mercoledì 30 luglio 2025

XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

 




Lucas 12,13-21

Paulo Cugini

 

A dimensão espiritual da vida, se não tiver repercussões, impacto na vida material, está destinada a definhar. No ensinamento de Jesus, a conexão entre fé e vida, entre o espiritual e o material, é visível. A relação de amor com o Pai torna-se visível nas relações generosas e altruístas que Jesus estabelece com as pessoas que encontra. A escuta da Palavra, que orienta a vida dos fiéis para serem portadores da imagem divina de Deus, é visível na atenção aos pobres. Por fim, a liturgia celebrada no templo transforma-se em vida fraterna, que nos leva a ver os outros como irmãos e irmãs. No Evangelho de hoje, Jesus mostra-nos as consequências negativas de uma vida espiritual que não tem impacto na vida real e permanece fechada dentro dos muros do sagrado, produzindo o oposto do que busca: morte em vez de vida.

“Tenham cuidado e fiquem alertas contra toda a ganância, pois a vida de um homem não consiste na abundância das coisas que ele possui.”

O valor da vida de uma pessoa não depende do que ela tem, mas do que ela dá. Esta, em suma, é a mensagem resumida do Evangelho de hoje, que é um convite a não se deixar deslumbrar pelas ilusões da riqueza. O que guardamos e acumulamos, de fato, não é algo que possuímos, mas sim algo que nos possui. No Evangelho de hoje, Jesus é abordado sobre o tema da herança. A resposta de Jesus é categórica. A herança é um fruto venenoso, porque quem deixa uma herança significa que acumulou em sua vida, e a acumulação é consequência de uma escolha egoísta. Pensa-se que, ao deixar algo como legado para a posteridade, estamos fazendo o bem, mas, na realidade, estamos deixando algo negativo que cria divisões. A herança é, portanto, o símbolo da ganância, de uma vida centrada em si mesmo, sem a menor preocupação com os outros, especialmente os mais pobres. O que temos deve ser compartilhado. Subjacente ao discurso está a ideia de que a acumulação, fruto da ganância, é uma forma de idolatria, um substituto de Deus.

Então ele lhes contou uma parábola: “A terra de um homem rico produziu com abundância… E ele pensou consigo mesmo: ‘O que farei? Não tenho onde armazenar minha colheita.

O homem rico está terminalmente doente de egoísmo, e não há salvação para ele. Esta pode parecer uma afirmação dura, mas seu conteúdo encontra eco em outros textos do Evangelho. Por exemplo, a narrativa do encontro de Jesus com o jovem rico. No final desta história, Jesus afirma peremptoriamente que um homem rico dificilmente entrará no reino de Deus. Na parábola de hoje, Jesus procura explicar o processo de pensamento do homem rico, a lógica existencial subjacente à acumulação. Como pensa o rico? Ele pensa exclusivamente em si mesmo e não tem consideração pelos outros, especialmente pelos pobres. Os ricos têm direito a tudo. Jesus descreve a ganância, a avareza. Na mente do rico, em seu raciocínio, se assim se pode chamar, não há o menor indício de solidariedade, porque o rico pensa apenas em si mesmo: ele é o protótipo do egoísmo. O personagem da parábola já é rico e, tendo uma colheita abundante, não pensa em compartilhar com os pobres, pois ele próprio não precisaria. Em vez disso, tomado pelo seu egoísmo, ele pensa em como aumentar seus depósitos. É importante notar que, na época de Jesus, os ricos eram considerados abençoados por Deus, enquanto os pobres eram punidos. Jesus expõe esse pensamento hipócrita, típico da religião formal, que separa a fé da vida, o templo da praça pública, o sagrado do profano. Essa separação só pode levar a uma existência esquizofrênica, onde no templo você adora o Deus que criou a vida e, então, em sua vida cotidiana, o rico priva os pobres de suas chances de vida, acumulando bens para si mesmo.

Mas Deus lhe disse: "Homem insensato! Esta mesma noite te pedirão a vida. Então, para quem serão as coisas que preparaste?"

O que Jesus pensa dos ouriços, que passam a vida inteira acumulando bens e dinheiro? Que são tolos. A expressão usada por Jesus é um tanto atenuada pela tradução, que seria: tolo! Quem acumula pensando apenas em si mesmo é um tolo, porque é incapaz de pensar e apreender a própria vida dentro de um horizonte que vai além do seu próprio umbigo, da sua própria história temporal. O rico, na perspectiva do Evangelho, é uma pessoa que não consegue raciocinar, é incapaz de pensar: é um tolo, um tolo. Na parábola contada por Jesus, o rico é um tolo porque não consegue desfrutar o que acumulou, porque a riqueza obscureceu a sua mente.

Assim é aquele que acumula tesouros para si mesmo e não é rico para com Deus."

A questão subjacente a esta declaração peremptória e significativa de Jesus é esta: como nos tornamos ricos aos olhos de Deus? Doando aos outros. Nos Atos dos Apóstolos, também escritos por Lucas, afirma-se que há mais alegria em dar do que em receber. O segredo evangélico da felicidade é que ela não se mede pelo que temos e acumulamos, mas pelo que damos e partilhamos generosamente com os necessitados. Este é o Evangelho! É esta mensagem que devemos proclamar ao mundo não apenas com palavras, mas através de escolhas concretas de partilha e solidariedade com os mais pobres.

 

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