sabato 25 ottobre 2025

XXX Domingo do Tempo Comum/C

 



 

 

Lucas 18,9-14

 Paolo Cugini

 

Nos Evangelhos, Jesus nunca convida seus ouvintes a serem santos como Deus, mas a serem compassivos como o Pai. Aqueles que querem conduzir as pessoas a Deus inevitavelmente deixam alguns para trás, porque a lógica do mérito recompensa aqueles com meios e capacidade, enquanto os mais fracos são deixados para trás. Jesus fez algo diferente: trouxe Deus aos homens e, dessa forma, permitiu que todos tivessem acesso ao Pai. Enquanto na ascensão a Deus, o que importa são os méritos pessoais, que consequentemente deixam de fora os mais vulneráveis, na jornada de Jesus, o que importa é o seu dom de amor, que só requer ser livremente aceito. O que Jesus nos mostrou é um Deus que ama as pessoas não apesar de seus pecados, mas precisamente por causa deles. Este é o aspecto chocante da mensagem de Jesus, que ainda hoje permanece incompreendida, precisamente porque mina completamente a estrutura da crença religiosa.

Na parábola que Jesus conta no Evangelho de hoje, duas figuras são contrastadas e, portanto, polos opostos. De um lado, o fariseu e, do outro, um publicano. Um fariseu é um homem que se separa dos outros (a palavra fariseu significa separado) através da prática religiosa. Do outro, o publicano, um pecador considerado impuro que jamais poderia mudar de profissão, mesmo que quisesse. Observando as orações dessas duas figuras, entramos em contato com dois tipos completamente diferentes de espiritualidade. O conteúdo da oração do fariseu é o de um homem cheio de si, de seus méritos, de suas realizações: O fariseu, de pé, orava assim para si mesmo:

 "Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: roubadores, injustos, adúlteros, nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo o que ganho." 

O esforço para alcançar a santidade como fruto pessoal dos próprios méritos isola o fariseu, a ponto de deixar de ver irmãos e irmãs ao seu redor. O fariseu vê apenas o negativo nos outros, porque a medida não é o amor de Deus, mas ele mesmo, seus próprios méritos e realizações. O fariseu é um homem que dá tudo de si para alcançar Deus: ele jejua duas vezes por semana. Na realidade, o jejum obrigatório era uma vez por ano; bem, o fariseu exagera, porque ele jejua duas vezes não por ano, mas duas vezes por semana: ele realmente quer chegar ao céu primeiro! O mesmo vale para o dízimo, pois não se paga apenas o que é prescrito, mas também por tudo o que se possui. No entanto, Deus nunca pediu regras tão severas. Os próprios profetas nos lembram que devemos aprender que Deus deseja misericórdia mais do que sacrifício. Por que então o fariseu embarca nessa busca pela perfeição religiosa a todo custo? É o caminho da religião que apela ao orgulho humano e, consequentemente, Deus se torna um instrumento não para um caminho de conversão, mas de afirmação pessoal.

Mas o publicano, estando de longe, nem sequer ousava levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo:

“Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador”.

O publicano é a pessoa que nada tem a oferecer, exceto sua condição de pecador e miséria, que humildemente coloca diante do Senhor. De um lado, portanto, estão os méritos, de outro a necessidade; de ​​um lado o orgulho, a arrogância e, de outro, a humildade. Nos Salmos, encontramos muitas passagens que nos dizem que Deus ama o coração humilde, porque este permite a entrada de Deus e de seu amor. A própria Maria, no cântico do Magnificat, nos lembra que Deus: olhou para a humildade de seu servo . A frase de Jesus é chocante: “Eu vos digo que este homem, diferentemente do outro, desceu justificado para sua casa ”. Por que os fariseus, com toda a sua religiosidade, não são justificados por Deus, enquanto o publicano, cheio de pecados, o é? Não seria isso uma injustiça e também, aparentemente, uma incitação ao pecado? Essas são perguntas legítimas, dado o paradoxo das declarações de Jesus. A resposta encontra-se na frase de abertura do Evangelho de hoje, em que Lucas recorda o motivo da parábola que Jesus contou: Jesus contou esta parábola também a alguns que, confiando em sua própria justiça, desprezavam os outros. Quando a religião se torna um caminho de presunção a ponto de julgar os outros desprezivelmente, significa que algo está errado, que na realidade, mais do que religião, é paganismo, idolatria. Este é o significado da parábola paradoxal de Jesus: o publicano desprezado torna-se justo, enquanto o fariseu não. O Senhor não nos pede para sermos santos, porque isso nos separa de nossos irmãos e irmãs. Jesus nos pede para sermos misericordiosos, capazes de construir relacionamentos amorosos com as pessoas. Esta è a boa nova de Jesus.

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