lunedì 23 settembre 2019

Domingo da dedicação da basílica do Latrão



(Ez 47,1-2.8-9.12; Sal 46; 1Cor 3,9-11.16-17; Jo 2,13-22)
Paolo Cugini

1. Segundo uma tradição que remonta ao século XII, celebra-se neste dia o aniversario da dedicação da Basílica do Latrão, construída pelo imperador Constantino no IV° séc. d.C. Esta festa é importante porque a Basílica do Latrão é chamada “Mãe e cabeça de todas as Igrejas da Urbe e do Orbe (de Roma e do mundo)” e também como sinal de amor e unidade para com a cátedra de Pedro, que “preside a assembléia universal da caridade” (Inácio de Antioquia). Com esta festa a Igreja nos oferece a oportunidade de refletir um pouco sobre o sentido da mesma e, assim, avaliarmos o sentido da nossa pertença á ela. São as leituras de hoje que nos oferecem o conteúdo para respondermos aos nossos questionamentos sobre a Igreja e a sua natureza.

2. A água corria do lado direito do templo, a sul do altar... Estas águas correm para a região oriental, descem para o vale do Jordão, desembocam nas águas salgadas do mar, e elas se tornarão saudáveis” (Ez 47, 1.8).
Esta imagem do profeta Ezequiel mostra um elemento interessante sobre a Igreja. Interpretando o versículo citado, podemos afirmar que da Igreja sai a água (do batismo) que purifica a humanidade toda. Existe toda uma humanidade “salgada” pelo estrago do pecado que precisa ser lavada, purificada: é este o sentido do batismo. Claramente esta purificação não é feita apenas com a água sacramental, mas também através da ação de todos aqueles que foram purificados, batizados. A Igreja foi inventada por Deus com este intuito: oferecer um espaço para que o mundo seja purificado. A água do batismo purifica qualquer água salgada que encontrar: nada resiste a força purificadora dela. Entender isso é fundamental para descobrir a gratuidade da ação de Deus e, sobretudo, a verdade da sua força, do seu poder. Se Deus criou o homem e a mulher foi com a intenção que eles vivessem para sempre (Cf. Sab 2,3). Se este projeto foi estragado pelos mesmos homens e mulheres, por causa da desobediência, que não é nada mais que uma forma de teimosia, de orgulho, isso não levou Deus a desistir da sua idéia originaria. Pelo contrario, toda a historia da salvação que nós lemos na Bíblia, é a narração do esforço de Deus de consertar, purificar os erros dos homens. O ponto final deste esforço é Cristo, o Filho único de Deus, que veio ao mundo para mostrar a toda humanidade o caminho de saída do mundo do pecado, para entrar na gloria de Deus. O batismo é o sacramento que dá inicio a este caminho, porque deveria marcar o desejo da pessoa de seguir a Jesus e realizar a sua proposta de uma vida nova.

3.Ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que está ai, já colocado: Jesus Cristo” (1 Cor 3,11).
A Igreja é aquela realidade espiritual, mística e ao mesmo tempo visível pela ação dos cristãos, que é alicerçada sobre um único fundamento que é Cristo. Se a Igreja é instrumento universal de salvação, deve isso ao fato que Cristo não apenas é o fundador dela, mas também o alicerce que sustenta toda a instituição. Por isso um cristão para ser tal, não apenas deve ser batizado, mas dedicar tempo ao conhecimento de Cristo. A Igreja é o conjunto do povo de Deus que sentiu-se atraído pela Palavra de Deus e que visa viver conforme os ensinamentos do seu Mestre Jesus. O tempo presente para um cristão, é o tempo do aprofundamento da Palavra de Jesus, da sua proposta de vida. Só que para conhecê-lo, para desejar aprofundar o conhecimento da sua Palavra, precisamos amá-lo e para amá-lo precisamos tê-lo encontrado, percebido. Este encontro é possível somente na interioridade da nossa alma, pois é ali que Deus se manifesta. Pessoas superficiais, mergulhadas nos prazeres do mundo, na busca dos bens materiais dificilmente conseguirão encontrar o Senhor, escutar a sua voz e, assim, ser atraídos por Ele. Se Cristo é o alicerce da Igreja, como Paulo nos demonstra hoje, precisamos conhecê-lo melhor, precisamos passar tempo com ele, debruçar na sua Palavra, interiorizar o seu estilo de vida. Somente assim a Igreja se torna o corpo visível de Cristo ressuscitado, que atrai toda a humanidade no Caminho que leva ao Pai.

4. “Jesus fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo... E disse: ‘Tirai isso daqui! Não façais da casa do meu Pai uma casa de comercio!’” (Jo 2, 15.16).
Este é um versículo que muita gente não gosta. Até mesmo alguns exegetas, ou seja, estudiosos da Palavra de Deus, escreveram palavras negativas sobe esta atitude de Jesus. Pelo contrario, eu pessoalmente gosto muito deste versículo, porque acho que revela algo de muito importante não apenas da personalidade de Jesus, mas também da sua ação no mundo. Este versículo revela que Jesus não veio para botar a mão na cabecinha do povo, acobertando os seus erros, mas pelo contrario, Cristo veio para ajudar o mundo a sair do erro do pecado. O primeiro efeito da leitura do Evangelho, quando é feita com o coração aberto, é a descoberta da própria vida errada. Cristo é a verdade que descortina a mentira. Perante esta revelação a tentação imediata é acobertar, fingir que está tudo bem. Quem procede assim não está disponível a se tornar discípulo do Senhor, a ser uma pessoa diferente. Pelo contrario, o sofrimento causado pelo descobrimento constante dos nossos erros, é apaziguado somente se tivermos a coragem de aceitar os conselhos e as indicações do nosso Mestre Jesus, cuja intenção não é apenas de nos machucar mas, pelo contrario, de nos salvar da nossa vida errada. Esta violência que Jesus usa no templo de Jerusalém é o símbolo da força e do zelo que Ele mete no comprimento da vontade do Pai. As vezes, para sairmos de situações de vicio, de pecado enraizado na nossa alma, precisamos um pouco desta santa violência, que é força de Deus, que é a determinação que nos leva a sermos pessoas diferentes. Se isso vale num sentido pessoal, ainda mais quando se trata do pastoreio da Igreja. Quem tem uma função de liderança na Igreja não pode vacilar perante o pecado da comunidade, que pode estragar a mesma e comprometer definitivamente a caminhada. Às vezes, pelo amor de Cristo e da sua Palavra, precisamos da força do Espírito Santo para termos a coragem de sermos firmes e até duros perante situações de evidentes erros. Nessa altura, somente o pastor que tem amor a Deus mais de que a si mesmo terá a coragem de realizar atos e tomar decisões impopulares, mas que beneficiam o prosseguimento da comunidade.



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