(Is 5, 1-7; Sal 80; Fil 4,
6-9; Mt 21, 33-43)
Paolo Cugini
1. Ao longo da vida o Senhor nos oferece ocasiões para crescermos em
sabedoria e graça e nem sempre sabemos desfrutá-las. Aprendemos a viver visando
o lucro, o sucesso, o interesse pessoal, por isso não conseguimos enxergar tudo
aquilo que de bom Deus proporciona por nós. Deus faz de tudo para que as
pessoas possam viver de uma forma digna, conforme o projeto que Ele mesmo
pensou, mas a ganância do mundo, a cobiça da vida atrapalha de um jeito a alma
que consideramos negativo tudo aquilo que Deus prepara para nós. Esta é em
síntese a historia da humanidade, que de uma certa forma é a nossa historia.
2. “Por isso eu vos digo, o
reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”
(Mt 21, 43).
Deus não fica esperando o tempo todo um povo que não dá ousadia por
Ele: este é o sentido do versículo. O Reino de Deus deve produzir frutos, pelo
contrario não serve ao objetivo pelo qual foi pensado. O problema que ao longo
da historia da salvação quem tomou conta do Reino foi um povo que não prestou,
um grupo de pessoas, a clássica panelinha da vez que em vez de acolher a
Palavra de Deus para se converter e melhorar o próprio estilo de vida, a
utilizaram para julgar os outros (cf. Rom 1-2). Furto do Reino de Deus devem
ser atitudes que brotam do mesmo Deus e não atitudes que saem dum coração preso
ao próprio egoísmo. Por isso não basta a Palavra de Deus, mas necessitas o
esforço pessoal para que a Palavra possa encontrar espaço, o terreno propicio
para poder brotar os frutos desejados. Para atualizar aquilo que estamos
comentando. A Igreja acabou de viver o mês da Bíblia. Então a que adianta este
mês, a que adianta os círculos bíblicos, as celebrações bonitas se não se
traduzem em ações concretas ditadas pela Palavra de Deus meditada? Chega de
encontros, de reflexões bíblicas só para acalmar a consciência ou, pior ainda,
para se sentir melhor dos que os outros! É esta a grande responsabilidade dos
católicos, das comunidades cristãs. Pode acontecer conosco aquilo que aconteceu
com o povo hebraico comentado no versículo sobre citado, ou seja, de sermos
cortados. Em toda missa a comunidade, junto a cada cristão, deveria se
questionar sobre a maneira de utilizar os dom que recebeu de Deus. Somente com
esta capacidade critica é possível ir para frente no Reino de Deus. É isso que
faltou aos fariseus e aos escribas, fechados no orgulho e na ufania, se achando
os donos da Palavra e não os servos dela. Este versículo que estamos comentando,
que encerra o Evangelho de hoje, apesar de ser muito forte, é extremamente
realista, daquele realismo sadio que ajuda a alma a se colocar no próprio
lugar, que nos ajuda a não nos empossarmos daquilo que não é nosso, mas que é
simplesmente nos oferecido para nos salvar.
3. “Certo proprietário plantou
uma vinha... Depois arrendou-a aos vinhateiros e viajou para o estrangeiro”
(Mt 21, 33).
Na vinha o dono coloca os vinhateiros para trabalhar, para que a
vinha possa dar uva. Isso quer dizer, interpretando a parábola, que a Igreja é
nos doada para trabalhar e não para mandar. O batismo que recebemos é
participação da morte de Cristo, do seu do sofrimento como sinal do seu amor
para o Pai. Isso quer dizer que devemos apreender a viver a Igreja com disponibilidade
a servir de uma forma gratuita, com muita dedicação, para que a graça de Deus
que recebemos nos sacramentos possa brotar frutos de conversão. É interessante,
também, na historia narrada da parábola, que o dono entrega a vinha aos
vinhateiros e depois viaja. Isso é sinal de confiança e, ao mesmo tempo, sinal
de um compromisso que exige responsabilidade. O dono da vinha entrega tudo nas
mãos dos vinhateiros e isso exige não apenas confiança da parte do dono, mas
também compromisso do lado dos vinhateiros. Se A vinha é a Igreja, o Reino de
Deus isso quer dizer que devemos aprender a viver a nossa pertença a Igreja com
mais responsabilidade, devolvendo com um compromisso sempre mais fiel á
confiança que Deus tem para nós. Além do mais, a maneira de Jesus agir para
conosco, parafraseando a parábola, deveria ser aprendida por todos aqueles que
assumem tarefas de confiança dentro da Igreja. Para que o reino do Céu possa
crescer precisa de pessoas que saibam acreditar nos outros, que tenham a mesma postura
de confiança que o dono da vinha teve na historia da parábola. Ajudamos os
outros a crescer humanamente, espiritualmente e eclesialmente não segurando-os,
não ficando o tempo todo manando neles, mas sobretudo confiando nas suas
capacidades. Jesus fez e continua fazendo isso conosco: seria bom aprendermos a
fazer isso também nós com as pessoas que o Senhor coloca ao nosso lado. Somente
pessoas interiormente livres conseguem viver com liberdade os relacionamentos
pessoais e a não querer que todos façam do jeito que ele pensar. Quantas vezes
a Igreja, nos trabalhos que desenvolve, se torna espaço para descarregar as próprias
frustrações pessoais em vez de ser o terreno propicio do desenvolvimento da
liberdade dos outros? Isso, infelizmente, se torna amiúde bem visível toda vez
que alguém assume uma tarefa dentro da Igreja, seja ele quem for, clérigo o
leigo. Mais uma vez é bom salientar que
a parábola narrada no Evangelho de hoje nos ensina que a vinha do Senhor, o seu
reino, Jesus a doou para trabalhar, para servir com humildade, assim como
também Ele mesmo fez, que veio para servir e não para ser servido.
4. “Irmãos, não vos inquieteis
com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e
súplicas, acompanhadas de ação de graças” (Fil 4, 6).
Na Igreja, que é vinha do Senhor, deveríamos aprender a viver assim,
em tranqüilidade, sem nos inquietar com nada e com ninguém, em paz com Deus e
com os irmãos. Só que para vivermos assim, precisamos entregar tudo nas mãos de
Deus, aprender a viver a nossa vida como algo que está totalmente nas mãos de
Deus, que seja Ele mesmo a tomar conta de tudo, da nossa vida e da nossa
caminhada. É este o caminho da total espiritualização da existência cristã, o
caminho feito de ações e de orações interligadas entre elas, caminho na luz de
Deus que permite vislumbrá-lo a cada momento e em todo lado da nossa
existência. Jesus sem duvida viveu deste jeito a própria existência terrena,
com o rosto constantemente dirigido ao Pai, na busca constante da sua vontade,
entregando a Ele completamente a sua causa. Pedimos a Deus que nos ensine a
viver com sempre mais espiritualidade a nossa experiência de fé.
Reflexão profunda com muitos ensinamentos...
RispondiEliminaAgradeço pela partilha de bons e sinceros ensinamentos. Os tempos são difíceis e com eles podemos, sim - viver em equilíbrio na tranquilidade que o coração necessita, mas vivos e atentos para se necessário ir à luta como bons e honestos guerreiros em Cristo... 🙏🏾
RispondiEliminaExcelente reflexão! Uma boa reflexão para um bom retiro!
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