mercoledì 20 settembre 2023

HOMILIA DOMINGO 24 SETEMBRO 2023

 





XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM

É 55,6-9; Sal 144; Fil 1,20c-27a; Mt 20.1-16a

 

Paulo Cugini

 

Porque os meus pensamentos não são os seus pensamentos (Is 55, 8). Este versículo do profeta Isaías é a chave para compreender o Evangelho de hoje. Há uma diferença de mentalidade, de modo de pensar, de ver as coisas entre nós e a proposta de Jesus no Evangelho, que é imensurável. São modos de ver opostos e daqui compreendemos muito bem porque a sua mensagem encontrou resistência entre os religiosos da época e ainda hoje encontra dificuldade para ser aceita. Isto significa que o pensamento de Jesus não é expressão de nenhuma religião, mas apenas de algo mais que deve ser procurado. Afinal, é isso que nos diz novamente o profeta Isaías na primeira leitura de hoje: Buscai o Senhor enquanto ele é encontrado, invocai-o enquanto ele está perto (Is 55,6). O Senhor não se encontra nos ritos e nas doutrinas religiosas, mas no Evangelho, na palavra e na ação de Jesus.Há uma diferença nos conteúdos, na forma de pensar e de agir nos vários níveis. Hoje, o conteúdo que Jesus acusa com a parábola é a doutrina do mérito, o que está em desacordo com o critério do dom gratuito visível na vida de Jesus. Procuremos, então, refletir sobre o conteúdo da parábola para tentar compreender a mensagem do Evangelho de hoje.

O reino dos céus é como um proprietário de terras que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Os de Jesus não são discursos teóricos, mas têm como referência um objetivo preciso: explicar aos seus discípulos o que significa fazer parte de uma humanidade cujos critérios de comportamento não são a lógica do mundo, mas aqueles que vêm de outro lugar. É o Reino dos céus que Jesus tenta explicar com as suas parábolas, um reino em que a presença de Deus é visível entre aqueles que o acolhem. Neste reino dos céus, há um constante movimento exterior. O proprietário sai de casa para chamar diaristas para sua vinha a qualquer hora. Portanto, ele não fica trancado em casa esperando alguém bater na porta, mas sai. Se a Igreja, a comunidade cristã, deseja ser manifestação do reino dos céus proposto por Jesus, deve aprender a sair, a encontrar a humanidade, a chamar qualquer pessoa sem qualquer tipo de distinção. É a igreja em saída que chama a todos e acolhe a todos. Desde que chegou a Roma, o Papa Francisco não fez senão sublinhar este aspecto fundamental que é característico da comunidade cristã: um pedaço aberto de humanidade, que sai a qualquer hora e acolhe quem chega.

Ele combinou com eles um denário por dia e os enviou para sua vinha. O proprietário sai para pedir trabalho na vinha e oferece algo. Isto é muito semelhante à parábola dos talentos. O que esse dinheiro poderia representar na vida de fé? O dinheiro representa o salário diário da época, que permitia à pessoa viver. O que é que nos permite viver do ponto de vista da fé? A água do batismo, o pão e o vinho eucarísticos, o óleo do crisma, a palavra de Deus: é um dom que não pode ser acumulado e que só adquire valor quando vivemos o que recebemos. É precisamente isto que São Paulo nos recorda na segunda leitura de hoje: Irmãos, nenhum de nós vive para si e ninguém morre para si, porque se vivemos, vivemos para o Senhor, se morremos, morremos para o Senhor ( Rm 14, 7). O dom que nos é dado não deve permanecer fechado nas nossas mãos, mas deve ser capaz de produzir um estilo de vida caracterizado pela doação gratuita, uma vida para os outros, para o Senhor.

Mas cada um deles recebeu um denário. Ao recolhê-lo, porém, murmuraram contra o patrão, dizendo: “Estes últimos trabalharam apenas uma hora e você os tratou como nós, que suportamos o fardo do dia e do calor”. Este é o centro da parábola e aqui encontramos o conteúdo que Jesus tenta desconstruir para entrar na lógica do Reino. Existe uma lógica de mérito, de natureza primorosamente mundana, que se tornou parte da lógica da religião. Esta lógica nos ensina que, para obter algo, devemos merecê-lo e, para merecê-lo, devemos realizar uma série de gestos e testes. Nesta perspectiva do mérito, Deus nada mais é do que um vendedor de coisas e quem as consegue obter são os melhores, os mais dotados, aqueles que, de uma forma ou de outra, conseguem fazer tudo o que lhes permite atingir a meta, o objetivo. Já explicado desta forma entendemos muito bem como esta lógica está no extremo oposto do Evangelho. No entanto, isso foi tão inculcado em nossas mentes, que acreditamos que tal lógica é correta e religiosa. Em última análise, a religião da obediência aos preceitos, às regras, aos ritos e aos sacrifícios situa-se precisamente nesta direção, que não é aquela ensinada por Jesus.

“Amigo, eu não te faço mal. Você não concordou comigo por um denário? Pegue o seu e vá embora. Mas também quero dar a este último tanto quanto a você: não posso fazer com as minhas coisas o que quero? Ou você está com inveja porque eu sou bom?”. Esta é a lógica de Deus Pai, tal como Jesus a manifestou à humanidade. Um Deus que não responde à lógica do mérito, mas à da doação gratuita e desinteressada. Um dom gratuito que todos podem acolher independentemente da sua posição social e dos seus supostos talentos, porque Deus é o protagonista da nossa salvação e não nós. Na verdade, enquanto o Deus inventado pelos homens, aquele que responde ao critério do mérito, descarta os mais fracos e recompensa os chamados melhores, o Deus que Jesus nos revelou permite que qualquer pessoa entre no Reino dos céus e isto porque, como diz a parábola, Deus é bom. Há bondade na proposta de Jesus, uma bondade dada gratuitamente que só exige aceitação, abrindo espaço para ela. Neste caminho os pequenos, os excluídos, os pobres e todos aqueles que sofrem uma espécie de discriminação neste mundo de mérito, são favorecidos porque o mundo os esvaziou da sua dignidade e Jesus, com a sua proposta, veio devolvê-la para eles .

Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros, os últimos. Esta conclusão não é uma coincidência, mas o fruto daquilo que a parábola quis expressar. Vamos entrar na fila, então, na última fila. Saímos das fileiras daqueles que querem ser grandes neste mundo, mas depois perdem a alma. Enquanto ainda temos tempo, despojemo-nos da religião do mérito para nos revestirmos da bondade de Deus Pai. Amém.

Nessun commento:

Posta un commento