mercoledì 8 luglio 2015

VIVER COMO FILHOS DE DEUS






COMENTO ESPIRITUAL Á PRIMEIRA CARTA DE JOÃO



II° parte: Viver como filhos de Deus

Filhos de Deus (3,1-2)

Nestes primeiros versículos da segunda parte da carta, João nos pede de ficarmos admirados para sermos considerados dignos de nos tornarmos filhos do mesmo Pai. Aquilo que Jesus é, a sua mesma experiência de Deus, aquela que acompanhou Jesus ao longo da sua vida, esta mesma experiência Jesus a comunica a nós. Aquilo que Deus é por Jesus o será também por os discípulos.
O coração do cristianismo é uma vida, uma vida comunicada.
É preciso entender o relacionamento que existe entre o Pai e o Filho, assim como o N.T o revela. Este relacionamento é explicado, sobretudo na oraçãosacerdotal de Jesus.
Jo 17: tudo aquilo que o Pai tem o dou ao Filho.
Na primeira carta a João este relacionamento entre o Pai e o Filho é dilatado para compreender também o cristão. Se o Pai é o Pai de Jesus Cristo, através do mesmo Jesus Cristo se torna Pai de todos os cristãos. Se o Pai doa a Cristo  o seu amor, em Jesus doa o seu amor a todos aqueles que acreditam. Se doa a sua vida ao Filho, a doa a todos aqueles que acreditam.
Todo o discurso, no final de conta, se resuma na percepção da vontade de Deus que em Cristo convida toda a humanidade a entrar na sua mesma vida, na vida trintaria, através de Jesus Cristo. Jesus vem do Pai, é enviado pelo Pai, para permitir aos homens de participar do amor de Deus, de receber o amor de Deus.
Para são João a vida de Jesus consiste nisso: que Jesus leve para os homens a experiência da sua vida. Todo o Evangelho pode ser lido nesta perspectiva:

Jo 1,12: crer no nome de Jesus significa receber o poder de se tornar filhos de Deus.
Se Israel acolherá a experiência de Jesus por si como dom gratuito do Pai, encontrará a liberdade dos filhos, poderá se tornar aquilo que devia ser, mas que não conseguiu ser por causa dos seus pecados[1].
O cristão que vive conforme Jesus, se torna alheio ao mundo, pois o mundo não o reconhece como seu.

1Jo 3,2: o fato que somos filhos de Deus está escondido na realidade da nossa fraqueza, mas um dia será manifestado na plenitude da sua gloria. Deus se fez homem para que o homem se tornasse como Deus. Podemos nos tornar como Deus através de Jesus Cristo[2]. E isso não com um nosso caminho de autoelevação, mas seguindo as pegadas de Jesus.

O veremos assim como Ele é”: ver Jesus nos salmos, quer dizer participar á plenitude da sua comunhão. Ver Jesus significa reconhecê-lo como Filho de Deus e ser em comunhão com Ele. Tudo isso é a conseqüência da encarnação, da presença de Cristo no meio dos homens e para que se abra nos nossos corações a esperança, com a esperança o desejo e dessa forma a nossa vida se torne um caminhar na direção de Cristo.

Primeira condição: romper com o pecado (3, 3-10)

Esta seção é contra as ilusões que o homem produz. A comunhão com Deus exige uma ruptura radical com o pecado. A ascese cristã existe porque o cristianismo é comunhão com Cristo e, sendo que Cristo é puro, sendo que Ele é limpo e santo, todo o caminho cristão é um transformar-se, é tirar tudo aquilo que nos afasta e nos torna diferente de Cristo, para podermos ser em profunda comunhão com Ele. Isso quer dizer que a comunhão com Cristo exige uma ascese, uma purificação interior e exterior[3].

