lunedì 3 novembre 2025

A Luz da gratuidade

 




Paolo Cugini

 

 

Quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos; e serás bem-aventurado porque eles não têm como te retribuir. Receberás, de facto, a tua recompensa na ressurreição dos justos (Lc 14,14).

A gratuidade é o selo de quem escolheu habitar na luz do Mistério. Ela não é simplesmente uma virtude, mas a manifestação de uma vida transfigurada: quem vive do amor que provém do Mistério revelado por Jesus já não precisa de mais nada. O seu coração não busca o aplauso do mundo, nem as honras que se dissipam como neblina ao nascer do sol. Não deseja ser reverenciado, pois a sua sede foi saciada na fonte que nunca se esgota. Quando a luz do Mistério irrompe na alma, penetra cada recanto, purifica, preenche e molda a consciência. Quem a acolhe sente paz, uma sensação de plenitude que supera qualquer realização terrena, um estado de cumprimento que nada exige, pois já possui tudo.

Mas a luz, pela sua própria natureza, não pode permanecer confinada em quem a recebe. Assim, o caminho da luz prossegue e, ao alcançar a alma, enche-a de tal maneira que nasce o desejo de partilhar com os deserdados da história, com quem não tem voz nem rosto. Como o sol que não retém os seus raios, a gratuidade derrama-se, de modo delicado, silencioso, imperceptível, na trama das existências quebradas. Há muito amor em quem partilha gratuitamente, sem esperar recompensa, sem fazer cálculos. A luz não pode reter os seus próprios raios, mas penetra a história por dentro, como o fermento na massa, gerando silenciosamente vida nova. Um gesto gratuito é amor que não quer fazer alarde, pois tudo ocorre no clima íntimo de uma relação pessoal, que é geradora, fecunda, capaz de transformar o coração.

Dificilmente quem recebe um gesto gratuito permanece indiferente, especialmente se a sua pobreza é grande. Nesse instante, nasce um novo sentimento: a gratidão alegre, inesperada como a primavera nos ramos despidos. A alegria não reside apenas em quem doa, mas também em quem recebe inesperadamente o dom, como quem se descobre amado sem mérito. Assim se gera um círculo de luz entre quem dá gratuitamente e quem recebe. Um círculo que difunde amor, plenitude, sentido de realização, e que nunca se interrompe. É o Mistério que se faz carne, que se insinua na história e a transfigura por dentro, como a semente que cresce invisível no silêncio da terra. E a gratuidade permanece como sinal de uma vida imersa na luz, uma luz que não se apaga, mas continua a gerar vida, sentido, esperança.

A gratuidade é a carícia silenciosa de Deus na história dos homens.

 

 

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