lunedì 21 settembre 2020

Domingo XXX/A

 



(Ex 22, 20-26; Sal 18; 1Ts1, 5-10; Mt 22,34-40)

Paolo Cugini

 

1. Todos nós sabemos que o centro do cristianismo é o mandamento do amor. Sabemos, também, que esta palavra é muito abusada e amiúde distorcida no contexto hedonista e relativista da cultura contemporânea. O problema para nós é entender se conseguimos resgatar, através da escuta atenta e aprofundada da Palavra de Deus, o sentido autentico do mandamento do amor. Talvez hoje em dia seja este o grande desafio das comunidades cristãs: deixar que a Palavra de Deus faça o seu trabalho, desmanchando as pré-compreensões, os preconceitos, em fim todas aquelas idéias erradas que penetraram no consciente coletivo cristão e que atrapalharam e continuam atrapalhando a vivencia corriqueira. A grande tentação é confundir o amor com a atividade pratica ou com um sentimentalismo vazio, deixando de lado a dimensão espiritual contida nela. Como se libertar deste sentimentalismo romântico e edulcorado? É este um dos grandes desafios que a Igreja hoje em dia deve enfrentar se quiser viver conforme o mandamento do amor que fundamente a sua mesma identidade.

 

2.Amaras o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mt 22, 37).

A resposta de Jesus ao fariseu que queria experimentar a verdade da sua sabedoria, resgata uma idéia de amor que remonta ao Antigo Testamento. Isso quer dizer que a novidade de Cristo, neste sentido, não está nas palavras sobre o amor, mas na sua maneira de vivê-lo. As palavras de Jesus apontam para um caminho do amor que deve iniciar, deve ter o seu ponto de partida do relacionamento com Deus. Ninguém, de uma certa forma, pode dizer que ama, se não tiver por trás um relacionamento profundo com Deus. Este é um grande ensinamento que derruba e destroça todas as nossas idéias piedosas sobre o amor, pensando que seja identificável com um ato pratico para alguém. Na realidade, o amor é antes de mais nada o esforço pessoal de se colocar perante Deus, pois Deus é o amor. Somente se colocando na perspectiva dele, se disponibilizando a acolher o amor que vem dele podemos dirigir atitudes de amor para os outros. Amar a Deus de todo coração, de toda alma e de todo entendimento quer dizer dedicar tempo a Ele. Se pensarmos atentamente coração, alma e entendimento são todos elementos que pertencem a nossa dimensão espiritual. Precisamos, então, aprimorar esta dimensão se quisermos de verdade apreender a amar. Aprimorar a dimensão espiritual significa fazer espaço a Deus na própria vida, dedicando tempo a oração, a meditação da Palavra, para que o coração seja moldado pelos ensinamentos do Senhor e a alma seja preenchida pelo amor de Deus. Só assim o nosso entendimento pode chegar a ponto de reconhecer aquilo que verdadeiramente vale a pena fazer e conhecer.

 

3.Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 39).

É este um versículo do Evangelho que presta o lado a ambigüidades. Vamos, então, tentar de aprofundar. Este versículo nos mostra, de uma maneira imediata, que não existe amor ao próximo se antes não tiver um amor integral para Deus. Só que, prestando atenção ao texto, entre o amor a Deus e o amor ao próximo tem um terceiro elemento como intermediário que é de vital importância: nós mesmos! Isso quer dizer que o primeiro efeito benéfico da vida espiritual, do nosso relacionamento com Deus, do nosso entrar com todas as nossas forças no intimo de Deus é o amor a nós mesmos. Quer dizer isso? Sem duvida Jesus não está solicitando uma forma de egoísmo. Pelo contrario. Pela própria experiência pessoal, feita de tantas noites de oração, tantas vigílias noturnas, Jesus nos ensina que o relacionamento com Deus, quando é autentico, ou seja feita com todas as nossas forças espirituais, buscado intensamente, produz imediatamente um esclarecimento sobre a nossa identidade. Porque isso é importante no discurso do amor ao próximo? Porque se prestarmos atenção àquilo que acontece no mundo, não basta se aproximar ao próximo com atos de caridade para dizer que é amor. A prova disso está de baixo dos nossos olhos. De fato, quantos candidatos, na infeliz época de eleições municipais que acabamos de passar e que tanto sofrimento trouxe por todos nós, se aproximaram aos pobres com doações, não porque amavam aos pobres, mas simplesmente para tomar, roubar o voto deles? Se este é amor eu sou papai Noel! Atrás de tantos atos de presumível caridade, se escondem formas implícitas de egoísmo, de desejo de afirmação de si. Nessa altura o amor ao próximo, longe de ser um ato gratuito, característica do amor verdadeiro visível na vida de Cristo, torna-se uma manifestação de egoísmo pessoal.

Pelo contrario, Jesus nos ensina que para nos aproximarmos ao próximo de uma forma livre e desinteressada, precisamos saber que somos e o que queremos. Precisamos, afinal de conta, estar em paz com nós mesmos, com o nosso coração e a nossa consciência. Somente assim evitaremos usar os outros, de humilhar os pobres com a nossa presunçosa caridade encharcada de egoísmo, apesar de ser enfeitada e embelezada com tanta aparência esquisita.

 

4.E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações” (1Ts1, 6).

Estas palavras de Paulo nos lembram que o amor não pode ficar somente como uma palavra bonita: deve ter alguém que a encarne e a viva. Somente assim podemos provocar o desejo de fazer o mesmo, de imitar. Se a característica da mística católica é a imitação, isso quer dizer que necessita de alguém que vista a camisa, como é costume dizer, ou seja, alguém que viva a aquilo que o Senhor viveu. Por essa razão é necessário acolher a Palavra, interiorizá-la, para que molde a consciência e provoque o desejo de seguir a trilha que Jesus deixou. A Igreja se constrói desse jeito, com pessoas que se decidem a viver aquilo que Jesus viveu. A Igreja cresce e se edifica com pessoas santas que com o exemplo apontam o caminho para os outros. Nada, então, daquele romantismo vazio que só atrapalha o sentido autentico da caminhada. Quem quiser aprende a amar do jeito que Jesus amou e colaborar a construção do Reino de Deus, que é o reino da justiça e do amor, deve ser disponível a enfrentar tantas e dolorosas tribulações. Tudo isso, porém, na certeza que: “Nada nos separará do amor de Cristo” (Rom 8,39). Amem.

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