1Jo 3,4: cometer pecado não é somente cometer alguma ação errada, mas é agir sob o influxo do satanás, é participar da sua oposição a Deus[4]. Este é um tema típico de João que fim do começo do seu Evangelho sublinha o sentido da vinda de Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo[5].
Tirar em grego tem dois sentidos: tirar e levar. Jesus veio a tirar o pecado do mundo, levando o peso dele, mesmo como o servo de Javé do qual fala o profeta Isaias[6].
O crucifixo é por João uma fonte para lavar o pecado e a impureza, para que toda a casa de Israel possa ter a plenitude da graça, da consolação e do perdão[7].
Segundo João o homem, a humanidade concreta é uma humanidade mergulhada no pecado e, mesmo por isso, é escrava: “Quem comete pecado é escravo”[8]. Esta escravidão separa o homem de Deus. A realidade do pecado é aquela de não pertencer a Deus, ma de ter como pai o diabo, ou seja raciocinar como raciocina ele, obedecer as suas instigações[9]. Pelo contrario, lembra João, em Cristo não tem pecado[10], não existe nele nenhuma rebelião á Deus, nenhuma vontade de auto-suficiência, mas uma perfeita obediência e um perfeito amor.
Segundo s. João a vida de Jesus é uma espécie de grande processo: Jesus veio ao mundo e o mundo o acusa, o acusa de mentira, de infidelidade no confronto de Deus, de impiedade, de blasfemar, porque segundo o mundo Jesus é um pecador. Mas é exatamente nessa altura que entra o mistério da ressurreição junto com o dom do Espírito. De fato o Espírito Santo terá a tarefa de mudar a sentença dos homens; os homens acusaram Jesus de pecado e o condenaram a morte; o Espírito Santo demonstrará que o pecado não foi cometido por Jesus, mas pelo mundo. A única coisa que Jesus fez no mundo é a justiça. De fato foi Jesus que subiu ao Pai: este é o sinal que Ele é Justo. Tudo se decide em cima disso: se Jesus é verdadeiramente a revelação perfeita de Deus, ou se Jesus é um pecador. Agora por João, entre Jesus e o pecado existe uma oposição impressionante: Jesus em toda a sua vida não fez outra coisa que tirar os pecados. A conseqüência disso é natural: “Quem permanece com Ele não peca; quem peca não o viu e nem o conheceu”[11].
Conhecer Jesus não é um fato de simples inteligência: aquilo que importa são as obras e se uma pessoa fica com Cristo, não peca. Se Cristo de verdade se torna o coração da minha vida, não posso pecar, porque Cristo não suporta o pecado.
Na carta aos romanos, Paulo afirma a mesma idéia[12]. Através do Batismo Deus nos desenraizou do pecado. “Caminhais segundo o Espírito e não sereis levados a satisfazer os desejos da carne[13] .
Todo este discurso é contra os falsos misticismos, ou seja, experiências de Deus que porém não tem fundamento, porque vivem juntas com o pecado, com a infidelidade. Contra isso João tem palavras claríssimas e, ao mesmo tempo duríssimas: “Quem comete pecado vem do diabo, porque o diabo é pecador dede o começo”[14]. De fato, atrás do pecado está o satanás, pois o pecado está submetido às instigações do diabo. É o conceito que João aplica a Judas[15]. A má vontade de Judas consiste no ter aceitado a instigação do diabo, ou seja, no ter reproduzido a postura de Adão e Eva.

V.9: Semente: é a palavra de Deus interiorizada pela força do Espírito[16]. É, assim, a Palavra encarnada na vida do crente. A Palavra de Deus é uma semente, uma força colocada dentro do coração do cristão que não lhe permite de pecar. É a mesma idéia que aparece também em Pedro[17].
Também na carta aos Hebreus encontramos uma idéia aparecida[18]. Claramente o exemplo mais famoso é parábola de Jesus[19].
Então a Palavra de Deus colocada no coração do cristão o rende impecável, realizando, assim, a profecia dos profetas[20].
Também o Salmo 37 expressa este conceito: “A lei de Deus é no seu coração e os seu passos não vacilarão”.
Isso quer dizer que, quando a lei de Deus está no coração, existe obediência plena a Deus.
É o tema da interiorização da Palavra, que é algo que deve ser “mastigado”, comido[21]. Não é necessário decorar a palavra: aquilo que importa é que aprenda bem algumas palavras, as repita até sentir o gosto. Esta é a palavra que me salva, é a Palavra do Senhor que me protege do pecado.
Guardo no meu coração a Tua Palavra, Senhor, para não te ofender com o pecado[22].
O texto de João quer dizer que, se a Palavra de Cristo permanece no cristão, se o cristão a mastiga, a medita, a interioriza, o cristão devagarzinho se torna transformado pela Palavra, se torna Espírito e, então, não pode mais pecar.

Se torna Espírito: cf. o dialogo de Jesus com Nicodemos[23].
Quanto mais a Palavra entra no nosso coração, tanto mais cresce a liberdade perante o pecado, no sentido que o pecado não exerce mais aquela força que tinha antes.



