martedì 14 dicembre 2021

VII°DOMINGO-C

 



(1 Sam 26,2.7-9.12-13.22-23; Sal 103; 1 Cor 15, 45-49; Lc 6, 27-38)

 

Paolo Cugini

 

1. O Evangelho que acabamos de ouvir joga na nossa cara um problema radical: a incapacidade de amar o inimigo que, em outras palavras, podemos chamar de ódio. Não existe um cristão sequer que admita isso, mas na realidade se trata disso mesmo: o ódio. E o ódio não vem de fora, mas de dentro de nós (Cf. Mc 7). Por isso não queremos admiti-lo: é duro demais. Ninguém quer ser considerado um monstro, pior ainda se for um cristão conceituado, de respeito. Não posso aceitar algo que, com as palavras e a postura externa, estou negando. A coisa pior que pode acontecer é a justificação do ódio como algo de natural. Quando isso acontecer, quer dizer que a Palavra de Deus não tem mais poder sobre nós. Então, as leituras de hoje são por aquelas pessoas que, perante uma Palavra forte e clara, não ficam resistindo, se justificando, mas se questionam, procurando melhorar a própria existência.

 

2.Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam e rezai por aquele que vos caluniam” (Lc 6,27-28).

Engolir estas palavras não é pouca coisa não. Pensar que a nossa vida cristã deve passar necessariamente pela atitude que Jesus acabou de apontar, requer uma verdadeira mudança de vida. Talvez seja este o fascínio do Evangelho e da proposta cristã: é algo fora das possibilidades humanas, é algo possível somente através de uma intervenção do alto. Só Deus mesmo pode nos ajudar á amar as pessoas que nos odeiam, que infernizam a nossa vida, que cada dia tentam de destruir a nossa existência, que falam mal da gente na rua. O problema, colocado de um ponto de vista humano seria o seguinte: precisa amar estas pessoas? Porque dar ousadia para alguém que me odeia, que não gosta de mim e faz questão de tudo mundo saber disso? Aquilo que nós resolvemos fazer em circunstâncias aparecidas é fechar a cara, não dar ousadia, viver como se estas pessoas não existissem. Na realidade, apesar dos nossos esforços, o ódio das pessoas afeta a nossa alma ,deixa a gente mais fraca, debilitada. O homem, a mulher, não tem poder de enfrentar o ódio. Ignorar o ódio, fechar a cara com os nossos inimigos, não resolve o problema na raiz: vai chegar o dia que estouramos, que não agüentamos mais, pois, o ódio acumulado no tempo destrói e corroe devagarzinho a nossa alma. É como um câncer que, lentamente, afeta o organismo humano.

Amai os inimigos” é a única forma de destruir o câncer do ódio. Só opondo o amor ao ódio, este devagarzinho desfalece, desmorona. O mesmo são Paulo, encerrando a carta aos Romanos, aconselhava de responder com o bem, o mal que recebemos. Somente encontrando o amor, o ódio perde a própria força devastadora, aniquiladora. E aqui entra o nosso problema: aonde encontrar uma força dessa? Como conseguir aquela lucidez que nos leva a retrucar com o amor ao ódio que recebemos, num momento aonde a nossa mente está totalmente confundida, por causa dos golpes mortais do ódio? É fácil falar, escrever, meditar em cima disso, mas quando na vida cotidiana estamos sendo massacrados por alguém, como conseguir a viver o conselho evangélico de Jesus?

 

3. “Então a vossa recompensa será grande e sereis filhos do altíssimo” (Lc 6, 35).

A primeira simples resposta ao problema levantado pelo mesmo Evangelho é esta: não deixar que o mau presente obscureça o horizonte da nossa vida. Manter constantemente a nossa mente, o nosso coração em Deus. É aquilo que nos aconselha o autor da carta aos Hebreus quando no capitulo 12 escreve: “Caminhai fitando os olhos em Cristo, o autor da vossa fé”. Para que a nossa mente fique constantemente em Deus, pensando constantemente aquilo que Deus realiza em nós através de seu Filho, ou seja, a possibilidade de nós mesmos nos tornarmos filhos de Deus, precisa abastecer a nossa alma da sua Palavra. Este é o sentido autentico da oração. De fato, devo aprender a procurar a Deus não apenas na hora do aperto, da dificuldade, mas manter um constante dialogo com Ele. Só assim o mal recebido no momento presente, poderá ser colocado dentro um horizonte de vida e de caminhada bem maior. Quando o ódio me afeta de uma forma tal que não me deixa dormir, é um sintoma claríssimo que não estou imunizado contra isso, e não estou imunizado porque a minha vida não é alicerçada em Deus, mas em mi mesmo. Uma vida embrulhada no egoísmo, em outras palavras uma vida orgulhosamente em busca de si mesma, não agüenta a força devastadora do mal, do ódio. Quem não reza será forçado a sucumbir ao ódio do mundo.

Em segundo lugar, a melhor maneira para aprendermos a viver o Evangelho nestes momentos terríveis, é abastecer a nossa alma com a vida daquele que doou a própria vida para todos nós, perdoando no mesmo momento da morte violenta, os próprios algozes. Por isso a Eucaristia é fundamental nessa caminhada. Na Eucaristia nós comemos o Corpo de Cristo, o Corpo do Filho de Deus, que não apenas nos convidou á amar os inimigos, mas fez ele primeiro aquilo que falou para nós. Alimentando a nossa alma com consciência daquilo que estamos fazendo e não por costume, o amor de Cristo derramado em nós pelo sacramento que recebemos, transformará o ódio que mora em nós em amor. Este é o sentido da nossa fé em Deus e no seu Filho Jesus. A Igreja nos ensina á acreditar que, aquilo que ouvimos e vimos na humanidade de Jesus, se realiza já nesta vida presente em todos e todas as pessoas que se alimentam do seu corpo. Não existe possibilidade de amar a não ser em Cristo, por Cristo e em Cristo.

 

4. Como, então, saber se as Eucaristias que estamos participando, estão surtindo efeito? Qual é a prova que estamos amando os inimigos e não apenas lidando com eles excluindo-os da nossa existência?

“Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto, deixa-o levar também a túnica. Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não peças que o devolva” (Lc 6, 30).

A verdade do amor de Deus na nossa vida, não se esgota num simples sentimento interior, mas se manifesta exteriormente no desapego ás coisas materiais. O amor verdadeiro que vem de Deus e que nós vimos realizado em Jesus Cristo, liberta as pessoas. A verdade desta Eucaristia não é o cumprimento de um preceito, mas a transformação da nossa vida, das nossas atitudes, dos nossos relacionamentos. A verdade de cada Missa, é um pouco mais de liberdade na nossa vida. Comer o Corpo de Cristo no Domingo significa aceitar que seja Ele o principio inspirador da nossa existência. Aquilo que deve acontecer fora da porta da Igreja é uma experiência de vida nova, aquela vida nova moldada pelo amor de Cristo. Pois esta é a verdade: em Cristo somos criaturas novas, homens e mulheres novas. Vivamos, então, conforme aquilo que recebemos.

 

Pe Paolo Cugini, Tapiramutá-BA

 

 

                                                                                                                                             

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