lunedì 7 agosto 2023

HOMILIA DOMINGO 13 AGOSTO 2023

 


 

XIX DOMINGO HORÁRIO COMUM

1 Reis 19,9a.11-13a; Sal 84; Rm 9,1-5; Mt 14:22-33

 

Paolo Cugini

Enquanto acompanhamos o caminho que Jesus faz de Norte a Sul, de Nazaré a Jerusalém, a incompreensão dos discípulos perante a proposta do seu anúncio, torna-se cada vez mais clara e, ao mesmo tempo, constrangedora. Afinal, os discípulos, mesmo com toda a boa vontade, eram portadores do ideal messiânico cultivado na tradição judaica, ou seja, um poderoso messias que viria com seu exército para destruir os inimigos. Jesus, pelo contrário, apresenta-se como o portador da paz, encarnando as profecias messiânicas de Isaías, que anunciava a chegada de um mundo sem violência: «já não aprenderão a arte da guerra » (Is 2,4). Vamos ver a página do Evangelho de hoje.

Jesus obrigou os discípulos a entrar no barco e precedê-lo para o outro lado. Verso estranho, mas muito revelador. Por que Jesus teve que forçar seus discípulos a entrar no barco? A resposta mais imediata é: porque não queriam ir. Aqui, então, surge um problema: por que os discípulos não queriam ir com Jesus para o outro lado? O que há do outro lado? Existem os pagãos e, os discípulos, não querem ouvir o anúncio de um amor universal, de uma misericórdia infinita também para eles. A mensagem de Jesus é chocante e, antes de tudo, chocou os ouvintes de seu tempo e, entre eles, os próprios discípulos. De fato, eles estavam acostumados a ouvir palavras de ódio contra seus inimigos e, em vez disso, Jesus os convida a amá-los e a rezar por eles. Jesus está anunciando um Deus totalmente diferente daquele a que não só os discípulos estavam acostumados, mas todo o povo. A de Jesus é uma novidade tão grande que gera resistências, rejeições, polêmicas sem fim.

Tendo despedido a multidão, subiu sozinho ao monte para orar. Ao anoitecer, ele ficou lá em cima, sozinho. Há muita solidão na vida de Jesus, fruto da incompreensão de quem o segue. O anúncio do Evangelho, quando autêntico, cria este tipo de situação existencial. É precisamente nestes momentos difíceis que encontramos Jesus em oração. Se quisermos aprender a rezar como Jesus rezava, devemos olhar para estes momentos. A oração de Jesus não é feita de repetição de palavras, de fórmulas, de pedidos pessoais. Há muito silêncio em torno da sua oração, um silêncio que fala de uma escuta profunda e prolongada do Pai. Na oração Jesus mergulha no amor do Pai. Sem dúvida, existe uma oração comunitária, que tem seu próprio valor intrínseco. A própria oração comunitária, porém, perde muito do seu sentido se não for acompanhada de preparação, de prolongados momentos de oração pessoal, com o estilo que Jesus ensinou no Evangelho.

Enquanto isso, o barco já estava a muitos quilômetros da terra e era agitado pelas ondas: na verdade, o vento era contrário. No final da noite, ele veio até eles caminhando sobre o mar. Quem anda sobre as águas, na tradição judaica, é um só: Deus. As águas do mar são o símbolo do desconhecido, mas também da morte, porque sob as águas vivem os predadores, mas também aqueles peixes que, como o Leviatã ou o hipopótamo, podem destruir o homem. Quem, então, pode caminhar calmamente sobre as águas sem ser dominado pelo medo? Neste versículo há uma indicação profunda da vida espiritual que é tal, quando nos permite enfrentar os problemas mais dramáticos da vida sem perder a calma e o equilíbrio. Nisto se manifesta a divindade de Jesus: é a sua humanidade que contém traços divinos, que estão ao nosso alcance, porque Jesus assumiu a nossa própria natureza humana e a redimiu.

 Ao vê-lo andando sobre o mar, os discípulos ficaram chocados e disseram: "É um fantasma!" e eles gritaram de medo. Mas imediatamente Jesus lhes falou dizendo: «Coragem, sou eu, não temais!». Os discípulos não conseguem ver a presença de Deus em Jesus, estão cegos pela ideia do Deus do Antigo Testamento, o Deus poderoso e glorioso, o Senhor dos Exércitos, para usar uma expressão de Isaías e, por isso, eles estão com medo, justamente porque o Deus da antiga aliança é assustador. Diante do Deus manifestado por Jesus, não há mais o que temer, porque ele é o Deus verdadeiro, o Deus misericordioso, que veio trazer amor a todos, que nos acolhe e se ajoelha diante de nós para nos lavar os pés. São as nossas ideias que nos afastam de Deus, ideias assimiladas na infância e nunca aprofundadas, sobretudo, nunca verificadas seriamente à luz do Evangelho. O caminho que Jesus nos convida a percorrer exige a vontade de mudar de opinião, de nos deixarmos transformar para dar lugar ao amor do Pai, que vem em nós para nos fazer sentir o seu amor e nos ajudar a redescobrir a nossa natureza de filhos e filhas.

Os que estavam no barco prostraram-se diante dele, dizendo: "Verdadeiramente tu és o Filho de Deus!" Os discípulos que testemunharam o prodigioso acontecimento chegam a uma solene profissão de fé. Do jeito que as coisas aconteceram, sabemos que a mudança de perspectiva só acontecerá depois da ressurreição de Jesus.A conversão, a mudança de mentalidade é um processo lento que exige paciência e atenção aos acontecimentos. Só o Senhor da história e da vida nos pode ajudar neste caminho: permaneçamos fiéis ao Evangelho que, como diz São Paulo, é o caminho da nossa salvação (cf. Ef 1, 13).

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