sabato 4 marzo 2023

Homilia Domingo de Ramos/A

 




(Mt 21, 1-11; Is 50, 4-7; Sal 21; Fil 2, 6-11; Mt 26, 14-27,66)

 

Pe Paolo Cugini

 

 

1. Com a liturgia do Domingo dos Ramos a Igreja entra na assim chamada “Semana Santa”, uma semana carregada de valor espiritual, pois é nestes dias que lembraremos as horas terríveis que acompanharam Jesus na sua paixão e morte e na sua ressurreição. A semana santa é um mergulho dentro do mistério de Deus, um mistério escondido desde a criação d mundo, o mistério da morte do justo, do sacrifício do Filho querido, da doação radical e definitiva do Filho de Deus. Esta liturgia do Domingo dos Ramos se abre com uma contradição que, aliás, acompanha toda a vida de Jesus, ou seja, a mesma multidão que clamará pela morte em cruz de Jesus, está agora clamando pela sua glorificação. Este é já um primeiro elemento que podemos transformar em sentido espiritual: até quando permaneceremos na multidão não conseguiremos ter sobre Jesus uma opinião que nos permita um seguimento firme e um testemunho fiel. O tempo de quaresma, que está terminando, deveria ter nos ajudado a aprofundar o nosso conhecimento de Jesus, um conhecimento capaz de realizar um discernimento mais completo entre a proposta do mundo e a proposta de Deus. Sair da multidão: é isso que deveríamos fazer simbolicamente nesta semana santa, para deixar que o Espírito Santo nos ajude a penetrar o mistério da paixão e morte do Filho de Deus, que morreu por todos nós. Do ponto de vista geral poderíamos nos perguntar: quais são os ensinamentos que a narração da paixão e morte de Jesus pode trazer para nós hoje e fortalecer assim a nossa caminhada de fé?

 

2. Ele esvaziou a si mesmo, assumindo a condição de escravo... Humilhou a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fil 2, 7.8).

Do ponto de vista existencial podemos afirmar que ninguém consegue dar um sentido á morte: é algo de negativo demais! Agora, segundo São Paolo, Jesus enfrenta a morte como coroamento de uma vida. A morte de Jesus é o ato definitivo de uma vida totalmente partida, totalmente doada. Esta doação é manifestada no caminho que Jesus realiza ao longo da sua vida, um caminho realizado ao contrario daquilo que humanamente podemos entender. Se, de fato, o mundo busca a gloria dos homens, de se colocar constantemente ao centro, buscando ficar acima dos outros, até humilhando os outros, Jesus ao longo da vida percorre o caminho na direção contraria, na contramão da historia, se abaixando, se humilhando, buscando o ultimo lugar, se fazendo não apenas irmão, mas sim servo. É percorrendo este caminho que Jesus encontra o tesouro, a vida eterna. A morte na cruz é o coroamento de uma vida em continua descida, na busca constante do ultimo lugar, do abaixamento extremo. Por isso, a cruz é considerada no Evangelho de João a hora definitiva, aonde Jesus manifesta a sua essência, a sua verdadeira identidade de Filho querido pelo Pai, de Filho amante do Pai. Neste ato extremo, assumido conscientemente, Jesus desvende a toda humanidade o sentido da vida que é amar, e amar é se entregar, se abaixar, se humilhar. Alem disso, a morte tem um outro importante sentido. Jesus morrendo na cruz manifesta que a Verdade nele ficou inquebrantável: ninguém conseguiu despedaçar, dobrar Jesus, a Verdade, o Caminho, a Vida. O mundo massacrou um corpo que ficou fiel até o fim. Aquilo que Jesus agüentou nas horas trágicas da paixão, demonstra que aquilo que Ele acreditava, dizia e fazia, era intrínseco á sua identidade. As suas palavras, os seus gestos eram fruto de uma pessoa integra, de uma só Palavra. Na cruz de Cristo as suas palavras e os seus gestos assumem um novo sentido. É a cruz que oferece a chave de interpretação definitiva de toda a vida de Jesus.

 

3.Então Jesus foi com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse: ‘Sentai-vos aqui enquanto eu vou até aqui para rezar’” (Mt 26, 36).

Um outro dato que me parece importante chamar atenção no começo desta semana santa é a oração de Jesus. Ele, de fato, não rezava por dever, para cumprir um preceito: Jesus rezava por necessidade. A oração em Jesus não é algo de externo, do qual podia também fazer a menos, mas é sem duvida alguma algo de altamente intrínseco á sua vida. É isso que chama atenção. Na hora crucial da sua vida, no momento em que sabia que teria encontrado a morte, Jesus não se fechou numa atitude egoísta mas, como sempre, se abriu ao dialogo profundo com o Pai. Também neste caso podemos afirmar que a morte dá sentido á oração de Jesus, descortinando um grande mistério. Se de fato, para nós a oração apresenta sempre grandes problemas, pois nem sabemos direto o que pedir, e amiúde até esquecemos de rezar, não era certamente assim para Jesus. Nele a oração era algo de natural, uma exigência da sua mesma natureza. Jesus sempre ao longo da sua vida buscou o Pai: fez isso também nas ultimas horas da sua vida. A oração em Jesus é um dialogo vital, encharcado de vida, sentimentos, paixões, sensações, projetos. Tudo em Cristo é colocado nas mãos do Pai, nada fica de fora. Também nisso, na sua oração se manifesta identidade de Jesus como de uma pessoa totalmente integra. Nessa altura poderíamos nos perguntar: o que nos ensina a oração de Jesus nas ultimas horas da sua vida? A resposta poderia ser encontrada neste versículo: “Meu Pai, se é possível, afasta-se de mim este cálice. Contudo, não seja feito como eu quero, mas, sim, como tu queres” (Mt 26,39). A oração é verdadeira quando busca a vontade do Pai e não a própria. Aliás, o sentido da oração é isso mesmo: uma constante busca da vontade do Pai, pois para nós é difícil entender o que Deus Pai quer de nós. O problema é criar um estilo de vida no qual a oração expresse este desejo de sair de si mesmo, de abandonar o terreno do egoísmo, no qual gastamos amiúde as nossas energias, para nos dirigirmos na seqüela do Pai. A oração de Jesus na noite da sua paixão nos ensina que os sofrimentos e as desavenças da vida, em vez de se tornarem motivo de desespero, deveriam ser os momentos crucias para nos entregarmos na oração e, assim, nos abrirmos ao mistério da vontade do Pai.

 

4. É preciso sempre entrar na Semana Santa com muita cautela, deixando de lado toda forma de presunção, de clima rotineiro. Apesar de termos participado de muitas semanas santas, na realidade ela fica sempre além das nossas possibilidades humanas de esgotar o seu sentido.  O fascínio desta semana está no fato impressionante que, em Jesus o sofrimento e a morte tem um sentido, aliás, são um Caminho de salvação. Entender isso quer dizer se prontificar para percorrermos este mesmo Caminho que Jesus percorreu, que é o Caminho do Amor. Pedimos a Deus que nesta Eucaristia possamos receber a sabedoria para compreendermos este grande mistério e, ao mesmo tempo, a força para nos dirigirmos com firmeza no caminho da cruz.

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