(Jer 1,4.5-17;Sal 71; 1
Cor,31-13,13; Lc 4,21-30)
Paolo Cugini
1. Estamos celebrando os primeiros domingos do tempo comum e a
liturgia da Palavra nos oferece a oportunidade de aprofundar o nosso
conhecimento de Jesus, o Salvador do mundo e da nossa vida. A presença de Jesus
na historia é algo de radicalmente novo: nunca houve uma pessoa com um carisma
tão grande que até hoje, depois de dois mil anos, influencia a vida de milhões
de pessoas. Nunca teve um homem que se declarou Deus e que, nos atos,
manifestou a verdade da própria identidade. Escutar essa pessoa, ficar atentos,
fitar os olhos nele para captar a sua proposta, que para nós é vida: é isso a
tarefa de um Cristão. Para conseguirmos realizar isso, precisamos limpar a nossa
mente, a nossa alma, fazer espaço na nossa vida dos falsos conhecimentos, da
superficialidade que nos caracteriza. O perigo é identificar a proposta
inovadora de Jesus com um programa político, ou com uma proposta humanitária. O
grande perigo é puxar Jesus do nosso lado, fazendo dele um ídolo, sem ter
entendido nada da sua proposta, perdendo
assim a ocasião de conhecê-lo por aquilo que Ele é: o Santo de Deus.
2. No evangelho que acabamos de ouvir Jesus, logo que entra no
mundo, que manifesta a sua identidade, provoca uma reação negativa. Isso é já
um sinal que deve ser escutado, absorvido: Jesus não veio ao mundo para agradar
ninguém. A proposta de Jesus não é política, mas espiritual. Jesus é o Caminho
proposto para o Pai para permitir ao homem de sair do seu egoísmo, do orgulho,
de uma vida negativa mergulhada na mentira. A vida de Jesus, o seu jeito de
ser, de viver, de agir, de falar manifesta isso, descortina a nossa loucura, a
nossa vida sem rumo e sem sentido. A vida cheia de Jesus, repleta de sentido,
desvende o nosso vazio: existencial, moral, religioso. De fato, quantas pessoas
que o mundo apresenta como heróis, na realidade não apresentam nenhuma proposta
positiva? E também, quantas pessoas assim chamadas “religiosas”, não
representam para nós uma proposta atraente? Todo este vazio, este nada que o mundo tenta
esconder com as suas artimanhas, perante Jesus aparece em toda a sua verdade,
ou seja, em toda a sua miséria. Perante a pessoa de Jesus o mundo aparece como
miserável e todos aqueles que estão mergulhados nas propostas mundanas aparecem
como um monte de miseráveis, perdidos, sem futuro. É isso que doe e que ninguém
quer escutar. Por isso logo que Jesus entra no mundo e se manifesta, provoca
raiva. É a raiva do mundo.
“Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram
furiosos. Levantaram-se o expulsaram da cidade” (Lc 4, 28-29).
Jesus mexe com o alicerce
do mundo, com aquilo que fundamenta e, ao mesmo tempo alimenta o mundo, ou
seja, a ignorância. O mundo é ignorante, não conhece a verdade porque não
conhece a Palavra de Deus. De fato, perante a postura dos judeus que
questionavam as palavras de Jesus, ele cita dois trechos do Antigo Testamento
que mostram a verdade da sua atitude. O mundo é ignorante e, sendo assim, vive
na ignorância, na ausência de conhecimento. Uma pessoa que vive na ignorância
não sabe distinguir a verdade da mentira. Desta forma, podemos afirmar que, as
pessoas mundanas, vivem na ignorância. O
mundo é interessado a deixar as pessoas na ignorância, para que não vivam da
verdade. O mundo egoísta e orgulhoso se alimenta de mentiras, não quer saber de
caridade alguma.
“A Caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não é vaidosa não se
ensoberbece, não faz nada de inconveniente, não é interesseira, não se
encoleriza, não guarda rancor” (1 Cor, 13, 4-5).
São palavras de Paulo que
ouvimos na segunda leitura de hoje: a caridade, que é Jesus, a sua vida, a sua
maneira de ser é exatamente o contrario do egoísmo do mundo. Entre o mundo e
Jesus não tem amizade: precisa escolher. Se na nossa vida estamos tentando
amenizar a proposta de Jesus, querendo mostrar que a nossa vida mundana não tem
nada a ver com a religião, é porque estamos totalmente mergulhados na mentira
do mundo e, quem vive no mundo e do mundo, não, sabe de nada porque não enxerga
a verdade.
O fato que sinto raiva de
Jesus, não é totalmente negativo: é pior aquele que não sente nada. De fato, se
as Palavras de Jesus doem dentro de mim, quer dizer que ainda estou sensível,
ainda a verdade mexe comigo. Esta sensibilidade á Palavra de Jesus é o primeiro
passo da conversão. Deve acontecer um dia que alguém me mostre a minha real
situação espiritual. Se não tiver este encontro com a Verdade de uma forma que
descortina de uma vez as minhas maracutaias, dificilmente conseguirei seguir
Jesus.
3. “ Não tenhas medo, senão eu
te farei tremer na presença deles. Com efeito, eu te transformarei hoje numa
cidade fortificada, numa coluna Del ferro, num muro de bronze contra todo o
mundo”
(Jer 1, 17-18).
Tudo aquilo que aconteceu
em Jesus, em virtude do seu Espírito que recebemos no Batismo, deve acontecer
conosco. Quer dizer que como por Jesus, também por nós, a nossa existência deve
se tornar tão transparente, tão santa da incomodar as pessoas, até os nossos
amigos e parentes. Deus decidiu de salvar o mundo mandando o seu mesmo Filho
para que tudo mundo pudesse ter a possibilidade de deparar com a Verdade. Jesus
hoje é presente na sua Igreja, é presente nos cristão que se reconhecem pelo
fato que incomodam, pelo fato que a vida deles é diferente. De fato a vida do
cristão, não é baseada no egoísmo, no desejo de aparecer ou de querer sempre
mais, mas, pelo contrario, um cristão, seguindo o exemplo de Jesus, deseja se
doar, partilhar com os irmãos, deseja contribuir á realização do Reino de Deus,
que é um reino de Justiça, de Paz e de fraternidade. Só que, logo que se
esforça de viver isso com entusiasmo e dedicação, o mundo vai encima dele com
tudo. É isso mesmo aconteceu também com o profeta Jeremias, cuja historia
escutamos na primeira leitura. Perante a sua queixa por aquilo que estava
acontecendo com ele, Deus não prometeu de amenizar o sofrimento, mas de
fortalecer a sua vida, para que sentindo a presença de Deus, não recuasse de um
passo perante a maldade do mundo, ma avançasse sem medo.
4. É isso mesmo que pedimos a Deus como fruto desta Eucaristia:
de ficar firmes na nossa caminhada, também perante as dificuldades e as
criticas do mundo, para sermos sinal de uma vida diferente, mais autentica e
verdadeira. Pedimos a Deus que faça de nós não pessoas medrosas,
inconsistentes, incapazes de levar em frente a sua proposta de amor, mas, pelo
contrario pedimos que esta Eucaristia nos transforme para conseguirmos ser como
Jeremias, “cidades fortificadas”, que ninguém poderá derrubar. Seja, então, o Senhor a nossa única força.
Pe Paolo Cugini-
Tapiramutá-BA
Nessun commento:
Posta un commento