domenica 8 settembre 2024

Maldade e relações humanas

 



Semana de etiro espiritual com a congregação das Adoradoras do Sangue de Cristo


 

 

Paolo Cugini

A verdade das relações humanas de amizade depara contra um dato antropológico de grande importância: a nossa humanidade é estragada. Existe algo na estrutura do homem e da mulher que não permite realizar relacionamentos autênticos e duradouros. Este dado é narrado ao longo da história da salvação.

 O capítulo 3 do Genesis é o ponta pé desta narração. O homem e a mulher que não aguentam e desobedecem ao mandamento de Deus de não comer da arvore. O texto fala que era uma arvore desejável. Este desejo estimula a concupiscência, como diria João (cfr. 1 João 2,16) que leva a mulher a comer, desobedecendo ao mandamento de Deus. ´uma narração mítica que mostra a estrutura antropológica do homem e da mulher: existe algo nesta estrutura que dobra a vontade.

Genesis capítulo 4: na história de Caim e Abel continua uma narração que mostra o limite da estrutura humana, que leva a considerar o irmão como inimigo. Qual é a justificativa do texto sobre o crime de Caim?

Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Entretanto, se assim não fizeres, sabe que o pecado espreita à tua porta e deseja destruir-te; cabe a ti vencê-lo! (Gen 4,7).

Existe uma força, que a Bíblia chama de pecado, que se insinua no coração do homem, da mulher e o domina, o leva a fazer o mal, a estragar os relacionamentos humanos. Esta análise bíblica é sem dúvida fruto da experiencia humana. Observando a maneira das pessoas agirem, percebe-se uma fraqueza, que as leva a não conseguir viver conforme as próprias decisões, a ser infiel. A causa desta fraqueza é apontada naquilo que a Bíblia chama de pecado, uma força misteriosa que mora na pessoa humana tornando-a incapaz de viver aquilo que percebe como bem.

Este aspecto volta várias vezes na narração bíblica. A mais paradigmática se encontra na história do povo de Israel que, apesar de ter sido libertado da situação de escravidão e de sofrimento que vivia no Egito, toda vez que encontra dificuldades na peregrinação do deserto se queixa.

O Senhor disse a Moisés: “Vai, desce, porque se corrompeu o povo que tiraste do Egito. Desviaram-se depressa do caminho que lhes prescrevi fizeram para si um bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: eis, ó Israel, o teu Deus que te tirou do Egito. Vejo, continuou o Senhor, que esse povo tem a cabeça dura.  Deixa, pois, que se acenda minha cólera contra eles e os reduzirei a nada, mas de ti farei uma grande nação.” (Ex 32,7s).

Israel é um povo fraco, que se perde constantemente. Basta pouco para ele esquecer e adorar outros deuses, ou construindo ídolos, como no caso narrado acima. A consciência do homem e da mulher é débil, frágil, se corrompe com nada e, sobretudo, se deixa escravizar e mandar pelos instintos, que arrastam as pessoas. O livro dos Reis é cheio de chefes do povo que não prestaram e desviaram o caminho, levando o povo na idolatria. Também os profetas acusam os chefes religiosos que não cumpriram a tarefa para ele entregada e cuidara de si mesmo e dos próprios interesses, ao invés de cuidar do povo (cfr. Ez 34).

Nesta linha de apontar algo de negativo dentro da estrutura humana que estraga a vida das pessoas, afetando a vontade e provocando escolhas erradas se encontra, também, o relacionamento com Deus. Este é um dos grandes temas da pregação profética. Tem liturgias que são estragadas. Até atos penitencias, que parecem bonitos, na realidade são totalmente estragados pelo pecado. Alguns exemplos.

Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará ele causou a ferida, ele a pensará.  Dar-nos-á de novo a vida em dois dias ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença.  Apliquemo-nos a conhecer o Senhor sua vinda é certa como a da aurora ele virá a nós como a chuva, como a chuva da primavera que irriga a terra.  Que te farei, Efraim? Que te farei, Judá? Vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho que logo se dissipa.  Por isso é que os castiguei pelos profetas, e os matei pelas palavras de minha boca, e meu juízo resplandece como o relâmpago, porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos (Os 6,1-6).

Existe um ato penitencial que não presta, porque a atitude de quem o realiza não ditada do desejo de conversão, de arrependimento e de mudança, mas de realizar um rito que serve nada mais que para tranquilizar a própria consciência. Existe uma liturgia que é a serviço do nosso orgulho e não uma disposição interior para nos tornarmos dóceis á vontade de Deus. Este aspecto afeta, também, um elemento litúrgico como o jejum. É o profeta Isaias que denuncia:

O jejum que me agrada porventura consiste em o homem mortificar-se por um dia? Curvar a cabeça como um junco, deitar-se sobre o saco e a cinza? Podeis chamar isso um jejum, um dia agradável ao Senhor? Sabeis qual é o jejum que eu aprecio? – diz o Senhor Deus: É romper as cadeias injustas, desatar as cordas do jugo, mandar embora livres os oprimidos, e quebrar toda espécie de jugo (Is 58, 6-7).

Jesus é na mesma linha dos profetas. No evangelho de Mateus, em várias circunstâncias repete o grito dos profetas: quero misericórdia, não sacrifícios (Mt 9,13). Jesus é o Mestre que revela de onde vem o material humano que estraga a vida das pessoas:

“Ora, o que sai do homem, isso é que mancha o homem. Porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez. Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem (Mc 7,20-230.

A análise mais profunda da pessoa humana incapaz de fazer o bem por causa de uma força negativa que encontra em si, é Paulo.

 Sabemos, de fato, que a lei é espiritual, mas eu sou carnal, vendido ao pecado.  Não entendo, absolutamente, o que faço, pois não faço o que quero faço o que aborreço.  E, se faço o que não quero, reconheço que a lei é boa.  Mas, então, não sou eu que o faço, mas o pecado que em mim habita.  Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero.  Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita.  Encontro, pois, em mim esta lei: quando quero fazer o bem, o que se me depara é o mal.  Deleito-me na lei de Deus, no íntimo do meu ser.  Sinto, porém, nos meus membros outra lei, que luta contra a lei do meu espírito e me prende à lei do pecado, que está nos meus membros. Homem infeliz que sou! Quem me livrará deste corpo que me acarreta a morte?… Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! (Rom 8,14-25).

Este é o grande problema, segundo são Paulo: Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero. E isso porque encontramos dentro de nós algo que dobra a nossa vontade e nos condena numa vida desumana. Paulo não nos deixa com uma sensação negativa, pois nos alerta que o Espirito Santo nos dará a força de Deus para viver o bem que percebemos. É o tema do capítulo 8 de Romanos.

Não é um caso que os evangelhos sinóticos apresentam o começa da vida publica de jesus colocando-o no deserto tentado pelo satanás. Jesus é homem como nós, mas que o pecado não dobrou. Os evangelistas nos alertam que, quem está chegando no mundo e que tentará de nos orientar é um homem que o pecado, o mal nunca dobrou. Esta humanidade resistente ao mal é exatamente a obra do Espírito Santo em nós.

 

 

 

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