sabato 22 dicembre 2018

NATAL, O NASCIMENTO DO SENHOR




Vigília de Natal-2007
(Is 9, 1-6; Sal 96; Tt 2, 11-14; Lc 2, 1-14)


Paolo Cugini

Chegamos a esta noite com o coração vibrante de alegria pelo evento que estamos contemplando: nesta noite o eterno entra no tempo, o infinito se faz finito, aquilo que é imperecível se faz perecível. Contemplamos extasiados o mistério do Deus menino, o Onipotente solapado no pequeno corpo de uma criança recém nascida. Ficamos pasmos, sem fôlego por esta aproximação impressionante de Deus para conosco. Aproximação que expressa mais uma vez o grande desejo de Deus de encontrar o homem, a mulher. O Natal é isso mesmo: o cumprimento do sonho antigo de Deus se fazer presente no meio da humanidade, de morar no meio de nós e, para realizar este sonho, Deus se faz homem, o tudo de Deus entra no fragmento pequeno do corpo humano. Mistério sublime que desvende até a que ponto chega o amor verdadeiro de Deus, o amor que pela sua intrínseca natureza exige a doação, a partilha e, por isso, não mede riscos, não calcula as conseqüências.  E, assim, por todos nós neste momento são autenticas as palavras do salmista quando, perante o mistério de Deus contemplado na criação, se pergunta: “É o que o homem para merecer tudo isso?” (Salmo 8). Nós também nesta noite tão luminosa nos perguntamos deslumbrantes: oh Deus porque fez tudo isso? Será que a gente merece um tão grande presente? Será que precisava mesmo que Deus se fizesse menino para nos encontrar? E é o que isso significa? O que Deus quis nos dizer com a sua vinda?

 O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9,1).
Assim como o profeta Isaias o profetiza, Jesus pela humanidade é uma luz. Deus enviando Jesus quis nos iluminar, ou seja, decidiu de nos tirar das trevas. Neste sentido a vinda de Jesus manifesta o julgamento de Deus sobre a humanidade. Com a vinda de Jesus Deus declara definitivamente derrotado o projeto de mundo que os homens construíram e continuam construindo independentemente de Deus. O mundo sem Deus é obscuro, é treva: é isso que o Natal de Jesus revela pela humanidade toda. O mesmo salmo 95 que foi proclamado hoje aponta o mesmo sentido: “O Senhor vem para julgar a terra inteira”. A luz de Deus que o nascimento de Jesus trouxe ao mundo representa o julgamento de Deus sobre o projeto de mundo que a humanidade desobediente criou e, ao mesmo tempo, é a indicação do caminho que a humanidade toda deve percorrer pra se afastar do projeto errado para entrar na trilha certa. Este me parece ser o sentido primeiro do Natal: a manifestação definitiva do julgamento de Deus sobre o mundo. A partir do evento do presépio, a humanidade toda depara com o pensamento de Deus, com a sua Verdade definitiva sobre nós. Verdade que se manifesta no seu lado negativo de julgamento, sobre tudo aquilo que ao longo dos séculos se ergueu orgulhosamente como projeto autônomo, criando o mundo da morte, dominado pelo egoísmo e pela ganância. Ao mesmo tempo o julgamento de Deus se manifesta como misericórdia por toda a humanidade vitima deste projeto terrível, por toda a humanidade que tenta com todas as forças de permanecer fiel ao projeto de amor de Deus.  Esta misericórdia de Deus que se estende ao mundo é muito bem representada pelos braços abertos de Jesus menino no presépio da manjedoura de Belém, que não é apenas uma cena sentimental, que mexe com o nosso lado sentimental, mas um quadro realista daquilo que Deus está querendo com o mundo.

