sabato 8 novembre 2025

XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

 



 

Lc 21,5-19

Paolo Cugini

 

Chegamos ao fim do ano litúrgico e a liturgia, como sempre, nos ajuda a refletir sobre a jornada que percorremos. O fim do ano litúrgico traz consigo os prenúncios do fim de nossas vidas e do fim da história. As leituras que acabamos de ouvir refletem os temas do fim dos tempos. O profeta Malaquias, na primeira leitura, adverte que "o dia está chegando, ardendo como uma fornalha" (Ml 3,19). O Salmo 97 também ecoa esses temas apocalípticos, lembrando-nos que Deus "julgará o mundo com justiça e os povos com equidade". Na segunda leitura, São Paulo exorta os fiéis de Tessalônica a viverem vidas dignas, trabalhando para ganhar o pão de cada dia. Em seguida, temos o Evangelho, no qual concentramos nossa atenção.

Naquele tempo, enquanto alguns falavam sobre o templo, como ele era adornado com belas pedras e oferendas votivas, Jesus disse: "Quanto a essas coisas que vocês veem, dias virão em que não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada."

Essa frase resume muito bem a proposta que Jesus fez durante sua pregação pública. O templo, do qual não restará uma única pedra e que, consequentemente, será destruído, refere-se ao tipo de proposta religiosa que o templo representa e aos valores que ele defende. A proposta de Jesus se opõe radicalmente à religião do templo. O templo, de fato, é o símbolo de uma religião que considera a relação com Deus como um mérito a ser conquistado por meio de sacrifícios, ritos mediados pela classe sacerdotal, que, sobre esse sistema religioso, impõe enormes impostos. É uma classe sacerdotal que, nos últimos séculos, enriqueceu-se às custas das classes mais pobres da sociedade palestina. É, portanto, uma religião para poucos, uma religião que perdeu o significado autêntico da relação com Deus e é prisioneira de uma classe sacerdotal que construiu uma rede de leis e decretos que transformam a vida das pessoas em um verdadeiro inferno. De tudo isso, diz-nos Jesus, nada restará. Jesus, ao contrário, não fala de mérito, mas de dom; Ele não fala de leis, mas coloca a pessoa no centro. A proposta de Jesus é o Reino dos Céus, que tornou o amor do Pai acessível a todos, não apenas gratuitamente, mas também sem distinção. Isso não é apenas chocante, mas radicalmente oposto e incompatível. O que Jesus diz ao contemplar as pedras do templo se refere, na verdade, ao que o templo representa. Quem abraça o Reino dos Céus, quem abre espaço para o amor do Pai dado livremente, deve destruir a lógica religiosa da religião do templo.

Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá grandes terremotos em vários lugares, e fomes e pestes… Mas antes de todas essas coisas, eles lançarão mão de vocês e os perseguirão, entregando-os às sinagogas e às prisões… e vocês serão odiados por todos por causa do meu nome.

Jesus usa a linguagem apocalíptica dos profetas que anunciaram o fim dos tempos, como Joel, Ezequiel e Zacarias. Portanto, não devem ser tomadas como indicações historicamente verificáveis, mas como pistas para uma jornada profunda a ser buscada no âmago da história, na vida de cada um de nós. Há, contudo, uma certeza naqueles que, atraídos pela palavra do Evangelho, decidem abraçar a proposta do reino dos céus e abandonar a religião do templo, destruindo-a em si mesmos: pagarão caro. Substituir a lógica do Deus temível pelo amor do Pai; substituir a lógica da nação forte e poderosa que destrói outros povos pela lógica do reino dos céus baseada na igualdade e na justiça para os mais fracos; substituir a ideia da família patriarcal pela proposta de uma comunidade de discípulos que fazem das relações de amor livre e altruísta o sentido de sua convivência. Como disse acima, uma substituição tão clara e radical não é indolor, mas causa profundas lacerações em todos os níveis. O convite de Jesus é para que se preparem para o violento choque que todos os discípulos experimentarão: vocês serão odiados por todos por causa do meu nome. Essas palavras são semelhantes às que Jesus dirá na Última Ceia, no Evangelho de João: todos os odiarão (João 15). A espiritualidade dos discípulos do Senhor, que desenvolvem essas escolhas ao longo do caminho, que os colocam em conflito com o mundo, deve ajudá-los a resistir.

Mas nenhum fio de cabelo de vocês se perderá. Pela sua perseverança, vocês garantirão a sua vida.

Esta é a certeza que o Senhor oferece: Ele não nos abandona. Para sentirmos a Sua presença, que nos encoraja nas escolhas que fazemos, devemos passar do plano externo para o interno, ou, como diria Paulo, trabalhar para fortalecer cada vez mais o homem (a mulher) interior. É a perseverança que nos salva do vazio da religião do templo. A perseverança fala de liberdade pessoal, da capacidade de organizar a nossa vida espiritual, de modo a não permitir que nada nem ninguém nos prive do grande tesouro que o Pai nos comunica no Filho e nos dá com o Seu Espírito: o amor. 

 

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