(Is 45, 1.4-6; Sal 96; 1Ts 1,1-5;
Mt 22,15-21)
Paolo Cugini
1. O tema
da liturgia da Palavra de hoje é extremamente atual e de grande importância na
vida da comunidade. Seja a primeira leitura que o Evangelho falam do delicado
problema entre a política e a religião, entre poder político e poder religioso.
Tema importante visto que acabamos de sair de um processo eleitoral que em
muitas maneiras nos envolveu e que tantos sofrimentos provocou dentro da
comunidade. Quantos questionamentos entre os cristãos: é licito que a Igreja se
meta na política? Qual seria a atitude de Jesus perante este problema? E também
o que nos ensina a Palavra de Deus sobre este tema delicado do relacionamento
entre poder político e poder religioso? As leituras de hoje sem duvida nos
ajudam a entrar no problema purificando as nossas idéias humanas e, de certa
forma, interesseiras.
2. “Isto diz o Senhor sobre Ciro, seu ungido:
‘Tomei-o pela mão para submeter os povos ao seu domínio, dobrar o orgulho dos
reis” (Is 45, 1).
A
primeira leitura nos apresenta o caso de um rei, Ciro que foi suscitado por
JHWH não para ferir o povo de Israel, com já no passado tinha acontecido com os
reis Senaquerib e Nabucodonosor, mas para libertá-lo. Além disso, este rei Ciro
é chamado pelo profeta de ‘ungido’, da mesma forma que será chamado o futuro
Messias, Jesus, o ungido de Deus, o libertador da humanidade. A Palavra de Deus
nos convida, assim, a olhar neste rei, não apenas para o seu alcance histórico
imediato, como libertador do povo de Israel que naquela época – o sexto século
antes de Cristo – se encontrava no cativeiro do exílio em Babilônia, mas
naquilo que esta libertação pode representar dentro o quadro do plano de Deus.
Desta maneira, um evento político bem determinado, com um líder político
especifico, é colocado pela mesmo Palavra de Deus como símbolo de libertação
que antecipa a libertação definitiva do Filho de Deus, Jesus Cristo.
Que ensinamentos podem trazer desta
pagina? Em primeiro lugar a Palavra de
Deus nos ensina a considerar a historia humana como o espaço da intervenção
libertadora de Deus. Se o mundo existe, se a humanidade existe é porque Deus
quis com um ato criativo livre. Esta criatividade não é um ato definitivo
colocado no inicio dos tempos e depois largado ao arbítrio de quem quiser. Deus
é presente na historia dos homens e das mulheres e se serve de qualquer coisa
para manifestara sua presença. A política, neste sentido, não foge ao plano de
Deus, seja no mal como no bem. No mal quando Deus utiliza, por assim dizer,
políticos, reis cruéis para castigar o seu povo rebelde. No bem quando decide
de libertar Israel das amarras do poder autoritário e tirano. Foi assim na
época de Moisés, quando Deus ouviu o grito desesperado do povo, e foi assim na
época do Exílio em Babilônia, quando JHWH enviou o rei Ciro, como acabamos e
ouvir. Deus nos acompanha na historia cotidiana: nos deixa livres, mas coloca a
nossa disposição os instrumentos para sairmos das situações de opressão. Com
Jesus, Deus ofereceu tudo aquilo que tinha a disposição para realizar a
salvação da humanidade. O problema é saber se temos consciência disso e se
estamos utilizando estes meios de salvação que nos são oferecidos
gratuitamente.
3. “Dai, pois, a César o que é de César, e a
Deus o que é de Deus” (Mt 22, 21).
Numa
leitura superficial este versículo aparenta dar razão àquelas pessoas que
sustentam que a Igreja não deve se meter em política e que a religião não tem
nada a ver com a política. Na realidade é preciso considerar o versículo no
contexto cultural semítico no qual foi pronunciado. De fato, ambiente semítico
numa frase composta de duas proposições, o conteúdo daquilo que se entende
dizer é colocado na segunda parte. Assim, na colocação de Jesus não devemos nos
perguntar o que devemos a César, mas sim o que devemos a Deus. Então, podemos
nos perguntar: o que devemos a Deus? A reposta imediata é: tudo! É Ele o Senhor
do universo, tudo é dele e tudo devemos dar de volta a Ele. A vida que vivemos,
o alimento de cada dia, o ar que respiramos: tudo é de Deus, fruto da sua
grande bondade. E ali vem o problema. Se devemos dar tudo a Deus, então, vamos
dar o que a César? O enigma virou em favor de Deus. Aquilo que a uma leitura
superficial parecia apontar por uma igual divisão dos bens, nesta perspectiva
tipicamente bíblica, a balança pende totalmente para o lado de Deus. Então,
mais uma vez, nos perguntamos: se tudo é de Deus e tudo devemos a Ele, vamos
dar o que a César? A tentação imediata seria aquela de dizer: nada! Na
realidade não é assim, pelo menos não parece ser assim aquilo que Jesus quis
dizer. Se devemos dar tudo a Deus, porque tudo é dele, a César, que é o símbolo
do Estado, devemos dar Deus. É este o sentido profundo do Evangelho de hoje.
Nós cristãos não podemos entrar no mundo, no Estado, na política, de mãos
vazias, mas sim com aquele estilo de vida que o Senhor nos ensinou. É por essa
razão que a Igreja católica toda vez que tem uma eleição política nos orienta a
doar o jeito de Deus votar, para o mundo. E assim, se vivemos em um mundo
corrupto, um mundo feito de injustiças, um mundo que considera as pessoas como
uma coisa material, á qual podemos até atribuir um preço – pois é esta a
terrível realidade escondida na mesquinha moda da compra de voto -, nós
entramos neste mundo perdido com alógica de Deus, que nos ensina que cada um de
nós e único e irepetivel, pois fomos criados a imagem e semelhança de Deus.
4. “Mestre, sabemos que es verdadeiro e que, de
fato, ensinas o caminho de Deus” (Mt 22, 16).
Estas
palavras, pronunciadas pelos fariseus com o objetivo de colocar uma armadilha
para Jesus, revelam na realidade o sentido verdadeiro da presença de Jesus no
mundo. O problema é que talvez, também nós como os fariseus do Evangelho de
hoje, não levamos muito a serio a sua proposta, ficando assim, presos nas
nossas idéias preconceituosas. Pedimos, então, ao Divino Espírito Santo que nos
ilumine, que provoque o desejo de uma vida sempre mais parecida como aquela de
Jesus. Procuremos ao longo desta semana buscar a palavra de Jesus para entrarmos
no Caminho que Ele mesmo percorreu: o caminho do amor e da justiça.
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