(Is 60,1-6; Sal 72; Ef 3,2-3.5-6; Mt 2,1-12)
Paolo Cugini
1. As solenidades do tempo de Natal encerram com a Epifania do
Senhor. A Epifania explica de antemão o sentido da vinda de Jesus no meio de
nós: ele veio para unir aquilo que estava dividido: “Os pagãos são admitidos á mesma herança, são membros do mesmo corpo”
(Ef
3, 6). Se isso é verdade, a solenidade da Epifania desvende também o
caminho que a Igreja deve realizar neste mundo: ser sinal de comunhão e
instrumento de paz. As comunidades devem se tornar espaços abertos, aonde
qualquer pessoa de qualquer povo possa se sentir bem à vontade e acolhido. É
claro que essa abertura toda envolve cada um de nós, naquele espaço de mundo no
qual é chamado a viver. Mas o mundo que Jesus veio a apaziguar para se tornar
instrumento de comunhão é a nossa mesma humanidade: é em nós que deve acontecer
a comunhão. Os braços abertos do menino Jesus são os mesmos da cruz: uma
humanidade aberta, que sabe somente se doar. Este é o caminho que a Epifania
aponta.
Problema: como a nossa
humanidade estragada pelo egoísmo, pode conseguir a se tornar aquele espaço
aberto aonde as diferenças vivem em comunhão e os antagonistas se reconciliam?
2. “São membros do mesmo
corpo, são associados á mesma promessa em Jesus Cristo por meio do Evangelho”
(Ef
3, 6).
A nossa humanidade poderá
tornar-se espaço aberto somente em Jesus e por meio do Evangelho. Palavras
simples, mas amiúde esquecidas. Quantas vezes encontrei nestes anos de
sacerdote, pessoas que se massacravam para melhorar as próprias atitudes, mas
era evidente que o esforço apoiava tudo sobre eles mesmos, apesar das
aparências e das abluções cultuais. Ou, também, quantas pessoas, depois de ter
tentado com imediato insucesso de melhorar a própria humanidade, desistem conformando-se
á uma vida de baixo nível moral? Jesus
Cristo é o único capaz de sarar a nossa humanidade e faz isso através do
Evangelho, porque, segundo são Paulo o Evangelho é potencia de Deus
(cf. Rom 1,16), ou seja, aquela mesma
força que agiu na Ressurreição de Jesus, age no Evangelho. Cabe então a nós
fazer espaço na nossa vida ao Evangelho de Jesus para deixar a sua luz entrar e
iluminar as nossas trevas; deixar a sua verdade bagunçar a nossa vida
mergulhada na mentira. São os braços abertos de Jesus no presépio que apontam o
caminho que devemos realizar, que é o caminho da confiança sem opor
resistência, sem querer saber de antemão aquilo que não podemos saber. Os reis
magos caminharam atrás de uma estrela sem saber aonde os levava: esta é a fé! O
Evangelho aperfeiçoará as nossas vidas se o seguiremos assim como ele é, e não
como nós queremos que seja. A Epifania do Senhor aponta para uma humanidade de
braços abertos, uma humanidade sorridente, que olha constantemente na direção
do seu Salvador, uma humanidade que aprende a não se queixar toda hora por
coisas fúteis, sem nenhuma importância, mas esbanja esperança por todos aqueles
que se aproximam.
3. “ Ao saber disso, o rei
Herodes ficou perturbado, assim como toda a cidade de Jerusalém”( Mt 2, 3).
Uma humanidade aberta,
disponível e generosa, perturba o juízo dos egoístas e hipócritas deste mundo:
os carinhas ficam malucos! Logo que Jesus entrou no mundo, Herodes e os
poderosos como ele ficaram doidos, porque? Quem é acostumado a controlar tudo,a
controlar a própria vida e a vida dos outros para ficar tranqüilo, não aceita a novidade. Só que o Espírito é
novidade, é criativo, não sabe de onde vem e aonde vai (cf. Jo 3). E os cristãos
também são livres, simples, amigos de todos, disponíveis a si doar gratuitamente.
Esta é a tarefa da Igreja: ser sinal de contradição (Lc 2, 34), incomodando o
mundo (Ap 11,10),tirando o mundo do serio. O ódio de Herodes para com
o menino Jesus e de deixar pasmos: porque tanta raiva? O que pode fazer um
menino para provocar a morte de tantas criancinhas? A Verdade, a Luz, o Amor, a
Justiça se fez carne e veio a morar entre nós: é este o problema! Acolhendo o
Evangelho na nossa vida, não apenas estaremos deixando espaço para a força de
Deus transformar as nossas vidas, mas também nos tornaremos possibilidade de
conversão para os outros. E tudo isso tem um preço: o ódio do mundo. “Não vos admireis, irmãos, se o mundo vos
odeia” (1Jo 3,13). A solenidade da Epifania, que hoje celebramos, nos
lembra que, quem busca Jesus como os Magos que vieram do Oriente para adorar o
Senhor, sofre o ódio do mundo que não gosta de Deus e do seu Filho Jesus. Só
que nós sabemos que “Deus nos deu a vida
eterna e esta vida está em seu Filho” (1Jo 5, 11).
Fitar os olhos no
presépio, no menino Jesus não significa permanecer num infantilismo religioso
que busca uma espiritualidade ligada a sentimentos passados; pelo contrario
preencher os olhos de Jesus menino neste tempo natalino, significa manter viva
a esperança que é em nós, para enfrentarmos com mais coragem e força o ódio do
mundo.
4. “Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, retornaram para a sua
terra, seguindo outro caminho” ( Mt 2,12).
Quem busca a Deus de
coração puro não ficará desamparado. Quem entrega a própria vida nas mãos de Deus,
descobre o sentido do versículo acima citado. Os Magos deixaram tudo para
procurar a Verdade e, apesar de tantas dificuldades, voltaram para a sua terra
despojados do ouro, incenso e mirra, mas enriquecidos de um encontro que
preencherá as vidas deles para sempre. Esta é a verdade misteriosa da fé, que
nos coloca num plano diferente da realidade, o plano do Espírito, das coisas do
céu (cf Col 3,1), que pode acreditar somente quem vê, e pode ver somente quem
busca e é encontrado pelo Senhor. Pois a realidade é esta: Deus em Jesus se
manifestou (Epifania) e nele colocou a
vida: cabe a nós descobri-lo para conhecê-lo e, conhecendo-o, amá-lo e amando-o
viver para sempre.
Pintadas-Ba 2011 Pe Paolo Cugini
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