Segunda condição: observar os mandamentos, sobretudo o mandamento da caridade

a. Passar da morte á vida (3,11-18)

A revelação de Deus foi como uma grande luz que permitiu aos homens de abrir os olhos, de entender o sentido do mundo, da historia, da vida. Que compreensão tiveram os homens quando receberam a luz? Compreenderam o amor: é esta a luz que ilumina os homens.

O exemplo negativo que o texto propõe é Caim. Ele é o exemplo do mundo que recusou a luz e que fica escravo do diabo. O seu ódio se dirige contra o seu próprio irmão. É o oposto do amor que encontra no outro um irmão. O ódio leva as pessoas a considerar os irmãos inimigos. O homem é arrastado pela potencia á qual se entrega. Existe uma inimizade fatal entre trevas e luz. As trevas não aceitam de serem desmascaradas no pecado, e a pessoa honesta, a pessoa que ama, desmascara o mal até sem querer. No livro da Sabedoria descrito muito bem este dualismo[24]. A vida do justo se torna insuportável para os ímpios porque a sua vida é iluminada da Palavra de Deus e do amor e condena, também sem querer, só com a sua presença, a vida dos ímpios. Aonde existe ódio e impiedade o amor não é suportado. Perante esta situação tem dois caminhos de saída: ou o ímpio se converte, ou elimine o justo. Caim, por exemplo, escolheu a estrada da eliminação do amor. Por isso João acrescenta: “Não vos admireis, irmãos, se o mundo vos odeia[25]. É na lógica do mundo odiar quem ama, odiar os discípulos. O mundo odeia também através da persecução.
Cf. Ap 13,16-17: quem não se dobra á idolatria, é impedido de viver. Quem não se adapta ao mundo, é impedido o sucesso, a carreira.  Neste sentido o insucesso no mundo é sinal da verdade da nossa caminhada cristã. A busca da vida é um tema central em João: já vimos isso no começo da reflexão[26]. Agora a busca da vida para João termina no encontro com Jesus, pois, ter encontrado Jesus significa ter encontrado a fonte da vida.

Nós sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos[27]. A comunidade cristã é o conjunto daqueles que se amam como irmãos, com o amor que receberam de Jesus. Quem na ama é esmagado pela morte. Esta mesma idéia se encontra também em Mateus 5, 21-24 e em Mt 25. No contexto do julgamento final não é dito que estas pessoas que são julgadas negativamente odiaram, mas não amaram, ou seja, perante á alguém que precisava, fecharam o coração.

Todo aquele que odeia seu irmão é homicida[28]: o amor é por sua natureza ativo. O amor não se confunde com nenhum gesto.

Nisso conhecemos o Amor: ele deu a sua vida para nós e nós também devemos dar a nossa vida para os irmãos[29]: o amor é aquilo que fez Jesus[30]. O amor é aquela revolução na vida da gente que leva a colocar o outro antes dos meus interesses. Não utilizo mais os outros para alcançar os meus objetivos, mas coloco a minha vida a serviço dos outros. Tudo isso é bem explicado na parábola do bom samaritano[31]. No momento que deparamos com o irmão que sofre temos a vocação a nos aproximar, a criar aquelas dimensões de solidariedade pelos quais se levam os pesos um dos outros. Então a revolução é de uma vida aonde o centro é o eu, para uma vida aonde o centro é o irmão que precisa. É isso que quer dizer amar: doar, colocar o outro no centro: “Também nós devemos dar a vida para os irmãos”.
O amor é autentico no cotidiano. O amor não é feito de palavras enfeitadas, mas sim de gestos concretos[32].
Amar com a verdade significa amar com um amor que nasce da revelação do amor de Deus por nós. Isso quer dizer que o amor com o qual nos amamos nasce da verdade que interiorizamos, é um amor conforme a revelação de Deus. Aqui se encontra aquela ligação entre fé e amor, típica de João. A verdade é a fé, a Palavra de Deus que se tornou verdade no coração do homem; a caridade está nas obras que são produzidas desta interiorização[33].


b. Nascidos da Verdade (3, 19-24)

