem duvida Jesus não está solicitando uma forma de egoísmo. Pelo contrario. Pela própria experiência pessoal, feita de tantas noites de oração, tantas vigílias noturnas, Jesus nos ensina que o relacionamento com Deus, quando é autentico, ou seja feita com todas as nossas forças espirituais, buscado intensamente, produz imediatamente um esclarecimento sobre a nossa identidade. Porque isso é importante no discurso do amor ao próximo? Porque se prestarmos atenção àquilo que acontece no mundo, não basta se aproximar ao próximo com atos de caridade para dizer que é amor. A prova disso está de baixo dos nossos olhos. De fato, quantos candidatos, na infeliz época de eleições municipais que acabamos de passar e que tanto sofrimento trouxe por todos nós, se aproximaram aos pobres com doações, não porque amavam aos pobres, mas simplesmente para tomar, roubar o voto deles? Se este é amor eu sou papai Noel! Atrás de tantos atos de presumível caridade, se escondem formas implícitas de egoísmo, de desejo de afirmação de si. Nessa altura o amor ao próximo, longe de ser um ato gratuito, característica do amor verdadeiro visível na vida de Cristo, torna-se uma manifestação de egoísmo pessoal.

Pelo contrario, Jesus nos ensina que para nos aproximarmos ao próximo de uma forma livre e desinteressada, precisamos saber que somos e o que queremos. Precisamos, afinal de conta, estar em paz com nós mesmos, com o nosso coração e a nossa consciência. Somente assim evitaremos usar os outros, de humilhar os pobres com a nossa presunçosa caridade encharcada de egoísmo, apesar de ser enfeitada e embelezada com tanta aparência esquisita.

 

4.E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações” (1Ts1, 6).

Estas palavras de Paulo nos lembram que o amor não pode ficar somente como uma palavra bonita: deve ter alguém que a encarne e a viva. Somente assim podemos provocar o desejo de fazer o mesmo, de imitar. Se a característica da mística católica é a imitação, isso quer dizer que necessita de alguém que vista a camisa, como é costume dizer, ou seja, alguém que viva a aquilo que o Senhor viveu. Por essa razão é necessário acolher a Palavra, interiorizá-la, para que molde a consciência e provoque o desejo de seguir a trilha que Jesus deixou. A Igreja se constrói desse jeito, com pessoas que se decidem a viver aquilo que Jesus viveu. A Igreja cresce e se edifica com pessoas santas que com o exemplo apontam o caminho para os outros. Nada, então, daquele romantismo vazio que só atrapalha o sentido autentico da caminhada. Quem quiser aprende a amar do jeito que Jesus amou e colaborar a construção do Reino de Deus, que é o reino da justiça e do amor, deve ser disponível a enfrentar tantas e dolorosas tribulações. Tudo isso, porém, na certeza que: “Nada nos separará do amor de Cristo” (Rom 8,39). Amem.

Exaltação da santa cruz - 14 setembro




(Nm 21, 4-9; sal 78; Fil 2, 6-11; Jo 3, 13-17)

 

Paolo cugini

1. O tema deste domingo é um dos mais difíceis do Novo Testamento: é mesmo um mistério da historia da Salvação. De fato, a Cruz de Cristo constitui uma espécie de pedra de tropeço por todos aqueles que se aproximam á Igreja sem um conhecimento aprofundado do Evangelho. Todos conhecem a vida maravilhosa de Jesus, o seu anuncio do reino de Deus, a sua fome e sede de justiça e de paz. Poucos, porém, gostam de falar da sua paixão e morte na cruz. Parece mesmo que esta cruz de Cristo ficou engasgada na garganta e não desce. A final de conta poderíamos nos perguntar: porque foi necessário para o Filho do homem passar através da Cruz para salvar a humanidade? Esta salvação não podia acontecer de uma forma mais leve, menos radical? A morte de Cristo na cruz nos ensina o que de tão importante?

