mercoledì 11 settembre 2024

DOMINGO XXIVB

 





(Is 50,5-9a; Sl 115,1-2.3-4.5-6.8-9; Tg 2,14-18;  Mc 8,27-35)

 

Paulo Cugini

 

É lindo ver Jesus caminhando com os seus discípulos pelas ruas da Galileia: revela muitas coisas sobre o sentido que Ele quis dar à sua missão. Em primeiro lugar, a precariedade. Ele estava tão cheio do amor do Pai que não precisava procurar outras fontes de satisfação. E depois muita liberdade que lhe permite andar junto com os seus discípulos sem ter que se preocupar com o que comer, o que vestir e mais nada. Precariedade e liberdade andam de mãos dadas.

“Quem as pessoas dizem que eu sou?”. É uma questão importante, não só porque na narrativa de Marcos estamos a meio caminho da vida pública de Jesus, mas também porque a vida dos discípulos deve ser uma resposta à Palavra de Jesus. Portanto, captar a essência da sua mensagem é. fundamental para a existência.

“João Batista; outros dizem Elias e outros um dos profetas”. A descoberta de Jesus é amarga, porque encontra um povo ainda ancorado no passado, nas suas próprias histórias e tradições. Elias e os profetas foram, sem dúvida, grandes figuras do passado, que tiveram um papel importante na história do povo de Israel, mas nada revelam do presente que Jesus veio trazer. O próprio João Batista, considerado o maior dos profetas por ter podido ver e conhecer Jesus, ainda permanece ancorado no Antigo Testamento. A resposta de Pedro também vem do passado. Na verdade, ao dizer “Tu és o Cristo”, ele não passa das projeções do passado para o presente. Cristo, de facto, é o título atribuído ao futuro messias, o ungido de Deus. Jesus descobre, portanto, que, apesar das suas palavras e obras, ninguém compreende a novidade da sua mensagem. Jesus descobre que até agora não houve nenhum esforço para compreender o que realmente está acontecendo com a sua vinda, mas todas as suas palavras e ações são derramadas em odres velhos.

O que esses versículos significam? Revelam-nos algo muito profundo nos homens e nas mulheres, nomeadamente a dificuldade de abertura ao novo. É como se o presente estivesse obstruído pelo passado, como se a consciência identificasse a reprodução do passado, de alguns momentos significativos, como a felicidade da vida. Preencher o presente com o passado, adoçando-o, é um mecanismo que surge do instinto de sobrevivência, que leva ao apego ao que dá segurança.

O primeiro passo, portanto, num caminho de conversão, que nos permite captar a novidade da proposta de Jesus, consiste em libertar-nos dos desperdícios do passado, que obstruem pesadamente o nosso presente. Existe uma surdez psicológica e existencial, que não nos permite apreender a novidade do presente e que se desenvolve precisamente quando a pessoa se apega progressivamente ao passado, às tradições do lugar onde vive, que ainda permanecem humanas tradições.

E começou a ensinar-lhes que o Filho do homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar.

A incapacidade de nos libertarmos do passado não nos permite compreender o sentido profundo da vida que Jesus veio manifestar. Seguir Jesus, abraçar a novidade da sua Palavra, significa entrar no caminho do amor, da busca da justiça, que se manifesta como misericórdia. Significa também abandonar o caminho da agressão, para nos colocarmos ao serviço do projecto de construção constante da paz. Seguir Jesus significa também abandonar a mesa de quem procura a felicidade na riqueza a qualquer preço, e decide colocar-se ao serviço dos pobres, dos excluídos, daqueles que não têm importância para a sociedade. Este caminho tem consequências muito duras, nomeadamente sofrimento, rejeição e morte. No futuro, a ressurreição. Compreendemos, então, como funciona o instinto de sobrevivência que não quer dar ouvidos à novidade presente na história: faz de tudo para ficar longe dos problemas, daquilo que põe em risco a existência, buscando constantemente a tranquilidade. Este estilo de vida é a morte da alma, porque impede a coragem de entrar no caminho do amor que se dá gratuitamente, da vida que se perde para os outros, da libertação das tradições que sufocam o presente.

Ele fez esse discurso abertamente. Pedro chamou-o de lado e começou a repreendê-lo. Mas ele, voltando-se e olhando para os seus discípulos, repreendeu Pedro e disse: «Para trás de mim, Satanás! Porque você não pensa segundo Deus, mas segundo os homens"

Satanás é toda aquela realidade, aquelas situações que atrapalham a Palavra de Jesus, tirando-a do coração das pessoas. O pensamento de Pedro é sintomático da rejeição do caminho proposto por Jesus, que exige também a capacidade de rejeitar as consequências. Quem se deixa levar pelo instinto de sobrevivência e procura o caminho da tranquilidade e da segurança nunca conseguirá não só compreender a mensagem de Jesus, mas sobretudo segui-la. 

 

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