lunedì 10 luglio 2023

HOMELIA DO DOMINGO 16 DE JULHO 2023

 





XV DOMINGO TEMPO COMUM

Is 55,10-11; Sal 64; Romanos 8:18-23; Mt 13,1-23

 

Paolo Cugini

 

Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. Aglomerou-se tanta multidão em volta dele que ele entrou num barco e se sentou, enquanto toda a multidão permanecia em pé na praia (Mt 13:1). A parábola do semeador permite-nos mergulhar no mistério da Palavra de Deus: as ditas por Jesus não são apenas palavras profundas e autênticas, mas sobretudo sabem descrever de modo surpreendente a dimensão da vida espiritual. Por um lado, a bondade de uma Palavra que nos é dada gratuitamente para que nos tornemos quem somos: filhos e filhas de Deus; por outro lado, toda a nossa realidade, o fato de que a Palavra de Deus espera ser aceita, internalizada. Em outras palavras: a escuta do Evangelho em si não produz o milagre, mas espera que nossa liberdade entre em ação, que deve ser feita para criar as condições existenciais e espirituais para que a Palavra possa produzir os frutos correspondentes. Tomemos, portanto, a indicação inicial desta bela página do Evangelho como boa para nós: sentemo-nos como Jesus naquele dia, reservemos algum tempo para ouvir e meditar.

Normalmente, paramos para comentar o conteúdo da parábola, perdendo de vista as passagens centrais, que, ao contrário, oferecem várias pistas de reflexão. O texto ouvido diz que Jesus fala em parábolas ao povo porque: olhando não veem, ouvindo não escutam e não entendem: o que significa? Só quem decide embarcar em uma jornada de discipulado se coloca em uma situação existencial capaz de entender o que ouve. O conteúdo das parábolas só pode ser entendido por aqueles que decidiram seguir Jesus, mas para aqueles que dizem entender o que o Senhor está dizendo sem fazer o menor esforço para seguir, será impossível entender a profundidade do significado das parábolas. A radicalidade de Jesus visa estimular o ouvinte a fazer as escolhas necessárias em sua vida para se tornar um discípulo. A oposição entre os discípulos e o mundo é tão radical que Jesus chega a argumentar que: a quem tem se dará e terá em abundância, mas a quem não tem até o que tem será levado embora. Sem dúvida não estamos no plano dos bens materiais, mas do conhecimento dos mistérios. Aqueles que não colocaram a vida em condições de compreender tornando-se discípulos, também serão privados daquilo que presumem ter, ou seja, aquele conhecimento superficial de Deus, fruto de uma adesão efêmera.

Cada vez que alguém ouve a palavra do Reino e não a compreende... Na primeira parte da parábola, Jesus enumera uma série de obstáculos que impedem a compreensão da Palavra de Deus. O primeiro dado fundamental, que funciona como corolário da todo o discurso é que a Palavra para dar frutos deve ser compreendida. Esta afirmação está ligada ao que Jesus disse um pouco antes e que tentamos explicar, o que significa em última análise: enquanto não nos propusermos a seguir o Senhor, a nossa vida permanece insensível ao conteúdo da Palavra de Deus, a ponto de podermos também ouvi-lo, mas nunca vamos entender o significado profundo.

Existem dois grandes obstáculos para a compreensão da Palavra: as perseguições e as tribulações da vida. No primeiro caso, depois da alegria inicial provocada pelo acolhimento do Verbo, chega-se ao abandono do caminho empreendido quando se começa a sentir as consequências que este caminho comporta. Viver o Evangelho do amor e da justiça em um mundo feito de interesses pessoais e de relações ditadas pelo rancor e pelo ódio, causa lacerações e perseguições também dentro da mesma comunidade. A tentação que assalta o discípulo é a de desistir também pela superficialidade do caminho. Está implícito o conselho de Jesus de dar profundidade à escuta, protegendo o próprio caminho de olhares indiscretos, vivendo discretamente, sem se expor demais para permitir que a semente da Palavra crie raízes robustas.

A preocupação do mundo e a sedução da riqueza sufocam a Palavra e ela não dá fruto. O outro obstáculo é muito concreto e atual porque diz respeito à nossa relação com o mundo e com o dinheiro. Aprender a viver tudo na perspectiva do Evangelho significa que na Palavra se encontra a fonte até das opções mais concretas e quotidianas. Este é o sentido profundo da vida espiritual: aprender a administrar o presente com todas as suas preocupações, não as encarando de frente, mas inserindo-as desde a manhã na relação com o Senhor. Quando nos deixamos dominar pelos acontecimentos da vida ou pela sedução da riqueza, significa que a vida espiritual e a relação com o Senhor já eram muito débeis e frágeis.

O que foi semeado em boa terra é aquele que ouve a Palavra e a compreende; estes dão frutos e produzem cento, sessenta, trinta vezes um. Toda a parábola visa mostrar a fecundidade da Palavra de Deus, o grande potencial que ela possui para uma vida plena. Ouvir os conselhos que o Senhor oferece significa aprender a colocar a nossa existência no caminho que nos permite tornar-nos terreno fértil para a Palavra de Deus: este é o facto fundamental e a grande promessa que cumpre a profecia de Isaías, ouvida na primeira leitura: assim será da minha palavra que sai da minha boca: não voltará para mim sem efeito (Is 55:11).

Nessun commento:

Posta un commento