sabato 24 agosto 2024

DOMINGO XXII/B

 




(Dt 4,1-2.6-8; Sl 14; Tg 1,17-18.21b-22.27; Mc 7,1-8.14-15.21-23)

 

Paulo Cugini

 

      Homem e mulher buscam a religião para dar sentido à vida, pois, ao longo do caminho, percebemos que a vida não tem sentido quando se baseia apenas em coisas materiais. Precisamos de significados que vão além dos dados sensíveis, que orientem a existência dando-lhe sabor, um significado profundo. Pois bem, a religião costuma oferecer esses conteúdos que ajudam a humanidade a caminhar com a mente aberta e voltada para o céu. Porém, não basta seguir uma religião para se sentir feliz, para ter sentido na vida. Isto é o que Jesus parece nos dizer no Evangelho de hoje. Há caminhos que se passam por realidades que vêm de Deus e, pelo contrário, nada mais são do que necessidades humanas. Se por um lado é importante e correto tentar dar sabor à existência através dos conteúdos de uma religião, por outro é preciso ter cuidado para não correr o risco de orientar a vida por caminhos negativos, que em vez de ampliarem o sentido do caminho, diminuem-no. Como você entende se o caminho percorrido é o certo? Há algum critério?

Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram,
ensinando doutrinas que são preceitos de homens.” Ao negligenciar o mandamento de Deus, observais a tradição dos homens
 (Mc 7, 6-8).

      Diante da censura dos fariseus aos discípulos de Jesus, que comiam com as mãos sujas, o que para eles significava mãos impuras, Jesus oferece uma resposta cheia de indicações importantes. Os fariseus referem-se aos capítulos do livro de Levítico que falam dos critérios que indicam a impureza de uma pessoa, alimentos e animais que não podem ser consumidos. Segundo Jesus, essas indicações, apresentadas como palavra e vontade de Deus, nada mais são do que acréscimos, preceitos e doutrinas de homens. Existe, portanto, uma religião que é feita de doutrinas humanas e negligência o mandamento de Deus. A consequência é muito grande. De fato, quem segue as doutrinas e tradições inventadas pelos homens torna-se uma pessoa dura, rígida, intransigente, como neste caso específico o são os fariseus para com os discípulos de Jesus. Quem segue o mandamento de Deus, que é o amor, orienta a vida. atenção aos outros, especialmente aos mais pobres; aprenda a compartilhar o quão pouco ou quanto você tem; aprende a perdoar porque se sente continuamente inundado pela misericórdia de Deus. A observância escrupulosa da doutrina dos homens e a obediência ao mandamento de Deus geram, portanto, dois estilos de vida muito diferentes. O critério que Jesus oferece para compreender se uma palavra ou um preceito vem de Deus ou é algo que vem dos homens é o amor, que se traduz na busca de relações humanas autênticas, no esforço de construir pontes de paz e de igualdade, na atenção constante até os últimos.

Ouça-me tudo e entenda bem! Não há nada fora do homem que, ao entrar nele, possa torná-lo impuro. Mas são as coisas que saem de um homem que o tornam impuro. E ele disse [aos seus discípulos]: «Porque de dentro, isto é, do coração dos homens, vêm as más intenções: impureza, roubo, assassinato, adultério, ganância, maldade, engano, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, loucura. Todas estas coisas más saem de dentro e tornam o homem impuro ( Marcos 7, 14-23 ).

    As palavras de Jesus aos discípulos são uma indicação para quem pretende empreender um caminho de fé, de confiança na palavra do Senhor. Partimos de dentro, da consciência, da verificação do que está dentro de nós. Se, como Jesus declarou, não são as coisas externas que tornam o homem e a mulher impuros, isto é, que impedem o relacionamento com Deus, isso significa que o ponto de partida do trabalho espiritual é a vida interior, é o cuidado da alma, libertá-lo dos resíduos criados pelos instintos, que geram um estilo de vida baseado no egoísmo e que leva a relações humanas prejudiciais.

Aceite com docilidade a Palavra que foi plantada em você e pode levá-lo à salvação. A religião pura e imaculada diante de Deus Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas que sofrem e não se deixar contaminar por este mundo (Tg 1, 27).

Abram espaço à Palavra do Senhor para que, vivendo-a, purifiquemos a nossa consciência de toda forma de egoísmo. É a Palavra de Jesus que nos empurra para o outro, para os pobres, para um caminho de vida marcado pelo amor desinteressado e livre. Esta é a verdadeira religião, aquela que Jesus nos ensinou com as suas palavras e a sua vida e que nos transmitiu com o seu Espírito.

 

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