 

2.Deus amou tanto o mundo que deu o seu filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

O evangelista João não apenas aponta a cruz com necessária para salvação do mundo, mas a considera ligada ao amor. A cruz de Cristo é a manifestação do amor supremo de Deus para com a humanidade. Isso quer dizer que se quisermos conhecer o sentido profundo do amor de Deus devemos contemplar a cruz de Cristo: haja mistério mais complexo! Em primeiro lugar, João nos lembra que Jesus, o filho de Deus, foi uma dádiva de Deus. Isso quer dizer que não foi por acaso que Cristo veio ao mundo, e veio ao mundo daquele jeito pobre e despojado. Se Jesus é uma dádiva de Deus para a humanidade, isso quer dizer que podemos somente acolhê-la. Este é já um dato importante da fé. O mistério do amor de Deus é a nós doado em Jesus Cristo e isso quer dizer que não é o fruto de um nosso esforço pessoal, ou seja, não depende de nós. Aquilo que depende de nós é fazer espaço a Cristo para acolhê-lo assim como Ele é a nós doado. Insisto sobre este ponto porque é importante para depois entendermos o mistério da Cruz. De fato, se tanta resistência encontramos na vida corriqueira a entender mistério da paixão e morte da cruz de Cristo, se tantos questionamentos levantamos sobre isso, talvez seja porque ao em vez de escutar este mistério, em vez de acolhê-lo na sua realidade, queremos interpretá-lo, antecipá-lo com as nossas pequenas idéias religiosas e, por isso, resistimos á sua manifestação plena. Jesus é o dom que Deus fez para salvar a humanidade, e nos doou sue filho crucificado. O mistério da cruz, neste sentido, é a resposta a estupidez humana, a sua ufania e, ao mesmo tempo é o testemunho de um relacionamento filial. Se Jesus morreu na cruz foi exatamente por causa do imenso amor que ele tinha por o seu Pai. Ao mesmo tempo se o amor de Deus é ligado á cruz de Cristo isso quer dizer que o amor tem um dúplice sentido. O primeiro sentido é que o amor para ser autentico exige um relacionamento afetivo profundo, assim como foi o relacionamento de Jesus para com o seu Pai. Além disso, a cruz de Cristo nos revela que o amor autentico não para perante a nada, nem o sofrimento, nem a humilhação, nem a morte podem arrestar a força espantosa do amor. Nos momentos sofridos e tristes da nossa vida podemos avaliar a força do nosso amor com Deus. Em outras palavras, quem desiste não ama. Jesus é um exemplo porque nos mostrou que o relacionamento com Deus, do qual recebemos a vida eterna, não pode ser nunca um relacionamento formal, mas sim deve poder contar com o envolvimento de toda a nossa pessoa. Só assim termos chance de não desmoronar perante as dificuldades.

 

3.Jesus Cristo humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fil 2, 8).

Na segunda leitura de hoje Paulo revela um outro sentido da cruz de Cristo. Segundo Paulo na Cruz, Cristo manifestou em modo definitivo o sentido da sua vinda no mundo, do seu caminho de encarnação. Deus em Cristo se fez carne assumindo a nossa mesma natureza. Deus se fez igual ao homem, exceto o pecado, para que o homem se tornasse igual a Deus. O sentido da criação do homem á imagem de Deus é revelado plenamente e definitivamente em Cristo, na sua vinda, no seu jeito de viver e, sobretudo, de morrer. De fato, a morte de Cristo na cruz revela o mesmo sentido da encarnação, que é um caminho de abaixamento, de humilhação. Cristo vindo ao mundo se abaixou, se humilhou, para que o homem pudesse entender a sua mensagem. A morte na cruz, neste sentido, é o ultimo passo do caminho de abaixamento de Cristo, do seu esforço de chegar perto da humanidade para manifestar o quanto o Pai nos ama e, sem duvida nenhuma, não existe lugar mais intimo que não seja a mesma morte. Cristo, morrendo daquele jeito, mostrou para todos nós que nada existe na historia que possa nos afastar de Deus, nem mesmo a morte.

 

4.Por isso Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de tudo” (Fil 2, 9).

A vida eterna passa através de uma vida de despojamento e de obediência filial ao Pai: é este o ensinamento de Jesus. A vida eterna, a nossa ressurreição, a nossa vida perto de Deus se decide agora, nas decisões que tomamos no dia a dia. O Filho de Deus veio no mundo para traçar um caminho que toda a humanidade deve percorrer se quiser a vida eterna. Não é, de fato, qualquer vida que Deus ressuscitou, mas sim a vida do seu Filho Jesus, que viveu em continua obediência ao Pai, obediência não formal, mas sim filial. Jesus, de uma certa forma, abriu um caminho que devemos percorrer todos nós. A Igreja, neste sentido, evangeliza o mundo de verdade, não apenas quando proclama com os lábios os versículos do Evangelho, mas, sobretudo quando percorre o mesmo caminho de descida, humilhação e despojamento que Jesus percorreu. Pedimos a Deus, nesta Eucaristia, a força e a determinação, para continuarmos a percorrer o Caminho da cruz, o autentico caminho do amor.

