lunedì 21 settembre 2020

Domingo XXX/A

 



(Ex 22, 20-26; Sal 18; 1Ts1, 5-10; Mt 22,34-40)

Paolo Cugini

 

1. Todos nós sabemos que o centro do cristianismo é o mandamento do amor. Sabemos, também, que esta palavra é muito abusada e amiúde distorcida no contexto hedonista e relativista da cultura contemporânea. O problema para nós é entender se conseguimos resgatar, através da escuta atenta e aprofundada da Palavra de Deus, o sentido autentico do mandamento do amor. Talvez hoje em dia seja este o grande desafio das comunidades cristãs: deixar que a Palavra de Deus faça o seu trabalho, desmanchando as pré-compreensões, os preconceitos, em fim todas aquelas idéias erradas que penetraram no consciente coletivo cristão e que atrapalharam e continuam atrapalhando a vivencia corriqueira. A grande tentação é confundir o amor com a atividade pratica ou com um sentimentalismo vazio, deixando de lado a dimensão espiritual contida nela. Como se libertar deste sentimentalismo romântico e edulcorado? É este um dos grandes desafios que a Igreja hoje em dia deve enfrentar se quiser viver conforme o mandamento do amor que fundamente a sua mesma identidade.

 

2.Amaras o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mt 22, 37).

A resposta de Jesus ao fariseu que queria experimentar a verdade da sua sabedoria, resgata uma idéia de amor que remonta ao Antigo Testamento. Isso quer dizer que a novidade de Cristo, neste sentido, não está nas palavras sobre o amor, mas na sua maneira de vivê-lo. As palavras de Jesus apontam para um caminho do amor que deve iniciar, deve ter o seu ponto de partida do relacionamento com Deus. Ninguém, de uma certa forma, pode dizer que ama, se não tiver por trás um relacionamento profundo com Deus. Este é um grande ensinamento que derruba e destroça todas as nossas idéias piedosas sobre o amor, pensando que seja identificável com um ato pratico para alguém. Na realidade, o amor é antes de mais nada o esforço pessoal de se colocar perante Deus, pois Deus é o amor. Somente se colocando na perspectiva dele, se disponibilizando a acolher o amor que vem dele podemos dirigir atitudes de amor para os outros. Amar a Deus de todo coração, de toda alma e de todo entendimento quer dizer dedicar tempo a Ele. Se pensarmos atentamente coração, alma e entendimento são todos elementos que pertencem a nossa dimensão espiritual. Precisamos, então, aprimorar esta dimensão se quisermos de verdade apreender a amar. Aprimorar a dimensão espiritual significa fazer espaço a Deus na própria vida, dedicando tempo a oração, a meditação da Palavra, para que o coração seja moldado pelos ensinamentos do Senhor e a alma seja preenchida pelo amor de Deus. Só assim o nosso entendimento pode chegar a ponto de reconhecer aquilo que verdadeiramente vale a pena fazer e conhecer.

 

3.Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 39).

É este um versículo do Evangelho que presta o lado a ambigüidades. Vamos, então, tentar de aprofundar. Este versículo nos mostra, de uma maneira imediata, que não existe amor ao próximo se antes não tiver um amor integral para Deus. Só que, prestando atenção ao texto, entre o amor a Deus e o amor ao próximo tem um terceiro elemento como intermediário que é de vital importância: nós mesmos! Isso quer dizer que o primeiro efeito benéfico da vida espiritual, do nosso relacionamento com Deus, do nosso entrar com todas as nossas forças no intimo de Deus é o amor a nós mesmos. Quer dizer isso? Sem duvida Jesus não está solicitando uma forma de egoísmo. Pelo contrario. Pela própria experiência pessoal, feita de tantas noites de oração, tantas vigílias noturnas, Jesus nos ensina que o relacionamento com Deus, quando é autentico, ou seja feita com todas as nossas forças espirituais, buscado intensamente, produz imediatamente um esclarecimento sobre a nossa identidade. Porque isso é importante no discurso do amor ao próximo? Porque se prestarmos atenção àquilo que acontece no mundo, não basta se aproximar ao próximo com atos de caridade para dizer que é amor. A prova disso está de baixo dos nossos olhos. De fato, quantos candidatos, na infeliz época de eleições municipais que acabamos de passar e que tanto sofrimento trouxe por todos nós, se aproximaram aos pobres com doações, não porque amavam aos pobres, mas simplesmente para tomar, roubar o voto deles? Se este é amor eu sou papai Noel! Atrás de tantos atos de presumível caridade, se escondem formas implícitas de egoísmo, de desejo de afirmação de si. Nessa altura o amor ao próximo, longe de ser um ato gratuito, característica do amor verdadeiro visível na vida de Cristo, torna-se uma manifestação de egoísmo pessoal.

Pelo contrario, Jesus nos ensina que para nos aproximarmos ao próximo de uma forma livre e desinteressada, precisamos saber que somos e o que queremos. Precisamos, afinal de conta, estar em paz com nós mesmos, com o nosso coração e a nossa consciência. Somente assim evitaremos usar os outros, de humilhar os pobres com a nossa presunçosa caridade encharcada de egoísmo, apesar de ser enfeitada e embelezada com tanta aparência esquisita.

 

4.E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações” (1Ts1, 6).

Estas palavras de Paulo nos lembram que o amor não pode ficar somente como uma palavra bonita: deve ter alguém que a encarne e a viva. Somente assim podemos provocar o desejo de fazer o mesmo, de imitar. Se a característica da mística católica é a imitação, isso quer dizer que necessita de alguém que vista a camisa, como é costume dizer, ou seja, alguém que viva a aquilo que o Senhor viveu. Por essa razão é necessário acolher a Palavra, interiorizá-la, para que molde a consciência e provoque o desejo de seguir a trilha que Jesus deixou. A Igreja se constrói desse jeito, com pessoas que se decidem a viver aquilo que Jesus viveu. A Igreja cresce e se edifica com pessoas santas que com o exemplo apontam o caminho para os outros. Nada, então, daquele romantismo vazio que só atrapalha o sentido autentico da caminhada. Quem quiser aprende a amar do jeito que Jesus amou e colaborar a construção do Reino de Deus, que é o reino da justiça e do amor, deve ser disponível a enfrentar tantas e dolorosas tribulações. Tudo isso, porém, na certeza que: “Nada nos separará do amor de Cristo” (Rom 8,39). Amem.

Exaltação da santa cruz - 14 setembro




(Nm 21, 4-9; sal 78; Fil 2, 6-11; Jo 3, 13-17)

 

Paolo cugini

1. O tema deste domingo é um dos mais difíceis do Novo Testamento: é mesmo um mistério da historia da Salvação. De fato, a Cruz de Cristo constitui uma espécie de pedra de tropeço por todos aqueles que se aproximam á Igreja sem um conhecimento aprofundado do Evangelho. Todos conhecem a vida maravilhosa de Jesus, o seu anuncio do reino de Deus, a sua fome e sede de justiça e de paz. Poucos, porém, gostam de falar da sua paixão e morte na cruz. Parece mesmo que esta cruz de Cristo ficou engasgada na garganta e não desce. A final de conta poderíamos nos perguntar: porque foi necessário para o Filho do homem passar através da Cruz para salvar a humanidade? Esta salvação não podia acontecer de uma forma mais leve, menos radical? A morte de Cristo na cruz nos ensina o que de tão importante?

