sabato 4 marzo 2023

HOMILIA Vº DOMINGO DE QUARESMA/A




(Ez 37, 12-14; Sal 130; Rom 8, 8-11; Jo 11,1-45)

 

Pe Paolo Cugini

 

1. Não é um caso que a liturgia de quaresma do ano litúrgico A, que estamos celebrando, é a mais antiga e é a liturgia que antigamente era utilizada como preparação para os catecúmenos. A seqüência dos temas encontrados ao longo dos domingos apresenta, de fato, uma linda catequese pré-batismal. Começando com o tema clássico das tentações, passando para o Evangelho da transfiguração do Senhor, continuando com o tema da água e depois da luz, pra chegarmos hoje ao tema da vida. Sem duvida este itinerário foi pensado para os catecúmenos em vista do dia do batismo, que antigamente era realizado na noite de Páscoa.  Por isso a celebração do tempo de quaresma é importante para todos nós batizados: nos permite, de renovar o sentido do nosso batismo, para pudermos assumi-lo com mais clareza e determinação.

A reflexão de hoje depara sobre o tema central da vida, daquela vida verdadeira que vem de Deus e que vence a morte. Precisamos parar para deixarmos que as palavras do Evangelho penetrem em nós moldando a nossa mente e incentivando ações novas.

 

2. “Esta doença não leva a morte; ela serve para a gloria de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela” (Jo 11,4).

Aprender a ver tudo aquilo que humanamente se apresenta como doença, morte, fraqueza como caminhos que podem manifestar a vida: este é o primeiro grande ensinamento de Jesus no evangelho de hoje. O problema é entender como isso pode acontecer, ou seja, como podemos vislumbrar vida naquilo que humanamente se apresenta como morte. Naquilo que os homens enxergam como finito, doente, morto, Jesus percebe possibilidade de Vida, manifestação da gloria de Deus. É um olhar totalmente diferente sobre a realidade, que Jesus tem e que exige dos seus apóstolos. Além do mais, esta capacidade de olhar a vida também em situações de morte, em Jesus não foi somente um olhar externo, mas também interno, na sua mesma experiência. O encontramos, de fato, no Getsêmani agarrado ao Pai, para fugir a tentação de olhar como morte aquela situação horrorosa que estava enfrentando. Também em cima da cruz Jesus esbanjou vida para todos aqueles que encostavam ao madeiro. O exemplo mais deslumbrante disso foram as palavras de perdão que Jesus declarou pelos seus algozes (cf Lc 23, 39s.).

  A vida espiritual deveria produzir nos discípulos este novo olhar sobre a realidade. Pra isso acontecer é preciso ser mergulhados na vida que vem de Deus. Ninguém é capaz de enxergar vida se ele mesmo trilha os caminhos da morte. O primeiro milagre deste tempo de quaresma deveria ir muito além do afastamento do pecado; deveria produzir em nós a capacidade de ver aquilo que Deus enxerga na humanidade. Somente pessoas vivas, somente cristãos mergulhados na vida de Cristo arregaçarão as mangas para tirar a humanidade dos caminhos de morte. O compromisso com uma política mais justa, o envolvimento nos projetos sociais é fruto deste novo olhar dos cristãos. Apesar do tamanho do nosso pecado, seja ele qual for, Deus não descarta nada, mas sempre almeja a recuperação. Isso vale não apenas num sentido físico, mas também espiritual. Aprender a acompanhar pessoas espiritualmente mortas, até que elas possam voltar a viver cheias da esperança que vem de Deus: é este um grande serviço que a Igreja é chamada a realizar no mundo de hoje. Devolver vida, esperança a um mundo mergulhado na morte: é isso que Jesus nos pede hoje.

 

3. “De novo Jesus ficou interiormente comovido” (Jo 11, 38).

Ninguém entra no mundo da morte como anunciador da vida de Deus se não tiver um mínimo de compaixão no coração. Ser discípulo não é um trabalho qualquer: requer amor para o próximo, envolvimento emotivo, um coração sadio. Talvez o primeiro, ou pelo menos um dos sinais no caminho de conversão, seja mesmo esta transformação do coração, a capacidade de sentir com o outro, de viver o relacionamento com os irmãos as irmãs com empatia, e não com frieza. Como discípulos somos chamados a comunicar vida nos aproximando dos outros, sentindo e vivendo por dentro o drama da humanidade. Somente assim, com um coração compassivo, podemos nos aproximar á humanidade, não para julgá-la, mas sim para amá-la, sofrendo com ela e por ela. Por isso chama atenção a comoção de Jesus pelo seu amigo Lazaro: as suas lagrimas são um balsamo de amor pela humanidade. Que o Senhor, neste tempo de quaresma, possa moldar o nosso coração, abrandar as nossas almas, para conseguirmos sentir como ele sentia e, assim, anunciar o Evangelho não citando versículos a toa, querendo passar de especialistas da Bíblia, mas sim amando o povo, sentindo com ele.

 

4.Disse Jesus: tirai a pedra!... Tendo dito isso, exclamou com voz forte: Lázaro vem para fora!” (Jo 11, 39.43).

 O grito de Jesus, pedindo tirar a pedra do tumulo de Lazaro, é sem duvida uma das mais sugestivas e, ao mesmo tempo, das mais carregadas de simbolismo de todo o Novo Testamento. Lazaro pode simbolizar, do ponto de vista geral, a humanidade ainda não encontrada pelo Senhor. Acho, porém mais sugestivo e espiritualmente mais frutuoso, pensar aquilo que da nossa humanidade está ainda dentro do tumulo e que demora pra sair. Jesus grita para o morto sair: o que de nós está apodrecendo no tumulo da vida? De uma certa forma o trabalho do discípulo missionário consiste em dar continuidade á mesma ação de Jesus, de tirar as pedras dos túmulos que impedem as pessoas de viverem conforme ao plano de Deus. É nesse sentido que encontra valor todo o trabalho social que a Igreja desenvolve: tira as pedras da injustiça, da ignorância, as pedras da malandragem dos homens desonestos, as pedras que o mundo cego continuamente coloca, massacrando as possibilidades de vida dos irmãos, das irmãs. A humanidade cega e desnorteada sabe somente esconder os problemas (a pedra do tumulo), pois não consegue enxergar a luz da vida verdadeira e propor assim caminhos de saída. O grito de Jesus é como se fosse um grito terapeuta, que chega ao coração da consciência, para acordá-la, despertá-la. Existe toda uma humanidade (a multidão) que fica assistindo inerme a morte tomando conta do mundo: e nós de que lado estamos? O grito de Jesus expressa toda a força que a evangelização exige, toda a firmeza para que a morte não tenha a melhor sobre a vida. O amor quando é autentico é uma força irresistível, quando é mergulhado com as paixões humanas vira aquela fraqueza que abre o caminho para a morte da alma. Nos últimos versículos do Evangelho de hoje é expressada com a máxima evidencia a força que o amor de Deus realiza, um amor que passa através de pedidos claros ( “Desatai-o e deixai-o caminhar!”), de voz alta. O amor não é apenas um sentimento, mas sim a manifestação da presença de Deus na historia, uma presença que esbanja vida, transformando as aparências de morte. É este o caminho que Jesus quer que percorramos, para sermos no mundo testemunhas da vida.  Assim seja.

Nessun commento:

Posta un commento