 

 

 

 

Domingo XIX°/A

 



(1 Rs 19, 9.11-13; Sal 85; Rom 9, 1-5; Mt 14, 22-33)

 

Paolo Cugini

 

1. A nossa vida se decide na nossa confiança em Deus. A vida, a final de conta, é um problema de fé. Agimos conforme aquilo que acreditamos. Se tivermos a humildade de entrarmos em nós mesmos para analisarmos a fonte dos nossos atos, das nossas decisões, descobriremos a origem que impulsiona o nosso agir. Por isso é importante saber em que Deus acreditamos, e aonde o buscamos. As leituras de hoje nos ajudam bastante a esclarecer este assunto e é por esta razão que agora tentaremos aprofundá-las.

 

2.Depois do fogo ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isso, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta” (1Rs 19, 12-13).

Estes dois versículos fazem parte da narração do ciclo de Elias. O profeta, nas horas triste da persecução, se refugiou no deserto em busca de uma resposta de Deus. E Deus se apresentou. O interessante da narração é como Deus apareceu. Ele, de fato, não se manifestou em nenhuma das forças naturais que chamassem atenção, como o vento, o terremoto, o fogo, mas sim no murmúrio de uma leve brisa. Quer dizer isso? Em primeiro lugar, podemos dizer que esta manifestação de deus nos ensina a nos despir das nossas falsas idéias de Deus. Deus não está aonde a gente acha que seja: Deus é imprevisível. Isso requer, então, atenção, desejo de encontrá-lo, busca constante. A vida de fé é caracterizada por este caminho em busca de Deus, que nos convida a sair do comodismo das nossas opiniões mais ou menos erradas sobre Deus, para buscar o Deus verdadeiro, o Deus que se manifesta na historia através da sua Palavra. É só este Deus que nos salva e nos conduz no caminho de uma vida autentica. Em secundo lugar, a maneira de Deus se manifestar por Elias revela um dato importante, ou seja, que o encontro com Ele exige silêncio, atenção, desejo de encontrá-lo. Não podemos pensar de encontrar Deus na bagunça da nossa vida desordenada, feita de barulho, confusão. Deus se manifesta no silencio da montanha e no murmúrio de uma leve brisa que, para captá-lo precisa de um esforço pessoal, além de um clima especial de silêncio. Em ultimo lugar a experiência de Elias nos ensina que Deus para se manifestar ao homem não precisa das grandezas, das aparências. Aquilo que aconteceu com Elias é um traço típico do Deus da Bíblia, que escolhe aquilo que é humilde, silencioso, escondido, que não aparece para se manifestar à humanidade. É a lógica de Deus que confunde os nosso pensamentos humanos e nos provoca para irmos a sua procura não conforme os critérios humanos,mas para nos deixarmos conduzir, para aprendermos a ser dóceis a Ele, à sua Palavra.

 

3.Jesus subiu ao monte para orar a sós. A noite chegou e Jesus continuava ali, sozinho” (Mt 11, 23).

A mesma experiência de Elias a encontramos na vida de Jesus, com uma diferença. De fato, enquanto por Elias tratou-se de uma experiência toda especial, na vida de Jesus, o encontro com o seu Pai no silencio da noite é algo de natural, corriqueiro. Jesus é acostumado a rezar e noite, a se entregar na oração de noite, mergulhando no silencio. Acho este dato importantíssimo. Depois de um dia pesado – Jesus tinha acabado de realizar a multiplicação dos pães – Jesus busca logo o dialogo silencioso com o Pai, apontando para nós o caminho da oração autentica. Não podemos pensar de encontrar o Deus verdadeiro dedicando para ele poucos minutos dos nossos dias e, sobretudo, poucas orações repetidas de pressa. O relacionamento com Deus exige tempo e exige, sobretudo o desejo de encontrá-lo, de fazer a sua vontade. É isso que é visível na vida de Jesus, que constitui por nós um exemplo. Jesus em cada momento da sua vida nunca fez nada sozinho, mas sempre procurou a idéia do Pai, a sua vontade, a sua opinião. A oração de Jesus não é uma rotina, um dever para ser cumprido, mas sim um desejo profundo da alma, uma necessidade existencial. Na maneira de Jesus rezar, encontramos o caminho que devemos percorrer se quisermos aprender o justo relacionamento com Deus. Seguindo Jesus devemos aprender a buscar a Deus sempre, a buscá-lo com todas as nossas forças, para fazer de tudo para que Ele entre na nossa vida em qualquer momento. É este o grande ensinamento de Jesus: não somos sozinhos para enfrentar os problemas da nossa vida, mas temos um Deus que é um Pai para nós e, por isso, devemos nos acostumar a dialogar com Ele, a escutá-lo, a render sempre mais pessoal o nosso relacionamento para com Ele. Só desta maneira sairemos daquela religiosidade superficial que nos deixa sentados nesta vidinha amorfa, insossa, para caminharmos na busca de uma vida mais autentica, mais criativa, numa palavra, mais conforme ao ensinamento de Jesus.

