(Retiro espiritual com os
jovens do seminário Pau Alfonso: 19-21 março 2010)
Pe
Paolo Cugini
Primeira meditação
·
É a espiritualidade do
namoro, do jovem apaixonado, que vislumbra no Senhor o motivo fundamental da
própria existência.
·
Nesta fase devem aparecer
as mesmas dinâmicas que aparecem num relacionamento afetivo.
·
A dimensão esponsal
perpassa todo o Antigo Testamento e é utilizada para apontar o relacionamento
entre Deus e o seu povo Israel.
·
O motivo deste amor especial
é um mistério que fica nos pensamentos de Deus: cf. Dt. 7,8. A eScolha de
Israel é por amor e o amor é um mistério.
·
Objetivo do caminho no
deserto Dt 8: é aprender a treinar a dimensão espiritual: se mama somente se si
aprende a explorar a própria dimensão espiritual, se si aprende a se desapegar
das coisas matérias, a lidar com elas. Somente o homem livre tem condições de
amar e o homem livre é aquele que domina os próprios instintos.
·
Na reflexão profética é
vislumbrada uma etapa na historia da salvação aonde se percebe que foi ali que
o amor entre Deus e o povo brotou. É importante ler o texto no quadro do
contexto fortemente polemico.
a. Jer
2,2: é a caminhada do povo no deserto que é
apontada como o lugar onde aconteceu a paixão;
b. Os
2, 16-17: é reforçado este meso tema
Além
disso, tem outros textos que manifestam o relacionamento afetivo de Deus com os
seus escolhidos:
a. Is
43,1-7: “Eu te amo”.
b. Jr
1,4 s.
Encontramos
expressões fortes que expressam este sentimento de Deus:
Tu
es meu Is 43
Eu
te amo: is 43, 1-7
Tu
me pertence: Dt 7,6
Eu
estou contigo (Jer 2,8; Is 43, 5; Lc 1; etc.)
·
O Amor se manifesta, na
vida adulta, como busca do silencio e do relacionamento intimo com o Pai.
Isso é bem visível na vida de Jesus que, a toda hora se afasta das multidões para
buscar a paz, o isolamento, o silencio, o dialogo pessoal com o Pai (Cf.Mc
1,35; Jo 8,1; Lc 6,12).
·
Este relacionamento
afetivo de amor, na perspectiva da espiritualidade bíblica, se manifesta como
discipulado. Discípulo é aquele que quer ficar
como o próprio mestre.
a. Jo
6,68.: onde iremos Senhor...
b. Jo
1, 35-39.
·
Discípulo é aquele que
aprende a permanecer com o Mestre.
Permanecer como Mestre significa abandonar o resto, é considerar o passado nada
mais do que lixo (cf. Fil. 3,8). É dentro este relacionamento existencial e
espiritual ao mesmo tempo, que os conteúdos específicos Do Reino de Deus são
assimilados, pois envolvem a pessoa na sua totalidade.
·
Permanecer é um dos
grandes temas do Evangelho de João.
Cf. Jo 14-15. Somente dentre um relacionamento de discipulado é possível
perseverar (cf. Lc 11). A permanência no relacionamento como Senhor é fruto do
amor de Deus. “Quem me ama obedece aos meus mandamentos”(Jo 14,15).
Segunda meditação
O ministério presbiteral
na continuação do ministério apostólico.
2
Cor 4,5. Ao centro de tudo é o Kerygma. O
Kerygma não é fruto de uma reflexão pessoal de alguém, mas sim é a proclamação
fiel de Jesus Cristo como realidade que é colocada á nossa frente e que impõe a
nós.
At
2,36. A um padre é pedido que faça ressoar o
grito da ressurreição de Cristo na história, no mundo. Somente através da
pregação o evento de salvação é levado a contato com os homens e as mulheres e
pode comunicar a salvação.
1
Ts 2,13. A Palavra de Deus é uma ação eficaz
de Deus que envolve o homem na sua totalidade dentro uma nova aventura de vida[1].
A Palavra de Deus alcança os ouvidores através da Palavra concreta dos
pregadores.
Entre o pregador e a
Palavra de deve nascer uma ligação profunda.
