Is 35,1-6a. 8a.10; Sal 145; Gc 5,7-10; Mt 11,2-11
Paolo Cugini
Nas leituras do terceiro
domingo do Advento, permeia o ambiente um sentimento de expectativa, uma
espécie de impaciência. Há uma sensação de expectativa por alguém que, em certo
ponto, parece quase improvável de chegar, e a espera causa angústia e perda de
esperança. O próprio João Batista, que, na passagem que acabamos de ler, está
na prisão, participa desse clima geral de tensão, questionando a identidade de
Jesus. "És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?" (Mt
11,3). A pergunta de João é rica em significado, expressando e capturando
simultaneamente as dúvidas daqueles que seguem o Senhor. Quantas vezes, aliás,
nos fazemos essas perguntas ao longo do caminho, especialmente quando o Senhor
se encontra no meio do deserto, onde não há como voltar atrás e seguir em
frente parece uma jornada sem fim. A dúvida de João Batista é a nossa, e é uma
dúvida importante porque expressa a intensidade e a seriedade da jornada na
qual as pessoas se dedicam inteiramente a seguir o Senhor.
Para nos ajudar em nossa
angústia, as palavras do profeta Isaías vêm em nosso auxílio: “Digam aos
de coração amedrontado: ‘Coragem! Não tenham medo! Eis que o seu Deus é o seu
Deus’” (Isaías 35). Em um contexto de grande tensão e sofrimento, o
profeta ampara o povo com a Palavra de Deus, uma palavra que os impulsiona a
erguer a cabeça, a não se deixarem enganar pelos pensamentos humanos e a
aprenderem a depositar sua fé no que Deus pensa, na obra que Ele está
preparando. Dessa perspectiva, a espera é uma dimensão fundamental na jornada
da fé, pois a fortalece e a testa. É uma fase muito delicada, porque a
esperança pode se deteriorar e se transformar em falta de confiança no plano do
Senhor. Quando isso acontece, a pessoa se torna triste, amargurada e deprimida.
Por essa razão, o profeta Isaías nos convida novamente a: “ Fortaleçam as
mãos fracas, firmem os joelhos vacilantes”. Isaías está confiante de que o
povo, para além da situação presente que parece prenunciar apenas coisas
negativas, conseguirá contemplar a glória do Senhor. A percepção do que o
Senhor está preparando na história se transforma em uma alegria incontida,
expressa pelo profeta com estas palavras:
Então os olhos dos cegos se
abrirão, e os ouvidos dos surdos se desimpedirão. Então o coxo saltará como a
corça, e a língua do mudo cantará de alegria. Haverá um caminho e uma estrada,
e lhe chamarão Caminho da Santidade. Por ele voltarão os resgatados do Senhor,
e virão a Sião com alegria; alegria eterna resplandecerá sobre as suas cabeças;
alegria e regozijo os seguirão, e a tristeza e o choro fugirão.
Há um mundo abalado pela ação
de Deus na história, uma ação que se manifesta por meio das ações de homens e
mulheres. O que antes parecia impossível agora está se tornando realidade. Os
exilados se sentiam para sempre confinados entre os muros de uma cidade
estrangeira. Agora, eles vislumbram um caminho através do deserto que leva à
cidade de Jerusalém. Tudo o que precisam fazer é partir.
Aprender a confiar na palavra
do Senhor é a grande lição deste terceiro domingo do Advento, quando, embora a
luz de Cristo ainda não seja visível, já está próxima: tudo o que precisamos é
de um pouco de paciência. O apóstolo Tiago também nos lembra disso na segunda
leitura, convidando-nos a observar o que acontece na natureza: “ Observem
o agricultor, que espera pacientemente pelo precioso fruto da terra, até
receber as chuvas da primavera e do outono. Sejam pacientes também e fortaleçam
os seus corações, porque a vinda do Senhor está próxima” ( Tg 5,7). Há um
fruto que está prestes a nascer, e a sua vinda é certa, porque está na lógica
das coisas. É apenas uma questão de esperar, de ter um pouco de paciência, de
fortalecer os nossos corações com a esperança da espera. Em última análise, este
é um dos significados mais profundos da oração, quando alimentada pela Palavra
de Deus: abrir espaço a cada dia para o plano de Deus, alimentar-nos com as
Suas imagens contidas nas profecias dos profetas, afastar os medos que surgem
de um foco restrito no presente. Embora seja verdade que o Deus de Jesus Cristo
se manifeste no tempo, Ele nunca está fechado em si mesmo, mas sempre aberto ao
futuro. O Advento nos ajuda a repensar nossas vidas, a sempre colocar cada
acontecimento na perspectiva de Deus, que é uma perspectiva de vida e amor.
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