(Nm 21, 4-9; sal 78; Fil 2, 6-11;
Jo 3, 13-17)
Paolo cugini
1. O tema
deste domingo é um dos mais difíceis do Novo Testamento: é mesmo um mistério da
historia da Salvação. De fato, a Cruz de Cristo constitui uma espécie de pedra
de tropeço por todos aqueles que se aproximam á Igreja sem um conhecimento
aprofundado do Evangelho. Todos conhecem a vida maravilhosa de Jesus, o seu
anuncio do reino de Deus, a sua fome e sede de justiça e de paz. Poucos, porém,
gostam de falar da sua paixão e morte na cruz. Parece mesmo que esta cruz de
Cristo ficou engasgada na garganta e não desce. A final de conta poderíamos nos
perguntar: porque foi necessário para o Filho do homem passar através da Cruz
para salvar a humanidade? Esta salvação não podia acontecer de uma forma mais
leve, menos radical? A morte de Cristo na cruz nos ensina o que de tão
importante?
2. “Deus amou tanto o mundo que deu o seu filho
unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”
(Jo 3,16).
O
evangelista João não apenas aponta a cruz com necessária para salvação do
mundo, mas a considera ligada ao amor. A cruz de Cristo é a manifestação do
amor supremo de Deus para com a humanidade. Isso quer dizer que se quisermos
conhecer o sentido profundo do amor de Deus devemos contemplar a cruz de
Cristo: haja mistério mais complexo! Em primeiro lugar, João nos lembra que
Jesus, o filho de Deus, foi uma dádiva de Deus. Isso quer dizer que não foi por
acaso que Cristo veio ao mundo, e veio ao mundo daquele jeito pobre e
despojado. Se Jesus é uma dádiva de Deus para a humanidade, isso quer dizer que
podemos somente acolhê-la. Este é já um dato importante da fé. O mistério do
amor de Deus é a nós doado em Jesus Cristo e isso quer dizer que não é o fruto
de um nosso esforço pessoal, ou seja, não depende de nós. Aquilo que depende de
nós é fazer espaço a Cristo para acolhê-lo assim como Ele é a nós doado.
Insisto sobre este ponto porque é importante para depois entendermos o mistério
da Cruz. De fato, se tanta resistência encontramos na vida corriqueira a
entender mistério da paixão e morte da cruz de Cristo, se tantos
questionamentos levantamos sobre isso, talvez seja porque ao em vez de escutar
este mistério, em vez de acolhê-lo na sua realidade, queremos interpretá-lo, antecipá-lo
com as nossas pequenas idéias religiosas e, por isso, resistimos á sua
manifestação plena. Jesus é o dom que Deus fez para salvar a humanidade, e nos
doou sue filho crucificado. O mistério da cruz, neste sentido, é a resposta a
estupidez humana, a sua ufania e, ao mesmo tempo é o testemunho de um
relacionamento filial. Se Jesus morreu na cruz foi exatamente por causa do
imenso amor que ele tinha por o seu Pai. Ao mesmo tempo se o amor de Deus é
ligado á cruz de Cristo isso quer dizer que o amor tem um dúplice sentido. O
primeiro sentido é que o amor para ser autentico exige um relacionamento
afetivo profundo, assim como foi o relacionamento de Jesus para com o seu Pai.
Além disso, a cruz de Cristo nos revela que o amor autentico não para perante a
nada, nem o sofrimento, nem a humilhação, nem a morte podem arrestar a força
espantosa do amor. Nos momentos sofridos e tristes da nossa vida podemos
avaliar a força do nosso amor com Deus. Em outras palavras, quem desiste não
ama. Jesus é um exemplo porque nos mostrou que o relacionamento com Deus, do
qual recebemos a vida eterna, não pode ser nunca um relacionamento formal, mas
sim deve poder contar com o envolvimento de toda a nossa pessoa. Só assim
termos chance de não desmoronar perante as dificuldades.
3. “Jesus Cristo humilhou-se a si mesmo,
fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fil 2, 8).
Na
segunda leitura de hoje Paulo revela um outro sentido da cruz de Cristo.
Segundo Paulo na Cruz, Cristo manifestou em modo definitivo o sentido da sua
vinda no mundo, do seu caminho de encarnação. Deus em Cristo se fez carne
assumindo a nossa mesma natureza. Deus se fez igual ao homem, exceto o pecado,
para que o homem se tornasse igual a Deus. O sentido da criação do homem á imagem
de Deus é revelado plenamente e definitivamente em Cristo, na sua vinda, no seu
jeito de viver e, sobretudo, de morrer. De fato, a morte de Cristo na cruz
revela o mesmo sentido da encarnação, que é um caminho de abaixamento, de
humilhação. Cristo vindo ao mundo se abaixou, se humilhou, para que o homem
pudesse entender a sua mensagem. A morte na cruz, neste sentido, é o ultimo
passo do caminho de abaixamento de Cristo, do seu esforço de chegar perto da
humanidade para manifestar o quanto o Pai nos ama e, sem duvida nenhuma, não
existe lugar mais intimo que não seja a mesma morte. Cristo, morrendo daquele
jeito, mostrou para todos nós que nada existe na historia que possa nos afastar
de Deus, nem mesmo a morte.
4. “Por isso Deus o exaltou acima de tudo e lhe
deu o nome que está acima de tudo” (Fil 2, 9).
A
vida eterna passa através de uma vida de despojamento e de obediência filial ao
Pai: é este o ensinamento de Jesus. A vida eterna, a nossa ressurreição, a
nossa vida perto de Deus se decide agora, nas decisões que tomamos no dia a
dia. O Filho de Deus veio no mundo para traçar um caminho que toda a humanidade
deve percorrer se quiser a vida eterna. Não é, de fato, qualquer vida que Deus
ressuscitou, mas sim a vida do seu Filho Jesus, que viveu em continua
obediência ao Pai, obediência não formal, mas sim filial. Jesus, de uma certa
forma, abriu um caminho que devemos percorrer todos nós. A Igreja, neste
sentido, evangeliza o mundo de verdade, não apenas quando proclama com os
lábios os versículos do Evangelho, mas, sobretudo quando percorre o mesmo
caminho de descida, humilhação e despojamento que Jesus percorreu. Pedimos a
Deus, nesta Eucaristia, a força e a determinação, para continuarmos a percorrer
o Caminho da cruz, o autentico caminho do amor.
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