giovedì 28 gennaio 2021

UM NOVO ENSINAMENTO

 




QUARTO DOMINGO NO HORÁRIO ORDINÁRIO B


 

 

Paolo Cugini

«E maravilhavam-se com o seu ensinamento: ele, de facto, ensinava como quem tem autoridade» (Mc 1, 21).

Jesus inicia a sua atividade pública longe de Jerusalém: lá chegará no final do seu caminho. Isso já é uma grande indicação do método que Jesus nos dá. Quem já visitou Cafarnaum se surpreende com sua pequenez, por ser um não-espaço, uma não-cidade, como diria um conhecido filósofo contemporâneo. Jesus recebe a tarefa de anunciar a vinda do Reino de Deus a todas as mulheres e homens e o faz a partir não da cidade grande, mas do pequeno país desconhecido e pobre. É verdade que não é o lugar que torna uma pessoa ótima, mas è a grande pessoa torna o lugar ótimo. O que é surpreendente desde o início é o estilo de Jesus, a sua forma de falar com as pessoas porque é vista como uma forma diferente de dizer as coisas. Diferente em que sentido? O termo de comparação são os escribas, que tinham grande crédito entre o povo pela tarefa de estudiosos do direito, que deviam dar respostas, tomar decisões sobre como observar a lei, mas também saber e dar a conhecer com uma autoridade geralmente reconhecida autoridade ("Da cadeira de Moisés": Mt 23: 2) as respostas e decisões anteriormente dadas, "as tradições dos antigos" (ibid. 15.2; Mc 7: 3), das quais eles contaram muito e com cuja observância eles carregavam as consciências. Das controvérsias descritas nos capítulos seguintes, podemos apreender o principal motivo dessa diferença apontada no início do Evangelho de hoje sobre a forma de ensino. Na verdade, Jesus disse: 

“Cuidado com os escribas, que gostam de andar com mantos compridos, receber saudações nas praças, ter as primeiras cadeiras nas sinagogas e as primeiras cadeiras nos banquetes. Devoram as casas das viúvas e exibem longas orações; receberão condenação mais pesada” (Mc 12,38-40).

É, portanto, um ensinamento que, com o passar do tempo, perdeu o sentido da gratuidade e da pesquisa bíblica, para dar lugar a aparência e para a busca de aprovação externa para o pessoal. Jesus condena essa deturpação, o uso descarado do conhecimento bíblico para servir aos próprios interesses em vez de servir ao povo de Deus no conhecimento crescente do Senhor e de sua Palavra. A de Jesus é uma acusação que se torna uma denúncia pública e, portanto, um desmascaramento público da hipocrisia dos escribas, da sua forma desprezível de ensinar a Palavra, da exploração da mesma para se colocarem acima do povo e não a serviço.

Se esta é a acusação contra os escribas, então qual é a novidade do ensino de Jesus, que " ensina como quem tem autoridade "? 

De onde vem essa autoridade? Encontramos uma primeira chave para a leitura na primeira leitura de hoje no livro de Deuteronômio:

«O Senhor vosso Deus suscitará para vós, entre vós, entre os vossos irmãos, um profeta como eu» (Dt 18,15).

Jesus age como os profetas do Antigo Testamento e, em particular, a referência bíblica da primeira leitura nos sugere que seu modo de agir se assemelha ao de Moisés, homem de Deus, que falou cara a cara com YHWH e que viveu entre seus irmãos e irmãs. O ensinamento de Jesus nasce da sua relação profunda com o Pai, uma relação tão autêntica que transmite aos irmãos que o acompanham no caminho de Jerusalém. Esta forma de estar no meio do seu povo, sinal do amor do Pai, dá-lhe aquela autoridade que não precisa de se levar com arrogância como os escribas, mas que lhe é entregue pelo povo. Sempre na linha profética, há uma outra passagem - citada, entre outras coisas, em correspondência com a passagem de Marcos que comentamos, da Bíblia de Jerusalém - que pode nos ajudar a aprofundar o estilo de Jesus, seu jeito diferente de vida, ensinando, o que lhe dá autoridade.