2
Cor 5,18-20. O anunciador deve dizer o Kerygma com
compromisso pessoal. A pregação tem sentido se quem a pratica acredita naquilo
que faz[2].
Das palavras do pregador deve sair a alegria de Sr o instrumento de Deus.
Neste
sentido a formação nos anos do seminário deve conduzir os jovens á amar Jesus
de um jeito tão profundo de levá-los a desejar de se tronarem servos dos
homens.
2
Cor 4,5b. Paolo foi golpeado pelo amor de
Jesus. Neste amor ele colheu o amor eterno do Pai que se dirigia a ele como
pecador, com o dom de uma graça não merecida e de agora em diante não pode mais
viver a não ser dentro do pressuposto deste amor.
2
Cor 5, 14-15. Não basta uma pessoa aprender
gestos litúrgicos para ser um anunciador da Palavra: deve ter amor. É preciso
que todo o ministério desabroche do amor para Jesus, de uma experiência pessoal
e profunda com Ele. Na memória do jovem deve ficar o marco deste encontro.
Perigo: passar anos de estudos teológicos sem que Jesus se torne uma pessoa
viva, concreta, determinante. Os anos de seminário devem se tornar anos de
experiência viva, anos de namoro inesquecível com Deus[3].
A revelação quer nos
colocar na comunhão com Deus, com um Deus verdadeiro que com liberdade decidiu
de se comunicar conosco.
O
problema é saber se os seminaristas lendo as paginas de teologia, do direito
canônico, da historia da Igreja, da Patrística encontram o mistério de Deus. A
verdade do nosso encontro com Cristo é que provoca em nós mudanças radicais,
uma mudança de mentalidade, mudanças de visão do mundo.
Jo
9,1-41. A narração termina com o encontro pessoal
com Cristo. Somente neste momento reconhece Jesus como Filho do homem. Como
aconteceu este encontro? È Cristo que tomou a iniciativa.
Que
encontra Jesus e o toma a serio chega a ver o mundo de uma forma diferente. O
encontro com Jesus provoca uma mudança em nível de comportamento. O encontro
com o Senhor transforma os nossos pensamentos, os nossos sentimentos
instintivos.
Heb
4,12-13.
Assumir
a forma do Evangelho. O Evangelho oferece uma forma de vida. A forma do
Evangelho deve moldar toda a comunidade. É preciso que a aproximação á Palavra
de Deus seja tal que transforme de verdade as pessoas.
Lectio
continua. Seria esquisito um seminarista sair
do seminário sem ter lido toda a Sagrada Escritura. Este primeiro passo, ou
seja uma leitura integral da Bíblia da realizar varias vezes ao longo da vida,
é a base para o encontro com a Palavra de Deus.
Lectio
divina. É a Palavra que se torna oração. É a
este nível que aprendemos a tomar as nossas decisões á luz da Palavra de Deus.
Von Balthasar dizia que o anuncio do Evangelho deve ser tal de suscitar em quem
acredita a capacidade de dar vida.
Quais
são as condições necessárias para que a escuta da Palavra de Deus seja
frutuoso?
1.
Primeiro é bom o lembrar que para que a Palavra brote frutos é preciso o envolvimento
da pessoa. Não se trata, de fato, de um conhecimento apenas intelectual, deve
envolver a pessoa como um todo. A Palavra de Deus se apresenta ao homem com uma
autoridade efetiva que exige uma adesão de fé. Nesta perspectiva a fé significa
que considero a Palavra mais verdadeira de qualquer outra realidade.
Ex
14, 13-14. Fé significa acreditar mais nas
promessas invisíveis de Deus do que as ameaças reais presentes.
2.
Primeira condição para uma aproximação autentica da Palavra de Deus é a castidade
e a pobreza. Para entrar na Bíblia, na Palavra é preciso passar através uma
experiência, uma vida e desapego. Quem é apegado demais ao mundo se torna
insensível á Palavra de Deus. Apegado ao mundo: é a situação daquela pessoa que
é vulnerável as seduções do mundo, que não consegue agüentar aos chamados do
mundo. Nesta perspectiva a castidade representa a liberdade na maneira de viver
a energia da sexualidade: esta é a primeira e fundamental liberdade no
confronto do mundo. Quem é amarrado ao sexo e as suas promessas tem dificuldade
a dar peso ás promessas de Deus e por isso tem dificuldade para acolher a
Consolação que vem das Escrituras. É por isso que na mitologia grega Eros é uma
divindade. Ainda domina Eros no mundo tem pouco espaço para Deus. Nesta perspectiva
perto da castidade deve ser colocado a pobreza: o apego ao dinheiro não deixa
espaço ao coração do homem para desejar de atender as promessas de Deus.
