sabato 9 agosto 2025

19º Domingo do Tempo Comum – Ano C

 



 

Lucas 12,32-48

 

Paolo Cugini

Como pode o homem manter o seu caminho reto? Guardando a Tua Palavra. É um versículo do Salmo 119, que é uma longa e profunda catequese sobre a Palavra de Deus, e que nos ajuda a introduzir a reflexão de hoje. O Evangelho é uma bela proposta, uma boa notícia, de fato, que requer espaço, interiorização, para que sua diversidade se torne parte do nosso estilo de vida. Não podemos nos dar ao luxo de ler uma passagem do Evangelho superficialmente. Tornar-se discípulo do Senhor significa reservar tempo para Ele, para a Sua palavra, para a Sua proposta, para que ela se torne nossa.

 

Vendam tudo o que vocês possuem e deem esmolas; façam para vocês bolsas que não se gastem com o tempo, um tesouro inesgotável nos céus, onde ladrão algum chega, e traça nenhuma consome. Pois onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração.

A discussão continua sobre nossa relação com o dinheiro e os bens terrenos. Os cristãos são convidados a ter uma atitude de abnegação, de desapego. Trabalhar para ter um tesouro seguro no céu significa aprender a doar o que temos, o que possuímos. Se temos algo, é para compartilhá-lo com aqueles que não têm nada: esta é a mensagem cristã, a força do Evangelho, a diferença da mensagem de Jesus, que se torna fermento na massa. Por que, poderíamos perguntar, existe uma proposta tão exigente e contracorrente? Porque deve ficar claro quem estamos seguindo, a quem estamos confiando nossas vidas. O Evangelho diz: Pois onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração. Nossa consciência é onde estamos colocando o nosso tesouro. Portanto, se estivermos tornando nossa vida dependente do dinheiro que temos, nossos pensamentos estarão constantemente fixos na conta bancária, nos meios para aumentar nosso capital. Se o nosso tesouro estiver em Deus, então nossa mente estará preocupada em realizar o Reino dos Céus e, nessa jornada, envolverá também nossos próprios bens. Jesus não demoniza o dinheiro, mas sim a forma como ele é usado, especialmente quando se apodera da vida pessoal. Quando isso acontece, a vida religiosa deixa de influenciar as escolhas pessoais e se torna um aspecto decorativo da vida, servindo para manter a consciência tranquila. O apego ao dinheiro, portanto, revela a falsidade da minha religião. Os Evangelhos dizem que os fariseus, os guardiões da religião do templo, a religião dos mandamentos, eram apegados ao dinheiro. Aqueles que têm a mente voltada para o dinheiro não têm espaço para Deus. Este é o cerne do discurso de Jesus sobre a relação de seus discípulos com o dinheiro.

Estejam prontos, com os lombos cingidos e as lâmpadas acesas. Sejam como os servos que aguardam o seu senhor voltar das bodas, para que, quando ele vier e bater, possam imediatamente abrir a porta. Felizes aqueles servos cujo senhor, quando chegar, os encontrar vigilantes.

Estar pronto significa viver o dia a dia à luz do Evangelho. Uma pessoa pronta é alguém que assimila diariamente a Palavra do Senhor e busca viver o Evangelho nas escolhas que faz. Em última análise, todos aqueles que buscam uma conexão constante entre fé e vida estão prontos, e a chegada do Senhor não nos encontra surpresos, mas prontos para agir.

Mas se aquele servo disser consigo mesmo: Meu senhor tarda em vir, e começar a espancar os servos e as servas, e a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo virá num dia em que não o espera e numa hora que não sabe, e o castigará com os infiéis.

É o perigo de uma vida dupla. Vou à missa, realizo todos os ritos religiosos, mas minha vida pessoal caminha para uma direção diferente. É a lógica de: vou deixar a organização da minha vida para amanhã e aproveitá-la agora. Hoje é o tempo da conversão, e nesta Eucaristia o Senhor nos concede um tempo para assumirmos o controle de nossas vidas e colocá-las no caminho que Ele traçou para nós.

A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será exigido.

Este versículo deve ser lido sob uma perspectiva espiritual.  Certamente, aqueles que estão acostumados a reclamar de tudo são incapazes de compreender a riqueza espiritual dos dons recebidos do Senhor. Não se trata de dinheiro, coisas ou bens. Dar e confiar muito está entre os dons espirituais que guiam a vida. E assim, Jesus pede a todos aqueles que receberam os sacramentos, a Palavra de Deus e uma comunidade que façam com que esses dons frutifiquem, para não correrem o risco de viver como se nada tivessem recebido dEle. Portanto, todo momento formativo que nos ajude a descobrir a bondade, a força e o potencial dos bens recebidos deve ser valorizado. Os sacramentos, como qualquer dom que recebemos do alto, não fazem parte da lógica do mundo; isto é, não devem ser deixados de lado, porque os dons que recebemos de Deus são para serem compartilhados. Os dons que recebemos de Deus são vistos sob a perspectiva da Aranha de Deus, dados para que possamos viver o que somos: filhos e filhas de Deus. 

 


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