pe Paolo Cugini
O Deus fala no silêncio do
deserto
1- Deus fala ao homem (Heb 1,
19)
2- É preciso escutar, prestar
atenção (Dt 6,4)
3- Para escutar é preciso
fazer silêncio (Lam 3, 26)
4- Deus fala no deserto (Ex
3,1; anos no deserto; Os 2, 169; Lc 3; Lc 4)
5- O jeito de Jesus:
(procurar lugar afastado, desertos, noite: Mc 1, 35; Lc 6, 12).
6- Retiro espiritual para
imitar a Jesus.
[1] “
Gen 1, 1-2,: é
a primeira página da Bíblia.
O livro de
Gênesis revela que a existência do mundo nasce de uma vontade livre do Criador.
Deus quis fazer viver algo – fazer viver é a fórmula elementar do amor.
Amor quer
dizer fazer viver. Eu amo alguém quando enriqueço a vida dele a protejo,
defendo, quando doa-lhe vida.
Deus disse:
seja a luz ...:a existência da luz é um ato de obediência cfr Baruc 3, 34-35
·
O livro do Gênesis quer conduzir-nos rumo este mundo prático
de ver as coisas. Reconhecer de dentro da existência uma estrutura responsável.
·
Existir segundo a Bíblia, não significa possuir a existência,
mas sim responder a um chamado de amor que te quer, que quer a tua existência e
você existe respondendo.
·
É significativo que o livro do Gênesis invista no valor da
palavra com que Deus chamam as coisas para a existência. Se têm algo de pessoal
na experiência humana é a palavra mesmo: a palavra é minha, sou eu que me
expresso.
·
Deus criou o mundo com a Palavra, pois ele não é uma força,
uma lei da natureza, mas uma pessoa livre. É por isso que cada vez que Deus cria
algo, acrescenta a Bíblia: e viu que era coisa boa.
·
Quer dizer isto? Se é verdade que o mundo tem coisas boas e
ruins. É verdade porém, que antes e mais nada, como primeira atitude devo
aprender a dizer sim, é coisa boa. E este sim o dizemos com atitude de
agradecimento, dizendo isto experimento um sentimento interior de admiração, ou
de respeito.
Cfr Salmo 104
(105): encerra desta forma: “dou glória ao Senhor para sempre; que é o nome de:
e deus viu que era coisa boa”.
Existir é a
mesma coisa que cantar ao Senhor: não tem sentido ser chamados a vida e não
responder com uma ação de graça. Se existir é ser chamado a viver, viver quer
dizer responder, cantar, louvar, bendizer.
- O louvor deve acompanhar toda a minha
existência.
- Deus criou
todas as coisas, porém quando doa ao homem o livro de Gênesis coloca uma
decisão de Deus. O homem pode não responder eis me aqui.
- O homem na
sua experiência masculina/ feminina é imagem de Deus.
Aquela que
Deus possui em cima do mundo a entrega ao homem. O homem no mundo representa,
numa certa forma, a imagem de Deus.
“Dominar os
peixes do mar” – é claro que o homem não tem o direito de abusar do mundo. Na
realidade tem a tarefa de injetar no mundo a presença de Deus, é a soberania de
Deus, então uma soberanidade de amor, da beleza, do esplendor. O homem pode
usar o mundo não por capricho, mas conforme o projeto de Deus.
·
Imagem e semelhança de Deus não quer dizer que o homem parece
com Deus assim como ele é, mas ser a imagem de Deus significa que Deus nos doou
a possibilidade e a vocação de semelhar-lhe, mas sendo livres podendo dizer sim
ou não, podemos contribuir a nossa vida com Deus ou contra Deus.
·
Existe um homem que foi de verdade imagem e semelhança de
Deus: Jesus. Para nós o problema é olhar para Ele e fazer com que o nosso
caminho toma o seu.
- Fazemos o
homem a nossa imagem e semelhança: é um presente, mas da mesma maneira é uma
tarefa.
Então pela manhã
abro a janela e vejo o mundo e devo aprender a dizer sim ao mundo, agradecer,
pois este mundo vem de Deus. É verdade que neste mundo tem também coisas ruins,
mas a atitude radical deve ser de abertura.
