sabato 20 luglio 2024

DOMINGO XVII/B

 




O QUE É ISSO PARA TANTAS PESSOAS?


(2 Reis 4,42-44; Sal 144; Ef 4,1-4; Jo 6,1-15)

 

Paulo Cugini

 

     É a necessidade que se move em direção a alguém ou algo percebido como capaz de satisfazê-la. A necessidade é o aspecto antropológico da estrutura religiosa e, por isso, não deve ser eliminada, mas continuamente acompanhada. No Evangelho de hoje as multidões procuram Jesus porque viram os sinais que ele fazia nos enfermos. Há uma necessidade de cuidado, uma situação de adoecimento, que provoca um movimento em direção àquele que parece capaz de curar. Este é o primeiro nível de necessidade que deve provocar um questionamento na vida religiosa, em quem entra na igreja no domingo. “Por que eu entrei? O que eu preciso? Em que Jesus pode me ajudar?”. São essas perguntas simples, mas necessárias, que provocam a reflexão sobre a nossa situação atual, para não permitir que o hábito tome conta. É terrível habituar-se a Deus, aos seus ritos. É escandaloso entrar numa igreja aos domingos pelo simples facto de sempre ter sido feito assim. O que nós precisamos? Do que estamos com fome? Onde estamos acostumados a satisfazer nossas necessidades? Esta é outra questão central. As necessidades estão aí, fazem parte da estrutura humana. Precisamos aprender a reconhecê-las, para poder dominá-las, para garantir que elas não orientem a nossa vida, arrastando-a para onde o instinto quiser. É neste nível de compreensão que a vida espiritual, a oração, entra em ação. É precisamente neste nível que entra em jogo o ensinamento de Jesus, aquele que, antes de iniciar a atividade pública, dominou as tentações, demonstrando toda a força da sua vida interior. Não basta estar atento às próprias necessidades, o que já é um bom passo na jornada. Precisamos entender como estamos acostumados a satisfazê-las e como podemos aprender a dominá-las para sermos livres, para orientá-los para um objetivo que escolhemos.

“Então Jesus olhou para cima e viu que uma grande multidão se aproximava dele e disse a Filipe: “Onde podemos comprar pão para que esta gente possa comer?” (João 6).

Não é só a multidão necessitada que vai ao encontro de Jesus, mas, ao mesmo tempo, é Ele mesmo quem vai ao encontro deles, porque vê a sua necessidade e sabe de que forma são escravos dela. A multidão tem o problema da fome física, que não consegue saciar por causa da pobreza e da falta de condições. Jesus vem até nós para nos ajudar a aprofundar as nossas necessidades, a compreender o que elas são sinal, para finalmente descobrir de que realmente temos fome. Para completar essa jornada, que vai da fome física à fome interna, precisamos passar por algumas etapas.

“Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes; mas o que é isso para tantas pessoas? Então Jesus pegou os pães e, depois de dar graças, deu-os aos que estavam sentados, e fez o mesmo com os peixes, à vontade deles”.

A primeira etapa que Jesus propõe aos seus discípulos e, indiretamente, às multidões consiste em passar da consideração das próprias necessidades como materiais e a satisfazer individualmente, para um olhar mais elevado, transcendente e comunitário. Não estamos sozinhos com a nossa fome. Não há apenas o irmão e a irmã que têm fome, mas há também alguém que pode abrir os nossos olhos para encontrar as respostas a esta fome. A Palavra e a ação de Jesus abrem a esperança, a possibilidade de encontrar uma solução, não para se desesperar, para não considerar a situação como inexorável, mas para aprender a olhar para cima, para levar as próprias necessidades do plano horizontal ao vertical.

“Então o povo, vendo o sinal que ele havia realizado, disse: «Este é verdadeiramente o profeta, aquele que vem ao mundo!». Mas Jesus, sabendo que vinham prendê-lo para fazê-lo rei, retirou-se novamente sozinho para o monte”.

Existe a religião da barriga e a do coração. Passar da busca da Igreja e de Deus apenas para satisfazer uma necessidade imediata, a um caminho de autodescoberta, da própria interioridade: este é o significado da presença de Jesus na terra. Jesus veio para nos ajudar a não ser esmagados pelo peso da vida material, mas a aprender a olhar mais fundo, a descobrir que há mais. Este caminho só é possível seguindo o Senhor que abandona a multidão em busca da solidão. É interiormente que descobrimos quem somos e para onde podemos ir. É na vida interior que descobrimos que a necessidade material é sinal de uma necessidade mais profunda, que deve ser escutada porque diz algo sobre nós e sobre a vida.

 

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