sabato 14 agosto 2021

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA




    Paolo Cugini

 

Embora o dogma da Assunção de Maria seja recente (1950: é o último dogma formulado pela doutrina católica), a reflexão sobre este mistério da fé é muito antiga. Na verdade, a literatura apócrifa sobre a Assunção da Virgem Maria ao céu é abundante. São cerca de sessenta obras, transmitidas em manuscritos que datam do século V em diante e escritas em diferentes línguas: grego, latim, etíope, árabe, armênio, copta, siríaco, eslavo e gaélico. Além disso, a produção sobre o tema em questão durante a época medieval é muito rica, atestada em muitas línguas. Segundo os estudiosos, o início da tradição na Assunção de Maria remonta ao século II a.C. no campo gnóstico.

A tradição da permanência de Maria em Jerusalém no último período de sua vida é bastante sólida, atestada pela Escritura (Jo 19,25; At 1,14; Gl 2,9) e a história se baseia em um fato bastante certo a partir do ponto do ponto de vista da crítica histórica. É natural pensar que Maria, nos últimos anos de sua vida, foi vivida e protegida pela comunidade cristã de Jerusalém em uma das casas que ocupava. Seu sepultamento, então, teve que ser cuidado, com particular atenção, pelos apóstolos, e ela teve que ser enterrada na área funerária de Jerusalém, perto do riacho de Cedron, na parte oriental da cidade. Esta área sepulcral já se encontrava em funcionamento no século I, de acordo com escavações arqueológicas recentes.

     A elaboração da narrativa do fim da vida de Maria inspira-se e, em certa medida, segue-se ao fim da vida de Jesus, com base nos Evangelhos e na tradição cristã que se desenvolveu posteriormente. Esta é a sequência: um anjo consola Maria nos momentos de angústia e tormento antes da sua morte e anuncia o que lhe acontecerá, como um anjo consolou Jesus poucas horas antes da sua morte (cf. Lc 22,43-44). Todos os apóstolos, incluindo Paulo, acompanham Maria durante a sua morte e sepultamento, o que não aconteceu no caso de Jesus. Maria está acompanhada por três virgens que a assistem, assim como Jesus estava acompanhado e era vigiado na cruz por três mulheres ( Jo 19:25). Maria não será vítima de nenhum ataque do diabo e, como aconteceu com Jesus, ela não cairá nas mãos de Satanás, mas o vencerá protegida pela força divina. Finalmente, Maria é sepultada em um novo sepulcro fora de Jerusalém e no terceiro dia seu corpo e sua alma, como para Jesus, são glorificados.

O relato da Assunção, tal como é relatado nos textos apócrifos dos primeiros séculos da Igreja, não se limita a narrar o fim da vida de Maria, mas também tenta explicar o sentido do seu falecimento e a recompensa celestial que ela foi merecedora. A narrativa pretende afirmar que Maria morreu realmente (apesar da discussão dos teólogos a esse respeito) e que ela foi realmente glorificada (a modalidade também é objeto de discussão).

Irmãos, Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que morreram (1 Cor 15,20).

A segunda leitura de hoje pretende nos ajudar a refletir sobre o significado da Assunção de Maria e por que ela é importante no caminho de fé. A Assunção de Maria torna verdadeiro o discurso de Paulo que nos lembra na primeira carta aos Coríntios que a ressurreição de Cristo não é um acontecimento isolado, limitado apenas a Ele, mas é "as primícias dos que morreram". Jesus, portanto, é o primeiro de uma longa série e Maria é o exemplo da verdade daquilo que Paulo afirma. Jesus com a sua paixão, morte e ressurreição abriu uma passagem no céu, para que todos os que seguem o seu caminho possam entrar. “Ele baixou os céus e desceu” diz o salmo 18. Com a sua ressurreição, Jesus não baixou apenas os céus, mas abriu uma brecha para todos os que ouvem a sua Palavra e a colocam em prática.

Portanto, invoquemos Maria para nos ajudar todos os dias a viver como seu Filho e, assim, também nós passaremos com Ela, deste mundo da morte, ao mundo da vida.