Se uma pessoa quer saber se é na verdade deve fazer um exame de consciência. Devemos aprender a viver a nossa vida perante Deus, sem nos preocupar demais com aquilo que os outros pensam[34].
Se trata de uma caridade, de uma santidade que deve ser tal perante Deus e não perante os homens[35]. A vida de fé é vida perante Deus no meio do mundo. Devo buscar uma serenidade sobre a minha vida que não deve depender do julgamento dos outros, mas daquilo que me diz o meu coração. O único caminho pa chegar na paz, na quiete, á serenidade interior é viver na verdade, no amor. Pra querer bem de verdade não devemos ser preocupados demais com nós mesmos, com aquilo que os outros podem pensar de nós. É preciso aprender a esquecer um pouco a si mesmo. Se, de fato, somos preocupados demais para salvar a nossa vida, corremos o risco de ficarmos estressados, amedrontados, agoniados. Aquilo que conta não é a nossa agonia, aquilo que podemos fazer, mas é a sinceridade do nosso coração perante Deus[36]. Receber a salvação de Deus quer dizer conversão e calma, quer dizer abandono confiante. Em João a conversão significa amor. No momento em que  o nosso caminho de fé se torna um caminho de amor, encontramos a paz, a calma perante Deus.
Rom 5,1: Somos justificados através da fé, porque Deus nos perdoou, nos rendeu justos e, através da fé, o temos amado.

V. 22: qualquer coisa pedimos receberemos dele. È a situação da criança perante o pai. O filho ao pai pode pedir qualquer coisa. Esta é a nossa condição, não pelos nossos méritos, mas porque Deus nos justificou e, com um coração cheio de paz, podemos no aproximar de Deus como filhos para pedirmos o que quisermos[37].
Da angustia para o futuro o discípulo é liberado da possibilidade de rezar, ou seja não sei se terei um pedaço de pão esta noite, mas sei com certeza que tenho um Deus que me ama e que é como um Pai para mim, ao qual posso pedir o que quiser. A condição da nossa oração é a plena harmonia com Deus.
Modelo da oração cristã é a suplica de Jesus no Getsemani[38].
Foi atendido por causa da sua submissão[39]”: em que sentido foi atendido? Na realidade a paixão rende perfeito o Filho, causa de salvação eterna por todos aqueles que obedecem a Ele. Existe um atendimento de Deus que não é conforme a vontade humana, mas que é escondida na vontade do Pai[40]. Em cada oração existe este pano de fundo misterioso, que é a sintonia com Deus que o Espírito cria nos nossos corações.


Terceira condição: proteger-se dos anticristos e do mundo (4,1-6)

É preciso discernir as profecias e ter critério para entender quais são os profetas verdadeiros. No A.T. já encontramos alguns critérios. In Dt 13, 2-6 o critério é a fidelidade ao Senhor. Mt 7,16 fala que é dos frutos que reconheceremos os verdadeiros profetas. Em 1Jo 4 o primeiro critério é aquilo da fé, da fidelidade á profissão de fé[41].










III° parte

ÁS FONTES DA CARIDADE E DA FÉ

a. Deus é Amor (4, 7-8)

O cristão é aquele que é amado por Deus. É o amor de Deus que oferece para o cristão uma nova origem, uma vida nova. O cristão não deriva simplesmente da vontade da carne, de um homem, mas vem do amor de Deus. Quem inventou o amor foi Deus. Para Deus amor quer dizer doar a si mesmo. O amor de Deus é um amor gratuito, criativo. Esta idéia já se encontra no A.T.:

1.     Sal 136.
2.     Dt 7,7-8
3.     Dt 9,6
4.     Is 43, 1-4
5.     Ez 16, 1-63
6.     Os 11,1-9

Este discurso do A.T. está na base de toda a experiência cristã e também na experiência do N.T.

1.     Lc 15
2.     Mt 20, 1-16

Estas parábolas mostram claramente que não um fato tão banal assim que Deus seja amor.

b. O amor do Filho (4, 9-10)

Jesus não pode amar o Pai sem amar os discípulos que são o dom do Pai a Jesus. Jesus vê nos discípulos o amor do Pai para eles; então cada resposta no confronto do Pai passa através o amor dos discípulos. Em que sentido consiste o amor de Deus? No fato que Deus viu uma humanidade submetida á morte, á miséria do pecado; desta humanidade ele teve compaixão, e por essa humanidade doou, mandou o seu único Filho.
Atrás da palavra “enviado[42] está toda a vida de Jesus. De fato, toda a vida Jesus é um sinal, é a demonstração, é a realização do amor do Pai por nós: toda a vida de Jesus diz o dom de vida eterna aos homens[43]. Em todos os sinais que Jesus realiza no Evangelho de João encontramos uma humanidade pobre que desejaria viver, mas não tem mais a força. De fato, apesar de toda a ciência o homem permanece pobre naquilo que faz e, sobretudo, no seu coração. Para esta humanidade Jesus é o amor de Deus; Jesus é o dom da vida, em tudo aquilo que faz e em tudo aquilo que diz.
O fato que Deus nos doou o seu Filho Jesus quer dizer que a nossa vida lhe interessa, que toma cuidado com as nossas misérias[44].
Jesus é a presença definitiva de Deus, a presença de um Deus que salva.

c. Amor fraterno (4, 11-12).

