domenica 22 maggio 2022

A LUZ DO RESSUSCITADO NOS LIBERTA DA FALSA RELIGIÃO

 



DOMINGO 22 DE MAIO DE 2022 - VI DO TEMPO DA PÁSCOA / C

 

 

 

Paolo Cugini

 

 

Durante a Páscoa, a liturgia nos oferece uma reflexão sobre o significado da presença do Ressuscitado na vida da comunidade cristã, na vida daqueles que o encontraram. De fato, este deve ser o sentido da Igreja, ou seja, o grupo de pessoas que fizeram a experiência do encontro com o Ressuscitado e o testemunham com um novo estilo de vida, que tem características específicas. Na narração dos Actos dos Apóstolos, cada vez que Paulo é chamado a defender-se perante as autoridades romanas das acusações dos judeus (Actos 22 e 26), fá-lo narrando a sua mudança provocada pelo encontro com o Ressuscitado. Esta é então a pergunta que busca abrir o sentido das leituras propostas hoje pela liturgia: o que deve acontecer com as pessoas que encontraram o Ressuscitado?

 

As duas primeiras leituras nos oferecem um material semelhante para nossa resposta, que poderíamos formular assim: o encontro com o Ressuscitado nos liberta da religião falsa, feita de normas e prescrições, que escravizam homens e mulheres ao invés de libera-los. Esta foi a experiência de Paulo que ele tenta compartilhar em suas viagens missionárias, afirmando que o Evangelho de Jesus libertou a humanidade de todas aquelas prescrições que, em vez de aproximar a humanidade do Pai, a distanciam. Será precisamente neste ponto que Paulo e Barnabé encontrarão forte resistência por parte dos judeus convertidos ao cristianismo, que queriam impor as leis mosaicas também aos pagãos convertidos. Naqueles dias, alguns que vinham da Judéia ensinavam aos irmãos: "Se não forem circuncidados segundo o costume de Moisés, não poderão ser salvos" (At 15, 1). O Concílio de Jerusalém, do qual um trecho do documento final é relatado em primeira leitura, discutirá precisamente este ponto e os testemunhos de Pedro e Paulo sobre a descida do Espírito Santo também sobre os pagãos serão fundamentais. Em sintonia com este caminho, estão as palavras do Apocalipse relatadas na segunda leitura, que afirma que, na nova Jerusalém, conforme a visão de João, não haverá templo, porque: "o Senhor Deus, o Todo-Poderoso e o Cordeiro são o seu templo”. (Ap 21, 22). O templo de Jerusalém, em particular o segundo templo, aquele reconstruído ao retornar do exílio na Babilônia, tornou-se o símbolo de uma religião feita de tantos preceitos e normas que se tornou impossível uma relação pacífica com Deus. no diálogo com a mulher samaritana, Jesus dirá que, para um diálogo autêntico com o Pai, não haverá mais necessidade de templos porque: "os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em Espírito e em verdade" (Jo 4,23).

A comunidade dos que encontraram o Ressuscitado, além de se libertar da falsa religião dos preceitos, torna-se presença de paz no mundo. A paz vos deixo, a minha paz vos dou. Não como o mundo a dá, eu a dou a você (Jo 14, 25-26). A Sagrada Escritura considera a paz não só como ausência de guerra, mas sobretudo como dom de Deus e como plenitude de todas as suas bênçãos. Esta é a mensagem central da esperança messiânica anunciada pelos profetas, que a vêem realizada na harmonia das origens entre o homem e a criação: "O lobo habitará com o cordeiro..." (Is 11, 6-9; Cfr. Is 65,25) e na convivência pacífica e fraterna: "Quebrarão as suas espadas e delas farão arados, das suas lanças farão foices... não aprenderão mais a arte da guerra" (Is 2: 4). É esta paz que Jesus trouxe entre nós, como rejeição de todas as formas de violência. Com efeito, Jesus, como nos diz São Paulo, reconciliou os povos em conflito atraindo o ódio deles à sua própria carne (cf. Ef 2, 14 ss). A vida do Ressuscitado é visível, então, no esforço que fazemos todos os dias para construir a paz, reconciliar as pessoas, fazer com que os opostos possam coexistir.