XI DOMINGO-B
(Ez 17,22-24; sal 92;2 Cor 5,6-10; Mc
4,26-34)
Paol Cugini
1. Terminado o período das grandes festas
depois do tempo pascal - Pentecostes, Santíssima Trindade, Corpus Christi -, a
liturgia volta ao tempo comum, que é o tempo da nossa vida corriqueira. Sendo
que é a liturgia a iluminar o sentido das leituras, tentaremos entender o que
Deus está querendo nos dizer hoje, na nossa vida, para a realização do seu
Reino.
O fato que no Evangelho que acabamos de
escutar Jesus narra duas parábolas enfocando o Reino de Deus, quer dizer que
deve ser este o centro da nossa atenção
na vida corriqueira. Em cada ação, pensamento, decisão toda a nossa vida deve
ser orientada para que o Reino de Deus se realize. Mas, a final de conta, é o
que o Reino de Deus?
2. “O Reino
do céu é como quando alguém espalha semente sobre a terra...” (Mc 4,
26). O sentido desta primeira parábola é
bastante claro. Jesus, de fato, quer nos alertar que o sucesso do reino de Deus
não depende dos nossos talentos, capacidade, mas da força da Palavra. Pra nós
cristãos torna-se fundamental semear, espalhar a semente da Palavra onde
estivermos: o resto é Deus que irá desenvolver. Jesus avisa os discípulos que
nas coisas de Deus não podemos entra com critérios humanos, pensando que tudo
depende de nós. Nas coisas de Deus é Ele o protagonista e nós somos
simplesmente instrumentos. Esta parábola deveria nos ajudar nos momentos de
desconforto, quando estamos achando que a nossa ação não valeu nada e que tudo
aquilo que fizemos para anunciar o Evangelho foi inútil.
“Ele vai
dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele
não sabe como isso acontece. A terra por si mesma produz fruto”(Mc 4,27-28).
Mais uma vez: o discípulo, o missionário
preocupado com o trabalho de evangelização, não pode ficar estressado se os
frutos não estão brotando, também porque quem mede o tempo e o momento do
amadurecimento da Palavra, não é o homem, mas sim Deus. É Deus que acompanha o
desenvolvimento das sementes que o discípulo espalha no campo do mundo. Aceitar
isso é viver com fé o próprio ministério e confiar na força de Deus e não nas
próprias. É por isso que para anunciar o Evangelho de Jesus é necessário
realizar o caminho de discipulado, para assimilar o jeito de Jesus viver e
aquela confiança em Deus, que nos libera do nosso protagonismo humano. Aquilo
que é da nossa conta é semear a palavra com perseverança e docilidade: o resto
é da conta de Deus.
É bom salientar também que, este fato de
semear a Palavra não é somente obra dos “especialistas” como padres, freiras,
mas de todos os batizados, os cristãos. De fato, o semear a Palavra não
acontece somente quando falamos explicitamente de Jesus, mas também quando o
testemunhamos nos ambientes de vida. Isso quer dizer que, se a nossa existência
não se tornar um seguimento total a Jesus, uma entrega total, dificilmente
conseguiremos realizar aquela semeação que Deus quer. Em qualquer momento da
vida e em qualquer situação estamos ou colaborando ou atrapalhando a difusão do
reino de Deus.
3. “O reino
de Deus é como um grão de mostarda” (Mc 4,31).
A segunda parábola de hoje é na mesma linha
da primeira, visa respaldar a importância do Reino de Deus. Este, de um ponto
de vista humano, não tem aparência, mas, ao longo dos anos, cria uma realidade
impressionante. A referencia é sobre aquilo que nós achamos importante para
realizar a nossa existência. Se contarmos sobre os meios humanos, buscando uma
aparência e uma visibilidade externa, então o fracasso será certo. Se pelo
contrario, optaremos para abrir o nosso coração para a invisibilidade e a
pequenez do reino de Deus, então o sucesso será seguro. É claro que se fala de
sucesso não no sentido mundano, mas sim no sentido espiritual. A nossa vida se
realiza somente se tivermos a humildade de entregar as rédeas da nossa vida
para Deus, para que seja Ele a conduzi-la. Este, a meu ver, é o sentido da
comparação do Reino de Deus com a semente de mostarda. O problema é saber aonde
encontrar a força, ou melhor, a lucidez e a coragem de colocar a nossa vida
contra as aparências deste mundo. Para isso é sem duvida necessário o caminho
do discipulado, dedicar tempo a interiorizar a Palavra de Deus, se esforçando de
vivê-la com toda a coerência possível. É assimilando o Evangelho que apreendo a
dar valor àquilo que para Deus é importante e, assim, a descartar aquilo que
pode atrapalhar a realização do Reino de Deus. Se Jesus hoje nos revela que o
Reino de Deus é como uma semente de mostarda, isso quer dizer que nas nossas
decisões não devemos olhar a aparência, o tamanho, a visibilidade externa. Se o
mundo nos leva a prestar atenção e a valorizar tudo aquilo que é exterior, que
aparece e que estimula os sentidos da carne, no Reino de Deus é exatamente o
contrario. Para essa maneira de olhar e de pensar, ninguém é preparado: por
isso Jesus veio ao mundo. Jesus vindo ao mundo escolheu o ultimo lugar, se fez
servo, lavou os pés dos discípulos, se humilhou, se abaixou, se entregou
totalmente. Este jeito de viver de Jesus, que é a maneira de realizar o Reino
de Deus, pela lógica do mundo é absurdo. O cristão, que quer seguir a Jesus,
deve aprender a viver naquilo que o mundo acha um absurdo, uma loucura, na
convicção que: “a loucura de Deus é mais
sabia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens”
(1 Cor 1, 25).
O Reino de Deus é como um grão de mostarda,
ou seja, é pequeno. Além de ser pequeno é escondido no baixo do chão para
brotar frutos e, assim, se tornar uma grande arvore. A vida cristã se quiser
seguir a Jesus e assim brotar frutos, deve manter no mundo a pequeneza e o
escondimento de Jesus: deve de certa forma, desaparecer aos olhos indiscretos e
curiosos do mundo. Ninguém merece cristãos atrevidos e exibidos!
4. Nesta Eucaristia que estamos celebrando,
pedimos a Deus que forme em nós os mesmos sentimentos que foram em Jesus, para
sermos no mundo testemunhos silenciosos e discretos da gloria de Deus e para
que, através deste testemunho, o mundo possa acreditar em Jesus.
Assim
seja.
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