“Não gritará nem levantará o tom, não fará ouvir a sua voz na praça, não quebrará cana rachada, não apagará um pavio com chama apagada: proclamará o que é justo com a verdade ( Is 42, 2-3).

Palavras que descrevem aquele misterioso caráter do servo do Senhor indicado em quatro passagens da segunda parte do livro do profeta Isaías (40-55). Para proclamar o direito com verdade, o servo de JHWH não precisa levantar a voz nem mesmo exercer violência coercitiva, porque a mensagem que pretende comunicar passa pela sua relação com o Senhor, que lhe dá a paz e a sua fidelidade. a missão que lhe foi confiada: “não falhará e não cairá” (Is 42,4). É esse estilo manso, humilde, delicado nas relações, que também vai caracterizar o estilo de Jesus, aquele estilo que antecede as palavras ditas com a boca e, ao mesmo tempo, revela o seu significado profundo. Longe de ser um ensinamento catedrático e teórico, o que dá autoridade ao ensinamento de Jesus é estar no meio do povo com mansidão e docilidade, sinal do amor do Pai que vem a nós na paz e na comunhão.

A Palavra, portanto, nos convida a experimentar o amor de Deus na vida cotidiana e também na comunidade, experimentando a igualdade entre irmãos e irmãs, do serviço aos mais pequenos e da partilha. Quando entregamos a dócil escuta da palavra na vida cotidiana, empenhando-se em construir relações humanas baseadas no respeito mútuo e na atenção ao próximo, este ensinamento torna-se sinal da presença de Cristo entre nós (cfr. Jo 13,35) e possibilidade para o mundo acreditar nele.

 

7 commenti:

  1. Na sociedade atual, infelizmente, ainda encontramos muitos pregadores que fazem uso descarado do conhecimento bíblico para servir aos próprios interesses em vez de servir ao povo de Deus e o pior que ainda manipulam a fé das pessoas atrapalhando a fé e o discernimento no conhecimento crescente do Senhor. É tempo de buscar o verdadeiro ensinamento, o único que tem palavras de vida eterna que é o próprio Jesus.

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  2. “(...) quem frequenta a Palavra de Deus, obtém viragens salutares na sua existência: descobre que a vida não é tempo para se guardar dos outros e proteger a si mesmo, mas ocasião para ir ao encontro dos outros em nome deste Deus próximo (...)” – Papa Francisco.

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  3. Belíssima reflexão! A vida pública de Jesus já inicia cm perseguição dos Doutores da Lei!

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  4. Sim, seguir em tudo a Cristo é uma forma de amor fraterno.

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  5. Padre a sua homilia foi perfeita. Realmente tudo isso que foi falado, é infelizmente o que estamos vivendo hoje. Vemos muitos que se dizem cristãos, banalizarem o evangelho vivendo de maneira fatalmente contrária a que dizem que entende dele. Vemos líderes religiosos pregarem de forma teórica, totalmente o oposto das pregações e vivência de Jesus. Possas apegadas as coisas do mundo e desprezam os mais humildes. Aqueles humildes que, com certeza, seriam os mais assistidos por Jesus. Isso me entristesse e até me sinto desmotivada a assistir uma celebração muitas vezes.Diferente da vivência que tivemos contido padre Paolo. Que foi um grande exemplo de evangelizador, de humildade e que sempre foi pelos que mais precisava. Não consigo enxergar mais essa humildade nós demais. Peço que Deus fortaleza o meu coração e minha alma me transformando numa pessoa melhor a cada dia e me tornando uma completa cristã vivendo de acordo ao evangelho.

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  6. Realmente.
    Atualmente as pessoas estão preocupadas em "aparentar" e não em praticar, aquilo em que realmente dizem acreditar..

    Um dia cheio de paz Cugini.
    Continuecfaxendo a diferença!!
    Saudades...

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  7. Como sempre, inspirado e inspirador...

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