Como Deus se comportou conosco assim também nós devemos nos comportar com Ele[45]: é desta forma que seria lógico dizer. Só que o teor da conversa de João é diferente. A verdade do amor de Deus que se manifestou em Cristo e que nós recebemos nos sacramentos, está no nosso amor para com os irmãos e as irmãs. Por isso devemos aprender a amar os outros não por causa de uma \simpatia humana que vislumbramos neles, mas em força do amor de Cristo por nós. Por isso devemos amar sempre e, também, os irmãos e as irmãs que não são muito simpáticos. O critério, a fonte do nosso amor para com os irmãos não pode ser o mesmo irmão, mas o amor de Cristo por nós. Devemos aprender a querer bem pelo fato que Deus nos quis e continua nos querendo bem; a prova maior disso é o seu Filho Jesus. Esta é grandíssima novidade da mensagem do Evangelho: amamos os irmãos porque o Senhor nos amou. Este tipo de amor torna livre as pessoas. Quando, de fato, amamos os outros em virtude de uma simpatia, entramos no relacionamento com muito cobrança e exigência. Aquilo que acontece é que basta uma desentendida para fechar a cara e romper o relacionamento. Pelo contrario, se de verdade é Cristo a fonte do nosso amor, devemos aprender a devolver ao ódio o amor. O irmão pode até ficar aborrecido conosco, mas nem por isso paramos de amá-lo, pois a nossa fonte de amor não são as pessoas, mas o amor de Cristo. O amor que João relata e aponta para os cristão, não é um amor humano, mas sim divino. É aquele amor que não se cansa nunca de amar, pois é fundado sobre Cristo.
Cf. também Ef 4,32.
A presença de Deus é real no mundo, e é real através o amor dos irmãos.
Aonde existe o amor fraterno autentico ali existe a força de Deus[46].

d. O Espírito Santo (4, 13-16)

A nossa comunhão com Deus se reconhece da obra que o Espírito realiza nos nossos corações, se reconhece pelo fato que aquilo que dizemos e fazemos vem do Espírito e não da nossa inteligência.
Quais são as obras que vem do Espírito? João anuncia três.
 A primeira é a visão da fé e o testemunho de Cristo dos discípulos, que testemunham aquilo que viram. João viu aquilo que viram os judeus com a diferença que, enquanto os Judeus não acreditaram á Jesus, aquilo que viram e escutaram pela boca de Jesus, João acreditou. A diferença é no Espírito, pois é o Espírito que abre os olhos para ver as coisas escondidas, para ver o mistério de Jesus, da sua origem, da sua pessoa.
A segunda obra é contida neste versículo: “Aquele que confessa que Jesus é Filho de Deus, Deus permanece nele e nele em Deus”[47]. O Evangelho de João quer chegar àqueles que, sem terem visto Jesus, acreditam pelo dom do Espírito.
A terceira obra é dirigido a todos[48] . O Espírito quer nos ajudar a reconhecer o amor de Deus que se manifestou em Jesus. É o Espírito Santo que nos ajuda, ainda hoje, a encontrar Cristo na sua Palavra.

e. A perfeição do amor (4, 17-21)

Aquele amor que sai de Deus e que, através de Jesus, chega a nós e nos transforma através do amor fraterno, alcança a sua perfeição no momento em que se dilata á amar sem limites, á amar com aquela riqueza que recebemos do amor de Deus. Em outras palavras o cristão que ama é semelhante a Cristo. O cristão autentico transforma em caridade tudo aquilo que toca. Transforma em caridade o trabalho, o estudo, a oração, o relacionamento com os outros. Quem vive assim, como Jesus viveu, não tem medo do julgamento final, mas vai ao seu encontro com confiança. A caridade pertence ao mondo de Deus, então, ao mundo futuro. Então, na pessoa que ama existe uma espécie de antecipação da vida futura[49] .
O amor que vem de Deus exclui todo temor. A segurança do amor de Deus deve gerar liberdade.



