sabato 19 ottobre 2024

ENTRE VÓS NÃO DEVE SER ASSIM

 



DOMÉNICA XXIX/B

(Mc 10,35-45)

Paolo Cugini

 

A beleza do Evangelho está na proposta de uma vida diferente daquelas que encontramos na vida cotidiana. Uma proposta de simplicidade chocante, que nos remete de forma imediata e disruptiva à essência da vida, ao que realmente vale e no qual basear as nossas escolhas. O Evangelho obriga-nos a pensar, a entrar em nós mesmos, a fazer um balanço da situação e, consequentemente, a fazer aquelas escolhas necessárias que nos permitem saborear o sentido autêntico da vida. Afinal, Jesus veio nos mostrar o caminho daquela vida sonhada por Deus quando nos criou à sua imagem e semelhança. Reencontrar o caminho: este é o sentido da proposta cristã, que tem a lâmpada, o ponto de referência, no Evangelho. Tudo isto é claramente visível no evangelho de hoje, que agora tentaremos aprofundar.

“Eles se aproximaram... Ele os chamou”.

São expressões que encontramos no Evangelho de hoje que revelam a condição existencial dos discípulos. Embora tenham ouvido e visto o Mestre trabalhando, embora vivam com Ele, estão distantes, não tanto fisicamente, mas em termos de pensamento, como estilo de vida. Não basta ler as palavras de Jesus, é preciso meditá-las, assimilá-las, traduzi-las em escolhas concretas, para que o Evangelho mude a nossa mentalidade, a nossa maneira de pensar. O discípulo não é aquele que habita fisicamente um espaço, frequenta uma paróquia, uma comunidade, mas é aquele que pensa e vive de uma maneira nova no que diz respeito ao contexto em que se encontra. Que diversidade é essa?

«Concede-nos que nos sentemos, na tua glória, um à tua direita e outro à tua esquerda».
O pedido de Tiago e João é a manifestação do que foi dito acima. Estão, de fato, seguindo o Senhor, mas pensam com a mesma mentalidade que tinham antes de seguir o Mestre. Que mentalidade é essa? É aquela moldada pelo instinto de sobrevivência, que provoca escolhas de autopreservação, escolhas egoístas, que não levam em conta as necessidades dos outros. São escolhas que provocam uma lógica de opressão, de dominação sobre os outros, gerando uma sociedade de pessoas desiguais, na qual prevalecem os violentos, aqueles que agem com astúcia e engano. Este é o estilo de vida básico, que assimilam da cultura em que vivemos. A proposta de Jesus está em outro nível.

Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as governam e seus líderes as oprimem. No entanto, entre vós não deve ser assim.

Os discípulos do Senhor são aqueles que aprendem um estilo novo, não mais determinado pelo instinto de sobrevivência, pelo afastamento egoísta de si mesmo, mas pelo olhar constante para os outros. “Não é assim entre vocês”: esta lembrança é fundamental, porque fala de uma diferença que deve ser visível, aquela diferença que surge da escuta atenta e internalizada da Palavra, que produz um estilo novo, porque transforma a dinâmica instintiva da agressão e da opressão, nas relações baseadas na busca do bem do próximo, no desejo de que todos se sintam bem, acolhidos e amados. A opressão e a violência não podem estar presentes na comunidade de irmãos e irmãs que responderam ao chamado do Senhor para segui-lo: seria uma contradição.

mas quem quiser tornar-se grande entre vocês será seu servo, e quem quiser ser o primeiro entre vocês será escravo de todos.

Quem está cheio do amor de Deus não precisa se engrandecer diante de ninguém. Quem percebeu que o maior dom da vida é ser amado pelo Pai como filhos e filhas, não entra em lógicas que possam prejudicar os outros. A arrogância, a ganância, a violência são sintomas de um mal-estar interior, de uma insatisfação, de uma vida em que falta algo profundo, uma direção. Grandes na comunidade de Jesus são aqueles que se colocam ao serviço dos outros, aqueles que trabalham para que a paz reine na comunidade.

Na verdade, até o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.

Aqui está o fundamento de toda a discussão: é o exemplo de Jesus, o seu estilo de vida, que os seus discípulos são chamados a reproduzir de forma criativa. É precisamente porque Jesus veio ao mundo e se colocou ao serviço dos seus irmãos e irmãs que somos chamados a fazer o mesmo. No corpo de Cristo, do qual nos alimentamos, está todo o seu amor, o seu inclinar-se para lavar os pés dos seus discípulos, a sua atenção aos pobres e sofredores, a sua busca contínua pelos necessitados. É por isso que nos alimentamos Dele: para viver dele e gostar Dele.

 

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