 

4.Coragem sou eu não tenham medo” (Mt 14, 27).

A imagem central do Evangelho de hoje é extremamente rica de conteúdos pela nossa vida de fé. Perante uma situação de perigo representada pelo barco agitado por causa das ondas e do vento contrario, a narração mostra duas maneiras diferentes de agir. De um lado os discípulos apavorados também pela presença de Jesus que caminha sobre as águas, do outro o mesmo Jesus que perante esta situação permanece tranqüilo e caminha sobre as águas. A água do mar, no imaginário bíblico é o símbolo do caos, daquilo que é desconhecido e que inquieta. Isso vale ainda mais quando as águas são agitadas por causa do vento. Caminhando sobre elas Jesus mostra que existe uma maneira para dominá-las, para não deixar que o caos, as intempéries da vida atrapalhem a existência. Jesus entra no mar de madrugada, ás três horas da manhã, depois de ter passado horas dialogando com o Pai. O relacionamento profundo com Deus ajuda a ver as coisas de uma forma diferente d como o mundo a enxerga e, sobretudo, a não deixar que nada perturbe e desoriente o sentido da vida. Podemos viver no mundo, no meio das situações mais difíceis e complicadas sem deixar que estas mexem conosco, somente se tivermos um relacionamento profundo e autentico com o Senhor. Parece-me ser este o grande ensinamento do Evangelho de hoje. O grito do medo dos discípulos é o grito do medo de todo um povo que vive no mar da vida com auto-suficiência, se achando o dono da própria vida, vivendo o próprio relacionamento com Deus como algo de secundário, não importante. Somos e vivemos na medida que abrimos a nossa existência ao Senhor da vida e da historia: somente assim poderemos enfrentar as ondas do mar da vida com coragem, na certeza que que confia em Deus nunca ficará desamparado.

 

 

 

2 novembro Comemoração dos finados

 



(Jó 19, 1.23-27; Sal 27; Rom 5,5-11; Jo 6,37-40)

 

Paolo Cugini

 

1. Hoje a igreja celebra o dia dos finados, convidando todos os fieis a rezar pelas almas dos nossos queridos. Fazendo isso a Igreja manifesta a sua fé na Ressurreição do corpo e, também, a fé que depois da morte existe um tempo aonde as pessoas, na espera do julgamento final, podem serem ajudadas pelas orações da Igreja, a melhorar a própria condição de vida. Na comemoração dos defuntos a Igreja se apresenta ao mundo com uma proposta diferente sobe o tema crucial que preocupa toda a humanidade: a morte. Perante a morte ficamos desnorteados, apavorados, tristes. É isso que acontece perante a morte de um ente querido, um parente, um amigo: ficamos arrasados. A morte é um dos poucos dados inelutáveis da existência humana: tudo mundo vai morrer. É algo que nos entristece porque a morte quer dizer aniquilamento de tudo. Encarando a morte ficamos percebendo a futilidade dos nossos projetos e, sobretudo, como a nossa vida é frágil. Por isso aprendemos desde crianças, a não encarar a morte, a fugir dela. Pelo contrario o cristianismo faz questão de ajudar as pessoas a se confrontar com a própria morte, a olhá-la, para enfrentá-la de uma forma diferente. O que, então, o cristianismo tem a nos dizer sobre o tema da morte?

 

2. “Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no ultimo dia” (Jo 6,39).

Este versículo desmancha todas as idéias falsas sobre um Deus que destrói e acaba com a humanidade. Não, Deus deseja salvar a todos: pro isso mandou o seu Filho Jesus. É importante frisar isso para sairmos de uma religiosidade do medo de Deus, uma religiosidade de um Deus perseguidor, para entrarmos definitivamente na espiritualidade do Deus da vida, que é o Deus do amor, o Deus Pai que não quer que nenhum dos seus filhos se percam. A missão de Cristo na terra é esta: fazer de tudo para atrair os homens, as mulheres a Deus. E Jesus cumpre a sua missão não com um discurso persuasivo, mas com o único discurso que a humanidade toda sabe apreciar: o discurso do amor, do testemunho pessoal. Neste versículo Jesus sintetiza em poucas palavras o sentido da sua missão: fazer de tudo para que ninguém se perca. Para isso acontecer são fundamentais duas coisas: ver o Filho e crer nele (cf. Jo 6,40). É impossível, de fato, crer em Jesus sem vê-lo. Ao mesmo tempo, porém, temos dificuldade ver Jesus para acreditar nele. Como sair desta situação?