É claro que
esta atitude não posso dirigi-la somente ao mundo, as criaturas: devo fazer
isto também comigo mesmo. É importante chegar a esta visão de fé, a dizer sim a
nossa vida sem condições, e me aceitar do jeito que sou.
- A minha vida
Deus disse sim e me chamou por nome: existe o sim de Deus sobre a minha
existência: Deus me aprovou!
- Este sim de
Deus me sintoniza com a vontade de Deus e me ajuda a transformar em positivo a
minha vida – cada pessoa é chamada a crescer. Se devo mudar em positivo a minha
vida, devo começar daquilo que a minha vida é.
- Nestes dias
de Retiro é bom fazer a lista das coisas que devo aprender e aceitar.
Salmo 8: no
oriente da Bíblia só Deus possui a glória. Tu Senhor, coroaste de glória o
homem. Não é um caso que o N.T aplicou a Jesus esta expressão.
É importante
aprender e dizer sim e acertar os não. O problema é começar destes não para
criar uma atitude mais positiva perante o mundo.
Conselhos para
o retiro...
[2]
Eterna é a sua Misericórdia
Salmo 136
(135) é dividido em 2 partes com um refrão que acompanha o Salmo todo.
1-9: fala da
obra da criação.
10-22: depois
é narrada a obra de Deus quando libertam Israel do Egito.
23-26:
conclusão onde o passado entra no presente.
O que quer
dizer o refrão? “Eterna é a sua misericórdia”
Misericórdia – Hesed – amor
fiel.
Indica a
fidelidade deste amor que uma vez dado é guardado com perseverança.
Eterna: não
significa fora do tempo, se voltamos no passado, e um ano atrás encontraremos
sem dúvidas coisas diferentes, pois o mundo muda. Mas encontraremos sempre a
misericórdia de Deus.
Mudam as
estruturas de tempo, as obras, os eventos, mas a misericórdia de Deus fica.
- Então
estamos indo rumo a um futuro que é incerto e nos deixa inquietos, mas sobre a
misericórdia de Deus podemos contar.
Eterno-abrange todo o tempo na
sua totalidade.
Quando a
Bíblia narra a experiência de Israel, narra um fragmento desta misericórdia, ,
um fragmento que é significativo por toda a história humana. Naquela
aparentemente pequena história [ e libertação do Egito] Deus manifestou a sua
misericórdia.
É o que esta
misericórdia?
Ex 2, 23-25: é
um povo esmagado que não consegue fazer outra coisa que gritar a Deus. E Deus
fez o que? Escuta, lembra, vê, conhece.
A misericórdia
de Deus é esta: Ele não fica indiferente quando as pessoas passam necessidades,
mas se deixa envolver da miséria humana, de brado de desespero.
- Vamos
colocar estes verbos em referimento a nós, que Deus escute quando gritamos; que
Deus se lembre de nós; que Deus se compromete para conosco; que Deus veja
aquilo que estamos passando; que Deus conheça a nossa vida.
- Nesta
história Deus não fica envolvido só afetivamente, mas efetivamente – prepara um
libertador – Moisés para libertar o seu povo.
Só que Moisés
colocou uma objeção: “como se chama (Deus)?” (Ex 3, 13-15). O problema é o nome
de Deus. Deus tem um nome? Se não tiver um nome não existe, pois o nome
expressa a identidade de alguém.
Do outro lado
se conhecermos o nome de alguém o definhamos, podendo compreendê-lo. Por isto
Deus é inominável.
- Existe então
uma tensão, Deus não pode ser sem nome, pois seria sem identidade, mas nem pode
ter um nome, pois seria manipulado.
Deus respondeu
a Moisés! “eu sou aquilo que sou”
Eu sou é o
nome de Deus? De certa forma sim, pois expressa a experiência de Deus. Deus
garante isto: Eu sou: naquela experiência de opressão você não fica sozinho.
Pois eu estarei aí – que Deus é presente o povo o verá em várias circunstancias
(cita-las) .
Desta forma
afirma-se que não somente Deus existe, mas existe como salvador, como um Deus
que vive perto, que toma de conta de Israel, um Deus de amor e misericórdia.