 

2.Deus amou tanto o mundo que deu o seu filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

O evangelista João não apenas aponta a cruz com necessária para salvação do mundo, mas a considera ligada ao amor. A cruz de Cristo é a manifestação do amor supremo de Deus para com a humanidade. Isso quer dizer que se quisermos conhecer o sentido profundo do amor de Deus devemos contemplar a cruz de Cristo: haja mistério mais complexo! Em primeiro lugar, João nos lembra que Jesus, o filho de Deus, foi uma dádiva de Deus. Isso quer dizer que não foi por acaso que Cristo veio ao mundo, e veio ao mundo daquele jeito pobre e despojado. Se Jesus é uma dádiva de Deus para a humanidade, isso quer dizer que podemos somente acolhê-la. Este é já um dato importante da fé. O mistério do amor de Deus é a nós doado em Jesus Cristo e isso quer dizer que não é o fruto de um nosso esforço pessoal, ou seja, não depende de nós. Aquilo que depende de nós é fazer espaço a Cristo para acolhê-lo assim como Ele é a nós doado. Insisto sobre este ponto porque é importante para depois entendermos o mistério da Cruz. De fato, se tanta resistência encontramos na vida corriqueira a entender mistério da paixão e morte da cruz de Cristo, se tantos questionamentos levantamos sobre isso, talvez seja porque ao em vez de escutar este mistério, em vez de acolhê-lo na sua realidade, queremos interpretá-lo, antecipá-lo com as nossas pequenas idéias religiosas e, por isso, resistimos á sua manifestação plena. Jesus é o dom que Deus fez para salvar a humanidade, e nos doou sue filho crucificado. O mistério da cruz, neste sentido, é a resposta a estupidez humana, a sua ufania e, ao mesmo tempo é o testemunho de um relacionamento filial. Se Jesus morreu na cruz foi exatamente por causa do imenso amor que ele tinha por o seu Pai. Ao mesmo tempo se o amor de Deus é ligado á cruz de Cristo isso quer dizer que o amor tem um dúplice sentido. O primeiro sentido é que o amor para ser autentico exige um relacionamento afetivo profundo, assim como foi o relacionamento de Jesus para com o seu Pai. Além disso, a cruz de Cristo nos revela que o amor autentico não para perante a nada, nem o sofrimento, nem a humilhação, nem a morte podem arrestar a força espantosa do amor. Nos momentos sofridos e tristes da nossa vida podemos avaliar a força do nosso amor com Deus. Em outras palavras, quem desiste não ama. Jesus é um exemplo porque nos mostrou que o relacionamento com Deus, do qual recebemos a vida eterna, não pode ser nunca um relacionamento formal, mas sim deve poder contar com o envolvimento de toda a nossa pessoa. Só assim termos chance de não desmoronar perante as dificuldades.

 

3.Jesus Cristo humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fil 2, 8).

Na segunda leitura de hoje Paulo revela um outro sentido da cruz de Cristo. Segundo Paulo na Cruz, Cristo manifestou em modo definitivo o sentido da sua vinda no mundo, do seu caminho de encarnação. Deus em Cristo se fez carne assumindo a nossa mesma natureza. Deus se fez igual ao homem, exceto o pecado, para que o homem se tornasse igual a Deus. O sentido da criação do homem á imagem de Deus é revelado plenamente e definitivamente em Cristo, na sua vinda, no seu jeito de viver e, sobretudo, de morrer. De fato, a morte de Cristo na cruz revela o mesmo sentido da encarnação, que é um caminho de abaixamento, de humilhação. Cristo vindo ao mundo se abaixou, se humilhou, para que o homem pudesse entender a sua mensagem. A morte na cruz, neste sentido, é o ultimo passo do caminho de abaixamento de Cristo, do seu esforço de chegar perto da humanidade para manifestar o quanto o Pai nos ama e, sem duvida nenhuma, não existe lugar mais intimo que não seja a mesma morte. Cristo, morrendo daquele jeito, mostrou para todos nós que nada existe na historia que possa nos afastar de Deus, nem mesmo a morte.

 

4.Por isso Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de tudo” (Fil 2, 9).

A vida eterna passa através de uma vida de despojamento e de obediência filial ao Pai: é este o ensinamento de Jesus. A vida eterna, a nossa ressurreição, a nossa vida perto de Deus se decide agora, nas decisões que tomamos no dia a dia. O Filho de Deus veio no mundo para traçar um caminho que toda a humanidade deve percorrer se quiser a vida eterna. Não é, de fato, qualquer vida que Deus ressuscitou, mas sim a vida do seu Filho Jesus, que viveu em continua obediência ao Pai, obediência não formal, mas sim filial. Jesus, de uma certa forma, abriu um caminho que devemos percorrer todos nós. A Igreja, neste sentido, evangeliza o mundo de verdade, não apenas quando proclama com os lábios os versículos do Evangelho, mas, sobretudo quando percorre o mesmo caminho de descida, humilhação e despojamento que Jesus percorreu. Pedimos a Deus, nesta Eucaristia, a força e a determinação, para continuarmos a percorrer o Caminho da cruz, o autentico caminho do amor.

 

 

 

 

Domingo XIX°/A

 



(1 Rs 19, 9.11-13; Sal 85; Rom 9, 1-5; Mt 14, 22-33)

 

Paolo Cugini

 

1. A nossa vida se decide na nossa confiança em Deus. A vida, a final de conta, é um problema de fé. Agimos conforme aquilo que acreditamos. Se tivermos a humildade de entrarmos em nós mesmos para analisarmos a fonte dos nossos atos, das nossas decisões, descobriremos a origem que impulsiona o nosso agir. Por isso é importante saber em que Deus acreditamos, e aonde o buscamos. As leituras de hoje nos ajudam bastante a esclarecer este assunto e é por esta razão que agora tentaremos aprofundá-las.

 

2.Depois do fogo ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isso, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta” (1Rs 19, 12-13).

Estes dois versículos fazem parte da narração do ciclo de Elias. O profeta, nas horas triste da persecução, se refugiou no deserto em busca de uma resposta de Deus. E Deus se apresentou. O interessante da narração é como Deus apareceu. Ele, de fato, não se manifestou em nenhuma das forças naturais que chamassem atenção, como o vento, o terremoto, o fogo, mas sim no murmúrio de uma leve brisa. Quer dizer isso? Em primeiro lugar, podemos dizer que esta manifestação de deus nos ensina a nos despir das nossas falsas idéias de Deus. Deus não está aonde a gente acha que seja: Deus é imprevisível. Isso requer, então, atenção, desejo de encontrá-lo, busca constante. A vida de fé é caracterizada por este caminho em busca de Deus, que nos convida a sair do comodismo das nossas opiniões mais ou menos erradas sobre Deus, para buscar o Deus verdadeiro, o Deus que se manifesta na historia através da sua Palavra. É só este Deus que nos salva e nos conduz no caminho de uma vida autentica. Em secundo lugar, a maneira de Deus se manifestar por Elias revela um dato importante, ou seja, que o encontro com Ele exige silêncio, atenção, desejo de encontrá-lo. Não podemos pensar de encontrar Deus na bagunça da nossa vida desordenada, feita de barulho, confusão. Deus se manifesta no silencio da montanha e no murmúrio de uma leve brisa que, para captá-lo precisa de um esforço pessoal, além de um clima especial de silêncio. Em ultimo lugar a experiência de Elias nos ensina que Deus para se manifestar ao homem não precisa das grandezas, das aparências. Aquilo que aconteceu com Elias é um traço típico do Deus da Bíblia, que escolhe aquilo que é humilde, silencioso, escondido, que não aparece para se manifestar à humanidade. É a lógica de Deus que confunde os nosso pensamentos humanos e nos provoca para irmos a sua procura não conforme os critérios humanos,mas para nos deixarmos conduzir, para aprendermos a ser dóceis a Ele, à sua Palavra.

