sabato 4 marzo 2023

HOMILIA IIIª QUARESMA/A

 



(Ex 17,3-7; Sal 95; Rom 5, 1-2.5-8; Jo 4,5-42)

 

Pe Paolo Cugini

 

 

1. Qualquer caminho cansa: também Jesus cansou. De fato, o encontramos hoje sentado ao poço de Jacó, “cansado da viajem”. Jesus carrega nos seus ombros o cansaço de uma humanidade desnorteada, perdida, que não consegue mais encontrar o caminho de volta ao Pai. Jesus assumiu a condição humana, se fez carne e veio a morar no meio de nós, “ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado” (Hb 4, 15), por isso é capaz de entender o nosso sofrimento, a nossa incapacidade crônica de permanecermos firmes no nosso propósito de segui-lo. Jesus é como um de nós, só que tem algo de diferente, que faz a diferença: este algo é a divindade que Jesus veio para nos comunicar. Sendo que nós não sentamos, não paramos um instante, vivendo numa constante fuga de nós mesmos, ele mesmo um dia sentou perto do poço de Jacó, para entrar em dialogo com a humanidade desnorteada. Este é um primeiro dado importante que precisamos salientar neste terceiro domingo de quaresma. Deus nos convida a sentar, pra descansar e dialogar com ele. Diziam os antigos filósofos gregos que a coisa mais importante que um homem pode fazer, a tarefa maior de todas é cuidar de si mesmo e, para os filósofos gregos queria dizer cuidar da própria alma. Corremos o dia todo, a vida toda atrás de algo que parece importante e sem duvida é importante mas, podemos nos perguntar:  existe algo de mais importante que cuidar de si mesmo, de cuidar da própria alma? Jesus mesmo um dia disse que o mandamento maior de todos era o mandamento do amor: ama os outros como a ti mesmo. É isso que dificilmente fazemos: amar a nós mesmo, zelar da nossa alma, da nossa interioridade. Este deveria ser a base de qualquer outra decisão. De fato, como podemos pensar de aconselhar os outros se nem sabemos quem somos? Como podemos pensar de dizer uma palavra amiga, uma palavra de conforto, uma palavra orientadora se vivemos no esquecimento de nós mesmos, se vivemos arrastando a barriga no chão? Tempo de quaresma é tempo para aprendermos a zelar de nós mesmos, de dedicar tempo ao conhecimento de nós mesmos. Só assim, com a alma reconciliada conosco podemos reaprender a dialogar com os outros.

 

2. Outro aspecto importante do dialogo de Jesus com a mulher samaritana é o mesmo conteúdo do dialogo. Durante o dialogo os assuntos que Jesus puxa são sobre a vida concreta da mulher. O dialogo começa sobre a vida corriqueira, sobre o problema da sede e da água e depois vai se aprofundando sobre a vida afetiva e familiar da mulher Samaritana. Vale a pena frisar isso porque se a oração do cristão é um dialogo com Jesus, então o conteúdo deste dialogo deve começar sempre a partir da nossa vida concreta. Aprender a deixar que Jesus entre com o seu Espírito e com a sua Palavra na nossa vida pessoal, é o grande desafio da vida espiritual. Muitas vezes, de fato, a nossa vida espiritual é extremamente separada e distante da nossa vida corriqueira, uma separação fruto de um mal entendido, como se a gente tivesse estabelecido um espaço especifico por Deus, para não deixá-lo entrar no nosso. Toda vez que separamos a vida concreta, do dia a dia, com a vida espiritual, a vida cultual é porque não queremos que Deus se meta na nossa vida. Pelo contrario, nesta imagem do dialogo de Jesus com a mulher Samaritana, é bastante ressaltada a intenção de Deus de curar o nosso cotidiano, salvá-lo de toda forma de egoísmo, purificá-lo de qualquer fechamento e assim abri-lo para que possa ser um espaço disponível para o amor e a misericórdia de Deus.