 Porque nasceu para nós um menino” (Is 9,50).
Esta luz que Jesus com o seu nascimento trouxe ao mundo se manifesta como vida. De fato, aquilo que Deus promete para salvar a humanidade da morte é uma criança. Isso não apenas foi profetizado pela boca do profeta Isaias, mas se cumpriu na historia com o nascimento do menino Jesus. Jesus é a Vida verdadeira que acusa a morte do projeto mundano. Se quisermos viver uma vida que permanece no tempo e nunca desfalece, precisamos nos aproximar do presépio. Jesus menino de braços abertos é o julgamento de Deus sobre o mundo fechado do egoísmo, da ganância, da soberbia. Além do mais, este menino recém nascido de braços abertos nos convida a fazer parte do seu Reino, que é o Reino do amor, da paz, da justiça e da vida autentica.  Aquela vida que todos nós buscamos com todas as nossas forças ao longo da vida e que não conseguimos alcançar, esta mesma vida veio ao nosso encontro, se ofereceu gratuitamente. É isso que devemos aprender a vislumbrar no menino Jesus: A Vida. É Ele que veio para apagar as nossas angustias, veio para preencher o nosso vazio, a nossa falta de sentido. É este menino indefeso que tem nas suas mãos o segredo da vida, a direção que a nossa existência humilde deve tomar. Se nos aproximarmos a este grande tesouro com uma mentalidade humana, material, seriamos tentados a nos perguntar o custo para obter tudo isso. O Evangelho, porém, vem ao nosso encontro com uma resposta simples: “Encontrareis o recém nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2, 12). A vida autentica que Deus nos oferece no menino Jesus, não se apresenta com os critérios humanos do poder e da força, mas com os sinais divinos da simplicidade e da humildade. E assim, se quisermos acolher a Vida autentica manifestada no menino Jesus, precisamos nos despojar do nosso orgulho e do nosso egoísmo. A Vida autentica pode ser somente acolhida para ninguém se ufanar de algo que não lhe pertence. É isso que é difícil entender para nós acostumados a medir o valor das coisas pelo peso exterior, pelo preço. Jesus, a vida verdadeira, se oferece gratuitamente, não tem preço: pode ser somente acolhido. Também isso representa um julgamento da nossa maneira de olhar as coisas e medi-las.

A noite de Natal é uma noite feliz, como somos acostumados a cantar, porque Deus veio a morar no meio de nós, assumindo a nossa condição humana, uma condição estragada pelo pecado e pela morte. É incrível como isso possa acontecer, como Deus possa caminhar e viver conosco, ao nosso lado. Se Ele decidiu isso não foi apenas por um sentimento de solidariedade, mas para nos salvar, ou seja, para transformar a nossa condição humana de morte, numa condição de vida, a nossa condição de sofrimento e conflito numa condição de paz. O Natal de Jesus que hoje celebramos com o maior respaldo possível, pela Igreja quer ser muito mais de uma lembrança passada: deseja ser a indicação de um estilo de vida novo, aquele estilo que produz uma transformação radical em todos aqueles que a levem a serio. Que seja este o sentido do Natal, pelo menos entre nós e nas nossas famílias.


giovedì 20 dicembre 2018

EVANGELHO DE LUCAS CAPITULO 21


Estudo Bíblico para CEBs
Paolo Cugini
1-4. Jesus não exige esmola, mas a nossa mesma vida. A viúva que dá duas moedas é o símbolo do discípulo/a que não poupa a sua mesma vida para seguir o Senhor. E ali vem a pergunta: e nós estamos dando o que ao Senhor?

5-7. Não devemos fitar com os olhos as pedras do mundo, pois tudo será destruído. Aquilo que vale mesmo é o esforço corriqueiro de embelezar a nossa alma, de cuidar dela para que se torne cada dia melhor.

8-19. Antes dos capítulos que narram a paixão de Jesus o Evangelista Lucas coloca um discurso sobre os últimos tempos. Uma leitura superficial poderia provocar espanto, medo. Na realidade as palavras de Jesus são dirigidas para os apóstolos, são indicações sobre a postura que os discípulos devem ter perante a reação do mundo contra a sua mensagem. Jesus alerta os discípulos sobre a dureza do mesmo discipulado, pois seguir Jesus, abraçar a sua causa comporta muita incompreensões. “Sereis odiados por todos por causa do meu nome”. Esta é a dura realidade dos verdadeiros discípulos/as do Senhor: o ódio do mundo, pois o mundo detesta Deus, detesta Jesus e os seus seguidores. Quem ao longo da vida busca amparo do mundo é porque decidiu de abrir mão de Deus. O verdadeiro discípulo/a, as pessoas que de verdade amam a Jesus são perseguidas e maltratadas no mundo: este não é uma reflexão espiritual, mas sim um dado evangélico, Palavra de jesus sobre a qual é necessário refletir, avaliar a própria vida e decidir de que lado queremos ficar. Quem decide seguir Jesus deve levar em conta muito sofrimento.

Pela vossa perseverança ganhareis as vossas almas. Quem se importa de salvar a própria alma não tem outro caminho que confiar em Deus. Nos versículos precedentes Jesus foi bem claro: as vezes nem dentro da família poderemos contar. Não podemos organizar a nossa vida religiosa contando sobre as pessoas, pois se aquela pessoas desviar nós também poderemos acabar saindo do caminho. Jesus nos ensina que quem salva a nossa alma, não é uma pessoa, mas sim a nossa perseverança. Mais uma vez Jesus nos alerta que a responsabilidade da nossa caminhada de fé é nossa. Para podermos ser perseverante em todo momento da nossa vida precisamos apreender a cultivar o nosso relacionamento pessoal com o Senhor, saborear o seu amor, aprender a gostar da sua Palavra.

Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos. É uma clara referencia a destruição do templo de Jerusalém que aconteceu no ano 70 d. C. Existem eventos histórico que se tornam sinais da passagem de Deus na história. Por isso o Concilio Vaticano II falava 50 anos atrás que é necessário aprender a interpretar os sinais dos tempos. Somente dentro uma perspectiva de fé, de confiança na Palavra do Senhor poderemos perceber a presença de Deus na história e não ficar confusos perante eventos em aparência assustadores.

Quando essas coisas começarem a acontecer, exultai e levantai a cabeça, porque a vossa libertação se aproxima. É importante ler o capitulo 21 como uma palavra de Jesus dirigida para os seus discípulos/as, que os alerta sobre a verdade dos acontecimentos históricos. Quando de fato, assistimos a situações de morte e desastres, somos tentados a nos assustar e ficar com medo. Jesus está alertando os seus discípulos/as que a realidade é que a libertação dos discípulos/as se aproxima. Se tudo se destrói, se não existe império, poder que fica no tempo, isso quer dizer que o verdadeiro esforço que vale a pena fazer não é acumular dinheiro, não é ficar do lado do poder, mas sim ficar firme ao lado do Senhor, pois é o único que tem o poder de nos libertar da morte.

29-33. A parábola da figueira confirma o discurso antecedente. O cristão deve aprender a ler a historia, os acontecimentos históricos à luz da Palavra de Deus, a interpretá-los, para aprender a vislumbrar a presença de Deus, sentir o seu amor. Isso será possível somente dentro de um constante caminho do conhecimento e aprofundamento da Palavra de Deus, pois: “O céu e a terá passarão, mas as minhas palavra jamais passarão!” Quem perde  o contato com a Palavra de Deus perde o contato com a realidade.

34-38. Perante a história que vai correndo ruma a própria destruição por causa do esquecimento de Deus, qual é a nossa tarefa de cristãos? Jesus nos ensina que aqui na terra devemos aprender a vigiar, a rezar, ou seja, a fortalecer sempre mais o nosso relacionamento pessoal com Ele. O perigo pior é o endurecimento do nosso coração, o abrutamento da nossa alma que pode chegar ao ponto de não sentir mais nada, de ficar insensível à Palavra de Jesus. Por isso o grito de Jesus: Vigiai!



domenica 2 dicembre 2018

EVANGELHO DE LUCAS CAPITULO 20





Estudo Bíblico para CEBs
 Paolo Cugini

1-8. Nestes poucos versículos Jesus demonstra que o cristão não deve ser bobo, mas muito astuto e inteligente. Acreditar em Deus não quer dizer se entregar, aceitar tido, mas avaliar a esperteza do mundo e responder com inteligência.

9-19. São palavras claramente dirigidas aos escribas e sumos sacerdotes que ao longo dos séculos maltrataram os profetas que Deus enviava para alertar o povo, e ultimamente maltratam também Jesus. É Jesus a pedra que os construtores descartaram, porque não acreditaram nele e é sobre esta pedra que Deus constrói o seu Reino e quem não aceita o seu Evangelho será esmagado.

20-26. Mais uma prova da grande inteligência de Jesus e da sua capacidade de prestar atenção a todo tipo de provocação. Neste caso Jesus responde à provocação escutando com atenção e respondendo a partir da realidade que ele analisa, sem nenhuma forma de preconceito.

Se a Deus devemos tudo então o que devemos dar a Cesar, símbolo do poder político? A tentação imediata é responder: nada. Na realidade, porém, se a Deus devemos tudo isso quer dizer que à política devemos dar Deus. Não é de qualquer forma que podemos entrar na vida política, mas com Deus na alma e no coração. Como nos lembra a Igreja (documento Lumen Gentium do Concilio Vaticano II) os leigos são convidados a transformar o mundo, a santifica-lo e, por isso, também o âmbito político por dentro. Pode santificar o âmbito político somente as pessoas que estão buscando santificar a própria vida.

27-40. Primeiro ensinamento: o matrimonio é uma realidade terrena, pois na vida eterna não haverá matrimonio porque seremos com anjos no céu (o sexo, a sexualidade pertence à dimensão terrestre). Este é um versículo que valoriza a vida celibatária dos padres e das freiras que são no mundo sinal daquilo que viveremos no céu.

A ressureição dos mortos é já testemunhada no livro do Êxodo (Ex 3,6), apesar deste dado ser aprofundado somente na literatura sapiencial a partir do IIIº sec. A. C., no livro da sabedoria e dos provérbios.

41-44. É um versículo um pouco complicado que deveria demostrar a superioridade de Cristo comparado com David, pois o mesmo David chama de meu Senhor o mesmo filho de David. Além disso são versículos que demostram a ressureição.
45-47. Jesus alerta o povo sobre a atitude daqueles que deveriam ser os mestres, pois buscam apenas a aparência, buscando ser vistos e cumprimentados. Quem está na frente do povo deve ser exemplo de simplicidade e humildade.