 

3.Jesus subiu ao monte para orar a sós. A noite chegou e Jesus continuava ali, sozinho” (Mt 11, 23).

A mesma experiência de Elias a encontramos na vida de Jesus, com uma diferença. De fato, enquanto por Elias tratou-se de uma experiência toda especial, na vida de Jesus, o encontro com o seu Pai no silencio da noite é algo de natural, corriqueiro. Jesus é acostumado a rezar e noite, a se entregar na oração de noite, mergulhando no silencio. Acho este dato importantíssimo. Depois de um dia pesado – Jesus tinha acabado de realizar a multiplicação dos pães – Jesus busca logo o dialogo silencioso com o Pai, apontando para nós o caminho da oração autentica. Não podemos pensar de encontrar o Deus verdadeiro dedicando para ele poucos minutos dos nossos dias e, sobretudo, poucas orações repetidas de pressa. O relacionamento com Deus exige tempo e exige, sobretudo o desejo de encontrá-lo, de fazer a sua vontade. É isso que é visível na vida de Jesus, que constitui por nós um exemplo. Jesus em cada momento da sua vida nunca fez nada sozinho, mas sempre procurou a idéia do Pai, a sua vontade, a sua opinião. A oração de Jesus não é uma rotina, um dever para ser cumprido, mas sim um desejo profundo da alma, uma necessidade existencial. Na maneira de Jesus rezar, encontramos o caminho que devemos percorrer se quisermos aprender o justo relacionamento com Deus. Seguindo Jesus devemos aprender a buscar a Deus sempre, a buscá-lo com todas as nossas forças, para fazer de tudo para que Ele entre na nossa vida em qualquer momento. É este o grande ensinamento de Jesus: não somos sozinhos para enfrentar os problemas da nossa vida, mas temos um Deus que é um Pai para nós e, por isso, devemos nos acostumar a dialogar com Ele, a escutá-lo, a render sempre mais pessoal o nosso relacionamento para com Ele. Só desta maneira sairemos daquela religiosidade superficial que nos deixa sentados nesta vidinha amorfa, insossa, para caminharmos na busca de uma vida mais autentica, mais criativa, numa palavra, mais conforme ao ensinamento de Jesus.

 

4.Coragem sou eu não tenham medo” (Mt 14, 27).

A imagem central do Evangelho de hoje é extremamente rica de conteúdos pela nossa vida de fé. Perante uma situação de perigo representada pelo barco agitado por causa das ondas e do vento contrario, a narração mostra duas maneiras diferentes de agir. De um lado os discípulos apavorados também pela presença de Jesus que caminha sobre as águas, do outro o mesmo Jesus que perante esta situação permanece tranqüilo e caminha sobre as águas. A água do mar, no imaginário bíblico é o símbolo do caos, daquilo que é desconhecido e que inquieta. Isso vale ainda mais quando as águas são agitadas por causa do vento. Caminhando sobre elas Jesus mostra que existe uma maneira para dominá-las, para não deixar que o caos, as intempéries da vida atrapalhem a existência. Jesus entra no mar de madrugada, ás três horas da manhã, depois de ter passado horas dialogando com o Pai. O relacionamento profundo com Deus ajuda a ver as coisas de uma forma diferente d como o mundo a enxerga e, sobretudo, a não deixar que nada perturbe e desoriente o sentido da vida. Podemos viver no mundo, no meio das situações mais difíceis e complicadas sem deixar que estas mexem conosco, somente se tivermos um relacionamento profundo e autentico com o Senhor. Parece-me ser este o grande ensinamento do Evangelho de hoje. O grito do medo dos discípulos é o grito do medo de todo um povo que vive no mar da vida com auto-suficiência, se achando o dono da própria vida, vivendo o próprio relacionamento com Deus como algo de secundário, não importante. Somos e vivemos na medida que abrimos a nossa existência ao Senhor da vida e da historia: somente assim poderemos enfrentar as ondas do mar da vida com coragem, na certeza que que confia em Deus nunca ficará desamparado.

 

 

 

2 novembro Comemoração dos finados

 



(Jó 19, 1.23-27; Sal 27; Rom 5,5-11; Jo 6,37-40)

 

Paolo Cugini

 

1. Hoje a igreja celebra o dia dos finados, convidando todos os fieis a rezar pelas almas dos nossos queridos. Fazendo isso a Igreja manifesta a sua fé na Ressurreição do corpo e, também, a fé que depois da morte existe um tempo aonde as pessoas, na espera do julgamento final, podem serem ajudadas pelas orações da Igreja, a melhorar a própria condição de vida. Na comemoração dos defuntos a Igreja se apresenta ao mundo com uma proposta diferente sobe o tema crucial que preocupa toda a humanidade: a morte. Perante a morte ficamos desnorteados, apavorados, tristes. É isso que acontece perante a morte de um ente querido, um parente, um amigo: ficamos arrasados. A morte é um dos poucos dados inelutáveis da existência humana: tudo mundo vai morrer. É algo que nos entristece porque a morte quer dizer aniquilamento de tudo. Encarando a morte ficamos percebendo a futilidade dos nossos projetos e, sobretudo, como a nossa vida é frágil. Por isso aprendemos desde crianças, a não encarar a morte, a fugir dela. Pelo contrario o cristianismo faz questão de ajudar as pessoas a se confrontar com a própria morte, a olhá-la, para enfrentá-la de uma forma diferente. O que, então, o cristianismo tem a nos dizer sobre o tema da morte?

 

2. “Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no ultimo dia” (Jo 6,39).

Este versículo desmancha todas as idéias falsas sobre um Deus que destrói e acaba com a humanidade. Não, Deus deseja salvar a todos: pro isso mandou o seu Filho Jesus. É importante frisar isso para sairmos de uma religiosidade do medo de Deus, uma religiosidade de um Deus perseguidor, para entrarmos definitivamente na espiritualidade do Deus da vida, que é o Deus do amor, o Deus Pai que não quer que nenhum dos seus filhos se percam. A missão de Cristo na terra é esta: fazer de tudo para atrair os homens, as mulheres a Deus. E Jesus cumpre a sua missão não com um discurso persuasivo, mas com o único discurso que a humanidade toda sabe apreciar: o discurso do amor, do testemunho pessoal. Neste versículo Jesus sintetiza em poucas palavras o sentido da sua missão: fazer de tudo para que ninguém se perca. Para isso acontecer são fundamentais duas coisas: ver o Filho e crer nele (cf. Jo 6,40). É impossível, de fato, crer em Jesus sem vê-lo. Ao mesmo tempo, porém, temos dificuldade ver Jesus para acreditar nele. Como sair desta situação?

