sabato 4 ottobre 2025

XXVII Domingo do Tempo Comum – Ano C

 




Lucas 17, 5-10 

Paolo Cugini

 

Na jornada de Jesus a Jerusalém, além de proclamar o Reino dos Céus com palavras e ações, percebemos sua intenção de ajudar seus discípulos a fazer uma transição, uma mudança de paradigma: passar de um relacionamento religioso com Deus para um relacionamento de fé, de confiança. Essa transição é crucial, pois impacta profundamente a vida e o desenvolvimento humano de uma pessoa.

Naquela ocasião, os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!" O Senhor respondeu: "Se vocês tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: 'Arranque-se e plante-se no mar', e ela lhes obedeceria.

A partir da pergunta dos discípulos, fica claro que eles ainda estão presos a um sistema religioso. A fé, de fato, não é uma questão do que Deus pode dar, nem é uma questão de quantidade. É o amor que o Pai dá, e a qualidade desse dom foi revelada por Jesus. A fé é a resposta pessoal a esse dom do Pai; portanto, não podemos pedir a Deus, mas apenas direcionar nossas vidas para Ele. É por isso que Jesus responde dessa forma, porque, a partir da pergunta deles, fica claro que eles ainda não compreenderam a identidade do Senhor, o significado profundo de Sua proposta.

Qual de vocês, tendo um servo arando ou cuidando de ovelhas, lhe dirá, quando ele voltar do campo: 'Venha depressa e sente-se para comer'? Não lhe dirá antes: 'Prepare-me de comer, cinga-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois você poderá comer e beber'?

O problema que Jesus levanta com esta parábola é muito sério, porque põe em questão a forma como vivemos a nossa relação com Deus. Viemos de séculos em que a Igreja nos incutiu deveres, obediência aos preceitos, identificando a nossa relação com Deus com a religião. Assim, dentro deste vínculo, homens e mulheres vivem como servos e não como indivíduos livres. Quantas pessoas vivem mal a sua vida humana porque assimilaram ensinamentos erróneos sobre Deus! Quantas foram doutrinadas, catequizadas, aprendendo a estar diante de Deus com temor e desenvolvendo mecanismos de reverência, com atitudes que mantêm o divino à distância. Esta forma de conceber a relação com Deus ainda hoje se verifica naqueles que vivenciam o sentido do sagrado com atitudes exteriores que indicam distância. Esta é a religião que, quando transposta para o plano existencial, faz com que as pessoas vivam mal, porque o que é percebido como desobediência aos preceitos, às doutrinas aprendidas, é experimentado como sentimento de culpa, que gera mal-estar e necessidade de reparação. Não é por acaso que o sistema de confissão devocional se desenvolveu justamente na Idade Média, para ajudar os religiosos a encontrarem paz com seus sentimentos de culpa. Jesus, porém, nos mostrou o rosto paterno de Deus, que não quer servos ao seu redor, mas filhos. Enquanto o servo vive como escravo, a criança vive em liberdade. Os religiosos têm pavor da liberdade, mesmo que a desejem, mas estão muito presos à teia de leis e decretos em que vivem sua relação com Deus. A liberdade é a essência da imagem de Deus que nos foi dada e é o que define nossa vida como humanos.

Assim também vocês, quando tiverem feito tudo o que lhes foi ordenado, digam: ‘Somos servos inúteis; fizemos apenas o que era nosso dever.

A novidade de Jesus é que Ele não pede para ser servido, mas se coloca a nosso serviço. É o que acontece na Última Ceia, quando Ele se levanta e começa a servir os discípulos, lavando-lhes os pés. Aqueles que não acolhem o dom do amor e não respondem com uma atitude de liberdade para com o Senhor permanecem na condição de servos. Este é o caminho que somos chamados a empreender. Um caminho difícil, porque devemos nos libertar da escravidão das doutrinas e da religião dos preceitos. Difícil, mas possível. Jesus não impõe, mas oferece: cabe a nós empreender este caminho de libertação, que é ao mesmo tempo um caminho de humanização. 

Nessun commento:

Posta un commento