lunedì 18 marzo 2024

DOMINGO DOS RAMOS/B

 




O SENHOR DEUS ABRIU MEU OUVIDO

(Is 50, 4-7; Fil 2, 6-11; Mc 11, 1-11 e  Mc 14-15)

Paulo Cugini

 

Com o Domingo de Ramos entramos na Semana Santa, durante a qual somos convidados a refletir sobre o mistério da paixão de Jesus, da sua morte e ressurreição. São dias intensos que, se nós nos deixarmos envolver, deixarão sem dúvida a sua marca no nosso caminho de fé e, em geral, na nossa vida. Acompanhando as leituras que ouviremos, poderemos aprender lições e chaves de leituras que podem nos ajudar ao longo da semana.

O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e não resisti” (Is 50, 5). A letra do terceiro cântico do servo, que encontramos na segunda parte do livro do profeta Isaías, nos dá um personagem que, em vários aspectos, antecipa vários traços daquilo que veremos em Jesus. que se sente chamado por Deus para consolar os desanimados, com aquela Palavra que ouve pela manhã. O servo tem a clara percepção de que a possibilidade de compreender a Palavra é obra do Senhor, palavra que gera dissensão entre aqueles que a recebem, a ponto de colocar em risco a própria vida do servo de YHWH. A relação profunda com o Pai permite ao servo do Senhor enfrentar situações de conflito e não se intimidar. Levar uma palavra de amor e de justiça, num mundo conflituoso e cheio de ódio e injustiça, só pode causar tensões e incompreensões que, se não forem vividas constantemente no horizonte da relação com o Pai, correm o risco de nos esmagar e de nos ferir, colocando-nos em perigo.

“Ele se esvaziou assumindo a forma de servo” (Fl 2,7). É a resposta de Jesus à arrogância do mundo, ao orgulho típico daquela humanidade que pensa já saber tudo e se coloca na atitude de ter que ensinar os outros. Jesus responde baixando as armas, despojando-se de tudo, de qualquer elemento que pudesse temer a grandeza e, desta forma, afasta qualquer possibilidade de argumentação arrogante, porque Ele vem ao mundo como um servo disponível para servir, como então o fará. na última ceia, lavando os pés dos seus discípulos. Ele repetirá durante toda a vida que o modo de estar no mundo dos discípulos não é parecer maior que os outros, mas fazer-se pequeno, humilhar-se, como fez Aquele que, sendo rico, se fez pobre (ver 2Cor 8,9) e “mesmo estando na condição de Deus, não considerou ser como Deus um privilégio, mas esvaziou-se a si mesmo” (Fl 2,6). Jesus veio para inaugurar novas relações, uma nova forma de estar no mundo, de entrar em contato com os outros, não mais medida pela força, pela vontade de poder, mas por aquela liberdade que vem de um coração rico e cheio de amor. “Por isso Deus o exaltou” (Fl 2, 9) porque se humilhou, humilhou-se, para poder chegar a todos. Com seu estilo, Jesus criou espaço para que todos se sentissem à vontade e nos explicou com seu exemplo que relacionamentos fundados no amor de Deus exigem humilhação, humildade e delicadeza.

Foram e encontraram o burro perto de uma porta” (Mc 11, 4). É este novo estilo de Jesus que tem criado consternação, dissensão, preocupação, porque daquele que se afirma Filho de Deus, o messias esperado e, portanto, alguém importante, esperamos ações e palavras que justifiquem a suposta grandeza. E, em vez disso, Jesus segue o caminho oposto. Ele não montou um cavalo para entrar em Jerusalém, como sempre fizeram todos os reis que se prezam, mas entrou montado num burro, como fazem os servos. Jesus encarna plenamente o messias que veio estabelecer um reino de paz, para transformar as armas em ferramentas para trabalhar os campos, para arar e semear, tal como disseram alguns profetas (cf. Zc 9,9; Is 11,4). E assim, Jesus entrando em Jerusalém desta forma confirma as suas escolhas e distancia-se definitivamente de todos aqueles que lhe exigiam que encarnasse as expectativas de uma parte do povo, que exigia um messias forte, capaz de liderar o exército contra os romanos e alcançar assim a libertação de Israel. Jesus, porém, encarnando as profecias que anunciavam a vinda de um rei de paz, torna-se protagonista de uma libertação muito mais profunda, capaz de mudar a história a partir de dentro, como o grão de trigo que, morrendo na terra, produz muitos frutos. 

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