f. Nascidos de Deus por fé (5,1-4)

Amar de verdade uma pessoa significa amá-la como Deus a amou. Quando o amor pelo outro é são, limpo, nós amamos Deus no outro. O amor a Deus, a obediência a Ele é o critério para amar autenticamente os irmãos. De fato amar os irmãos, não é apegar-se a eles, grudar neles. Amar os irmãos exige gratuidade, doação. Quando o amor é autentico amar Deus nos outros é amar Deus por aquilo que os outros são de verdade. O amor doa uma capacidade impressionante de levar os pesos[50]. É a fé que vence o mundo, porque vence os medos do homem. De fato, que medo devemos ter e de quem, quando Deus nos ama? Se derrota o mundo quando o mundo não tem mais poder de nos atemorizar.



Á FONTE VDA FÉ (5,5-13)

A vida de Jesus se resume nestes dois pólos que são o batismo e a morte, intrinsecamente ligados entre eles. De fato o batismo no Evangelho é prefiguração da morte de Jesus. A morte não é que um batismo para o Senhor. Batismo e morte dizem o mistério da presença de Deus no meio dos homens, uma presença de doação e salvação. É o Espírito que nos ajuda a entender o crucifixo a revelação do amor de Deus. “É o Espírito que dá testemunho[51], que nos ajuda a penetrar os mistérios da vida de Jesus.
O Batismo e a morte não são realidades que pertencem ao passado, mas realidades presentes nos sacramentos da Igreja. Nos sacramentos da Igreja a via de Jesus é atual. Para João a fé que temos no Senhor não apenas ligada a fatos do passado, mas á experiência atual da Igreja e dos sacramentos: hoje o Espírito, a água e o sangue dão testemunha.



[1] Cf. Ex 4,23; Os 11.1.
[2] Citar Agostinho.
[3] Cf. 1Pd 1,22.
[4] Cf. 2Ts 2,7-8.
[5] Jo 1,29.
[6] Cf. Is 53,4-5.7.
[7] Cf Zc 12,10; Zc 13,1.
[8] Jo 8,34.
[9] Cf. Jo 8,47.
[10] 1Jo 3,5.
[11] 1Jo 3,6.
[12] Cf. Rom 5,20; Rom 6, 2.10-11.
[13] Gal 5,16. Cf também: 1 Cor 6,9-11.
[14] 1Jo 3,8.
[15] Cf. Jo 13,2.
[16] Cf. com aquilo que foi falado sobre a unção.
[17] 1Pd 1,22-25.
[18] Cf. Hb 4,12.
[19] Cf. Mt 13,4ss.
[20] Cf. Jer 31,31; Is 60,21.
[21] Cf Ez 2,8-3,3; Ap 10, 8-11.
[22] Sal 119,11.
[23] Jo 3.
[24] Cf. Sab 2, 9-20.
[25] 1 Jo,13.
[26] Cf. pág 1 deste texto.
[27] 1 Jo 3, 14.
[28] 1 Jo 3,15.
[29] 1 Jo 3,16.
[30] Cf. Jo 10, 11s.
[31] Cf. Lc 10, 30-37.
[32] Cf. Tg 2, 14-17.
[33] Cf Agostinho, V,12.
[34] Cf. 1 Cor 4,3-5.
[35] Cf. Ef 1,14; Mt 6,1.
[36] Cf. Is 30, 15-17.
[37] Cf. Jer 29,11-14; Mt 7,7-9; Jo 14, 13-14.
[38] Cf. Hb 5, 7-10; Mc 14,36.
[39] Hb 5, 7.
[40] Cf. Rom 8,26-28.
[41] Cf. Agostinho VII,4.
[42] É o caminho da Encarnação que um caminho de abaixamento e de aproximação sem esquecer, porém, que é também um caminho de subida. O fato que o mistério da Encarnação resume o sentido do amor de Deus, isso no revela e desvende o sentido bíblico da palavra amor.
[43] Cf. todos os milagres do ev. De João (2,4,5,6,9,11).
[44] Cf Is 43, 10-12.
[45] Cf. Mt 18, 25-35.
[46] Cf Agostinho VIII, 10.
[47] 1 Jo 4,15.
[48] Cf. 1 Jo 4,16.
[49] Cf. 1 Cor 13.
[50] Cf. 1Cor13, 7.
[51] 1 Jo 5,6.

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