domenica 6 dicembre 2020

CONSOLAI, CONSOLAI O MEU POVO! SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO B

 



Paolo Cugini

 

Ele preparará o seu caminho” (Is 40: 3). Há uma proposta de grande esperança nas leituras de hoje. Por um lado, há uma humanidade que não se estrutura no bem; por outro, há os profetas que veem coisas novas, estranhas, todas opostas ao que se poderia pensar e esperar. Profetas são pessoas que vivem uma experiência existencial particular, que vêem coisas que os outros não veem, que procuram algo que a humanidade não considera, que têm os olhos bem abertos para o que a humanidade os fechou. E então eles vêem o invisível, o imperceptível, eles percebem um caminho escondido na história, um caminho de vida nova em meio a situações antigas, um caminho não condicionado pelo egoísmo humano, mas por uma qualidade de vida diferente e, por isso é chamada: caminho do Senhor. É este novo caminho que somos convidados a percorrer no início deste novo ano litúrgico, um caminho que talvez já tenhamos percorrido por vezes, mas que provavelmente não pudemos usufruir plenamente porque nos distraímos com outros caminhos, que superficialmente são considerados mais atraentes porque mais imediatos. Assim, o grito que hoje sai do deserto é redescobrir a beleza de uma nova relação, que exige atenção, redescobrir o sabor de uma vida plena que não vem dos cálculos do esforço, mas da humilde acolhida do dom de um sorriso, um abraço, um olhar do irmão e da irmã ao nosso lado. Coisas pequenas, mas que dizem que a grandeza do que chamamos de Deus passou pelas palavras, olhares e atenções de seu filho amado para aqueles que estavam perto dele. Acolhendo o seu Espírito, comprometemo-nos a fazer o mesmo. É esse novo caminho que, não por acaso, se identificava com a Igreja que, antes de ser um edifício ou uma hierarquia, é um estilo de vida.




Consola, consola o meu povo” (Is 40,1). Como a alma permanece insensível a esse anúncio? Há um desejo percebido do profeta de curar a vida ferida do povo de Israel, humilhado na terra do exílio. De onde vem esse desejo? O profeta vê isso como uma vontade de Deus, há uma autêntica vontade de vida que está na história e que é mais forte que as fraquezas humanas, a incapacidade do homem e da mulher de viver bem a sua vida. Existe algo mais forte do que o mal do homem e da mulher e essa força positiva é apreendida pelo profeta como uma realidade supersensível, como uma qualidade espiritual indestrutível. Não só isso, mas esta consolação que vem do coração da história e que tem o sabor da misericórdia de Deus Mãe e Pai, está inserida no desejo de paz do homem e da mulher e por isso é percebida com imensa alegria. “Todos os homens juntos a verão” (Is 40,5). Para quem em vida já passou por experiências de êxodo, exílio, fuga de situações de violência, sabe como dessas outras terras, a mente e o coração humanos permanecem agarrados ao passado na esperança contínua de retornar à sua terra natal. O grito de consolação lançado por Isaías dirige-se ao povo de Israel no exílio na Babilônia, ressoa no coração da humanidade de todos os tempos, aquela humanidade que não aceita as situações violentas e agressivas como um destino irrefutável, mas que busca com todas as forças existenciais e espirituais um futuro que se assemelha tanto quanto possível ao passado de glória fixado na memória. Há um desejo de vida autêntica no coração da humanidade, que coincide com o desejo do Deus da revelação manifestado em Seu Filho Jesus, um desejo de amor infinito que só pode doar-se continuamente porque é dando-se que gera a vida. A Palavra que ouvimos nas liturgias é um lembrete contínuo daquela vida autêntica que se manifesta no Filho e que sentimos profundamente nossa, apesar de tudo. Este, então, é o nosso consolo, isto é, que o desejo de vida que temos no coração e que muitas vezes deixamos de expressar, se manifestará definitivamente pelo Filho em um nível tão alto que nos será dado gratuitamente pelo Seu Espírito.



«Preparai o caminho do Senhor» (Is 40,3). O dom anunciado pelo profeta é tão grande, o consolo inesperado, que tudo o que o homem e a mulher precisam fazer é se preparar para esse dom. O dom precede o esforço e, em certo sentido, o apóia e direciona. Apreender esse detalhe é de fundamental importância para não deslizar no plano moral o discurso que provoca sentimentos de culpa, próprios de uma perspectiva religiosa. Com efeito, se há uma perspectiva que estas páginas do segundo domingo do Advento querem sublinhar, é precisamente esta saída da perspectiva religiosa para entrar na dimensão da fé que, em vez de sacrifícios, esforços, exige amor, acolhimento, gratidão. Sair da lógica religiosa, portanto, significa abandonar a lógica do mérito para entrar na relação fraterna e materna da vida fraterna em Cristo. E, de fato, não é por acaso que o povo de Israel ao encontrar uma nova relação com Deus sai de Jerusalém onde está o templo, que simboliza a religião por excelência, mas que não foi capaz de dar sentido à vida do povo, e vai em direção ao deserto para ouvir a voz de um profeta: João Batista, que encarna o novo Elias (neste ponto poderíamos fazer algumas atualizações maravilhosas: deixo para a imaginação dos leitores). “Toda a região da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém vieram ter com ele” (Mc 1, 5). Doravante, o sentido de uma vida plena que consiste nas relações humanas baseadas não no mérito, mas na doação de si, tal como nos mostra Jesus, a quem Marcos não surpreendentemente define como filho de Deus e não de David, clara distância do deus violento e guerreiro do rei de Jerusalém, mostrando assim a nova face de Deus que será apresentada por seu amado Filho, a face da misericórdia, da paz, que se espalha na humanidade através do dom de seu espírito. «Ele vos batizará no Espírito Santo» (Mc 1,8).

3 commenti:

  1. O Senhor prepara sempre o caminho pra salvaçã, porém o homem cm sua arrogância, prrlepotrncia ignora essa proposta do Senhor e procura seguir os seus próprios propósitos...

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  2. Está ligando ou se conectar a Deus por conta própria é algo misterioso que aconteceu no deserto,e hoje não é diferente.Nossa existência requer tal pensamento concededo a todos a escolha.Portanto ser disciplinado no caminho Senhor é tarefa do disciplo.Segue uma estudada a ponto de sentir-se, exausta,porquê somos sozinhos e todos as queem perto.Um homem pleno na realização humana atrai pessoas,transforma,lapida.Sô encontramos tal perfeição na presença do Espírito Santo de Deus 🙏.

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  3. Atualmente o mundo nos convida a viver um caminho contrário ao que o Pai nos preparou, mas devemos estar alicerçado no Evangelho. Sabemos que não é fácil, mas devemos nos esforçar para seguirmos o caminho preparado pelo Senhor.

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