Esta é a tarefa da Igreja. Cristo se faz visível hoje toda vez que os cristãos se amam um o outro, se respeitam, partilham aquilo que têm. A Igreja é o corpo de Cristo visível na contemporaneidade. Por isso recebemos o seu espírito, para que suscite em nós os mesmos sentimentos, as mesmas atitudes, os mesmos sonhos que eram de Jesus. Só assim, a humanidade tem chance de salvar-se; só vendo na existência dos crentes o amor que se manifestou em Cristo poderá acreditar no Salvador e, assim, entrar no caminho da vida eterna.

Nessa altura é importante salientar que Jesus no Evangelho de hoje faz uma clara distinção entre vida eterna e ressurreição. A vida eterna pertence ao tempo presente, enquanto a ressurreição ao futuro: quer dizer isso? Como podemos falar agora, no tempo presente de vida eterna? Não é uma contradição, uma utopia? Se a vida eterna é a vida em Deus, aquela vida permeada do amor, da sede de justiça, do desejo e do esforço de realizar a paz entre todos, então a vida eterna começa no memento que acolhermos a vida plena do Senhor Jesus. A verdade de Cristo é esta: ele realiza em nós aquilo que aconteceu nele. É a nossa humanidade o espaço aonde a força de Deus, que se manifestou em Cristo realiza o seu prodígio, a sua verdade. É isso que deve ser visível em nós. Se nestes anos nos quais estamos nos dedicando a conhecer o Evangelho de Jesus, um pouco mais de amor não moldou a nossa humanidade, um pouco mais de vontade de justiça não entrou nos nossos desejos, então isso quer dizer que o Espírito Santo não encontrou muito espaço para moldar a nossa humanidade, permanecendo, assim, extremamente mortais.

 

3. “E eu o ressuscitarei no ultimo dia” (Jo 6,40b).

Se o efeito do seguimento a Jesus no tempo presente é uma vida eterna, ou seja, uma vida que manifeste na nossa humanidade os traços da humanidade de Cristo, diferente é o discurso do premio definitivo. A fé na ressurreição da carne é o centro do mistério cristão, pois é a fé no projeto de Deus, naquele projeto que encontramos nas primeiras paginas da Bíblia quando Deus criou o homem e a mulher a sua imagem e semelhança. Este projeto, estragado pelo pecado, é agora, em Cristo resgatado. A fé na ressurreição da carne manifesta, também, que no projeto de Deus o corpo é participe da vocação da pessoa, que é ao mesmo tempo corpo e alma. A fé na ressurreição da carne, quando for entendida no seu sentido mais profundo, deveria acabar com aquele espiritualismo vazio de cunho platônico, que incita o menosprezo do corpo como caminho para salvar a alma. São Paulo nos lembra que o corpo, longe de ser algo de negativo, é chamado por Deus a ser templo do Espírito Santo. Esta visão do corpo é muito longe daquilo que amiúde escutamos, também dentro da Igreja, de menosprezo do corpo. Acreditar no premio futuro da ressurreição da carne, significa se afastar das crenças espíritas da reencarnação. Não podemos, de fato, de um lado acreditar na ressurreição da carne e do outro, dar fé a crença da reencarnação, que nega a mesma ressurreição. A doutrina da reencarnação acredita que a alma, depois da morte, entra num outro corpo. Pelo contrario a fé na ressurreição acredita que o corpo pertence a mesma vocação da alma e que no ultimo dia ressurgirá de forma perfeita.

 

4. “A prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós quando éramos ainda pecadores” (Rom 5,8).

A fé na ressurreição não se fundamenta apenas num artigo dogmático, ma sim no nosso amor a Jesus Cristo, na sua pessoa. Por isso a liturgia de hoje, enquanto coloca na nossa frente o problema da nossa morte, nos convida a entrar no caminho da amizade intima de Cristo, para que o nosso conhecimento dele possa abrir a nossa mente aos mistérios profundos que Deus quis revelar através da sua existência. Somente assim poderemos entender que na realidade o mistério da morte não amedronta tão assim como somos acostumados a encará-la, mas que em Cristo, Deus nos ofereceu um caminho para sairmos vitoriosos com Ele. O problema é ter a coragem de abandonar o nosso medo, as nossa idéias, para entrarmos com coragem na trilha que Jesus traçou. Cabe a nós escolher. Amem.

 

Homilia do Domingo XXII/A

 



 

Paolo Cugini


1. O outro dia falando com um meu amigo, me disse que gostou de ver numa Igreja Jesus de braços aberto, ressuscitado. Até aqui tudo bem. Só que ele acrescentou algo que me deixou pensativo. Disse, de fato, que nas igrejas o crucifixo deveria ser escondido, para podemos anunciar um Jesus alegre. A proposta pode ser interessante e até seduzinte, mas esconde um dato inquietante, ou seja, a vontade de camuflar o Evangelho, de calá-lo. A cruz dói, machuca. O fato que cristo foi crucificado significa que algo não deu certo, não nele, mas na humanidade que o crucificou. E se a humanidade errou, crucifixo pendurado na parede é uma constante lembrança deste erro, que é o nosso. Este discurso serve para introduzir o dialogo entre Jesus e Pedro do Evangelho de hoje, um dialogo rico de indicações para nós cristãos que queremos seguir Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida.

 

2.Vai para longe, satanás! Tu es para mim uma pedra de tropeço porque não pensas coisas de Deus, mas sim, as coisas dos homens” (Mt 16, 23).

Este versículo de Jesus revela que o mistério da morte, do sofrimento, da paixão e da cruz de Jesus está dentro do plano de Deus, plano anunciado pelos profetas e realizado na historia através da existência de Jesus. Por isso o cristão se identifica como aquele que escuta a Palavra de Deus, e não questiona, mas deve busca simplesmente de se tornar dócil á Ela. O mistério da cruz esconde o mesmo mistério de Deus, o mistério do seu amor. A reação de Pedro perante a explanação deste mistério é compreensível, pois é humana, enquanto expressa a preocupação de um amigo que não quer que o próprio parceiro sofra. E compreensível mas não é conforme o pensamento de Deus, que não se deixa mergulhar nos eventos do presente, mas olha no futuro e nas profundezas da humanidade. Entrar no pensamento de Deus, nas coisas de Deus é o caminho que a humanidade, a Igreja deve realizar. Claramente este caminho não é fácil, porque depara e, ao mesmo momento se defronta com toda uma serie de elementos terrenos, que constituem a tradição humana. Em quanto o homem pensa e age conforme os instintos de sobrevivência que o levam a fugir dos sofrimentos, das situações perigosas, pelo contrario Deus pensa no horizonte da vida eterna, que amiúde passa também por caminhos tortuosos, imprevisíveis, como por exemplo, a cruz de Cristo. É dentro este mistério que Jesus no Evangelho quer nos conduzir.

 

3.Se alguém quer me seguir renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la” (Mt 16, 24-25).