Esta é a tarefa da Igreja. Cristo se faz visível hoje toda vez que os cristãos se amam um o outro, se respeitam, partilham aquilo que têm. A Igreja é o corpo de Cristo visível na contemporaneidade. Por isso recebemos o seu espírito, para que suscite em nós os mesmos sentimentos, as mesmas atitudes, os mesmos sonhos que eram de Jesus. Só assim, a humanidade tem chance de salvar-se; só vendo na existência dos crentes o amor que se manifestou em Cristo poderá acreditar no Salvador e, assim, entrar no caminho da vida eterna.

Nessa altura é importante salientar que Jesus no Evangelho de hoje faz uma clara distinção entre vida eterna e ressurreição. A vida eterna pertence ao tempo presente, enquanto a ressurreição ao futuro: quer dizer isso? Como podemos falar agora, no tempo presente de vida eterna? Não é uma contradição, uma utopia? Se a vida eterna é a vida em Deus, aquela vida permeada do amor, da sede de justiça, do desejo e do esforço de realizar a paz entre todos, então a vida eterna começa no memento que acolhermos a vida plena do Senhor Jesus. A verdade de Cristo é esta: ele realiza em nós aquilo que aconteceu nele. É a nossa humanidade o espaço aonde a força de Deus, que se manifestou em Cristo realiza o seu prodígio, a sua verdade. É isso que deve ser visível em nós. Se nestes anos nos quais estamos nos dedicando a conhecer o Evangelho de Jesus, um pouco mais de amor não moldou a nossa humanidade, um pouco mais de vontade de justiça não entrou nos nossos desejos, então isso quer dizer que o Espírito Santo não encontrou muito espaço para moldar a nossa humanidade, permanecendo, assim, extremamente mortais.

 

3. “E eu o ressuscitarei no ultimo dia” (Jo 6,40b).

Se o efeito do seguimento a Jesus no tempo presente é uma vida eterna, ou seja, uma vida que manifeste na nossa humanidade os traços da humanidade de Cristo, diferente é o discurso do premio definitivo. A fé na ressurreição da carne é o centro do mistério cristão, pois é a fé no projeto de Deus, naquele projeto que encontramos nas primeiras paginas da Bíblia quando Deus criou o homem e a mulher a sua imagem e semelhança. Este projeto, estragado pelo pecado, é agora, em Cristo resgatado. A fé na ressurreição da carne manifesta, também, que no projeto de Deus o corpo é participe da vocação da pessoa, que é ao mesmo tempo corpo e alma. A fé na ressurreição da carne, quando for entendida no seu sentido mais profundo, deveria acabar com aquele espiritualismo vazio de cunho platônico, que incita o menosprezo do corpo como caminho para salvar a alma. São Paulo nos lembra que o corpo, longe de ser algo de negativo, é chamado por Deus a ser templo do Espírito Santo. Esta visão do corpo é muito longe daquilo que amiúde escutamos, também dentro da Igreja, de menosprezo do corpo. Acreditar no premio futuro da ressurreição da carne, significa se afastar das crenças espíritas da reencarnação. Não podemos, de fato, de um lado acreditar na ressurreição da carne e do outro, dar fé a crença da reencarnação, que nega a mesma ressurreição. A doutrina da reencarnação acredita que a alma, depois da morte, entra num outro corpo. Pelo contrario a fé na ressurreição acredita que o corpo pertence a mesma vocação da alma e que no ultimo dia ressurgirá de forma perfeita.

 

4. “A prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós quando éramos ainda pecadores” (Rom 5,8).

A fé na ressurreição não se fundamenta apenas num artigo dogmático, ma sim no nosso amor a Jesus Cristo, na sua pessoa. Por isso a liturgia de hoje, enquanto coloca na nossa frente o problema da nossa morte, nos convida a entrar no caminho da amizade intima de Cristo, para que o nosso conhecimento dele possa abrir a nossa mente aos mistérios profundos que Deus quis revelar através da sua existência. Somente assim poderemos entender que na realidade o mistério da morte não amedronta tão assim como somos acostumados a encará-la, mas que em Cristo, Deus nos ofereceu um caminho para sairmos vitoriosos com Ele. O problema é ter a coragem de abandonar o nosso medo, as nossa idéias, para entrarmos com coragem na trilha que Jesus traçou. Cabe a nós escolher. Amem.