domenica 21 gennaio 2024

HOMILIA DOMINGO 28 JANEIRO 2024

 



QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM B

 

 

Paulo Cugini

E ficaram maravilhados com o seu ensino: na verdade, ele ensinava como quem tem autoridade” (Mc 1,21).

Jesus inicia a sua atividade pública longe de Jerusalém: lá chegará no final do seu caminho. Isto já é uma grande indicação do método que Jesus nos dá. Quem já visitou Cafarnaum fica surpreso com a sua pequenez, por ser um não-espaço, uma não-cidade, como diria um conhecido filósofo contemporâneo. Jesus recebe a tarefa de anunciar a vinda do Reino de Deus a todas as mulheres e homens e fá-lo a partir não da cidade grande, mas da cidade pequena, desconhecida e pobre. É mesmo uma grande verdade aquele ditado popular que diz que não é o lugar que torna uma pessoa grande, mas é a grande pessoa que torna o lugar grande. O que chama a atenção desde o início é o estilo de Jesus, a sua forma de falar às pessoas porque é vista como uma forma diferente de dizer as coisas. Diferente em que sentido? O termo de comparação são os escribas, que receberam grande crédito entre o povo pelo seu papel como estudiosos da lei, que tiveram que dar respostas, tomar decisões sobre como observar a lei, mas também conhecer e dar a conhecer com um consenso geralmente reconhecido. autoridade («da cátedra de Moisés»: Mt 23,2) as respostas e decisões dadas anteriormente, «as tradições dos antigos» (ibid. 15,2; Mc 7,3), das quais tiveram grande consideração e com cuja observância eles sobrecarregaram as consciências. A partir das polêmicas descritas nos capítulos seguintes, entendemos o motivo principal dessa diferença indicada no início do Evangelho de hoje sobre a forma de ensinar. Na verdade, Jesus disse:

Cuidado com os escribas, que gostam de andar com vestes compridas, receber saudações nas praças, ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes. Devoram as casas das viúvas e fazem questão de fazer longas orações; receberão uma pena mais grave” (Mc 12,38-40).

É, portanto, um ensino que, com o tempo, perdeu o sentido da gratuidade e da pesquisa bíblica, para dar lugar à aparência e à busca de aprovação externa para fins pessoais. Jesus condena esta deturpação, o uso flagrante do conhecimento bíblico para servir os próprios interesses, em vez de servir o povo de Deus no crescimento do conhecimento do Senhor e da sua Palavra. A de Jesus é uma acusação que se torna uma denúncia pública e, portanto, um desmascaramento público da hipocrisia dos escribas, da sua forma ignóbil de ensinar a Palavra, da exploração dos mesmos para se colocarem acima do povo e não à seu serviço. Se esta é a acusação contra os escribas, qual é então a novidade do ensino de Jesus, que “ensina como quem tem autoridade ”? De onde vem essa autoridade? Encontramos uma primeira chave para compreendê-lo na primeira leitura de hoje do livro do Deuteronômio:

O Senhor vosso Deus vos suscitará, dentre vós, dentre vossos irmãos, um profeta como eu” (Dt 18,15).

Jesus age como os profetas do Antigo Testamento e, em particular, a referência bíblica da primeira leitura sugere-nos que o seu modo de agir se assemelha ao de Moisés, homem de Deus, que falou face a face com YHWH e que viveu entre seus irmãos e irmãs. O ensinamento de Jesus provém da sua relação profunda com o Pai, uma relação tão autêntica que Ele a transmite aos seus irmãos e irmãs que caminham com Ele no caminho para Jerusalém. Este modo de estar entre o seu povo, sinal do amor do Pai, dá-lhe aquela autoridade que ele não precisa assumir com arrogância como fazem os escribas, mas que lhe é dada pelo povo. Ainda na linha profética, há uma outra passagem - citada, entre outras coisas, em correspondência com a passagem de Marcos que comentamos, da Bíblia de Jerusalém - que pode ajudar-nos a aprofundar o estilo de Jesus, a sua diferente forma de 'ensinar, que lhe dá autoridade.

Ele não gritará nem levantará a voz, não fará ouvir a sua voz nas ruas, não quebrará uma cana quebrada, não apagará uma chama apagada: proclamará a justiça com a verdade (Is 42, 2-3).

São palavras que descrevem aquele caráter misterioso do servo do Senhor indicado em quatro passagens da segunda parte do livro do profeta Isaías (40-55). Para proclamar o direito com verdade, o servo de YHWH não precisa levantar a voz nem mesmo exercer violência coercitiva, porque a mensagem que pretende comunicar passa pela sua relação com o Senhor, que lhe dá a paz, e pela sua fidelidade à missão. que lhe foi confiada: « não desfalecerá nem desanimará » (Is 42, 4). É aquele estilo suave, humilde, delicado nas relações que caracterizará também o estilo de Jesus, aquele estilo que precede as palavras pronunciadas com a boca e, ao mesmo tempo, revela o seu significado profundo. Longe de ser um ensinamento catedrático e teórico, o que dá autoridade ao ensinamento de Jesus é estar entre o povo com mansidão e docilidade, sinal do amor do Pai que vem até nós em paz e comunhão.

A Palavra, portanto, convida-nos a experimentar o amor de Deus na vida quotidiana e também na comunidade, experimentando a igualdade entre irmãos e irmãs, o serviço aos pequenos, a partilha. Quando levamos para a vida quotidiana a escuta dócil da Palavra, comprometendo-nos a criar relações humanas baseadas na estima mútua e na atenção aos outros, este ensinamento torna-se um sinal da presença de Cristo entre nós (cf. Jo 13,35) e uma possibilidade para o mundo acredita Nele.

 

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