As palavras de Jesus são radicais: não deixa espaço a mal entendidos. Se quisermos seguir a Jesus no Caminho da vida precisamos nos afastar dos nossos caminhos, que a luz do Evangelho, são caminhos de morte. Renunciar a si mesmo, como exigência fundamental do Evangelho, significa isso mesmo, abandonar os próprios projetos humanos, pois são sempre baseados sobre o próprio egoísmo. Renunciar a si mesmo significa renunciar as nossas estratégias de salvação, ou seja, aqueles mecanismos que ativamos para tirar a nossa vida dos perigos, tirar nosso corpo fora das situações constrangedoras, para nos preservarmos. Seguir a Jesus significa aprender a colocar toda a confiança nele, na sua proposta que nos leva no meio da disputa entre o bem e o mal. Seguir a Jesus significa aprender a viver no meio do fogo sem se queimar, viver no meio dos perigos sem nos machucar. Seguir Jesus significa aceitar de sermos insultados, pois sabemos que toda vez que fomos insultados por causa do evangelho, somos bem-aventurados. Quem desejar uma vida tranqüila, sem problema, distante das preocupações, não é feito pelo Reino dos céus. Alem disso, é bom salientar que a renuncia a si mesmo não é só uma decisão que uma pessoa toma uma vez para sempre, mas sim uma luta constante. Aprendemos a renunciar aos desejos do mundo, somente se tivermos a inteligência de preencher a nossa alma cotidianamente com os sonhos de Deus, que encontramos na Sua Palavra, participando das liturgias e da vida da comunidade.

 

4.Que adianta o homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que poderá alguém dae em troca de sua vida?” (Mt 16, 26).

É este o grande questionamento que Jesus dirige hoje para cada um de nós! Que adianta ganhar o mundo se depois perdemos a vida. Que adianta sermos considerados não sei o que pelo mundo e depois termo uma alma vazia. Estas de Jesus são perguntas cujo objetivo é nos alertar sobre o rumo que a nossa vida está tomando. A cada momento devemos nos perguntar se aquilo que estamos fazendo é no rumo da vida ou da morte, se os nossos planos são conforme o evangelho ou a mentalidade do mundo. Neste período eleitoral aonde muita gente endoida atrás de favores de candidatos, ou fica estressado pelo medo de perder as eleições, Jesus entra com este questionamento fortíssimo que tira do serio qualquer pessoa. Tudo aquilo que o mundo oferece não é nada mais que vaidade, pois não permanece no tempo, mas é destinado a perecer. Só Deus permanece para sempre. Só os Seus caminhos são caminhos de Vida verdadeira, que dura no tempo. Este é o grande desafio da vida cristã: resistir as aparências do mundo, agüentar a impressão, que em alguns momentos é fortíssima, de que a verdade está naquilo que o mundo fala. Mais uma vez: somente um constante contato com a vida de Deus, nos ajuda a desmascarar estas fantasias.

 

5. “Seduziste-me Senhor, e deixei-me seduzir; foste mais forte, tiveste mais poder” (Jer 20,7).

È isso que deve acontecer conosco: deixarmos que o Senhor nos seduza com o seu amor; deixar que nos atraia com os laços da Sua Palavra; fazer com que o Seu poder entre em nós e derrube as nossas resistências, o nosso egoísmo, o nosso orgulho. Viver a experiência cristã não como um dever ou uma obrigação, mas sim como uma historia de amor, que envolve todos os nossos sentidos, a nossa pessoa sem deixar nada fora. Que esta Eucaristia nos encontre desta forma, nos seduza para podermos viver a semana toda com o fogo na alma do amor de Deus.

 

 

Domingo XXIX/A

 



(Is 45, 1.4-6; Sal 96; 1Ts 1,1-5; Mt 22,15-21)

 

Paolo Cugini

1. O tema da liturgia da Palavra de hoje é extremamente atual e de grande importância na vida da comunidade. Seja a primeira leitura que o Evangelho falam do delicado problema entre a política e a religião, entre poder político e poder religioso. Tema importante visto que acabamos de sair de um processo eleitoral que em muitas maneiras nos envolveu e que tantos sofrimentos provocou dentro da comunidade. Quantos questionamentos entre os cristãos: é licito que a Igreja se meta na política? Qual seria a atitude de Jesus perante este problema? E também o que nos ensina a Palavra de Deus sobre este tema delicado do relacionamento entre poder político e poder religioso? As leituras de hoje sem duvida nos ajudam a entrar no problema purificando as nossas idéias humanas e, de certa forma, interesseiras.

 

2.Isto diz o Senhor sobre Ciro, seu ungido: ‘Tomei-o pela mão para submeter os povos ao seu domínio, dobrar o orgulho dos reis” (Is 45, 1).

A primeira leitura nos apresenta o caso de um rei, Ciro que foi suscitado por JHWH não para ferir o povo de Israel, com já no passado tinha acontecido com os reis Senaquerib e Nabucodonosor, mas para libertá-lo. Além disso, este rei Ciro é chamado pelo profeta de ‘ungido’, da mesma forma que será chamado o futuro Messias, Jesus, o ungido de Deus, o libertador da humanidade. A Palavra de Deus nos convida, assim, a olhar neste rei, não apenas para o seu alcance histórico imediato, como libertador do povo de Israel que naquela época – o sexto século antes de Cristo – se encontrava no cativeiro do exílio em Babilônia, mas naquilo que esta libertação pode representar dentro o quadro do plano de Deus. Desta maneira, um evento político bem determinado, com um líder político especifico, é colocado pela mesmo Palavra de Deus como símbolo de libertação que antecipa a libertação definitiva do Filho de Deus, Jesus Cristo.

 Que ensinamentos podem trazer desta pagina?  Em primeiro lugar a Palavra de Deus nos ensina a considerar a historia humana como o espaço da intervenção libertadora de Deus. Se o mundo existe, se a humanidade existe é porque Deus quis com um ato criativo livre. Esta criatividade não é um ato definitivo colocado no inicio dos tempos e depois largado ao arbítrio de quem quiser. Deus é presente na historia dos homens e das mulheres e se serve de qualquer coisa para manifestara sua presença. A política, neste sentido, não foge ao plano de Deus, seja no mal como no bem. No mal quando Deus utiliza, por assim dizer, políticos, reis cruéis para castigar o seu povo rebelde. No bem quando decide de libertar Israel das amarras do poder autoritário e tirano. Foi assim na época de Moisés, quando Deus ouviu o grito desesperado do povo, e foi assim na época do Exílio em Babilônia, quando JHWH enviou o rei Ciro, como acabamos e ouvir. Deus nos acompanha na historia cotidiana: nos deixa livres, mas coloca a nossa disposição os instrumentos para sairmos das situações de opressão. Com Jesus, Deus ofereceu tudo aquilo que tinha a disposição para realizar a salvação da humanidade. O problema é saber se temos consciência disso e se estamos utilizando estes meios de salvação que nos são oferecidos gratuitamente.

 

3.Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 21).