Castidade
e pobreza são as duas faces de uma única atitude de liberdade no confronto do
mundo e das suas satisfações. Somente dentro desta liberdade, que em duvida não
é perfeita, é possível uma abordagem verdadeira, existencial á Palavra de Deus,
as suas promessas. Por isso é importante um compromisso ascético sereno.
Castidade não é virgindade, por isso vale também pelos casais; castidade é a
capacidade de vier a fidelidade da própria vocação e por isso marca a
capacidade de não ser dominado pelas forças do mundo, mas afirmar a liberdade
que vem de Cristo. É bonito ver que o
crente veja no mundo a ação criadora de Deus e então a riqueza do seu amor. É
bonito também que assuma a realidade do mundo como ação de graça[4]. Aquilo que não ate na Escritura é uma
existência que se torne idolatria do mundo, que se apegue de uma forma doentia
as coisas, s pessoas, buscando nela a própria consolação, o próprio absoluto.
2.
Liturgia.
3.
Serviço.
Terceira
meditação
A ESPIRITUALIDADE DO
PRESBITERO
1
Pd 5,1-4: Para todos a santidade consiste na
transformação da própria existência de experiência humana em amor. Um padre
deve transforma a própria experiência em amor. O material sobre o qual se atua
esta transformação depende de pessoas a pessoa, conforme as decisões
fundamentais e a própria e especifica vocação. Neste texto encontramos algumas
exortações:
- Primeira
exortação: “Eu sou ancião como eles”; A
primeira atitude importante é da empatia, a capacidade de se colocar
espiritualmente, mas também materialmente, na vida das pessoas que somo
chamados a servir. Não podemos pensar de anunciar o Evangelho somente
através de palavras, pregações, aulas. O Evangelho é o mistério da
encarnação, da Palavra que se fez carne e quem anuncia esta Palavra
encarnada deve ele mesmo encarnar-se. Uma das verdades sobre a própria
vocação é esta: que desejo tenho de me identificar com o povo? Pedro
deseja se aproximar o mais possível aos seus interlocutores[5]. E para testemunhar
isso Pedro oferece duas indicações:
a. Sou
testemunho dos sofrimentos de Cristo;
b. Sou
participe da gloria futura;
Testemunho:
testemunho junto convosco. Pedro é testemunho dos sofrimentos de Cristo porque
vive no cotidiano os seus sofrimentos por causa do anuncio do Evangelho[6].
A e b são dois elementos interligados: do mistério pascal e da existência
cotidiana, sofrimento e gloria[7].
O sofrimento é sempre no tempo presente em quanto a participação da gloria é
sempre no futuro.
- Secunda
exortação: “zelai do rebanho de Deus”. O
rebanho e de Deus é permanece de Deus, não se torna nosso[8]. Existe um só proprietário
e é aquele que para o rebanho entregou a vida, que adquiriu o rebanho com
o próprio sangue, pagando um preço salgado. Deu pede para nós o
reconhecimento da soberania de Cristo sobre o rebanho que nos é entregue.
O rebanho é nos entregue para zelá-lo como algo que não nos pertence. Esta
disponibilidade nos coloca numa atitude de submissão original. Projetos e
metas devem ser somente aquelas que o Senhor aponta para o seu rebanho.
Isso exige uma grande liberdade interior. É preciso saber amar com todo o
coração as pessoas que nos são entregue, e de ligar as pessoas a Cristo e
não a si mesmos. Capacidade de saber caminhar com todos rumo ao Senhor.
