SEGUNDA CARTA AOS CORINTIOS
CAPITULO 10
ESTUDO BÍBLICO para CEBs
Paolo
Cugini
10-13: mudança brusca de tema e de tom em relação a
8-9 e mais ainda em relação a 1, 8-7, 16. Não poucos exegetes pensam que esses
capítulos são a carta precedente, “escrita com lágrimas” (2,9) e de efeito saudáveis. É um texto
apaixonado, que flui sem aparente arquitetura. A cólera de Paulo se derrama em
frases irônicas, inclusive sarcásticas (ver o sarcasmo de Deus na pregação
profética: Jr 2, 28), lança ataques ad hominem, finge fazer teatro para falar
de si mais livremente.
Como sempre, entremeia princípios doutrinais,
planta jóias teológicas. Mas entre linhas de sua apologia podemos encontrar as palavras e
entrever as atitudes de suas rivais em Corinto. Se esse texto “custou lágrimas”
a Paulo, temos de entreouvir o pranto através dos caçoados; têm outra
tonalidade os ciúmes, a insensatez, as confissões.
V1-2: o nome de Paulo, colocado no começo do
capítulo, caracteriza todo o trecho. As palavras de Paulo recebem um peso
especial pelo fato que ele nos coloca perante os olhos o exemplo de Cristo.
Ele exorta “pela bondade e mansidão de Cristo”.
Cristo mesmo falou da própria mansidão (cf Mt 11, 29). Cristo é o humilde servo
de todos (Mc 10, 45).
Assim também considera a Igreja a vida e a paixão
de Jesus. Ele na sua vida não defendeu-se nem ameaçou ninguém, mas entregou a
sua vida ao justo julgamento de Deus (cf 1 Pd 2, 21-23).
·
Paulo lembra esta mansidão de
Cristo, pois os inimigos deles o acusam de ser fraco e manso quando está
presente, mas valente quando está longe.
·
E 2 Cor 2, 1 Paulo parece ter
medo de novos contrastes, discussões. Da sua atividade em Tessalônica ele
escreve: “Embora pudéssemos, como apóstolos, ser pesados para vós. Ao
contrário, agimos convosco com toda a bondade, qual mãe que acaricia suas
criaturas” (1 Tess 2, 7-8).
De um lado, então, Paulo esforçava-se de ser manso
com os fieis das comunidades pra não machuca-los do outro lado os seus
inimigos tomavam ocasião destas
atitudes, para acusa-lo de fraqueza e covardia.
v-2: Paulo responde que para guiar o seu rebanho
não quer utilizar os sentimentos humanos como o desejo da glória, o orgulho,
ecc..
V-3: Paulo admite de viver na carne, mas não vive
segundo a carne. Ele vive a vida terrena e carnal, mas na sua bruta da fé não
se comporta segundo as paixões egoísticas.
V-4: Os apóstolos são para comparar a militares
cuja meta é conquistar todo o mundo a Cristo. Paulo utiliza imagens do A.T. Na
descrição das guerras de Israel falam-se que as suas armas não eram terrenas, e
fraques como aqueles dos inimigos, mas cheias de força divina (cf 1 Sam 17,
45-47; 1 Mac 3, 19). Nesta “campanha” do Evangelho são derrubados e vencidos os
castelos da falsa sabedoria humana.
(Scheicll O alto comando da batalha não é o
“instinto” humano egoísta; as armas que empenha recebem sua força do poder
divino; o objetivo é abater as fortalezas que opõe resistência a Deus; o final
será fazer prisioneiros para Cristo e castigar os rebeldes (cf Is 2, 11-18).
V-5: conquistada a fortaleza é feito prisioneiro o
pensamento e a razão que opõe-se ao
conhecimento de Deus, a Cristo e ao Evangelho. O pensamento e a razão não devem
ser aniquilados, mas devem ser ainda utilizados naquela obediência que Paulo
chama: a obediência da fé.
Por isto nessa guerra fica excluído o uso da
violência. A fé não pode ser obtida com a força. Mas o incrédulo é conquistado
na fé por meio da palavra e da fatiga do apostolo e mais ainda do chamado e de
amor de Deus.
V-6: o castigo da rebeldia não acontece com a
violência, mas através do poder espiritual de Paulo, da força de argumentação
que elimina qualquer rebeldia.
V 7-8: Poderiam objetar que eles já são cristãos e
que Paulo não é ninguém para “submetê-las”. Ao que Paulo responde concedendo a
condição comum de ser cristão e apelando a uma autoridade superior recebida
diretamente do Senhor. Essa autoridade tem uma função positiva, como mostra o
contraste com a vocação profética. Jeremias recebia poder para “destruir e
edificar” (Jr 1, 13, Paulo menciona só a segunda parte (a primeira soava
implícita novo homem).
9-10:
12-16: Segundo tema: o campo de atividades. A
política de Paulo tem sido a de um pioneiro: pregar o evangelho onde ainda não
tinha sido pregado (Rm 15, 20-24). Uma Igreja estabelecida lhe servia de base
para uma nova expansão. A partir de certo ponto, ele tomava a iniciativa. Assim
respeitava os limites sem entrar em campo alheio, já lavrado. A norma agrária
inculcava na lei e nos provérbios (Dt 19, 14; 27, 17; Pr 22, 28). Ultrapassa
seu ministério. Isto define seu apostolado; não se excede, mas sempre vai “mais
além”. Disso pode se orgulhar sem reservas. De resto, não abandona o cuidado
pelas igrejas que estabelecem.
12: Paulo fala com ironia: os seus adversários são
tanto obcecados do próprio orgulho que se recomenda a si mesmo. Mergulhadores
no orgulho não conseguem mais a enxergar os verdadeiros relacionamentos.
14: Voltando a Corinto Paulo não tinha ultrapassado
os confins que Deus lhe tinha entregado. De fato foi ele o primeiro a
evangelizar Corinto.
17: “que se glória, gloriar-se do Senhor” (Jr 9,
23). Cada coisa deve acontecer na medida e na ordem colocado do Senhor Deus,
que chamam os missionários, entregado a cada um o campo de ação.
18: Os adversários menosprezam a ordem estabelecida
por Deus. A laicide tem algum sentido somente quando é feita por outros. É
julgado digno somente aquele que Deus recomenda. Como avaliar isso? Através o
oficio que o Senhor lhe entrega e também através dos dons e as bênçãos que
recebe para desenvolver o seu trabalho.