Cfr Os 1, 9
Os 2, 16-25:
Israel é ligado a Deus com um relacionamento de aliança e a imagem mais linda
para expressar isso é o matrimônio. Deus se casou com Israel, amo-a, e
Israel viveu este amor no tempo do Êxodo, no deserto. Só que Israel abandonou o
Senhor para seguir outras divindades – a essa altura Deus pune Israel, leva-o
no deserto e diz: “... não me chamarás mais nem patrão, mas marido meu”.
- Israel se dá
conta que Deus não é um patrão, mas um marido, relacionamento com Deus, não é
de submissão nobreza, mas de amor fiel. Deus quer uma esposa, ou uma serva. É
preciso que Israel reconhece a verdadeira identidade de Deus. Deus é um marido
que exige obediência, mas a obediência de amor e de fidelidade.
Os 2 20-ss:
Não somente é pacificado Israel, mas o mundo inteiro, pois o pecado de Israel,
do homem, foi uma desolação do mundo inteiro e então reflorescera o paraíso, -
lugar da plenitude da vida, da alegria.
“Então eu me
casarei”.
(Os 2, 22):
Quando o hebreu se case, paga ao pai da esposa um preço – para obter Israel Deus
paga um preço, leva a própria esposa, como presente das bodas: o direito, a
justiça, o amor, a fidelidade.
Por que isto?
Oséias
percebeu que o homem deixado sozinho, não consegue responder ao lado de Deus. O
homem consegue perceber o amor de Deus, mas vive em realidade de fraqueza
interior, que não da pra protelar de muita fidelidade. (cf Os 13, 3).
O problema é
que o coração de Israel é doente de infidelidade e não consegue aguardar a
hesed, o amor fiel pra sempre.
A misericórdia
de Deus é eterna, a misericórdia do homem é efêmera então Deus leva esta
misericórdia como presente de bodas – dentro da vida do homem na fidelidade que o
homem deseja sem conseguir a viver, então doa-lhe a justiça (o respeito da
realidade, do valor das coisas e das pessoas); o direito ( a observância
da lei de Deus), a benevolência
(a capacidade de comover-se, ter um coração, entranhas que sabem comover-se perante
ao outro). O amor (o amor fiel).
Fidelidade – é a confiança
Israel recebe
de Deus como dádiva esta fidelidade. Então daquilo que Israel vive podemos ter
confiança. Só a esta altura Israel conhecera o Senhor.
Conhecer – é
um conhecer por experiência e não por estudo – conhecer por ter feito a prova
de algo.
Os 2, 23 – Tem
uma expressividade corrente no verbo “responder” e é importante. Defeito uma
das experiências, mas dolorosas é aquela vai obter resposta. Eu falo e o outro
vai e entende ou eu falo e o outro vem prestar atenção – Esta falta de
comunicação neste dia será frisado e formara uma corrente de correspondência.
Os 2, 25 – A rachadura
é consertada.
Nestes textos
bíblicos tem a experiência de uma comunhão de amor entre Deus e o homem, Deus
que foi em busca do homem para construir com ele uma ligação de fidelidade.
Aqui existe a manifestação de Deus que do homem e, do outro lado, do homem que
experimenta o ser conhecido por nome e amado por nome.
Isso chama-se
eleição.
Cada um de nós
é tudo para Deus.
Eu tenho um
valor perante a Deus que não pode ser comprado com nenhuma coisa do mundo.
- É preciso
então colher o significado da nossa vida perante Deus como relacionamento de
amor, de comunhão.
Is 43, 1-7
“Aquele que te
criou” criar, quer dizer, fazer do nada, fazer algo de maravilhoso que só Deus
é capaz de fazer.
“Aquele que te
formou” cf o oleiro com o barro. O barro é algo que não tem valor, mas a arte
de Deus é grande.
“Não temos,
pois, eu te redimir...” redimir é uma expressão tipicamente bíblica. Deus pagou
um preço pra resgatar Israel e também Deus considera do mesmo sangue de Israel,
perante próxima; Deus pagou o preço para o resgate de Israel, pois sentiu-se
envolvido na sua liberdade. Deus é parente com o homem por eleição.
“Eu te chamei
por teu nome” eu te dei a tua identidade. No relacionamento de amor, nós
descobrimos a nossa identidade. O fato que tu me queres bem dá um sentido, uma
identidade a minha vida.