Paulo num texto famoso dos Atos dos Apóstolos recomenda os anciãos da
comunidade de vigiar sobre eles mesmos[9]. A tarefa que
exercemos se refere a Igreja. Isso significa que a tarefa de zelar do
rebanho do Senhor não se dirige a coisas matérias, como o dinheiro ou
poder, mas á mesma Trindade, algo que envolve o mesmo Deus. Neste texto
doa Atos Paulo põe se mesmo como exemplo. O amor que nos deve envolver
deve suscitar o desejo de ir além, deve produzir em nós o desejo de agir
sempre mais, com criatividade, para zelar do rebanho do Senhor. Esta idéia
se encontra em outros passos da Sagrada Escritura, como por exemplo: Ez
34;Jer 23; Jo 10.
No texto de Pedro que estamos comentando existem
também três contraposições:
- Primeira
contraposição. “De bom agrado e não forçados”. O
ministério não é algo que devo fazer arrastado, contra a minha vontade,
mas sim impelido de uma força interior que estimula a minha vontade. Paulo
na segunda carta aos Corintos usa uma expressão forte para explicar esta
disponibilidade total no ministério: não pregamos nós mesmos, mas sim
Jesus Cristo[10]. De bom agrado:
porque a nossa vida não vem de lógicas humanas, mas da resposta de um
apelo divino, da Palavra de Deus, da submissão á sua vontade, ao seu
Espírito. O ministério não é fruto de uma convicção mental, de uma decisão
racional, mas sim de uma resposta á um chamado. É na submissão com fé que
reconhecemos a presença do Senhor na historia e nas decisões da Igreja.
- Segunda
contraposição. “Não por interesse, mas de boa vontade”.
Cf. 1 Sam 12, 2-4. É a atitude fundamental do servo do Senhor[11]. Aprender a ficar
perante o Senhor e não perante o povo. É claro que nós ficamos perante o
povo, mas o serviço que realizamos é para o Senhor. Mesma idéia se
encontra em São Paulo: At 20, 32-35 – “Não
cobicei prata, ouro ou veste de ninguém”. É o caminho da liberdade. O
povo não gosta do padre que pensa só ao dinheiro e que toda hora pede
dinheiro ao povo. O apego as coisa materiais aponta para uma insegurança
existencial e espiritual[12].
- Terceira
contraposição. “Nem
como senhores daqueles que vos couberam por sorte, mas antes, como modelos
do rebanho”. A lógica que determina os nossos relacionamentos não deve
ser uma lógica de domínio e de afirmação sobre os outros, mas, sim, de
serviço. “Entre vós não deve ser assim”[13]. Este principio
evangélico deve marcar o nosso estilo de vida novo, pois em Cristo nos
tornamos criaturas novas. Não somos donos do mundo, não somos donos do
pedaço, mas de uma forma esquisita conseguimos a nos apegar a grudar, a
nos apegar aos nossos meios de trabalho, aos nossos pequenos espaços de
poder, que olhados de longe são ridículos, mas que amiúde determinam a
nossa identidade. Precisamos deixar entrar a luz de Cristo que ilumine
estas formas, as vezes doentias, de apego a uma realidade, a um pedaço de
território que são sintomas de uma necessidade de afirmação mundana.Varias
vezes no Evangelho de João, Jesus alerta as pessoas a não buscar a gloria
dos homens, mas de Deus[14]. É importante
aprender a avaliar as próprias atitudes, sobretudo quando se trata de
atitudes autoritárias que esmagam as pessoas que estão relacionadas
conosco. Existe um trecho importante de Paulo que nos ajuda a entender
melhor isso: 2 Cor 1,23-24. Para se modelo do rebanho precisa apreender a
assumir pessoalmente a responsabilidade dos atos conseguintes ao
Evangelho. Nós podemos pedir aos outros aquilo que nós mesmo fizemos, se
não, não temos moral para pedir nada! É aquilo que Jesus dizia, por
exemplo, com os fariseus[15].
[1] Cf. DV 2.
[2] Cf. 1 Jo 1,3-4.
[3] Cf. Os 2; Jer.
[4] Cf. 1 Tm 4,5.
[5] Cf. Pd 1,1.
[6] Cf. 2 Cor 1,7.
[7] Cf. Rom 8,18.
[8] Cf. Jo 21, 15.
[9] Cf. At 20,28-31.
[10] Cf. 2 Cor 4,5.
[11] Cf. 2 Re 5,16a
[12] Cf. 1 Tim 6,6-7.
[13] Cf. Mc 9,35.
[14] Cf. Jo 5, 44.
[15] Cf. Mt 23 2-12.
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