martedì 10 settembre 2024

Amizade e fraternidade

 



 Semana de retiro espiritual ás irmãs adoradoras do sangue de Cristo

6-12 setembro 2024 – Manaus

Paolo Cugini

Elemento importante na nossa caminhada de espiritualidade bíblica sobre o tema da amizade é a proposta da fraternidade. Já no A.T. esta proposta aparece na imagem do Povo de Deus. Israel é declarado como povo consagrado a JHWH (Dt 7, 6), um povo que Deus escolheu “para que pertenças a ele como seu povo próprio dentre todos os povos que existem na face da terra” (Dt 7,6). Israel é, então, chamado, escolhido a ser um povo que manifesta uma característica especial: pertencer a IHWH.

Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças. Os mandamentos que hoje te dou serão gravados no teu coração.  Tu os inculcarás a teus filhos, e deles falarás, seja sentado em tua casa, seja andando pelo caminho, ao te deitares e ao te levantares (Dt 6,4-7).

Para ser o povo de Deus que pertence a IHWH deve amá-lo de todo coração. O amor a Deus é o elemento que permite ao Povo de manifestar a diferença entre os outros povos. A separação produz como consequência imediata a exigência da santidade:

 Pois eu sou o Senhor, vosso Deus. Vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo. Não vos contaminareis com esses animais que se arrastam sobre a terra, porque eu sou o Senhor que vos tirou da terra do Egito para ser o vosso Deus. Sereis santos porque eu sou santo (Lv 11, 44-45).

 Sabemos como a história se desenvolveu e como o povo escolhido por Deus se perdeu ao longo dos séculos, não conseguindo viver as exigências pedidas por JHWH.

Jesus veio para reconstruir o novo povo de Deus. Esta ideia não é presente apenas na escolhe dos 12 apóstolos, como seguidores e representantes das doze tribos de Israel, mas sobretudo no grupo de pessoas que ele escolheu para anunciar o Evangelho junto com ele. É uma pequena comunidade que anuncia o evangelho, que é a boa nova. O anúncio de uma humanidade nova alicerçada no amor fraterno, tão radical ao ponto de exigir o amor para os inimigos, não podia ser feito que com um grupo de pessoas cuja vivência manifestava aquilo que o Mestre andava dizendo e fazendo. As bem-aventuranças são sem dúvida a carta magna deste novo estilo de vida, que manifesta uma diversidade dos irmãos e as irmãs em Cristo (Mt 5,1-11). A busca de Deus da nova comunidade deve ser visível na vida despojada, no abandono á providência:

 Portanto, eis que vos digo: não vos preocupeis por vossa vida, pelo que comereis, nem por vosso corpo, pelo que vestireis. A vida não é mais do que o alimento e o corpo não é mais que as vestes? Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais que elas? Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?  E por que vos inquietais com as vestes? Considerai como crescem os lírios do campo não trabalham nem fiam.  Entretanto, eu vos digo que o próprio Salomão no auge de sua glória não se vestiu como um deles. Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé?  Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos?  São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso.  Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado (Mt 6, 25-34).

Esta página do Evangelho é fundamental para reconhecer a nova proposta de Jesus. A santidade exigida não se mede mais num relacionamento de tipo religioso, mas no estilo de vida. É visível a busca de Deus por parte da nova comunidade de discípulos e discipulas, no estilo de vida simples e despojados. Além disso, esta diferença deve ser visível também na postura de buscar constantemente o último lugar e de não entrar em brigas pelo poder.

Nisso aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica.  Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda.  Jesus disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber? Sim, disseram-lhe. De fato, bebereis meu cálice. Quanto, porém, ao sentar-vos à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim vo-lo conceder. Esses lugares cabem àqueles aos quais meu Pai os reservou. Os dez outros, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos.  Jesus, porém, os chamou e lhes disse: Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade.  Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo.  E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo.  Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão (Mt 20,20-28).

Nada de busca de poder, de brigas para ser o melhor entre os irmãos e as irmãs que se reconhecem na proposta de Jesus, mas desejo de servir, de ser o último, o pequeno. É sem dúvida uma nova espiritualidade que Jesus propõe, uma espiritualidade que não é humana, não é uma filosofia, mas é fruto exclusivamente da ação do Espírito Santo, que reproduz em nós os traços da humanidade de Jesus. É aquilo que Jesus mesmo falou no diálogo com Nicodemos quando afirmou que era necessário renascer do alto. Para pertencer ao grupo de discípulos e discipulas de Jesus é necessária esta disponibilidade interior, deixar o espaço na própria alma para que o Espírito Santo possa reconstruir em nós os traços da humanidade de Jesus.

É Paulo que entendeu muito bem este aspecto da nova fraternidade de Jesus, quando em várias circunstâncias aponta dois tipos de possibilidade de vida: segundo a carne e segundo o Espírito. São duas modalidades diferentes ei viver, que manifestam atitudes e estilos contrapostos. Uma pagina exemplar disso se encontra em Gálatas:

 Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne.  Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que quereríeis.  Se, porém, vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sob a lei.  Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus! Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, temperança. Contra estas coisas não há lei.  Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito (Gal 5, 16-25).

A vida fraterna, que expressa a amizade do Senhor entre os irmãos e as irmãs, é formada pela ação do Espírito Santo que transforma a nossa humanidade naquela mesma imagem que contemplamos quando lemos o Evangelho (cfr. 2 Cor 3,18). Quero terminar esta reflexão bíblica citando uma das tantas recomendações de Paulo para as pessoas que frequentavam a comunidade:

 Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!  Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo.  Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças.  E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus.  Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos (Fil 4,4-8).

Tomamos a sério estas recomendações de Paulo para viver melhor e em modo mais saudável a nossa amizade em Cristo e entre nós.

 

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