venerdì 15 settembre 2023

HOMILIA DOMINGO 17 SETEMBRO 2023

 



XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Sir 27h30-28h9; Sal 102; Rm 14,7-9; Mt 18,21-35

Paulo Cugini

 

Continua a leitura do capítulo 18 do Evangelho de Mateus que estamos ouvindo neste ano litúrgico. Este é o capítulo que tem como tema a Igreja. De um ponto de vista geral, o interessante é que, quando Jesus fala da Igreja, não tem em mente a hierarquia, a instituição, mas a relação de irmãos e irmãs dentro da comunidade. Afinal, sabemos bem quanta atenção Jesus dedicava ao diálogo diário com os seus discípulos, a tal ponto que, depois de cada parábola, dedicava tempo a explicar-lhes as passagens para que pudessem compreendê-las. É nesta perspectiva, portanto, que a página evangélica de hoje deve ser lida, porque o conteúdo revela um aspecto fundamental para que Jesus esteja presente na comunidade, nomeadamente o perdão. Vamos nos aprofundar na discussão.

O reino dos céus é semelhante a um rei que queria acertar contas com seus servos. A parábola que Jesus conta serve para explicar o mistério da misericórdia. São dois episódios que se sobrepõem e causam um contraste chocante. Dois episódios com conteúdo e dinâmica semelhantes, mas com conclusão oposta. Enquanto no primeiro caso o homem que implora ao mestre obtém o perdão, no segundo caso não. Conclusões diferentes, mas relacionadas. Na verdade, a parábola contém a explicação da pergunta de Pedro que se encontra no início do trecho: Pedro aproximou-se de Jesus e disse-lhe: «Senhor, se o meu irmão cometer pecados contra mim, quantas vezes terei que lhe perdoar? Até sete vezes? E Jesus respondeu-lhe: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Em causa não está apenas o problema do perdão, que em si não é simples, mas também a repetitividade do gesto: setenta vezes sete, ou seja, sempre.

“Você também não deveria ter tido misericórdia do seu companheiro, assim como eu tive misericórdia de você?”. Este versículo é o centro de toda a parábola: devemos perdoar os nossos irmãos e irmãs porque nós mesmos fomos perdoados. A nossa vida de fé nasce da escolha de misericórdia de Deus pela humanidade. A própria criação é um ato de amor que manifesta o sentido da vida como saída de si mesmo para os outros. Perdoar significa, nesta perspectiva, colaborar no projeto de criação de Deus que deseja vida para todos. Cada vez que não perdoamos nosso irmão e irmã, não permitimos a possibilidade de um novo começo, causando caminhos de desespero. Pelo contrário, o perdão permite que a pessoa envolvida se levante e retome a jornada. Misericórdia é vida: esta é a grande mensagem da liturgia de hoje.

Além disso, se é verdade que somos chamados a perdoar porque fomos os primeiros a ser perdoados, a falta de perdão para com os nossos irmãos põe em causa a autenticidade do nosso caminho de fé. Quem não perdoa está longe do Evangelho porque não permite que o Espírito Santo entre e opere. Com efeito, um dos aspectos mais significativos do Espírito Santo é que, em todos aqueles que o acolhem com fé, ele reproduz em nós os mesmos traços da humanidade de Jesus. Ou seja, o Espírito Santo nos cristifica, como dizia São Paulo quando, na carta aos Gálatas, afirma: “meus filhos, a quem de novo dou à luz com dores, até que Cristo seja formado em vós! (Gl 4:19). Pois bem, entre os traços da humanidade de Jesus que o Espírito forma em nós estão, sem dúvida, o perdão e a misericórdia. É por isso que podemos dizer com segurança que, aqueles que não perdoam os seus irmãos e irmãs na comunidade estão muito longe de Cristo.

O ressentimento e a raiva são coisas horríveis, e o pecador os carrega dentro de si. Quem se vinga sofrerá a vingança do Senhor, que sempre tem em mente os seus pecados. (Sir 27,33f). Encontramos o tema do perdão de forma avançada, ou seja, muito semelhante aos argumentos do Evangelho, mesmo em algumas passagens do Antigo Testamento. Sabemos que o tema da vingança e a lógica do olho por olho e dente por dente foi um dos pilares da lei mosaica. Aos poucos, porém, também através da pregação profética, a reflexão bíblica vai percebendo a importância do perdão. como manifestação da misericórdia de Deus. Os versículos do livro do Eclesiástico, que entre outras coisas é muito recente e quase contemporâneo de Jesus, demonstram este caminho espiritual. Perdoe a ofensa ao seu próximo e através da sua oração os seus pecados serão perdoados. Existe a percepção de que o perdão dos pecados afeta a vida espiritual: por quê? Pelas razões que dissemos acima, nomeadamente que cada vez que perdoamos colaboramos no plano criativo de Deus e não interrompemos o desejo de vida que vem de Deus, desejo que permanece proibido quando a pessoa endurece nas suas posições e não perdoa. A verdadeira espiritualidade, portanto, aquela que nasce do encontro com Jesus, leva ao perdão e à misericórdia e, quando isto é posto em circulação, regenera a comunidade.

Ele perdoa todos os seus pecados, cura todas as suas enfermidades, salva a sua vida da cova, cerca-o de bondade e misericórdia (Sl 102). Façamos nossas as palavras do Salmo que nos recorda a ação do Senhor na nossa vida, que nos perdoa e nos salva da cova para que tenhamos vida em abundância.

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