sabato 4 marzo 2023

IIª de qauresma/A

 



(Gen 12, 1-4; Sal 33; 2 Tim 1, 8-10; Mt 17, 1-9)

 

 

1. O tempo litúrgico da quaresma que estamos celebrando é um estupendo itinerário espiritual, que visa preparar os fieis para contemplar o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Na primeira etapa deste itinerário, a liturgia nos ajudou a tomar consciência da nossa realidade, da nossa condição humana, que é uma condição de fraqueza, extremamente sensível ás sugestões que o mundo oferece. Para conseguirmos acolher a luz da Ressurreição, que brilha no mundo através da Páscoa de Cristo, precisamos realizar este itinerário que a liturgia de quaresma nos oferece, um itinerário que nos levará, ao longos destes domingos, no interior da mesma humanidade, para nos mostrar as condições de possibilidade de uma vida nova. De uma certa forma, aquilo que a liturgia quer nos propor é um itinerário catecumenal: saindo do mundo do pecado, passando pelo deserto da vida, caminhamos para entrarmos no Reino de Deus. O problema que nos angustia é saber se existe de verdade a possibilidade de um estilo de vida diferente, uma vida encharcada de amor e de justiça, ou se somos condenados para sempre a viver mergulhados no egoísmo, arrastados pelas paixões. Quais são as etapas que o itinerário de quaresma nos sugere para vivermos de uma forma mais autentica, aquela vida que vislumbramos na existência humana de Jesus?

 

2.Sai da tua terra, da tua família, da casa de teu pai e vai para a terra que eu te vou mostrar” (Gen 12, 1)

Se quisermos de verdade sair do mesmismo, da vida podre da multidão, precisamos fazer um esforço que exige um ato da nossa vontade: sair, romper, nos afastar, tomar distancia.

Dos relatos das leituras de hoje, fica bem claro este aspecto: por todos aqueles que sentem-se atraídos pela proposta do evangelho e desejam se conformar a vida de Cristo, o primeiro e insubstituível passo é um afastamento de tudo aquilo que  ainda hoje representa por nós um caminho de morte, uma existência de morte. De Fato, fica claro por todos que quem anda com corruptos se torna corrupto, que anda com ladrões se torna ladrão, quem anda com viciados antes ou depois pode entrar no mesmo caminho. Assim, vale também no sentido positivo. Se quisermos aprender a viver a justiça de Deus precisamos freqüentar pessoas justas, se quisermos aprender a amar precisamos freqüentar pessoas que partilham a própria vida para os outros. Ruptura com o mundo do pecado é a exigência básica para buscarmos a vida autentica que Jesus veio nos oferecer gratuitamente: basta só acolhê-la.   E assim Abrão foi convidado por Deus a sair de sua terra para receber a benção e a promessa de uma grande dinastia. E Abrão foi, saiu. Também Jesus um dia tomou consigo Pedro Tiago e João e subiram o monte e ali os discípulos viram a gloria de Deus na transfiguração das vestes de Jesus. Se quisermos ver a transfiguração, a transformação da nossa humanidade, precisamos realizar este primeiro passo na nossa caminhada espiritual: nos afastarmos da multidão, que não é nada mais que uma metáfora para sublinhar a necessidade de tomar distancia com toda aquela realidade de morte na qual a nossa vida é mergulhada, atolada e nos impede de dar passos decisivos no caminho da conversão tão almejada. Esta indicação está na base de um principio espiritual fundamental: as coisas de Deus se compreendem somente fazendo aquilo que Ele pede. O conhecimento de Deus não acontece por um simples esforço mental, racional. A mente, para entender as coisas de Deus, exige a experiência, a vivencia daquilo que Deus pede. Na primeira leitura Abrão conhece a verdade de Deus pelo fato que ele faz exatamente aquilo que Deus pediu. Abrão na tradição bíblica é considerado o nosso pai na fé. Se isso é verdade quer dizer que a fé se alimenta com a vivencia da Palavra de Deus. Não podemos pensar de mudar de vida se não colocamos a nossa existência fora dos caminhos de morte.

 

3. Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar á parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles” (Mt 17, 1).

Porque a nossa humanidade não se transfigura? Porque as nossas atitudes erradas permanecem grudadas em nós ao longo dos anos? Para respondermos a esta difícil pergunta, precisamos responder a uma outra, que também não é tão fácil. Em que condições se encontra a nossa vida espiritual? Como pretendemos mudar de atitudes se não dedicamos tempo á leitura, á meditação, á vida de oração? A humanidade de Jesus se transfigura na montanha, que é o símbolo do encontro do homem com Deus. É bom salientar, também, que não é qualquer oração que transfigura a nossa humanidade, não é qualquer experiência religiosa que modifica a nossa existência. Em Jesus nós encontramos uma busca constante de Deus, um dialogo pessoal, intenso. Parece que Cristo não cansava nunca de dialogar com Deus, o procurava toda hora, dedicava noites, madrugadas, dias. Muito diferente é a nossa vida espiritual, feita de breves momentos exaltantes e longos períodos de ausência de Deus.  Quanto mais a nossa mente se preenche de Deus tanto mais desejamos ser como Ele. O cuidado com a nossa vida espiritual é um elemento essencial no caminho da transformação da nossa vida. Precisamos ser inteligentes para organizarmos a nossa vida de uma forma tal que estejam sempre presentes no nosso dia a dia momentos prolongados de oração, do jeito que Jesus rezava, ou seja, dialogando com Deus.

 

4.Ele não só destruiu a morte como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho” (2 Tim 1,8).

Quem tem um pouco de experiência espiritual sabe muito bem que não basta dialogar com Deus para modificar a própria natureza: precisamos assimilá-lo. É aquilo que acontece a Eucaristia. Buscar a Deus assim como Jesus nos ensinou significa interiorizar o Evangelho, para assimilar os seus conteúdos, moldar a alma do conhecimento de Jesus, desejar a realização do seu reino. A imortalidade que esbanja do Evangelho e que recebemos nos sacramentos, se manifesta num desejo de vida para todos. Por isso os cristãos se envolvem nos trabalhos sócias, inventando caminhos de partilha com os mais necessitados, se aproximando àquela parte da humanidade que o mundo descarta. E isso que a campanha da fraternidade deste ano nos pede: sermos transmissores de vida em qualquer ambiente e em qualquer situação. É claro que se trata não de qualquer vida, mas sim da vida do ressuscitado, vida que nós recebemos da Igreja e vida que transforma por dentro a nossa existência. É desta vida que o mundo precisa e é esta vida nova que somos convidados a espalhar.   A verdadeira transformação da alma produzida pela interiorização do Evangelho produz ao mesmo tempo o desejo de transformar o mundo, de querê-lo diferente. Não é um projeto político externo que pode transforma o mundo do jeito que Jesus quis, mas sim um lento processo de mudança interior que se repercute ao nosso redor. Que o Senhor possa produzir em nós através destas Eucaristias de quaresma, o desejo de um mundo melhor que passa através da transformação da nossa mesma humanidade. Cristo transforma o mundo transformando a nossa humanidade. Assim seja.

 

Pe Paolo Cugini, Tapiramutá-Ba

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