Numa leitura superficial este versículo aparenta dar razão àquelas pessoas que sustentam que a Igreja não deve se meter em política e que a religião não tem nada a ver com a política. Na realidade é preciso considerar o versículo no contexto cultural semítico no qual foi pronunciado. De fato, ambiente semítico numa frase composta de duas proposições, o conteúdo daquilo que se entende dizer é colocado na segunda parte. Assim, na colocação de Jesus não devemos nos perguntar o que devemos a César, mas sim o que devemos a Deus. Então, podemos nos perguntar: o que devemos a Deus? A reposta imediata é: tudo! É Ele o Senhor do universo, tudo é dele e tudo devemos dar de volta a Ele. A vida que vivemos, o alimento de cada dia, o ar que respiramos: tudo é de Deus, fruto da sua grande bondade. E ali vem o problema. Se devemos dar tudo a Deus, então, vamos dar o que a César? O enigma virou em favor de Deus. Aquilo que a uma leitura superficial parecia apontar por uma igual divisão dos bens, nesta perspectiva tipicamente bíblica, a balança pende totalmente para o lado de Deus. Então, mais uma vez, nos perguntamos: se tudo é de Deus e tudo devemos a Ele, vamos dar o que a César? A tentação imediata seria aquela de dizer: nada! Na realidade não é assim, pelo menos não parece ser assim aquilo que Jesus quis dizer. Se devemos dar tudo a Deus, porque tudo é dele, a César, que é o símbolo do Estado, devemos dar Deus. É este o sentido profundo do Evangelho de hoje. Nós cristãos não podemos entrar no mundo, no Estado, na política, de mãos vazias, mas sim com aquele estilo de vida que o Senhor nos ensinou. É por essa razão que a Igreja católica toda vez que tem uma eleição política nos orienta a doar o jeito de Deus votar, para o mundo. E assim, se vivemos em um mundo corrupto, um mundo feito de injustiças, um mundo que considera as pessoas como uma coisa material, á qual podemos até atribuir um preço – pois é esta a terrível realidade escondida na mesquinha moda da compra de voto -, nós entramos neste mundo perdido com alógica de Deus, que nos ensina que cada um de nós e único e irepetivel, pois fomos criados a imagem e semelhança de Deus.

 

4.Mestre, sabemos que es verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus” (Mt 22, 16).

Estas palavras, pronunciadas pelos fariseus com o objetivo de colocar uma armadilha para Jesus, revelam na realidade o sentido verdadeiro da presença de Jesus no mundo. O problema é que talvez, também nós como os fariseus do Evangelho de hoje, não levamos muito a serio a sua proposta, ficando assim, presos nas nossas idéias preconceituosas. Pedimos, então, ao Divino Espírito Santo que nos ilumine, que provoque o desejo de uma vida sempre mais parecida como aquela de Jesus. Procuremos ao longo desta semana buscar a palavra de Jesus para entrarmos no Caminho que Ele mesmo percorreu: o caminho do amor e da justiça.

 

 

ATOS DOS APÓSTOLOS CAPITULO 13

 

 


Estudo bíblico para CEBs

 

Paolo Cugini

1-12. É o Espírito Santo o grande protagonista da formação da Igreja! Sem dúvida a maneira do Espírito Santo se comunicar com Paulo é de forma mediada, ou seja, através de pessoas ou eventos, mas é interessante a consciência que a primeira comunidade tem de que tudo aquilo que está acontecendo é obra do Espírito Santo. É Ele que fala aos discípulos e os envia na missão. É o reconhecimento que atrás de decisões humanas é o Espírito Santo que está agindo. Além disso, é sempre o Espírito Santo que dá a Paulo a coragem de passar a verdade na cara ao Mago Elimas a verdade. “Homem cheio de toda falsidade e toda malicia”. Precisamos estar abertos à ação do Espírito Santo se quisermos que os nossos atos sejam o reflexo da sua presença na nossa vida.

13-44. Aqui encontram mais uma pregação típica da primeira comunidade. Diante dos judeus, Paulo lembra para eles a história da salvação desde a saída do Egito até a morte de Cristo. Interessante que Paulo, nesta pregação, inclui também o trabalho missionário que os apóstolos estão realizando. “Quanto a nós anunciamos a Boa Nova” (13,32). Mais uma vez foi uma pregação que deu certo, pois o texto relata a conversão de muitos judeus.

Toda a cidade se reuniu para ouvir a Palavra de Deus” (13,44). A maneira nova de Paulo pregar chama a atenção do povo. De maneira se trata? É a capacidade de Paulo de ligar na pregação os fatos do passado com o presente da história, a atualidade. O povo, escutando Paulo, percebe que a vida deles está incluída no plano de Deus, por isso sentem a vontade de escutar a pregação de Paul, pois recebem indicações concretas sobre o sentido da vida.

É claro que o trabalho de Paulo e Barnabé provocou o ciúme dos judeus, os quais fizeram de tudo para atrapalhar o trabalho missionário deles. A Decisão de Paulo de ir para outros lugares, significa que os missionários não são chamados para fazer a cabeça das pessoas e, além do mais, para acolher o Evangelho precisa da liberdade. Ninguém pode se converter com a força. Foi por causa da resistência do judeus que os discípulos perceberam que Deus tinha decidido de espalhar o Evangelho para todos os povos da terra. “Desse modo, a Palavra do Senhor se espalhava por toda a terra” (13,49). Mais uma vez fica claro que os métodos de Deus não são os nossos, pois a Palavra de Deus não se espalhava por causa de um planejamento, mas sim devido às circunstancias hostis que a primeira pregação encontrou no mundo judaico.  

ATOS DOS APÓSTOLOS CAPITULO 12



Estudo bíblico para CEBs

 

Paolo Cugini

1-11. É uma narração sobre a perseguição que se espalhou por toda a Judeia contra os cristãos, não apenas os fieis, mas também os chefes. Mataram Tiago o irmão de João e botaram Pedro, o chefe da Igreja, na prisão. A presença dos cristãos estava incomodando o império romano, que tem poder sobre os homens, mas não sobre Deus. A libertação prodigiosa de Pedro operada por meio de um anjo de deus quer salientar este dato importante: É Deus o Senhor da História, é Ele que decide o rumo da história. O mesmo Pedro fica meio perdido no meio desta libertação prodígios e somente no final percebe que tudo aquilo que estava acontecendo era real. “Agora sei realmente que o Senhor enviou um anjo” (At 12,11). Quantos anjos o Senhor manda na nossa vida para nos libertarmos de situações constrangedoras e não o agradecemos, porque não somos atentos à sua presença e às suas manifestações.

12-19. Cena muito engraçada. Pedro prodigiosamente libertado se dirige de noite numa casa de amigos, que estavam reunidos rezando pela libertação de Pedro. É bonito ver a comunhão da Igreja reunida em oração, lutando contra as forças do mundo não com as armas dele, mas sim com a simplicidade da oração. E assim é tanta a surpresa e a alegria de ver Pedro que, a criada de nome Roda que atendeu a porta esqueceu de abrir e foi logo contar que Pedro estava lá fora! Significativo também que no texto é dado o nome à criada, sinal de dignidade e que na Igreja si vive mesmo aquilo que o Espírito manifesta: a dignidade de todos e todas.

20-23. A morte misteriosa de Herodes, o grande e terrível perseguidor dos cristão, confirma aquilo que acabamos de dizer: É Deus o dono da História. Por isso valem ainda hoje as Palavras de Jesus: “Não tenhais medo dos que matam o corpo e depois disso nada mais podem fazer... Não tenhais medo!” (Lc 12, 4.7). Abraçar a fé em Jesus significa ter a coragem de enfrentar os lobos rapazes deste mundo que não gostam de Deus e dos seus seguidores. É o Espírito Santo, grande protagonista do livro dos Atos dos Apóstolos que estamos comentando, que impele em nós a força e a coragem para testemunharmos com fé a vitória de Cristo sobre a morte.