Além do mais, esta atitude de Jesus nos oferece algumas indicações metodológicas de extrema importância sobre a evangelização. Jesus hoje nos ensina que o Evangelho, o anuncio do Evangelho passa através de um relacionamento vivo e concreto com as pessoas, relacionamento cujo conteúdo não é feito de teorias teológicas estrambeladas, mas sim da vida autentica. O Evangelho é o Verbo que se fez carne e para anunciá-lo, para que o seu conteúdo passe no mundo para transformá-lo por dentro, necessita ser encarnado. Talvez esta cultura pós-moderna dominada por atitudes que incentivam o individualismo de um lado, e do outro a necessidade de não se envolver de mais com os problemas dos outros, está afetando os mesmos evangelizadores. Resgatar esta linda atitude de Jesus, que se aproxima às pessoas na sua vida concreta dialogando de problemas concretos, como caminho para abrir a alma ao encontro autentico com Deus, poderia ser um dos objetivos desta quaresma.

 

 

3. Está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade” (Jo 4, 23).

Somente pondo atenção a nossa vida concreta poderemos entender a profundeza deste versículo. Quando vivemos distraídos, dominados pelo nosso egoísmo, nos aproximemos de Deus com pedidos egoístas, materiais. Este é na realidade o primeiro nível da vida religiosa, que caracteriza a espiritualidade popular. Nesta altura, Deus é importante na medida que satisfaz as nossas necessidades. É desta visão materialista, deste relacionamento comercial que Jesus pede de sair. E isso não é muito fácil, pois somos acostumados a tratar Deus como um objeto, apesar das aparências. Jesus hoje nos pede de se relacionar com Deus como ele mesmo fazia, ou seja, no espírito e na verdade. Quer dizer isso e como fazer isso? A resposta a estas duas perguntas é de suma importância, pois Jesus mesmo nos lembra que o Pai está procurando tais adoradores. Aprender adorar a Deus na Verdade significa parar de por atenção no nosso relacionamento com Deus aos nossos problemas, para fitar os olhos na Verdade de Deus que ele mesmo manifestou no seu Filho Jesus. Neste sentido a verdadeira oração aquela que Deus gosta, é uma romaria lenta e progressiva fora de si mesmo. A autentica oração que tem como ponto de partida o Evangelho de Jesus, ou seja, a Verdade, visa transformar a existência egoísta e recheada de mentiras dos fieis, em uma existência autentica, moldada na Verdade de Cristo. É claro que pra fazer isso precisamos de um mestre, que é o mesmo Espírito Santo, que nos guia no entendimento profundo da palavra de Deus, para que ela molde não apenas o nosso pensamento, mas sobretudo transforme a nossa vida, as nossas atitudes. Aprender a escutar o Evangelho deixando que seja o Espírito a oferecer a interpretação, necessita uma atitude corriqueira ao silencio interior e, ao mesmo tempo, um progressivo afastamento de qualquer forma de espiritualidade superficial e materialista. Por isso, por este tipo de oração,  não é mais necessário um lugar o um edifício especifico, mas sim a capacidade de entrar em si mesmo pra escutar a voz do Espírito que fala ao coração. Mais uma vez o caminho que hoje Jesus aconselha para todos nós não é uma fuga no intimismo, mas sim um convite a descobrir os tesouros autênticos da vida interior. Pois somente uma pessoa totalmente integrada consigo mesma, uma pessoa acostumada a lidar com os próprios limites não recorrendo ás técnicas psicológicas, mas sim ao amor misericordioso de Deus manifestado em Jesus e derramado nos nossos corações por meio do seu Espírito (Cf.  Rom 5,5: segunda leitura de hoje), terá algo de novo pra dizer neste mundo. Não é um projeto político externo que salva o mundo, mas sim pessoas totalmente renovadas por dentro: é esta a grandiosa obra que Deus quer realizar, obra silenciosa escondida e, por isso, difícil de entender e de aceitar. Neste sentido o Evangelho de hoje é de extrema importância pois nos revela que o conteúdo da sua Palavra de salvação, que é ao mesmo tempo o Caminho, é desvendado num dialogo pessoal. Pedimos a Deus a humildade, neste tempo de quaresma, de aceitar esta proposta para entrarmos como interlocutores deste dialogo.

Nessun commento:

Posta un commento