XIV DOMINCO/B
(Ez 2,2-5; Sal 123; 2 Cor 12,7-10; Mc 6,1-6)
Paolo Cugini
1. “ Um profeta só não é estimado em sua pátria,
entre seus parentes e familiares” ( Mc 6, 4).
O profeta, ou seja a pessoa que si disponibiliza para levar a
Palavra de Deus nos ambientes e circunstancias da vida, deve aprender a
conviver com as incomprensões sobretudo na própria realidade existencial.
Parece ser este o tema central das leituras de hoje. Porque esta incompreensão entre familiares
parentes e amigos? Porque não conseguimos ser credíveis entre eles? A resposta
mais imediata é que, talvez, eles não aceitam a nossa mudança, também porque a
nossa mudança questiona a vida deles. De fato, se pensarmos atentamente naquilo
que aconteceu na época da nossa conversão, as pessoas que mais nos
pressionaram, que mais nos criticaram eram mesmo entro as paredes de casa, ou
os amigos mais próximos. Nestes momentos a tentação é desistir, recuar, voltar
atrás. “será que vale mesmo a pena
continuar deste jeito?”. Quantas vezes pensamos isso! As pessoas se afastam
de nós, as vezes até parentes ou familiares. O problema maior, porem, é que,
nestes momentos de sufoco, nós deparamos com a nossa incoerência, fraqueza,
incapacidade de seguir Jesus com mais
intensidade. E, assim, começamos a questionar a nossa mesma vocação, os lindos
dias em que o Senhor veio ao nosso encontro para nos chamar, nos envolver do
seu amor, a querer falsificar a nossa historia, a deixar que a nossa mente
imbanane tudo. São os dias em que perdemos a vontade de rezar, de buscar a Deus
e ficamos o tempo todo matutando perdidos nos nossos pensamentos. É exatamente
nestes momentos que Deus nos chama a mudar de pele, de identidade, a deixar o
homem, a mulher velha, para nos revestir do homem, a mulher nova.
2. “Basta-te a minha graça.
Pois é na fraqueza que a força se manifesta” (2 Cor 12, 9).
São Paulo é
um grande exemplo desta mudança de pele, de identidade. Ele percebeu que aquilo
que Deus quer de nós é nos despojarmos da pseudo-força do mundo, para nos
revestirmos da gloria de Deus.
“Pois Quando mi sinto fraco,
é então que sou forte” (2Cor 12, 10).
Quer dizer isso? Paulo está apontando o dedo contra todo o esforço
humano de esconder a própria condição de fraqueza. O homem é um bicho fraco, só
que ao longo da vida, faz de tudo para disfarçar esta situação. E assim se
reveste de ouro, se protege com palácios suntuosos, busca permanecer sempre
jovem, ou melhor mostrar uma aparência de jovem escondendo as marcas do tempo, e assim em diante. São Paulo,
nestes poucos versículos, nos lembra que tudo isso é loucura, estultice. De
fato, perante Deus não precisamos nos esconder: Ele sabe de que barro somos
feitos. E assim, a verdade do nosso relacionamento com Deus está na capacidade
de estar á sua presença do jeito que somos, sem esconder nada, sem tentar
nenhuma forma de tapeação. Paulo aprendeu que somente quando o homem aceita
perante Deus a própria condição humana de fraqueza, causada pela condição do
pecado, recebe a veste da imortalidade, a graça santificante e transformante.
Nós tentamos esconder a vergonha do nosso pecado com a força aparente do mundo.
Se quisermos voltar a gloria da origem e tirar da nossa vida as conseqüências
mortais do pecado, devemos deixar que Deus nos reveste com a vida de Seu Filho Jesus.
Depois de termos aprontado, fugimos de Deus (não fizeram isso também Adão e
Eva?) como se pudéssemos achar uma solução longe dele. A humildade é não teimar
no erro, não piorar uma situação já por si mesma negativa, e parar para que Deus
possa encher a nossa vida com a sua misericórdia. Desta maneira podemos também
deparar sobre a diferente maneira do mundo e de Deus de considerar a
humanidade. De um lado, o mundo exige a minha mentira, a mentira sobre mi mesmo
para acolher a sua gloria aparente, que me reveste de morte (não são assim, de
fato todas as experiências mundanas que fizemos?). Do outro, Deus espera que eu me olhe do jeito que sou e
peça para ser revestido da Sua mesma gloria.
3.Ligando as duas reflexões que até agora fizemos, podemos afirmar
que é nos momentos de tensões, sobretudo com os familiares parentes e amigos,
que não aceitam a nossa mudança, que temos a possibilidade de nos despojarmos
do homem, a mulher velha, para nos revestirmos das vestes de Cristo. É nesses
momentos que Deus nos oferece uma ocasião de ouro para fortalecer e amadurecer
a nossa vocação. Ele pede de nós um passo ulterior, uma confiança total nele
que necessita de uma rescisão, um corte radical com o passado, para que Deus
possa fazer de nós, da nossa vida algo de novo, possa realizar aquilo que
sempre Ele sonhou de nós e por nós. Alguém poderia retrucar que esse é um papo
muito egoísta, porque devemos pensar nos nossos parentes, pais, amigos e assim em diante. Pelo contrario, talvez os grandes egoístas são
todos aqueles que pensam de serem indispensáveis, que não confiam na
misericórdia e na providencia de Deus. De fato, se é Ele que me chama, será que
Ele é tão desprovido pra não saber daquilo que os nossos pais e parentes
precisam, não apenas em termos materiais, mas também espirituais? Além disso,
quem conhece um pouco a Escritura e a pedagogia de Deus, sabe que o chamado de
Deus, não é apenas para a pessoa, mas beneficia o povo todo ( Cf. a experiência
de Moisés, José filho de Jacó e assim em diante). Quem sabe que através do
nosso chamado, Deus não queira alcançar os nossos familiares e amigos?
4. “E admirou-se com a falta
de fé deles” ( Mc 6, 6).
A fé é aceitar de entrar na realidade de Deus e abandonar a
imaginação do mundo, a sua fantasia. Ser profeta incômodo, não é fazer o dizer
grandes coisas: é simplesmente vier e ser do jeito que Deus quer: é isso mesmo
que incomoda o mundo e até mesmo os nossos familiares. A vida cristã é um
caminho de liberdade: pedimos a Deus que nesta Eucaristia podemos crescer mais
neste sentido.