24-25. “Entretanto a Palavra de Deus crescia e se multiplicava”. Isso quer dizer que apesar dos contrastes e das perseguições sofridas, a Palavra de Deus avançava nos corações das pessoas e provocava mudanças de vidas. Como já vimos na vida da Igreja as perseguições provocam o fortalecimento da comunidade.

ATOS DOS APÓSTOLOS CAPITULO 11

 

        


Estudo bíblico para CEBs

Paolo Cugini

1-18. Pedro explica para os apóstolos de Jerusalém o evento de um pagão (Cornélio) batizado. Na primeira fase do cristianismo, como é possível perceber nestes capítulos iniciais, A Igreja de Jerusalém era a mais importante, também porque foi a primeira a ser fundada. Além disso, os apóstolos moravam lá e toda obra missionária tinha sempre como referencia a Igreja de Jerusalém e os Apóstolos. Não de estranhar o fato que os Apóstolos não tinham ainda entendido que a salvação era oferecida para todos e não apenas para os judeus. De fato, o mesmo Jesus em algumas ocasiões tinha falado que Ele foi enviado antes de tudo pelas ovelhas perdidas da casa de Israel (). É nestes contextos que podemos entender a ação do Espírito Santo, que ajuda os cristãos a entender na plenitude a vontade de Deus que se manifestou nas palavras e nas obras de Jesus. A Palavra de Jesus não é morta, um documento do passado, mas viva e eficaz pela ação do Espírito Santo. “Desceu o Espírito Santo sobre eles, assim como sobre nós no principio” (At 10,15).

Esta descoberta manifestada por obra do Espírito Santo ajuda os Apóstolos e toda a Igreja a entender outra grande questão. Os Hebreus não podia comer certo tipo de carne. O fato que os primeiros cristãos eram todos de origem hebraica, fazia com que trouxessem por dentro do cristianismo muitas doutrinas do hebraísmo, entre elas as prescrições alimentares. “Ao que Deus purificou não chames tu de profano”. Na nova Aliança inaugurada por Cristo nenhum alimento é impuro, por isso podemos comer qualquer coisa sem problemas. É estranho, portanto, que depois de tantos séculos tem ainda pessoas que se dizem cristão, que leram estes passos bíblicos e vivem com a proibição de alguns alimentos como a carne de porco. At 11 sobre este assunto é bem claro.

19-26. A comunidade de Antioquia foi fundada com o pessoal que fugiu da perseguição começada na época do martírio de Estevão (Capitulo 7). Podemos mesmo afirmar que não perderam tempo! “Falaram também aos gregos anunciando-lhes a Boa nova de Jesus”. A pregação da Palavra provoca a conversão de muitas pessoas. A Igreja de Jerusalém, que como vimos nesta primeira fase era o centro da vida da Igreja enviou Barnabé para fortalecer o trabalho missionário e Barnabé foi atrás de Paulo em Tarso. É fascinante escutar o testemunho das premerias comunidades cristãs e dos primeiros missionários, que com muito amor e zelo se dedicavam ao anuncio do Evangelho.

27-30. O profetismo é uma característica das primeiras comunidades cristãs. Estes profetas, assim como os profetas do Antigo Testamento, tem um cunho carismático, falam em nome de Deus sob a ação do Espírito Santo, ajudam o povo a interpretar os sinais dos tempos. Neste caso especifico o profeta Ágado alerta sobre uma iminente carestia. Nestes versículos aparece pela primeira vez a palavra: presbíteros, que em grego que dizer anciãos. Estes anciãos são os responsáveis das comunidades cristãs. A função do padre na comunidade é exatamente esta: ser o ancião (presbítero) na comunidade, não no sentido biográfico (idade), mas sim espiritual, ou seja aquele que recebeu o mandato de orientar espiritualmente a comunidade. Quando os nossos irmãos evangélicos dizem que a palavra padre não existe na bíblia é porque não conhecem o grego e nem a história da Igreja. Bastaria somente ler este versículo.

ATOS DOS APÓSTOLOS CAPITULO 10

 

        


Estudo bíblico para CEBs

Paolo Cugini

1-33. A conversão de Cornélio, um centurião romano, um pagão, ou seja uma pessoa que não pertencia ao povo eleito, o povo hebraico, não é um simples ato individual, mas tem uma abrangência universal. A conversão de Cornélio é o sinal que em Jesus Cristo Deus decidiu de chamar à salvação todos os povos. É a dimensão universal da salvação. Dai o nome de católica (= universal) à Igreja, frisando este dado importante, ou seja, que o caminho da salvação não exclusivo para alguém, mas é oferecido para todos e todas em Cristo Jesus. Este alcance universal da salvação se deduz da mesma narrativa e de sua insistência nas visões de Pedro e de Cornélio.

Interessante também salientar um dato importante desta narrativa, ou seja, as visões. Pedro e Cornélio recebem visões, nas quais percebem a vontade de Deus. A nossa mentalidade materialista tem dificuldade a acreditar nisso. O fato é Deus que escolhe a maneira de entrar em contato conosco. A Bíblia é cheia de pessoas que recebem a vontade de Deus em sonhos ou em visões. Um exemplo disso é José, o Pai de Jesus. Com relata o Evangelho de Matheus, toda vez que Deus que manifestar a própria vontade para José é através do sonho (Mt 1-3). Sonhos e visões são formas escolhidas por deus de entrar em contato conosco. É claro que para entender isso precisa de uma alma pura, sensível ao chamado de Deus, uma alma que todo dia é acostumada a aprimorar a própria vida interior.

Outro dado interessante da narração: Cornélio envolve toda a família e os amigos para o encontro com Pedro, que teria terminado no batismo. A vida cristã se vive na comunidade e, a verdade do nosso seguimento ao Senhor se mede também na nossa capacidade de envolver as pessoas mais próximas como amigos e parentes.

34-48. A pregação de Pedro não é nada mais que a narração da vida de Jesus, desde o começo até a morte e ressurreição. A pregação começa com a grande intuição que o centro de todo o capitulo 10: “Deus não faz acepção de pessoas, mas em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça, lhe é agradável” (10, 34).

 Pregação muita boa aquela de Pedro, pois desemboca primeiro na descida do Espírito Santo e depois no pedido do Batismo. Palavra e Espirito são os dois canais privilegiados para que o sacramento do Batismo possa brotar frutos de Santidade nas pessoas que o recebem. No texto que estamos analisando o Batismo é a adesão de uma nova vida, uma nova maneira de pensar, que contrasta com o estilo do mundo. De fato, se no mundo as pessoas se separam e dividem em grupos antagonistas, na história que acabamos de ler fica claro que todos somos irmão e irmão, pois ninguém é excluído no Reino de Deus. Pedimos a Deus que nos ajude a viver neste espirito novo.

ATOS DOS APÓSTOLOS CAPITULO 9





Estudo bíblico para CEBs

Paolo Cugini

1-19. O encontro de Paulo com o Senhor muda radicalmente a sua vida. E, assim, de perseguidor dos cristãos, se torna o grande Apóstolo e missionário da Igreja a serviço do Evangelho de Jesus. Sem duvida nenhuma a vocação de Paulo nasceu de uma experiência prodigiosa, um chamado forte e claro. Isso não deve tirar nada da dinâmica da vocação. O encontro com Jesus, quando é autentico, deve provocar uma mudança de vida e de atitudes e, ao mesmo tempo, a disponibilidade ao anuncio do Evangelho.

15. “Este homem é para mim um instrumento para levar o meu nome diante das nações pagãs, dos reis e dos israelitas”. Os critérios de Deus escolher não são os nossos, também porque não são méritos humanos, o títulos mundanos que decidem o seguimento à Jesus, mas outros critérios que estão na mente de Deus. A nós cabe apenas escutar o chamado e aceita-lo ou recusá-lo.

18. “Logo caíram-lhe dos olhos uma como escamas”. O processo de conversão é como passar das trevas à luz, é um voltar a ver com olhos novos, é enxergar a realidade com olhos novos.

20-31. O processo de conversão não é imediato, de um dia para o outro, mas a assimilação da novidade do Evangelho, da proposta de vida nova de Jesus exige tempo e dedicação. Paulo, logo a pós o encontro prodigioso com Jesus, passa um tempo refletindo sobre a novidade da proposta do Senhor, e depois foi para Jerusalém a conversar com os Apóstolos do Senhor para melhor entender a proposta de Jesus. Interessante é notar que Paulo não começou a pregar o Evangelho nas sinagogas – eram as capelas dos Hebreus – depois do período de reflexão, mas já neste período. Isso quer dizer que a mesma pregação, o mesmo anuncio do Evangelho faz parte da nossa preparação. Interessante notar que, como aconteceu com Jesus, também Paulo provocou o ódio dos Hebreus que logo se articularam para mata-lo. O motivo deste ódio é claríssimo. De fato, Paulo, não era qualquer um, mas sim um dos discípulos prediletos de Gamaliel, doutor da Lei e muito respeitado pelo povo (cf. At 5,34). A pregação de Paulo estava provocando muita confusão nas fileiras dos hebreus, pois se questionavam como uma pessoa tão culta e esclarecida sobre a Sagrada Escritura pudesse entrar no caminho dos cristãos. O foco da pregação de Paulo era exatamente isso: com a Bíblia na mão, que ele conhecia muito bem, demostrava utilizando os textos do Antigo Testamento, que Jesus era o Cristo (At 9, 22), ou seja, o Messias que os profetas tinham anunciado. Não de estranhar também a resistência dos discípulos de Jerusalém a respeito de Paulo (Versículo 26), porque a fama de grande perseguidor dos cristãos tinha-se espalhado por toda a região.

32-43. Aqui são narrados dois milagres de Pedro. O poder de Jesus de fazer milagres é repassado na primeira geração de discípulos e, em modo especial entre os 12 Apóstolos. Este poder não se encontrará mais nas gerações sucessivas, a não ser em casos especiais. Os milagres são sinais que deviam induzir as pessoas à acreditarem na Palavra anunciada. Hoje somos convidados a realizar outro tipo de sinais para dar força à palavra que anunciamos. São os sinais da comunhão entre nós, da partilha com os mais pobres, do zelo para com as pessoas doentes e idosas da comunidade que oferecem credibilidade à nossa ação litúrgica. 

 

 

ATOS DOS APÓSTOLOS CAPITULO 8

 



Estudo bíblico para CEBs

Paolo Cugini

1-3. Interessante observar que a expansão da Igreja não acontece por causa de um planejamento bem estudado, mas por causa da perseguição. A Igreja se estendeu pelas regiões da Judeia e da Samaria por causa da perseguição contra a Igreja de Jerusalém. Esta é a assim chamada a segunda etapa da expansão da Igreja (cf.At  1,8).


4-8.Entretanto os que haviam sido dispersos iam de lugar em lugar, anunciando a Palavra da Boa Nova”. Os primeiros cristãos transformavam situações humanamente negativas, como uma perseguição, em ocasiões para pregar o Evangelho. Os sinais que os discípulos realizavam se tornavam instrumento de conversão, porque davam valor às Palavras que pregavam. Sem duvida hoje não somos chamados a realizar este tipo de sinais, como cura e milagre, mas outros sinais como a comunhão na comunidade, a partilha com os mais pobres, a gratuidade no nosso serviço. São estes os sinais que rendem visível a Verdade da Palavra que estamos anunciando.

9-25. O caso de Simão o mago narrado neste trecho mostra a realidade religiosa que o cristianismo das origens teve que enfrentar. A magia era o grande cerne da religião, a capacidade de realizar prodígios era o sinal da verdade dos deuses (religião politeísta). A força do Espírito Santo, que na primeira fase da Igreja se manifestou também com sinais e milagres prodigiosos realizados pelos apóstolos e discípulos, provocou rapidamente o fim das religiões milagreiras. O exemplo de Simão mostra também até onde chegava a ignorância religiosa. Foi exatamente a partir deste episodio, aonde Simão tenta comprar com dinheiro o Espirito Santo, que nasceu a palavra simonia, para apontar o comercio das coisas santas que se difundiu no Ocidente medieval na época da construção da igreja de São Pedro em Roma. O episodio nos ensina que os dons de Deus são gratuitos e, para recebê-los, precisamos somente acolhe-los com um caminho de conversão e humildade.

26-35. Filipe, um dos diáconos que foi escolhido para servir as mesas dos pobres (capitulo 6) tinha também o dom da Palavra como Estevão (c. 7). Impelido pelo Espírito Santo se aproximou de um estrangeiro que estava lendo um trecho de Isaias, o capitulo 53, que fala do servo de Deus, mas não estava entendendo nada. “Entende o que lês? Como posso entender se ninguém me explicar?”. É esta a função da uma comunidade: explicar a Palavra de Deus aos fieis. “Abrindo então a boca e partindo deste trecho da escritura Filipe anunciou-lhe a boa Nova de Jesus”. É uma afirmação rica de sentido pela nossa caminhada. Talvez alguém pode duvidar sobre o sentido do Estudo Bíblico que estamos realizando. Alguém pode pensar que seja invenção do padre. Não, não é invenção do padre, é uma necessidade da Igreja, aliás é exatamente aquilo que a Igreja deve fazer: explicar a Sagrada Escritura. É claro que para fazer isso exige conhecimento. Por isso é bom que dentro da comunidade alguém desperte o interesse pelo estudo mais aprofundado da Palavra de Deus para ajudar os outros a entender melhor. O texto que acabamos de ler mostra que as paginas do Antigo Testamento são importante para aprofundar o conhecimento de Jesus, pois o Filho de Deus não veio a toa, mas dentro de um projeto divino que iniciou muitos séculos antes.

36-40. O Batismo é realizado depois de Filipe ter explicado a Sagrada Escritura para o estrangeiro. Isso quer dizer que o Batismo não é apenas um rito formal, mas sim a porta de entrada de uma caminhada de fé à qual devo aderir com todas as minhas forças e, para isso, devo compreender. Por isso a Igreja exige para batizar crianças a participação dos pais e dos padrinhos na caminhada da Igreja, pressupondo neles um certo conhecimento de Jesus e da vivencia na Igreja.